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Valmet está entre os líderes em sustentabilidade do ranking CDP

Multinacional finlandesa figurou na “A List” da organização internacional pelo trabalho climático

A organização internacional sem fins lucrativos CDP (Carbon Disclosure Program) é uma plataforma global de divulgação ambiental que impulsiona empresas e governos a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, salvaguardar os recursos hídricos e proteger as florestas. Baseando-se em uma análise das estratégias, metas, governança, riscos e oportunidades, gestão de riscos e ações no último ano, o CDP reconheceu a Valmet – um dos principais players de tecnologias de processo, automação e serviços para as indústrias de celulose, papel e energia – como líder global em sustentabilidade corporativa, incluindo-a na “A List” pela transparência de suas estratégias de mitigação das mudanças climáticas e pelo desenvolvimento de tecnologias e soluções de baixo carbono. 

A implementação do Programa Climático é uma alta prioridade para a Valmet. O programa abrange toda a cadeia de valor da empresa: cadeia de suprimentos, operações próprias e a fase de utilização das tecnologias e serviços da Valmet por seus clientes. “Ser reconhecido entre os líderes em sustentabilidade com a classificação A do CDP é uma prova positiva do nosso trabalho climático e das nossas metas ambiciosas. Avançamos consistentemente com o nosso Programa Climático, que abrange toda a cadeia de valor e permite uma produção neutra em carbono aos nossos clientes em todo o mundo. Estamos satisfeitos com os resultados até agora, mas reconhecemos a importância dos esforços contínuos”, afirma a vice-presidente sênior de Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Relações Corporativas, Anu Salonsaari-Posti. 

Durante 2023, a empresa atingiu a meta de permitir uma produção 100% neutra em carbono para seus clientes de celulose, papel e energia, sete anos do previsto. Nas operações, a multinacional fez investimentos significativos em eficiência energética para reduzir as emissões de CO2 nas instalações e adquiriu eletricidade livre de CO2, alcançando 100% de compras de eletricidade neutra em CO2 na Finlândia e na Suécia em 2023. Na cadeia de fornecimento, a empresa conseguiu envolver mais de 90 fornecedores com maiores emissões para adotarem mudanças climáticas.

Ação local 

Na América do Sul o site de Araucária (PR) possui ações de eficiência energética com geração de energia por painéis solares, somada à entrada da empresa no mercado livre de energia e atingindo 100% de consumo neutro de emissões de CO2. Até o final de 2025, a indústria planeja que todos os sites no Brasil, nas unidades de Sorocaba, Belo Horizonte e Joinville, também alcancem totalmente a neutralidade de emissão de CO2.   

A Valmet mantém sua posição de liderança no programa climático do CDP desde 2016, corroborando que a sustentabilidade está no centro das operações e da estratégia de negócios da companhia.

Portfólio com tecnologias que garantem eficiência energética  

Hoje, as fábricas de celulose dos clientes que utilizam as tecnologias da Valmet são 100% autossuficientes em bioenergia. Além disso, a oferta atual de caldeiras de biomassa da Valmet permite a produção de energia e calor 100% livre de fósseis. 

Ainda em 2023, a Valmet foi reconhecida pelas suas ações e estratégias para reduzir as mudanças climáticas, sendo incluída pelo 10.º ano consecutivo no Índice Dow Jones de Sustentabilidade como uma das líderes mundiais em sustentabilidade. 

Sobre o CDP

O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos que impulsiona empresas e governos a gerenciar seus impactos ambientais. A lista do CDP de todas as empresas que participam publicamente de sua divulgação climática deste ano está disponível no site do CDP.

Sobre a Valmet

A Valmet é líder global no desenvolvimento e fornecimento de tecnologias avançadas de processos, automação e serviços para as indústrias de celulose, papel e energia. Com nossos sistemas de automação e soluções de controle de fluxo abrangem uma gama diversificada de indústrias de processo. Com uma equipe de mais de 19.000 profissionais distribuídos globalmente, nos empenhamos em fortalecer o desempenho operacional de nossos clientes diariamente, garantindo uma parceria próxima e eficaz. A empresa tem mais de 220 anos, a Valmet é sinônimo de inovação constante, melhorias contínuas e compromisso com a excelência. Em 2023, as vendas líquidas atingiram aproximadamente 5,5 bilhões de euros, refletindo a solidez no mercado e a confiança dos nossos clientes. As ações da Valmet estão listadas na Nasdaq Helsinki e a sede fica em Espoo, na Finlândia. Mais informações em:  valmet.com | X | X (IR) | LinkedIn | Facebook | YouTube | Instagram |

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‘O seringueiro é o melhor guarda florestal’: o novo ciclo de borracha nativa que está ajudando a preservar a Amazônia

Há coisa de seis anos atrás, facões em punho, José do Carmo Alves e sua irmã, Maria das Neves Alves Basto, voltaram a trilhar a estrada de seringueiras da área de floresta amazônica que lhes pertence, no município de Inhangapi, nordeste do Pará.

Nos troncos das árvores, ainda encontraram as cicatrizes dos cortes que haviam talhado 30 anos antes, no fim dos anos 1980, quando, de uma hora para a outra, pararam de extrair o látex – porque já não conseguiam mais vender a borracha que produziam.

