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Exclusivo – Projeto Cerrado: conheça algumas curiosidades do megaempreendimento da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS)

Os dados são da edição 28 do Boletim Projeto Cerrado, de 07 de dezembro de 2023

A Suzano compartilhou na última quinta-feira (07), mais uma edição do Boletim Projeto Cerrado (Ed. nº 28), que trás algumas curiosidades sobre a construção do seu megaempreendimento, em Ribas do Rio Pardo (MS), que compreende na maior fábrica de celulose em linha única do mundo, com capacidade produtiva de 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano.

Com investimento de R$ 22,2 bilhões – um dos maiores do setor privado no Brasil na atualidade –, cerca de 10 mil empregos diretos foram gerados durante o pico da construção, além de milhares de empregos indiretos. Quando entrar em operação, no final do primeiro semestre de 2024, a nova unidade contará com 3 mil colaboradores próprios e terceiros.

Plantio em massa

Uma das etapas mais importantes da operação florestal é o plantio das mudas de eucalipto para garantir o suprimento de matéria-prima destinada à produção de celulose na fábrica. Após sua chegada às fazendas, elas são cuidadosamente colocadas em viveiros temporários para preservar sua qualidade.

Com o terreno preparado, as mudas são cuidadosamente depositadas nas covas onde passarão cerca de sete anos crescendo, transformando-se nas árvores que serão colhidas ao final do ciclo. Essa atividade pode ser realizada manualmente ou com auxílio de máquinas.

Os colaboradores então realizam a primeira irrigação, frequentemente utilizando hidrogel, uma substância que assegura a umidade do solo e promove a saúde das plantas. Atualmente, a área florestal da Suzano conta com três módulos em plena operação em Ribas do Rio Pardo, cada um deles composto por aproximadamente 130 profissionais dedicados a essa tarefa.

Lavagem e Depuração

No complexo ciclo de produção da celulose, as fibras passam por um minucioso tratamento após o cozimento da madeira no digestor. A transformação começa com a Lavagem, essencial para recuperar os químicos residuais da fase de cozimento. Em paralelo, a etapa da Depuração entra em cena, separando impurezas como partes de madeira não cozida, areia e pequenos detritos.

Em seguida, vem a etapa de Branqueamento, verdadeiro spa químico. A celulose é submetida a uma série de estágios de reações com produtos químicos específicos, alternados com lavagens ao final de cada etapa. É aqui que sua qualidade é aprimorada para atender aos padrões praticados pela Suzano e às necessidades dos clientes.

Neste processo, equipamentos como os Filtros Lavadores DDW e os Depuradores desempenham papéis fundamentais, garantindo a purificação da celulose. A nova fábrica da Suzano conta com 10 desses filtros, espécie de tambores rotativos, sendo que alguns deles são os maiores do mundo.

Você sabia?

Depois de lavadas e depuradas, as fibras precisam ser secadas. Para isso, elas passam por um processo composto por prensas e aplicação de vapor e ar quente. Esse estágio, chamado de Secagem, é capaz de retirar cerca de 128 toneladas de água da celulose por hora.

A quantidade de água retirada em cada secadora seria suficiente para abastecer uma piscina olímpica a cada 20 horas – sendo 100% reaproveitada em outros processos dentro da fábrica.

A secagem é realizada por meio de grandes máquinas secadoras onde são formadas as folhas de celulose que chegam a percorrer uma distância de quase 1.200 metros dentro dos secadores. Na sequência, as folhas são cortadas e acondicionadas em fardos 250 quilos e depois em unidades de 2.000 quilos para os estágios finais da produção.

Por: redação Mais Floresta, com informações Suzano.

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Guia pioneiro é lançado para identificar mudas de espécies arbustivas e arbóreas para restauração florestal no RS

A Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a década da restauração de ecossistemas entre os anos de 2021 e 2030. Com o objetivo de auxiliar o Brasil e o Rio Grande do Sul a alcançar as metas pactuadas para restauração florestal neste período, a Embrapa Clima Temperado lança, neste dia 7 de dezembro, o Guia para Identificação de Mudas de Espécies Arbustivas e Arbóreas de espécies indicadas para Restauração Florestal no Rio Grande do Sul, durante a realização do XVIII Dia de Campo sobre Agroecologia e Produção Orgânica. O guia tem como objetivo ajudar  na correta identificação de mudas de 67 espécies nativas indicadas para restauração de ecossistemas florestais e savonóides no RS. 

O Guia será lançado para identificação de espécies arbustivas e arbóreas indicadas para restauração de ecossistemas florestais nos biomas Pampa e Mata Atlântica, ao se inserir na programação do XVIII Dia de Campo sobre Agroecologia e Produção Orgânica e mais quatro eventos, a II Feira da Agroecologia, a  I Oficina Pedagógica, a Mostra Cultural de Arte e Dança e a Reunião Regional de Organizações de Controle Social, na Estação Experimental Cascata, no interior de Pelotas/RS. “Este é o primeiro para mudas de espécies arbóreas nativas do Estado. Tivemos o cuidado de adaptar a linguagem para o público técnico e agricultores, permitindo que todos acessem o conhecimento de forma igual”, disse um dos pesquisadores  do Grupo de Manejo e Restauração da Vegetação Nativa, Ernestino Guarino.

O Guia de Identificação de Mudas de Espécies Arbóreas para Restauração Florestal do Rio Grande do Sul, de forma ilustrada e didática, é uma publicação que apresenta características-chave para identificação de mudas e sementes das principais espécies arbustivas e arbóreas indicadas para restauração florestal. Nele se encontram uma descrição dos biomas e as regiões onde se realizam a restauração florestal, a forma de tipificação das sementes e sua forma de armazenamento, a própria descrição da seleção das espécies identificadas, acompanhada por suas características e imagens. “Além de apoiar na identificação das mudas que por ventura serão plantadas (adquiridas em viveiros), o Guia ajudará também na identificação das mudas que germinaram em áreas em processo de restauração assistida, ou não – restauração passiva”, explicou.