Ao longo das décadas que passaram, as seringueiras permaneceram intocadas. A família extrativista sobreviveu de outras riquezas da floresta: a coleta de castanha do Pará e de açaí.

Até que apareceu um comprador dizendo que, se voltassem a produzir borracha, pagaria não apenas o valor da matéria-prima, mas um adicional por serviços ambientais – ou seja, o serviço de manter a floresta em pé. Os irmãos seringueiros retomaram a produção, e a borracha passou a ser parte essencial dos produtos sazonais da floresta que compõem os ganhos da família ao longo do ano.

“É uma ajuda muito grande na renda. Uma árvore dessas aqui é fundamental para a gente que conhece o ramo, extrai o látex e sabe trabalhar a borracha. É muito bom”, diz José do Carmo, 65 anos, enquanto abre um risco no tronco de uma seringueira e deixa escorrer o seu látex.

Nativa da Amazônia, a seringueira – Hevea brasiliensis – é conhecida como a “mãe” da floresta pelo leite que escorre quando se corta o seu tronco, o látex, matéria-prima para a borracha.

A extração não compromete a saúde da árvore, que se reproduz naturalmente no bioma, onde existem espécimes de até 300 anos. Elas estão na raiz do desenvolvimento econômico da região, com o ciclo da borracha que impulsionou o crescimento de Manaus e Belém na virada do século 19 para 20.

Há mais de um século, entretanto, a matéria-prima da floresta perdeu para a borracha de áreas de cultivo, sobretudo na Ásia. Extrair o látex de árvores enfileiradas em monoculturas é incomparavelmente mais fácil do que na Amazônia, onde seringueiros percorrem até 10km por dia para alcançar árvores espaçadas pela floresta.

A concorrência desigual desvalorizou a atividade de seringueiros da Amazônia, que ao longo das décadas sofreram regimes de forte exploração de mão-de-obra e de semi-escravidão por endividamento. Muitos abandonaram os seringais.

Nos últimos anos, entretanto, novos arranjos entre o setor privado e associações de extrativistas vêm impulsionando uma expansão da produção de borracha nativa, agora reconhecida como um produto sustentável que pode gerar renda para populações locais e ajudar a preservar a floresta.

No novo modelo, empresas estão pagando valores mais altos pela borracha da Amazônia como um produto que ajuda a prover sustento para famílias a partir da floresta em pé, tornando o desmatamento um mau negócio – e levando seringueiros como os Alves a retomarem a atividade.

‘O seringueiro é o melhor guarda florestal’

José do Carmo aprendeu a cortar seringa com a mãe, que por sua vez aprendeu com o pai, que migrou do Ceará para o Pará no passado, como muitos seringueiros.

O extrativismo faz com que a família de 11 irmãos tenha insistido em preservar a floresta nativa em sua terra, uma exceção na região. A ilha de floresta é cercada por áreas desmatadas para pecuária. O Pará, que vai sediar a Conferência do Clima da ONU em 2025, é de longe o Estado com os maiores índices de desmatamento na Amazônia.

“Eu comecei pequeno. Estou no ramo desde que me entendo por gente. Mas em 1988 o (então-presidente José) Sarney tirou de nós a seringa, e aí eu parei”, afirma, referindo-se à extinção repentina de incentivos do governo militar. “Depois de uns 20 ou 30 anos, o senhor Francisco veio para cá e me achou. E aí continuei com ele.”

José do Carmo se refere a Francisco Samonek, paranaense radicado na Amazônia há 40 anos.

Ao longo desse período, Samonek criou três empresas no município de Castanhal para trabalhar com borracha nativa – uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para desenvolver tecnologias, educar e aprimorar os processos usados por seringueiros; uma cooperativa de seringueiros para cuidar da produção; e uma marca para desenvolver produtos a partir da borracha nativa, a Seringô.

Francisco sorrindo ao mostrar tênis para câmera na floresta
O empresário Francisco Samonek, da Seringô, com o calçado que desenvolveu usando borracha da Amazônia e fibras naturais.

A marca desenvolve calçados sustentáveis com solados feitos da matéria-prima florestal, e desenvolve oficinas para que as famílias aprendam a fazer itens de decoração e biojóias com a borracha nativa em suas comunidades. Hoje, 1.500 famílias vendem borracha e artesanato para a Seringô, como os irmãos Alves. A meta é triplicar essa rede até o fim deste ano.

“O seringueiro é o melhor guarda florestal que nós temos”, diz Francisco Samonek, empreendedor social à frente da Seringô. “Se ele receber um preço justo pela produção de borracha artesanal, ele vai ficar ali cuidando da floresta. Se ao menos o mundo pudesse enxergar isso com clareza.”

As seringueiras precisam estar em meio à floresta para se manterem saudáveis e produtivas. A conta no setor é que, para cada estrada de seringais (um percurso que leva a até 200 árvores), é preciso haver cerca de 100 hectares de floresta preservados ao redor, o que equivale a cerca de 100 campos de futebol.

“Nosso papel é fazer com que o trabalho dos seringueiros seja gratificante e gere renda suficiente para que as comunidades permaneçam na floresta”, diz Zélia Damasceno, esposa e parceira de Samonek na Seringô. “E que pensem que, a cada árvore que eles derrubarem, menos renda vão ter aqui. Hoje, eles fazem esse cálculo.”

Atualmente, a Seringô compra cinco toneladas de borracha nativa por mês, volume que pretende quadruplicar até o fim deste ano. Além do preço-padrão do quilo da borracha bruta (cerca de R$ 2 por quilo), a empresa paga aos seringueiros um valor cinco vezes maior a título de serviços ambientais.

Este mecanismo financeiro foi criado para remunerar comunidades por serviços ambientais que gerem benefícios para a sociedade. Neste caso, a condição é que o seringueiro não desenvolva atividades predatórias em sua área.

Além disso, os produtores recebem um valor adicional do governo federal dentro da Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), que assegura o valor mínimo de R$ 7,18 por quilo da borracha. Com isso, recebem quase R$ 18 por quilo da matéria-prima.

‘Caminho sem volta’

A Seringô é parte de um grupo ainda pequeno de empresas que pagam até cinco vezes mais pelo preço da borracha nativa em comparação ao preço da commodity produzida em seringais cultivados – seja nas áreas de plantio brasileiras, que se concentram no Sudeste, ou em países do sul da Ásia.

A aposta é que, hoje, consumidores se dispõem a pagar mais por produtos feitos com matérias-primas sustentáveis, em cadeias de produção que geram benefícios ambientais e sociais.

Hoje, a marca de calçados francesa Vert/Veja é a maior compradora de borracha nativa da Amazônia, seguida da multinacional de pneumáticos Michelin. A Mercur criou um programa para valorizar a borracha nativa há dez anos, comprando a matéria-prima de indígenas e seringueiros em Altamira, Pará, para produzir borrachas de apagar e elásticos.

“É um caminho sem volta”, diz Luciana Batista Pereira, diretora de cadeias produtivas da Vert/Veja, que a cada ano compra 700 toneladas de borracha nativa de 2.500 famílias organizadas em cooperativas no Acre, Amazonas, Rondônia, Pará e Mato Grosso.

Os valores adicionais pagos pela empresa são condicionados à conservação da floresta. As áreas extrativistas são monitoradas por satélite, em uma plataforma online que permite à empresa rastrear eventuais danos à floresta.

“Grande parte das famílias com as quais trabalhamos tinha um histórico de seringueiros, mas tinha parado por décadas. Agora está havendo um resgate da atividade e da identidade dessas famílias, mas dentro de um novo modelo”, afirma Pereira.

“Elas não vendem mais para atravessadores, não ficam sem receber, não veem o trabalho ser desvalorizado. Esse retorno se dá em um movimento de reconhecimento do trabalho do seringueiro e do seu papel. As famílias estão se empoderando e não querem mais projetos de cima para baixo. Querem estar da mesa de decisão”, afirma.

Casal sorrindo em frente a mesa, sobre a qual estão jogos americanos
Francisco Samonek ao lado de sua esposa, Zélia Damasceno, parceira na Seringô.

Pedra fundamental da economia da Amazônia

No grande ciclo da borracha que teve seu apogeu entre as décadas de 1880 e 1910, a borracha nativa da Amazônia chegou a ser o segundo principal produto da balança comercial brasileira, atrás apenas do café.

Na época, as seringueiras da floresta eram a grande fonte global da matéria-prima. O ciclo impulsionou o crescimento de Manaus e Belém e encheu os cofres dos barões da borracha, às custas da exploração inclemente das populações locais.

A história mudou depois que milhares de sementes de seringueiras foram contrabandeadas para o Reino Unido, que conseguiu cultivar seringueiras com sucesso em suas colônias asiáticas, precipitando o fim do ciclo da borracha da Amazônia.

A matéria-prima amazônica teve outro ciclo de expansão durante a Segunda Guerra Mundial, quando a borracha asiática ficou inacessível aos países Aliados. Os Estados Unidos firmaram um acordo com o Brasil, e Getúlio Vargas enviou cerca de 60 mil “soldados da borracha” para a Amazônia, sobretudo do Nordeste, para suprir a demanda. Com o fim da guerra, os incentivos acabaram, e os seringueiros ficaram ao deus-dará.

A ditadura militar marcou mais um período de incentivos, com a implantação do Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural (Probor), que almejava tornar o Brasil autossuficiente na produção de borracha. Mas os estímulos eram aos seringalistas (donos dos seringais), e não aos seringueiros (os trabalhadores).

“Ser seringueiro era viver para trabalhar para o patrão”, relembra Dione Torquato, secretário geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (o ex-Conselho Nacional dos Seringueiros, que mantém a sigla original, CNS).

“Os seringueiros eram analfabetos e já chegavam devendo no seringal. Os seringalistas roubavam no valor do produto, contabilizando a produção para baixo. Assim, os seringueiros não podiam abandonar o seringal por causa das dívidas.”