Os  pesquisadores do Grupo de Manejo e Restauração da Vegetação Nativa, também responsáveis pela obra, explicam que existem diversas estratégias de restauração ecológica, as quais podem ser divididas em dois grandes grupos: técnicas de restauração ativa e técnicas de restauração passiva. Essas estratégias diferenciam-se basicamente pela forma de intervenção humana no processo de sucessão da vegetação. 

A restauração ativa consiste na aplicação de diferentes técnicas de manejo (por exemplo: semeadura direta, plantio de mudas em área total) para a condução da sucessão vegetal;  a restauração passiva baseia-se na capacidade de auto regeneração da vegetação, sendo que a intervenção humana ocorre apenas no diagnóstico e controle das causas de degradação do ambiente (controle de fogo, do gado, da agricultura, entre outros). 

Dentre as diferentes técnicas de restauração ativa, o método mais difundido para a recuperação de áreas degradadas ainda é o plantio de mudas produzidas em viveiro, porém esse método é caro, trabalhoso e geralmente lento. Uma alternativa possível, porém, ainda pouco explorada no Rio Grande do Sul, é a semeadura direta de sementes. Esse método tem como vantagens, o baixo custo de implantação, principalmente quando o objetivo é recuperar grandes áreas e a baixa necessidade de mão de obra especializada. Um dos integrantes do Grupo de Manejo e Restauração é o pesquisador Ernestino Guarino indica que nos últimos anos, várias ações de restauração por meio de semeadura direta vêm sendo feitas em diversos ecossistemas florestais brasileiros. No RS, uma das experiências pioneiras vem sendo realizada por meio do Projeto SAFLegal. Dados de pesquisa recém publicados demonstram  que após 12 meses da semeadura, aproximadamente 25% das sementes emergem, garantindo uma densidade de 2.000 mudas por hectare. Realizado de forma consorciada com grãos, em sistemas agroflorestais, o custo do processo de restauração é de 75% inferior ao método tradicional (plantio de mudas em área total) com mesma  densidade de mudas por hectare. 

“É fundamental gerar tecnologias que reduzam custos e maximizem o uso da mão de obra no processo de restauração, produtiva ou não. Juntamente com a constituição de redes coletoras de sementes e viveiros, integrando diferentes estratégias em nível da paisagem é possível obter maior efetividade com menor custo das atividades de restauração, tornando viável e interesse para o agricultor todo esse processo”, falou. O produtor não recebe recursos financeiros diretamente por optar pela restauração, mas há ganhos na melhoria da água devido a restauração das nascentes, por exemplo. Além disso, é uma obrigação legal de todos os agricultores conservarem as Áreas de Reserva Legal (RL) e Proteção Permanente (APP), mantendo o mínimo exigido na legislação. 

“Para se ter qualidade de mudas e sementes é importante levar em conta que essa garantia não está apenas nas melhores técnicas de coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes e produção de mudas de essências florestais, mas também pela correta identificação dessas espécies”, lembrou Ernestino Guarino. Ele relatou que os pesquisadores observaram que os diferentes atores envolvidos na cadeia da restauração florestal no Rio Grande do Sul, apresentam dificuldades para identificar sementes e mudas, incorrendo muitas vezes em erros que podem comprometer ou inviabilizar o processo de restauração florestal. “Algumas espécies são muito parecidas, porém com demandas de solo e clima diferentes”, destacou. Conforme o pesquisador, quando há erros de identificação de mudas de espécies, esses podem causar grandes problemas na restauração, que além de uso de espécies não adaptadas a solo e clima local, podem ser usadas espécies exóticas invasoras, causando prejuízos econômicos e ambientais. 

O Guia compõe um grupo de tecnologias voltadas à inserção da árvore na propriedade rural e a restauração florestal por meio da semeadura direta, apoiando técnicos e agricultores na identificação e definição das espécies utilizadas. Tais tecnologias foram geradas com apoio financeiro da Corsan, do CNPq e do Sistema Embrapa de Gestão de Projetos (SEG), via o projeto SAFLegal.

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ABPM com nova Diretoria

Em assembleia realizada em 23 de novembro último os associados elegeram a nova diretoria da Abpm, desta vez  com formação de vários representantes de empresas de estados mais significativos no que diz respeito à produção de madeira tratada, como Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, assim como membros que representam indústrias químicas produtoras de preservativos para madeiras.

Criada em 25 de agosto de 1969, a ABPM atua como fórum nacional do setor de madeira preservada no Brasil, representando o segmento junto aos órgãos reguladores e Poderes Legislativo e Executivo. Reúne em seu quadro associativo usinas de preservação de madeira, indústrias químicas, universidades e empresas que utilizam madeira tratada.

A nova diretoria tem como um dos seus principais objetivos  a promoção de eventos regionais como forma de promover de forma mais direta a  disseminação de conhecimentos e informações a respeito da preservação de madeiras.

Esses eventos têm também como objetivo a busca de maior aproximação e adesão do setor à ABPM, como forma de fortalecer as ações associativas.

Um  importante desafio que a nova diretoria também tem pela frente é a promoção de articulações com o seu quadro associativo para que seja possível repetir o sucesso alcançado nas edições anteriores  , quando a ABPM participou da  Semana Internacional de Madeira – SIM . O plano é o de realizar a 3° Edição do evento Wood Protecion e participar com um estande de exposição na Lignum Latin America 2024, a serem realizados em setembro na cidade de Curitiba – PR.