Segundo Torquato, parte dessas dificuldades enfrentadas pela classe foram superadas ao longo das décadas, com a criação de reservas extrativistas, a organização da categoria e a luta simbolizada até hoje pelo líder Chico Mendes, assassinado em 1988.

“Não temos dúvida da importância que esse produto teve para o desenvolvimento da região e do país. Porém, ao longo dos anos, a atividade foi enfraquecendo e sofrendo com a falta de incentivo e de políticas públicas. Essas comunidades ficaram à mercê, esquecidas e invisibilizadas debaixo das camadas de floresta.”

Metas de aumentar a produção na Amazônia

Árvores com corte para extração de látex
Em 2022, a produção de borracha nativa da floresta amazônica foi apenas 0,3% do total de borracha produzida por ano no Brasil.

Segundo o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), o Brasil produz 259 mil toneladas de borracha por ano, a maioria em áreas de cultivo concentradas no Sudeste. Em 2022, a produção de borracha nativa da floresta amazônica foi de 840 toneladas, apenas 0,3% deste total.

Para 2024, entretanto, há metas de no mínimo dobrar essa produção. No ano passado, um grupo de empresas assumiu o compromisso de comprar pelo menos 1.700 toneladas de borracha nativa ao longo deste ano, após uma reunião multisetorial em Rondônia.

O encontro juntou cooperativas de seringueiros, empresas compradoras, ONGs, movimentos sociais e representantes do poder público, e foi promovido pelo Imaflora em parceria com a WWF-Brasil.

“Juntamos todo mundo na mesa para construir uma estratégia de futuro para a cadeia da borracha, para que ela seja de novo um motor econômico, como ela foi há muitas décadas atrás. Mas agora com uma nova lógica”, afirma Luiz Brasi, gerente da Rede Origens Brasil, administrada pelo Imaflora, que reúne populações tradicionais, extrativistas, ONGs e empresas para promover comércio ético e com garantia de origem.

O novo modelo, descreve Brasi, exige respeito ao modo de vida das populações tradicionais e ao tempo e ciclos de produção da floresta, além de transparência nos processos de negociação.

“Essa é a aliança perfeita para uma nova economia que concilia a produção de conservação. Temos a oportunidade de gerar mais renda e melhorar a qualidade de vida das comunidades da Amazônia por meio da manutenção da floresta em pé”, diz Brasi.

Com seringueiras espalhadas por toda a Amazônia, há potencial para aumentar exponencialmente a produção. O desafio é que engajar cada vez mais empresas para dar vazão a esse aumento, diz Brasi, sobretudo as do setor de pneumáticos, que consomem a maior parte da borracha mundial.

Se os preços da matéria-prima amazônica são mais altos, porém, como convencê-las a embarcar? Aí entra a importância de políticas públicas. “É muito importante o governo dar incentivos para empresas que incorporem um percentual do ingrediente da sociobiodiversidade em suas linhas”, destaca.

Incentivos à bioeconomia e seus gargalos

A valorização da borracha da Amazônia ocorre em meio ao alarme global despertado pelas mudanças climáticas e clamores por frear o desmatamento da floresta para conter o aquecimento global.

Esse contexto vem dando impulso à bioeconomia, um modelo econômico desenvolvido a partir de recursos naturais extraídos de forma ética, sustentável e mantendo a floresta em pé – ou, como muitos preferem descrever em relação à Amazônia, à sociobioeconomia, contemplando na equação também a inclusão social, a geração de renda local e a valorização de saberes tradicionais.

Segundo Dione Torquato, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), esse modelo tem potencial significativo de impulsionar o desenvolvimento local e reduzir a pobreza notória na Amazônia.

Mas, para isso, é preciso erradicar gargalos que fazem a pobreza se perpetuar a despeito das riquezas que existem dentro da floresta. Os obstáculos enfrentados por seringueiros incluem dificuldades de acessar o mercado e falta de capacitação e assistência técnica, equipamentos básicos e capital de giro.

Área queimada e desmatada
Pouco após deixar a área de floresta nativa preservada pela família Alves, que vive do extrativismo de borracha, castanha do Pará e açaí, a reportagem da BBC News Brasil se deparou com esta área de floresta que acabara de ser queimada — exemplo do avanço constante do desmatamento no Pará.

O Estado do Amazonas é exemplo desses gargalos e de esforços recentes para superá-los. Segundo Torquato, a produção de borracha chegou a quase zero em 2018. Esse fundo do poço motivou pesquisas da CNS com a WWF-Brasil e a empresa Michelin (que tem fábrica em Manaus) para entender por que as pessoas estavam deixando de produzir. A partir daí, foram mapeadas políticas públicas e ações necessárias para incentivar a produção, como ajustes logísticos e programas para fortalecer as associações de seringueiros.

“Um problema fundamental era que o preço baixo da borracha simplesmente não compensava por todo o trabalho e logística dos seringueiros, e isso fez com que a cadeia quase parasse”, conta Torquato.

Assim, chegou-se a um acordo com a Michelin para que pagasse um premium pela borracha extrativista, estabelecendo valores adicionais fixos para remunerar qualidade, comércio justo e serviços ambientais, além de uma taxa voltada para a associação de produtores.

De R$ 2,50 que recebiam em 2016 por quilo de borracha bruta, os seringueiros passaram a receber R$ 12, acrescidos de R$ 5 em subsídios estaduais e municipais. O arranjo foi aplicado em cinco municípios do Amazonas, que saíram de uma produção ínfima nos anos anteriores para a venda de 65 toneladas de borracha em 2022, e de 118 toneladas em 2023. Torquato comemora o resultado.

“Temos na Amazônia um potencial muito grande na floresta que só precisa de incentivos para que as pessoas voltem a produzir”, afirma.

Filho e neto de seringueiros, ele espera que a mobilização em curso ajude a resgatar a identidade de famílias como a dele, e a redimir seus antepassados.

“No passado, os seringueiros eram vistos como analfabetos sem capacidade de pensar. Esse racismo e preconceito social fez com que perdêssemos a conexão com a nossa identidade. Estamos trabalhando para mostrar que ser seringueiro não é atraso. É uma riqueza da nossa identidade. Temos que preservar os territórios que nossos antepassados lutaram tanto conquistar.”

Informações: BBC News.

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Revitalização de pastagens degradadas e áreas sustentáveis

Um passo importante foi dado para a regulamentação do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD) com a primeira reunião, em 25 de janeiro, do Comitê Gestor Interministerial que vai gerir o programa.

De acordo com o artigo 12 do Decreto Federal 11.815/23, que criou o PNCPD, o comitê tem 90 dias, a partir da sua primeira reunião, para publicar resolução que defina eixos, diretrizes, metas e ações do PNCPD, cujo objetivo é promover e coordenar políticas públicas destinadas à conversão de pastagens degradadas em sistemas de produção agropecuários e florestais sustentáveis.

Com a iniciativa, espera-se estimular o uso de boas práticas de manejo que promovam a captura de carbono em locais antes ocupados por pastagem degradada.

Além disso, o PNCPD tem a finalidade de:

  • Contribuir para o cumprimento das metas de recuperação de pastagens degradadas, redução do desmatamento e recuperação da vegetação nativa previstas nos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e previstos em planos e políticas nacionais de preservação; e
  • Incentivar as instituições financeiras e o mercado de capitais a viabilizar soluções para a implementação e a sustentabilidade do PNCPD, a descarbonização e o aumento da sustentabilidade social e ambiental da atividade agropecuária dos produtores rurais. Isso deverá ser feito com a priorização de empreendimentos do agronegócio que invistam em tecnologia, utilizem práticas agropecuárias sustentáveis, implementem a recuperação ambiental e contribuam para a segurança alimentar e o aumento da resiliência climática.

Conceitos estabelecidos no PNCPD

De acordo com o Decreto Federal 11.815/23, consideram-se pastagens degradadas aquelas resultantes do processo evolutivo da perda de vigor, produtividade e capacidade de recuperação natural que:

  • Gera sua incapacidade para sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos animais; e
  • Culmina em degradação avançada dos recursos naturais, devido a manejos inadequados, não se enquadrando no conceito de vegetação secundária definido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

O conceito de vegetação secundária — a vegetação resultante dos processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais — foi definido pelo Conama em diversas resoluções. Entre elas:

Resolução Conama 417/09, que dispõe sobre parâmetros básicos para definição de vegetação primária e dos estágios sucessionais secundários da vegetação de restinga na Mata Atlântica; e

Resolução Conama 423/10, que dispõe sobre parâmetros básicos para identificação e análise da vegetação primária e dos estágios sucessionais da vegetação secundária nos campos de altitude associados ou abrangidos pela Mata Atlântica.

Já os chamados sistemas de produção agropecuários e florestais sustentáveis são definidos como aqueles que, respeitadas as normas de uso da terra de cada território, podem incluir modelos produtivos que convertam pastagens degradadas em:

  • Lavoura, unicamente com culturas temporárias ou em sistema integrado, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a integração lavoura-pecuária (ILP) ou a integração lavoura-floresta (ILF), conforme as condições de solo e clima. Isso pode ser feito em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, desde que haja benefícios mútuos para todas as atividades e se tenha como meta otimizar o uso de recursos naturais, principalmente a terra, para elevar os patamares de produtividade, diversificar a produção e gerar produtos de qualidade;
  • Pastagem melhorada, entendida como uma estratégia destinada à intensificação dos sistemas pecuários, com o objetivo principal de recuperação do vigor, da produtividade e da capacidade de regeneração natural da forrageira, para sustentar os níveis de produção e qualidade exigidos pelos animais;
  • Floresta plantada, entendida como uma estratégia viável para a recuperação de pastagens com média-alta degradação e com alta produção de biomassa e captura de carbono, na qual podem ser utilizadas espécies florestais para diversos fins madeireiros e não madeireiros; ou
  • Agrofloresta, entendida como uma forma de uso e ocupação do solo em que espécies arbustivas e ou arbóreas são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras para compor sistemas produtivos mais próximos da natureza. O objetivo, nesse caso, é fornecer alimentos, especiarias, plantas medicinais, produtos madeireiros e não madeireiros, bioativos, produtos para alimentação animal, matéria-prima para construção civil — como palha e bambu — e para artesanato — como sementes e fibras.