A nova diretoria ficou assim composta:

Presidente: Montana Química Ltda – Flavio C. Geraldo

Vice-Presidente: Arxada do Brasil – Elcio L. Lana

Diretor Secretário: Zenóbio Madeiras – Zenóbio Shotten

Diretor Tesoureiro: Teca Madeiras Tratadas – Rafael Sandoval

Suplente Diretor Secretário: SEAP – Eudes Ribeiro

Suplente Diretor Tesoureiro: Lua Mad. Imunizada – Thulio Linhares

Coordenadoria Técnica- Tamarah Láuar – CBI Madeiras

Dir. Adjunta Rel. Institucionais & Eventos: Humberto Tufolo – HTN Gestão Empresarial

Dir. Adjunta Normatização: Dulcídio R. Macedo – Lanxess

Dir. Adjunta: Comunicação: Flavio Geraldo – Montana

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Eu sou FLORESTAL mais que UNIVERSAL

Artigo de Sebastião Renato Valverde.

Quem me vê assim forte, grande, limpo e inodoro, maior e melhor que um nórdico, não imagina o quanto fui pequeno, fraco, sujo e fedorento, menor e pior que o grego do pergaminho. Fiquei grande e “bombadão”, mas sem o uso de anabolizante de cavalo e sem frituras. São muitos investimentos em academias e na minha dieta que, embora eu coma muito e ininterruptamente, ela é diet, zero óleo e gordura, vegana, sendo somente a base de um picadinho bem cozido e com sal a gosto para não ficar hipertenso, senão, posso explodir e matar todos ao redor.

Já tive época que eu parecia um panda de tanto comer bambu. Até que um dia, além de perceber que não engordava, senti uma corrosão no meu sistema digestivo, com dificuldade de mastigar e defecar. Daí me recomendaram a comer fibras mais curtas, então mudei a dieta radicalmente e passei a ingerir só madeira, como um cupim, só que gigante. Tornei-me mega obeso e, paradoxalmente, mais eficiente. Há quem aposte que em breve serei um combo de panda com cupim.

Já não tinha suco gástrico no estomago, era mesmo soda cáustica para dar conta de degradar tanta fibra dura e em grande quantidade. Além disso, depois de tanto picar e comer bambu, devido à sílica, meus dentes já estavam todos gastos. Tive que fazer implantes. Aproveitei e já implantei dentes de aço especial, inoxidável, salpicado com ferroligas de cromo e titânio a carvão vegetal.

Mesmo tendo evoluído, crescido e fortalecido, sempre me deparei com a vida aumentando o sarrafo para saltos mais altos a cada novo desafio. Reconheço que devo isso muito aos “verdes olivas” que, na década de 1970, me incentivaram a crescer, e aos de black ties após 2000 que me oportunizaram a ganhar o mundo.

Embora às vezes fosse prazeroso vencer os obstáculos, tiveram momentos que foram sofridos superá-los, mesmo assim procurei produzir com gosto as coisas que ajudassem a educar a sociedade, torná-la mais culta e mais limpa, seca e higienizada, deixando tudo embrulhadinho. No início não foi fácil. Desde cedo tive que enfrentar sozinho os obstáculos da vida, tanto para comer como para produzir. Pois, ainda recém-nascido e órfão não tive quem me alimentasse. Sempre renegado, as pessoas achavam demorado, caro e arriscado produzir o meu sustento dado as características do meu prato predileto. O que repelia a minha adoção.

Em que pese muita responsabilidade precoce, enquanto criança não deixei de fazer minhas travessuras que eram tratadas com certa naturalidade pelas pessoas. No mesmo rio que eu bebia água, descarregava o esgoto, defecava e urinava. Flatular era o meu forte. Na verdade, ainda o é, só que hoje consigo dissimular o barulho e disfarçar o cheiro de ovo podre borrifando essências florais na ponta do orifício. Embora ainda há quem goste deste cheiro alegando aroma da verdinha.

Ainda que poluído, era comum o gado pastar na beira do rio e, por incrível que pareça, ficava liso de gordo. Também pudera, parte da minha descarga era sal puro e quanto mais ele pastava e bebia, mais água tinha que beber. Hoje tais áreas viraram APPs que estão protegidas com as águas mais limpas e sem o gado. Sendo que este, já fora da APP, não mais liso, porém sadio.

Para compensar as travessuras de criança, hoje eu protejo as margens dos rios, as nascentes e os morros, além de manter uma grande área de mata para os bichos poderem correr, caçar e procriar.

Apesar de no passado eu não ter tido tanta dificuldade de gerar minha renda para sustento, pois era acessível coletar, vender e reciclar papel e fabricá-lo em pequenas quantidades, não havia tanta concorrência, inclusive, muito do que se tinha de papel no Brasil vinha de outros continentes.

Como ninguém me adotava, restou a mim mesmo, com muita dificuldade, produzir meu alimento. No início plantava em todo o meu quintal. Bicho nele era só inseto, réptil e anfíbio. Raramente paca, capivara e anta davam as caras por lá. Agora, como minha fome é enorme, tive que expandir meu quintal à décima potência e o que tenho de plantio, tenho de mato. E aí, haja mato e haja bicho grande e feroz. É tanto mato que tem onça aos montes. Quando elas deparam com os homens, até assustam. Também, pudera, um monte de homens feios no mato. Já, as mulheres mateiras, estas sim são deusas, mas aqueles, quanta diferença, quantos shampoos Colorama.

Sempre fui diferente dos meus vizinhos na roça. Enquanto eles produziam arroz, feijão, milho, verduras e legumes, eu produzia bambu e depois pau. Me achavam louco em produzir algo que demorava tanto tempo e numa época que havia tanto pau nas matas.

Até então, a sociedade aceitava, achava normal eu fazer xixi e kh no rio e flatular. Mas, com o tempo ela me pressionou dizendo que eu não mais poderia urinar, defecar e nem flatular. Eu poderia beber a água do rio, mas urinar só se a qualidade da urina fosse igual ou melhor que da água consumida. O resíduo sólido, nem pensar. Me obrigaram a tratar dele. Tive que fazer uma fossa séptica gigantesca, uma verdadeira estação de tratamento de esgoto.