Ainda de acordo com o Decreto Federal 11.815/23, as boas práticas agropecuárias sustentáveis são compreendidas como aquelas que envolvem o uso de bioinsumos, plantio direto, sistema sempre verde, rastreabilidade agropecuária, certificações trabalhistas no campo, certificações produtivas, agricultura digital e avaliação da descarbonização.

Captação de recursos

O PNCPD buscará viabilizar o acesso a financiamentos com recursos externos sem subvenção ou com recursos de programas existentes, que deverão estar vinculados à obrigação de investimento na conversão de pastagens degradadas em sistemas de produção agropecuários e florestais sustentáveis (artigo 3º).

Para isso, caberá ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), auxiliar na captação de recursos externos, sem a necessidade de subvenção do governo federal, para financiar as atividades desenvolvidas no âmbito do PNCPD.

Empreendimentos com excedente de reserva legal que preencham os requisitos para a obtenção da cota de reserva ambiental prevista no Código Florestal terão preferência. O apoio do PNCPD se dará exclusivamente àqueles que:

  • Estejam inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e em conformidade com o disposto no Código Florestal ou cumpram o Programa de Regularização Ambiental (PRA), previsto no Decreto 7.830/12;
  • No prazo de dez anos, contado da data de ingresso no PNCPD, reduzam as suas emissões ou aumentem a absorção de gases de efeito estufa, por meio do uso de práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e de governança, e não apresentem aumento das emissões de gases de efeito estufa advindas da mudança no uso da terra; e
  • Observem, no caso de financiamento, as condições previstas em normas relativas a crédito rural, aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional.

Informações: Conjur.

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Cientistas brasileiros desenvolvem técnica e aceleram o caminho para restauração florestal eficiente

Pesquisadores desenvolvem técnica inovadora que reduz o tempo de crescimento de espécies nativas, impulsionando a restauração da Mata Atlântica e prometendo transformar a silvicultura nacional

Nos últimos anos, a restauração florestal tem se destacado em diversos setores, incluindo o privado, financeiro, acadêmico e governamental. O Brasil, comprometido pelo Acordo de Paris de 2015, visa recuperar 12 milhões de hectares com floresta nativa, um tamanho comparável à Coreia do Norte. Contudo, essas iniciativas enfrentam desafios como os custos elevados do plantio de árvores e a escassez de dados sobre o crescimento das espécies e a extensão das áreas recuperadas.

Um estudo publicado na revista “Perspectives in Ecology and Conservation” propõe avanços significativos para o setor. Revela que a implementação de métodos silviculturais em projetos de restauração em grande escala pode elevar a produtividade e lucratividade. Isso possibilita o fornecimento à indústria madeireira, diminuindo a pressão sobre biomas naturais como a Amazônia.

Avanços liderados por especialistas brasileiros

Sob a liderança do engenheiro florestal Pedro Medrado Krainovic, o estudo desenvolveu um modelo para prever o crescimento de espécies nativas da Mata Atlântica, visando a maturidade para a indústria madeireira. Este método inovador reduziu o tempo de colheita em 25% e aumentou a área basal das árvores em 38%, antecipando em 13 anos a idade ideal para o corte.

Pedro Medrado Krainovic é Engenheiro Florestal com tem ampla experiência em silvicultura, manejo de produtos florestais não madeireiros e cadeias produtivas na Amazônia e Mata Atlântica, com destaque para sua pesquisa inovadora em sistemas agroflorestais e óleos essenciais, e atualmente é pesquisador pós-doutor na Esalq/USP.

Krainovic explica que o estudo identifica padrões de produtividade versus tempo, o que é crucial para manejar espécies para o mercado madeireiro. Isso torna a restauração florestal mais viável e atrativa, alinhando-se aos acordos climáticos globais.

O estudo foi parte do Programa BIOTA-FAPESP, com apoio adicional de quatro outros projetos, incluindo o “NewFor”. A pesquisa também contou com bolsas de estudo para Danilo Roberti de Almeida, Catherine Torres de Almeida e Angélica Faria de Resende, coautores do artigo. Supervisionado por Ricardo Ribeiro Rodrigues do Lerf e Pedro Brancalion do Lastrop e BIOTA Síntese, o trabalho representa um marco importante na restauração florestal brasileira.

Mata Atlântica em foco

Apesar de ser reconhecida em 2022 pela ONU como uma das dez referências globais em restauração, a Mata Atlântica é o bioma mais afetado pela perda de área florestal no Brasil. Originalmente com cerca de 140 milhões de hectares, atualmente, apenas 24% de sua cobertura florestal persiste, sendo somente 12% desta em condições de boa conservação, de acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica.

Os esforços para combater o desmatamento têm sido eficazes, evidenciados pela redução de 42% no desmatamento entre janeiro e maio de 2023, comparado ao mesmo período em 2022. Além disso, a ONU proclamou a Década da Restauração de Ecossistemas até 2030, incentivando a proteção e revitalização dos ecossistemas globais para benefício humano e da natureza.