Assim, para atender as exigências da sociedade, tive que crescer para sobreviver. Era crescer ou morrer. Preferi crescer. Crescer para produzir mais para que meus custos fixos caíssem pela quantidade produzida. Cresci, gigantiei-me. Não mais vendi produtos diretamente para a sociedade que as tornava cultas, limpas e embrulhadas. Somente produzi para quem incumbisse disso.

Os colegas que não cresceram, morreram. Alguns mudaram de ramo, outros somente a reciclar. Os pequenos que continuaram tiveram que transportar todo xixi e cocô para grandes lagoas até sucumbirem. Só que, como um dia de domingo, umas delas rompeu e despejou todo rejeito fedorento rio abaixo até chegar no mar.

Embora ninguém produzisse o que eu consumia, pelo menos, ninguém criticava o que e como eu produzia. Hoje, tendo sido forçado a crescer, a me gigantear e não desperdicei as oportunidades que os verdes olivas e de black ties me deram – até porque sou adepto a frase de cavalo arreado só passo uma vez e tratei logo de subir nele – resolvi expandir. Mas, por ser grande, fiquei muito visível. Virei vidraça e aí, dá-lhe pedradas. Me criticam de tudo que faço, como faço, o que utilizo e também daquilo que planto, produzo.

Atualmente meu maior problema nem é tanto o ambiental, mas sim, social. Não consigo atrair produtores para me abastecer. Como no passado, tenho que investir em terras e plantios quando poderia direcionar só para a indústria. Desta forma, me restou, desde nascença, me verticalizar e ser proporcionalmente concentrado. Ainda que seja aparentemente mais confortável produzir meu próprio alimento, o custo disso é maior do que se produzido por terceiros que não querem, haja vista o longo prazo e o custo inicial alto de produzi-lo, além de ter poucos consumidores por perto, incerteza futura no preço, inflação e juros estratosférico. Daí preferem produzir grãos para o mercado internacional e que é de curto prazo e recebem em dólar, verdinha.

Assim, se já não me alimentavam quando pequeno, quiçá agora que sou gigante, faminto e bocudo e que para sobreviver, fui obrigado a produzir cada vez mais meu alimento. Fui comprando tudo que é propriedade em volta para manter a minha obesidade. Os terceiros desconfiavam que eu não sobreviveria à obesidade mórbida por isso não plantavam com receio de não terem para quem vender o alimento já que não tinha outro guloso por perto, dado que tais alimentos não se viabilizavam transportá-los a longas distancias.

Em que pese o alimento ser o mesmo de quando eu era pequeno só que com quantidade maior, as críticas vieram com força dizendo que eu seco e empobreço a terra, àquelas que já planto e colho bem a quase um século no quintal. Também alegam que eu afugento os bichos, sendo que as onças tão quase virando animais de estimação na minha roça. E olha que tem uma turma de gente que fica no meu pé para ver se estou socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. Uns tais de certificadores e competidores. Atendi a todas eles, mesmo exigindo de mim mais do que as legislações ambientais e trabalhistas. Como resultado disso e para me manter competitivo no Globo estou selado até à testa.

Consequentemente, pela característica do meu processo produtivo, jamais deixarei de ser verticalizado e concentrado. Poderei minimizar, mas deixar de ser, infelizmente, jamais. Além de não mais flatular, defecar e urinar no rio, consumo bem menos água pelo que, exponencialmente, produzo. Se no passado eu consumia em torno de 100m3 de água por unidade produzida, hoje são apenas de 20 a 30m3.

Enfim, evolui. Eu que já fui quase um escandinavo, superei-o. Hoje sou um Deus Grego suntuoso. Os meus concorrentes internacionais estão querendo pegar uma boquinha no Brasil pagando qualquer preço pelo meu passe e pelo dos meus concorrentes compatriotas. Espero que eu e nenhum deles se deixe seduzir pelo capital dos yankees ou de qualquer gringo e ceda o controle das nossas empresas.

Para quem ainda não me identificou e aos que não me conhecem, eis que não sou a Universal, mas, sim, a Indústria de Celulose Transnacional do Brasil, The Big and Best of the Universal.

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6º Encapp acontecerá em setembro de 2024

O principal evento da cadeia produtiva da porta, o Encapp (Encontro da Cadeia Produtiva da Porta) terá sua sexta edição realizada entre os dias 17 e 19 de setembro de 2024 e acontecerá novamente na Semana Internacional da Madeira junto à Lignum Latin America.

Uma das principais novidades desta edição é a mudança de local para o Expotrade Convention Center, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR). Essa alteração proporcionará um aumento significativo na área de exposição, possibilitando a participação de um maior número de empresas fornecedoras da cadeia. “O objetivo é atrair o maior número possível de empresas que forneçam tecnologias e soluções para a fabricação de portas de madeira.

Nesta edição serão 552 m² disponíveis para exposição”, afirmou Paulo Pupo, superintendente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), entidade realizadora do Encapp por meio do PSQ-PME (Programa Setorial da Qualidade de Portas de Madeira para Edificações).

Nesta sexta edição, o Encapp terá as seguintes áreas de exposição: madeiras, núcleo de portas, adesivos, colas, chapas, painéis, ferragens, tintas, vernizes, abrasivos, vedações, revestimentos, preservantes de madeiras, embalagens, máquinas e ferramentas de cortes.

Registro entre alguns dos stands do evento no ano passado – Arquivo Mais Floresta.

Assim como nas edições anteriores, as empresas expositoras terão acesso exclusivo à Rodada de Negócios, na qual poderão estreitar o relacionamento com as empresas fabricantes de portas de madeira participantes do PSQ-PME. “A Rodada de Negócios é um dos principais diferenciais do Encapp, pois proporciona um contato direto e objetivo entre as equipes comerciais das empresas fornecedoras e os fabricantes de portas. Durante os três dias, todos os expositores terão a oportunidade privilegiada de interagir com todas as empresas que fazem parte do PSQ-PME”, reforçou o superintendente da Abimci.