Krainovic destaca a necessidade de mais dados para apoiar políticas públicas na restauração florestal. Seu estudo oferece uma lista de espécies útil para proprietários de terras, abrindo caminho para enriquecer a restauração florestal com um viés econômico e atingir múltiplos objetivos, como a recuperação de serviços ecossistêmicos.

Iniciativa Refloresta-SP

Os resultados do estudo são fundamentais para o Refloresta-SP, um programa do Estado de São Paulo focado na restauração ecológica, recuperação de áreas degradadas, e implementação de florestas multifuncionais e sistemas agroflorestais.

Krainovic, que viveu 12 anos na Amazônia, traz uma experiência diversificada, trabalhando tanto em projetos de recuperação de áreas degradadas usando espécies com potencial econômico quanto em cadeias produtivas de produtos florestais não madeireiros para a indústria de cosméticos. Ele ressalta a importância de sua experiência prática além da academia.

Cientistas brasileiros desenvolvem técnica e aceleram o caminho para restauração florestal Eficiente

O estudo avaliou 13 áreas de restauração florestal em São Paulo, variando entre seis e 96 anos de plantio. Essas áreas possuem uma ampla diversidade de espécies nativas, contribuindo para a promoção de serviços ecossistêmicos semelhantes aos das florestas naturais.

Seleção de espécies arbóreas nativas

Foram escolhidas dez espécies arbóreas nativas comerciais, como guatambu, jequitibá-rosa, cedro-rosa, entre outras, todas com diferentes densidades de madeira e historicamente valorizadas pelo mercado. A maioria dessas espécies é protegida por lei, sendo endêmicas da Mata Atlântica e do Cerrado, e algumas, como o jatobá e o ipê-roxo, ainda são exploradas na Amazônia.

Os pesquisadores realizaram testes iniciais para modelar o crescimento do diâmetro e da área basal das espécies arbóreas selecionadas ao longo do tempo. Eles desenvolveram cenários de produtividade, considerando os 30% maiores valores de diâmetro para cada espécie por local e idade, criando o que chamaram de “cenário otimizado”. Este cenário reflete a aplicação de tratos silviculturais que resultam em maior produtividade.

Classificação das espécies e redução do tempo de colheita

As espécies foram classificadas de acordo com o tempo necessário para atingir os 35 centímetros de diâmetro, essencial para a colheita. Elas foram agrupadas em três categorias: crescimento rápido (menos de 50 anos), intermediário (50-70 anos) e lento (mais de 70 anos). Utilizando a abordagem GOL, as espécies foram reagrupadas em quatro faixas de crescimento: rápida (menos de 25 anos), intermediária (25-50 anos), lenta (50-75 anos) e superlenta (75-100 anos).

foto: Joel & Jasmin Førestbird/Unsplash

Com o cenário otimizado, o tempo necessário para a colheita foi reduzido em 25%, o que significa uma antecipação média de 13 anos na idade ideal de colheita. Entretanto, para o jequitibá-rosa e o jatobá, o período ideal de colheita foi prolongado, embora a área basal tenha aumentado mais de 50%. Já o cedro-rosa apresentou uma redução de 36,6% na área basal, mas com uma antecipação de 47 anos no tempo de colheita.

No geral, nove das dez espécies estudadas atingiram o diâmetro de 35 cm antes dos 60 anos, com exceção do guarantã, de alta densidade de madeira.

Publicação e Acesso ao Estudo

O estudo intitulado “Potential native timber production in tropical forest restoration plantations” está disponível para consulta no website da revista “Perspectives in Ecology and Conservation”, pelo link: www.perspectecolconserv.com/en-potential-native-timber-production-in-avance-S2530064423000640.

Informações: Brasil Amazônia Agora.

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Cultivo de cacau ganha espaço no noroeste paulista

Pequenos produtores de seringueira, laranja e cana apostam no cacau como forma de diversificação e atraídos pela oportunidade de vender um produto com maior valor agregado

O cenário parece de novela e remete às regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mas esses cacaueiros estão no noroeste paulista, onde a cultura aos poucos ganha espaço. Os responsáveis são pequenos produtores de seringueira, laranja e cana-de-açúcar, que investem na diversificação de cultivos, atraídos pela oportunidade de vender uma commodity com maior valor agregado.

De acordo com a CATI-SP (Coordenadoria de Assistência Técnica do Estado de São Paulo), 30 municípios do noroeste do Estado de São Paulo já têm cacau plantado, e até junho de 2024 a expectativa é somar 300 hectares cultivados, a partir de mudas clonadas, originadas da Bahia.

Norival Puglieri, produtor da cidade de Novaes (SP), plantou 5 mil mudas de cacau há três anos e, antes mesmo de obter a primeira colheita, já investiu em mais 1,7 mil mudas, no fim de 2023, animado com as perspectivas do setor.

A escolha faz parte do projeto de diversificação de cultivos da propriedade, desde 1970 destinada à produção de laranja. Há 12 anos, um terço da propriedade de 450 hectares passou a ter cana-de-açúcar, seringueiras e pastagens. Mas o baixo retorno do cultivo de seringueiras levou Puglieri mais uma vez a buscar alternativas e apostou no cacau.