As vendas das áreas de exposição já foram iniciadas. Para informações a respeito da forma de participação faça contato pelo e-mail contato@encapp.com.br   

Para saber mais sobre o Encapp 2024, acesse: www.encapp.com.br

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Bracell e Conservação Internacional inovam na análise de paisagens sustentáveis

São Paulo, 6 de dezembro de 2023 – A Bracell, líder mundial de celulose solúvel, promoveu uma reunião, no último dia 28 de novembro em Bauru (SP), envolvendo diversos agentes comprometidos com a conservação ambiental, onde apresentou seu “Projeto Gestão Integrada de Paisagens: geoinformação para tomada de decisão no território de atuação da Bracell”. Diante do interesse da companhia em ampliar suas ações de conservação e restauração de paisagens, divulgadas amplamente no último mês, com o lançamento das metas do Bracell 2030, a empresa buscou aliados e uniu esforços com a Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil).

A reunião foi liderada pela Bracell, em colaboração com a APA (Área de Proteção Ambiental) Estadual Rio Batalha e o Jardim Botânico de Bauru. Estavam presentes representantes do conselho da APA e também outros atores-chave da região, como a Unesp, Viva Batalha e Dexco.

“Trabalhar com grandes players como a Bracell é importante porque ela está estabelecendo seus compromissos com acordos globais. O compromisso vai além do código florestal e os benefícios são evidentes, tanto sobre os aspectos dos serviços ambientais, como também em termos de renda e de melhoria da qualidade de vida às comunidades [pessoas]”, destacou o diretor de gestão de conhecimento da Conservação Internacional, Bruno Henrique Coutinho.

O projeto se destaca por compilar e disponibilizar um conjunto de indicadores que visa influenciar a gestão da paisagem, permitindo análises em níveis municipal, de bacias e microbacias hidrográficas e áreas de preservação ambiental, com foco em três eixos principais: conservação, restauração e, uso e ocupação do solo.

“Os resultados desse projeto vão além de uma ampla base de dados. É uma plataforma compartilhada que visa auxiliar diretamente a gestão do território. O seu principal propósito é criar direcionamentos claros para otimizar os recursos disponíveis, permitindo-nos aprimorar e melhorar significativamente as condições ambientais de nossas paisagens”, destacou João Augusti, Gerente de Sustentabilidade da Bracell.

Após a apresentação do projeto, a reunião prosseguiu com a exposição do plano de manejo da APA Estadual Rio Batalha e do Plano Municipal da Mata Atlântica e Cerrado de Bauru.

Na segunda parte do encontro, os participantes visitaram duas fazendas dentro do limite da APA do Rio Batalha, destacando casos de sucesso de restauração florestal. Uma dessas áreas, com três anos de implantação pela equipe do Jardim Botânico, serviu como exemplo de empenho e cuidado na preservação ambiental, abrigando espécies raras e ameaçadas – parte das mudas utilizadas no projeto foram produzidas a partir da coleta de sementes de matrizes de um fragmento florestal conservado sob gestão da Bracell.

Nesse aspecto, o projeto apresentado pela Bracell e a Conservação Internacional pode desempenhar um papel crucial no apoio a iniciativas de restauração de áreas de preservação ambiental, trazendo ganhos imediatos para a biodiversidade e recursos hídricos. “A entrega desse projeto da Bracell é super importante, porque esses diagnósticos direcionam os planejamentos de recuperação de áreas de uma forma complementar concisa, muito mais assertiva”, avaliou o gestor do Jardim Botânico de Bauru, Luiz Carlos de Almeida Neto.

Para a gestora da APA Rio Batalha, a engenheira florestal Claudia Reis, o evento evidenciou a necessidade de ações ambientais. “É preciso intensificar a conservação e a adoção de boas práticas silviculturais, agrícolas e, principalmente, a restauração das matas ciliares da bacia hidrográfica. O início do diálogo, reunindo muitas instituições regionais, me deixou com a esperança de que teremos êxito neste trabalho coletivo”, ressaltou a gestora.

Sobre a Bracell
A Bracell é uma das maiores produtoras de celulose solúvel e celulose especial do mundo, com duas principais operações no Brasil, sendo uma em Camaçari, na Bahia, e outra em Lençóis Paulista, em São Paulo. Além de suas operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Cingapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos. www.bracell.com

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Tecnologia Blockchain garante eficiência e segurança ao setor florestal de Minas Gerais  

Mais de 87% dos municípios mineiros aderiram ao MG Florestas, sistema que realiza a gestão de florestas plantadas em Minas 

Governo de Minas utiliza a Tecnologia Blockchain para garantir segurança e transparência a todas as transações e atividades registradas no sistema MG Florestas. A plataforma realiza a gestão de florestas plantadas em Minas Gerais, com controle da cadeia do carvão vegetal, ajudando na proteção da vegetação nativa. Mais de 87% dos municípios mineiros já aderiram ao sistema. 

A iniciativa é desenvolvida pelas Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG) e de Planejamento e Gestão (Seplag-MG), pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e pela Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge), sendo financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). 

Utilizando um banco de dados distribuído, que armazena dados em vários computadores e à prova de violações, a Tecnologia Blockchain assegura que todas as informações relacionadas a produção, colheita e transporte de carvão vegetal sejam permanentes e acessíveis a todas as partes envolvidas. A tecnologia reduz o risco de atividades ilegais, melhorando a eficiência operacional de toda a cadeia produtiva. 

Segundo o especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Frederico Afonso Maximiano, que atua na Diretoria Central de Governança de Tecnologia de Informação e Comunicação da Seplag-MG, a tecnologia Blockchain funciona como um livro de registros compartilhado e imutável que facilita o processo de rastreamento de ativos. 

“A iniciativa demonstra a importância da inovação no Governo de Minas. O MG Florestas acompanha com alta confiabilidade toda a cadeia do carvão, desde o plantio das árvores até o consumo do produto final, tornando o processo mais transparente e sustentável”, destacou. A Seplag-MG é responsável pelo desenvolvimento do sistema e pela aplicação da tecnologia Blockchain. 

Adesão 

O último levantamento realizado pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) revelou que mais de 15 mil produtores aderiram ao sistema do MG Florestas, representando uma ampla gama de agricultores e empresas envolvidas na produção de carvão vegetal em Minas Gerais. Já foram cadastrados quase 1.500.000 hectares. Além disso, 834 municípios do estado estão ativamente participando do projeto, reforçando o impacto e a aceitação do MG Florestas em comunidades locais. 

“A adesão maciça ao MG Florestas não apenas ressalta a importância da Tecnologia Blockchain na transformação de setores tradicionais, como destaca o compromisso dos produtores e autoridades em garantir uma produção sustentável e legal de carvão vegetal em Minas Gerais. O projeto protege nossos recursos naturais e impulsiona a economia local, criando oportunidades para o crescimento contínuo e o desenvolvimento sustentável do Estado” ressaltou o diretor de Controle, Monitoramento e Geotecnologia do IEF, Flávio Aquino. 

MG Florestas 

O MG Florestas é um projeto dividido em três fases: origem, transporte e consumo do carvão. 

O Módulo de Cadastro de Plantio, lançado em 2021, foi o primeiro passo na jornada do MG Florestas para criar uma cadeia produtiva transparente e eficiente. No ano seguinte, em 2022, o Módulo de Comunicação de Colheita foi introduzido, proporcionando uma comunicação eficaz entre os produtores e as autoridades envolvidas no processo. 

Agora, no mês de dezembro, está previsto o lançamento do Módulo de Declaração de Colheita de Florestas Plantadas (DCF), marcando o início da fase de transporte do carvão vegetal. 

A iniciativa tem como objetivo principal monitorar e otimizar a produção de carvão vegetal em Minas Gerais, garantindo a sustentabilidade ambiental e a legalidade na cadeia de produção. Para acessar o MG Florestas, o cidadão deverá realizar o cadastro de pessoa física ou jurídica no Portal Ecossistemas, neste link.

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Microsoft compra 1,5 milhão de créditos de remoção de carbono de startup brasileira

Aquisição deve ser feita até 2032 e incentiva projeto que pretende reflorestar parte da Amazônia

Microsoft está investindo no mercado voluntário de carbono do Brasil com um acordo para comprar créditos de um projeto em grande escala para reflorestar partes degradadas da Amazônia.

gigante de tecnologia concordou em comprar até 1,5 milhão de créditos de remoção de carbono até 2032 da startup brasileira Mombak Gestora de Recursos, que está plantando mais de 100 espécies de árvores nativas em terras desmatadas na floresta.

Os valores não foram divulgados, mas a Microsoft passou os últimos dois anos fazendo uma diligência e aconselhando sobre o projeto antes de concordar em comprar créditos, e é o maior acordo da empresa até o momento para créditos de carbono baseados na natureza.

“Tentamos construir os mercados dos quais compramos”, disse Brian Marrs, diretor sênior de energia e remoção de carbono da Microsoft. “Esperamos que este seja um modelo para o futuro. Queremos vê-lo em jurisdições no Brasil e além.”

A Mombak está aproveitando uma mudança nos mercados voluntários de carbono, onde os compradores estão dispostos a pagar mais por projetos que realmente removem carbono, em vez de compensações, que geram créditos mantendo as árvores existentes em pé.

A empresa sediada em São Paulo espera que o Brasil se torne o maior exportador mundial de créditos de remoção de carbono devido à vasta quantidade de terras desmatadas disponíveis na Amazônia, onde as árvores crescem mais rápido do que em climas mais frios. Cada crédito representa uma tonelada de carbono removida da atmosfera.

O acordo da Microsoft faz parte de um projeto para plantar mais de 30 milhões de árvores no estado do Pará. As florestas cobrirão cerca de 70 mil acres, ou cinco vezes o tamanho de Manhattan.

A companhia também planeja fazer parte do plano de se tornar carbono negativa até 2030. O anúncio coincide com as negociações climáticas da COP28 em Dubai, evento no qual a Microsoft e a Mombak estão participando.

Em um mercado que ganhou uma reputação negativa devido a projetos que não eram cientificamente defensáveis, ou até fraudulentos, o acordo com a Microsoft dá à Mombak um selo de aprovação importante que ajudará a levantar dinheiro para mais projetos de reflorestamento no Brasil, de acordo com o principal executivo da startup de remoção de carbono.

“Temos uma das cinco empresas mais valiosas obtendo seu maior suprimento baseado na remoção de carbono no Brasil”, disse o CEO da Mombak, Peter Fernandez, em uma entrevista. “Isso será estratégico para o nosso negócio. Isso nos permitirá levantar mais dinheiro para o reflorestamento.”

A Mombak atraiu investidores, incluindo o Canada Pension Plan Investment Board e a Capital Partnership Strategies, para um fundo de reflorestamento. São os compradores finais dos créditos —neste caso, a Microsoft— e não os investidores que os usam para compensar emissões.

Para a Microsoft, o uso da tecnologia em nuvem, aprendizado de máquina e drones pela startup para selecionar os locais mais adequados para o reflorestamento foi particularmente atraente.

“A Mombak desvendou o código das soluções baseadas na natureza de uma maneira que muitos outros provedores não conseguem”, disse Marrs.

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Mapeamento inédito indica que Brasil estoca no solo o equivalente a 70 anos das emissões de CO2 do país

Mata Atlântica e Pampa apresentam os maiores estoques médios de carbono orgânico do solo por hectare, na comparação com os demais biomas; em termos absolutos, Amazônia lidera

Um levantamento inédito do MapBiomas reforça a necessidade de preservar a cobertura de vegetação nativa dos biomas brasileiros, especialmente na Mata Atlântica e no Pampa. Do total de 37 bilhões de toneladas (gigatoneladas – Gt) de carbono orgânico do solo (COS) existentes no Brasil em 2021, quase dois terços (63%) estão estocados em solos sob cobertura nativa estável (23,4 Gt COS). Apenas 3,7 Gt COS estão estocados em solos de áreas que foram convertidas para uso antrópico desde 1985. Mais da metade (quase 20 Gt COS) fica na Amazônia. Mas quando se analisa o estoque médio de COS por hectare, Mata Atlântica e Pampa se destacam com os maiores valores: média de 50 t/ha e 49 t/ha, respectivamente, enquanto na Amazônia este valor é de 48 t/ha. Os menores estoques são encontrados na Caatinga (média de 31 t/ha). 

Entre 1985 e 2021 a quantidade de carbono estocado no solo coberto por floresta no Brasil reduziu de 26,8 Gt para 23,6 Gt. Isso significa uma perda de 3,2 Gt, ou mais que todo o estoque da Caatinga em 2021 (2,6 Gt) e equivale a quase seis anos de emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Os números foram obtidos a partir da análise da dinâmica do estoque de COS de 1985 a 2021 em diferentes coberturas e usos da terra, com resolução espacial de 30 metros e mostrando os estoques de COS nos primeiros 30 cm, em toneladas por hectare (t/ha). Para o mapeamento, foram processados dados de 9.650 amostras de solo coletadas no campo por iniciativas de órgãos públicos desde a década de 1950, como o Projeto RADAMBRASIL – os dados estão disponíveis no repositório SoilData em http://soildata.mapbiomas.org/

O solo é um dos quatro grandes reservatórios de carbono do planeta, junto da atmosfera, os oceanos e as plantas, que absorvem carbono em seu processo de crescimento. Se estoca carbono orgânico, o solo quando em estado de degradação pode liberar o elemento para a atmosfera na forma de gás carbônico e metano, agravando as mudanças do clima. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), um terço dos solos do mundo está moderada ou altamente degradado e a erosão do solo, que arrasta entre 20 e 37 bilhões de toneladas da camada superior do recurso anualmente, reduz a capacidade do solo de armazenar e reciclar carbono, nutrientes e água.

“Essa iniciativa visa desvendar a evolução dos recursos do solo ao longo do tempo e do espaço, adotando uma abordagem científica aberta e colaborativa”, explica a professora Taciara Zborowski Horst, uma das coordenadoras do mapeamento. “Ainda é uma versão beta, sujeita a muitos aprimoramentos, mas é um avanço importante no mapeamento digital de solos e oferece subsídios valiosos para a conservação e uso sustentável do solo no Brasil”, completa.

Este mapeamento com longa série histórica, inédito no mundo, aponta um caminho para aprimorar o entendimento da dinâmica de captura e emissão de carbono no solo, o que é fundamental para o  monitoramento do impacto da implementação das práticas de agricultura de baixo carbono no Brasil.

Amazônia: em termos absolutos, possui o maior estoque de COS do Brasil, com 19,8 Gt em 2021. Desse total, 87% (17,4 Gt COS) ficam em áreas naturais. As áreas antrópicas, por sua vez, armazenam apenas 2,4 Gt COS. Embora o estoque médio por hectare do bioma seja de 48 t/ha, essa média sobe para ~50 t/ha no caso das formações florestais. Nas áreas de pastagem, estima-se estoque de ~40 t/ha.

Cerrado: a savana mais biodiversa do planeta e segundo maior bioma do país armazenava  8,1 Gt COS em 2021 – 3,8 Gt COS nas áreas antrópicas e mais da metade (4,3 Gt COS) em áreas naturais. A Formação Savânica apresenta o maior estoque médio ~39 t/ha.

Mata Atlântica: em 2021, o estoque de carbono no solo deste bioma somava 5,5 Gt COS em 2021. Desse total, as áreas naturais respondem por 2,1 Gt COS. As áreas antrópicas, por sua vez, armazenam 3,4 Gt COS. A diferença em favor das áreas antropizadas reflete o alto grau de desmatamento do bioma: analisando o tipo de cobertura da terra, porém, constata-se que a Formação Florestal apresenta o maior estoque médio: ~56 t/ha. Enquanto que nas áreas de agricultura, o estoque é de ~49 t/ha.

Pantanal: a maior área úmida continental do planeta armazenava 0,6 Gt COS em 2021. Ao todo, o bioma armazenava 0,6 Gt de COS em 2021 – a quase totalidade (0,5 Gt COS) em áreas naturais. As áreas antrópicas respondem por 0,1 Gt COS. A Formação Campestre apresenta o maior estoque médio: ~38 t/ha. Em áreas de pastagem, observa-se estoque de ~28 t/ha.

Pampa: armazenava 0,9 Gt COS em 2021. Mais da metade desse total (0,5 Gt COS) estão em áreas naturais, com a Formação Campestre respondendo por ~51 t/ha.  Nas áreas de agricultura, observa-se estoque de ~53 t/ha. Outras áreas antrópicas, por sua vez, armazenam apenas 0,4 Gt COS.

Caatinga: é o menor estoque de carbono do Brasil na média por hectare. Quase dois terços desse total (63%, ou 1,7 Gt COS) estavam armazenados em áreas naturais. As Formações Savânica e Campestre apresentam o maior estoque médio ~31 t/ha. Já as áreas antrópicas armazenam 1,0 Gt COS.

Sobre o MapBiomas Solo: O MapBiomas Solo desenvolveu a primeira coleção beta de mapas anuais de estoques de carbono orgânico do solo (COS) no Brasil, no período de 1985 a 2021. Esses mapas foram desenvolvidos com dados do repositório SoilData e diversas covariáveis ambientais que representam os fatores de formação do solo brasileiro. Com resolução espacial de 30 metros, os mapas apresentam os estoques de COS nos primeiros 30 cm, em toneladas por hectare (t/ha). Essa iniciativa visa desvendar a evolução das propriedades do solo ao longo do tempo e do espaço, adotando uma abordagem científica aberta e colaborativa. É um avanço importante no mapeamento digital de solos e oferece subsídios valiosos para a conservação e uso sustentável do solo no Brasil.

Informações: MAPBIOMAS.

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Exporta Mais Amazônia movimenta R$ 50 milhões em negócios 

A edição do Programa aconteceu em Rio Branco (AC) e contou com a participação de 20 compradores internacionais. O volume de negócios deve se concretizar nos próximos 12 meses  

Entre os dias 25 e 29 de novembro, importadores de 15 países diferentes visitaram o Acre para realizar rodadas de negócios com 35 empresas brasileiras do Norte e conhecer a produção de produtos compatíveis com a floresta. A ação faz parte do Programa Exporta Mais Amazônia, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). 

Ao longo de mais de 260 reuniões e uma intensa agenda de visitas técnicas, os 20 compradores internacionais tiveram a oportunidade de conhecer empresários da região que trabalham com produtos compatíveis com a floresta e alguns centros de produção. O foco das rodadas foram os setores de açaí, cacau & chocolate, castanha do Brasil, peixes amazônicos, carnes bovina, suína e de frango. A expectativa de vendas resultantes da ação é de pelo menos R$ 50 milhões em até um ano. 

Para Jorge Viana, presidente da ApexBrasil que esteve presente no lançamento do evento, é crucial que o Brasil expanda suas exportações na Amazônia, criando mais espaço para produtos em consonância com a floresta. “Esse Programa busca aproximar o empresariado amazônico dos mercados internacionais, organizando o setor produtivo e trazendo os compradores do mundo todo para conhecer o potencial desses produtos”, comemorou. 

Participaram da ação compradores de Singapura, China, Países Baixos, Espanha, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Catar, Egito, Peru, Argentina, Colômbia, Índia e Equador. 

Amazônia nos mercados canadenses 

A representante do Canadá foi Fernanda Favaro, proprietária sócia e COO da Elements Brazil, empresa sediada em Vancouver. A empresária trabalha há sete anos com a importação de produtos brasileiros, com foco na conhecida “cesta da saudade”, que são aquelas mercadorias que as comunidades de expatriados fora do Brasil costumam sentir falta, como o açaí. 

Com uma gama de mais de 400 produtos comercializados em grandes redes de supermercado no Canadá, a empresa está interessada não apenas em adicionar novos artigos à sua cesta para brasileiros, mas também em apresentar aos consumidores canadenses as iguarias da floresta amazônica.  

Segundo Fernanda, o mercado canadense está em forte expansão para produtos considerados exóticos. “O canadense é muito aberto para produtos de outros lugares. Ele tem essa curiosidade, essa mente aberta para provar outras coisas. Isso é o primeiro passo. Ao trazer esse lado da Amazônia, a gente ainda pode contar a história do produto dentro do mercado canadense, então a gente vê muitas possibilidades de negócios”, explica.  

Para ela, a experiência de estar frente a frente com os produtores foi enriquecedora. “Normalmente nessas rodadas de negócios a gente acaba falando com representantes de empresas, mas [dessa vez] foram realmente as pessoas que produzem. E a gente vê como esse povo se agarra em manter a Amazônia. Às vezes as pessoas têm poucos poderes, mas tanta força de luta para manter a floresta em pé, é impressionante”, relembrou. 

Como resultado das rodadas, a empresa canadense deve fechar negócio com pelo menos quatro novos produtos da Amazônia para a sua cesta: castanhas do Brasil, cacau em barra, óleos essenciais amazônicos e sorvetes de frutas tropicais, como cupuaçu e buriti.  

Açaí defensor da floresta 

A Petruz Fruity, empresa brasileira de açaí que está presente em 44 países, não perdeu a oportunidade de estar em contato direto, a uma só vez, com tantos clientes. Há 17 anos no mercado de exportação, a companhia mantém relações com importadores no mundo todo, mas raramente consegue encontrá-los em uma mesma ocasião, muito menos no Norte do Brasil. 

Rafael Ferreira, diretor comercial da empresa, elogiou a iniciativa. “O fato de ter sido em um estado da Amazônia foi muito interessante, porque sai dos eixos tradicionais”. Com sede em Belém, a Petruz trabalha com frutas tropicais e possui cinco fábricas na região, distribuídas nos estados do Pará, Amazonas e Amapá.  

Ao longo das rodadas, Rafael aproveitou tanto para se reconectar com importadores com quem já havia realizado negócios no passado, como os de Singapura, Dubai e Espanha, mas também para conquistar novos potenciais compradores, como o do Egito, com quem manteve uma agenda paralela. O plano, agora, é ir até o país africano para consolidar a parceria.   

A empresa planeja alcançar novos mercados com uma estratégia cada vez mais atrelada à ideia de “brasilidade”. Segundo Rafael, o plano de comunicação de 2024 da Petruz reforça justamente o posicionamento da marca como brasileira e atrela as frutas tropicais diretamente à defesa da floresta. “A gente mudou toda a da nossa comunicação pensando nisso. As embalagens terão animais da Amazônia, que são os defensores da floresta”, explicou. 

De acordo com Rafael, a aposta na sustentabilidade não é apenas uma questão de marketing, mas de essência da empresa. “Nós temos certificações para sustentar isso: orgânica, fair trade e várias outras. Estamos aqui no meio da Amazônia trabalhando com um produto que mantém a floresta de pé”, adicionou. 

Sobre a ApexBrasil 

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem como principal objetivo impulsionar as exportações de produtos e serviços do Brasil no mercado internacional, além de atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia nacional. Para alcançar esses propósitos, a Agência executa diversas iniciativas de promoção comercial, como participação em eventos centrais, missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à presença de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais e visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião. 

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