O novo pomar foi plantado no sistema de consórcio, tanto em áreas que já tinham seringueira, quanto em áreas de pastagens, que receberam bananeiras.

“A escolha pelo consórcio é tanto pela indicação de manejo quanto pelo retorno financeiro. As bananeiras fornecem sombreamento e proteção contra ao vento e, ao mesmo tempo, produzem após um ano, gerando renda enquanto a safra de cacau não vem, já que são necessários três ou quatro anos”, relata Puglieri.

O agricultor recebeu orientação da CATI, por meio do Programa Cacau São Paulo, uma iniciativa realizada em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp), com apoio da Fundação Cargill e da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Ministério da Agricultura.

Segundo Andrey Vetorelli, agrônomo, da CATI, as pesquisas para expansão do cacau no noroeste paulista começaram em 2013, para entendimento das necessidades e adaptações das variedades ao clima da região. “Temos grandes expectativas. A perspectiva é conseguir atingir, após estabilização das novas lavouras em alguns anos, a produtividade média de até 3 toneladas por hectare, volume equiparável aos índices mais altos do Pará”, diz.

Diversificação

Na cidade de Palmares Paulista, a produtora Mônica de Oliveira Munhoz investiu no plantio de 2,5 mil pés de cacau e 2,5 mil pés de banana na propriedade de 230 hectares, onde antes a família só cultivava seringueiras, cana-de-açúcar e laranja.

“A ideia surgiu da necessidade de obtenção de melhor margem, uma vez que o retorno com a seringueira estava muito baixo. É possível investir e amortizar os custos com o retorno da banana, que é vendida ao longo do ano todo. Por isso, já planejamos aumentar em 8 mil pés o cultivo de cacau da propriedade”, afirma Mônica.

Segundo ela, pomares novos, cultivados com práticas sustentáveis de cuidado com o solo e irrigação, além da rastreabilidade, abrem portas para um mercado em crescimento, dentro e fora do Brasil.

Vetorelli, da CATI, diz que a oportunidade de vender produtos premium com maior valor agregado no mercado exterior acabou atraindo – inesperadamente – a atenção de investidores de outras áreas para a produção de cacau no noroeste paulista.

“O foco inicial do programa de incentivo à expansão do cacau na região era para a diversificação de cultivos, como oportunidade aos pequenos produtores. No entanto, alguns investidores de outras áreas também enxergaram a atividade como promissora e médio e longo prazo, e estão alocando recursos na região”, afirmam. Dados do CATI apontam que o investimento inicial do cultivo fica entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por hectare.

Na cidade de Mendonça, uma parceria com a CATI originou o projeto “Chocolate da Merenda”, iniciado em novembro de 2023, para fomentar a produção regional de cacau. Desde então, uma porção de 20g de chocolate 50% cacau, sem lactose e produzido apenas com nibs (a forma menos processada do chocolate) e açúcar demerara, passa a fazer parte da merenda escolar quinzenalmente, como alimento funcional.

Segundo a prefeitura local, a ideia é que a oferta passe a ser semanal ainda no primeiro semestre de 2024, e que a atividade seja expandida para os lares de idosos da cidade.

Histórico

No século XX, o Brasil chegou a ser um dos maiores produtores de cacau do mundo. Em 1986/87, atingiu a marca histórica de 426 mil toneladas de amêndoas por ano, segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Entre 1989 e 1990, entretanto, a cacauicultora brasileira passou sua maior crise, que arrasou cerca de 68% das plantações com a doença vassoura-de-bruxa.

De lá pra cá, o movimento é de recuperação. Somos, hoje, o 6º maior produtor do planeta, com produção de 2022 girando em torno de 220 mil toneladas, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO). Em um mundo cuja demanda só cresce, ainda não damos conta sequer da demanda interna, que fica na média de 230 mil toneladas ano.

Vislumbrando esse cenário de oportunidades, o governo federal, por meio do Plano Inova Cacau 2023, elaborado pela Ceplac , visa estimular entrantes no mundo do cacau e otimizar os pomares já existentes. A meta é atingir novamente a marca de 400 mil toneladas ao ano em 2030.

“Há um cenário internacional favorável ao nascimento de novos polos de produção, quando dois dos principais produtores do mundo, como Costa do Marfim e Gana, passam por problemas produtivos. Paralelamente, temos que considerar o aumento na demanda por chocolate fino como oportunidade de mercado para nós brasileiros”, afirma Lucimara Chiari, diretora da Ceplac.

Segundo ela, assim como São Paulo, a Ceplac também iniciou projetos em áreas do Ceará, Sergipe, Roraima, Norte de Minas e Oeste de Bahia, principalmente trabalhando com a criação de pomares em áreas degradadas.

Ana Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), endossa o posicionamento da Ceplac, de que, a partir de áreas certificadas e rastreáveis, o país tem grande oportunidade de crescer no nicho de maior agregado no cacau, o do cacau fino e especial.

Informações: Globo Rural.

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Como a inteligência artificial promete melhorar produção de matéria-prima do chocolate na Amazônia

Em Paragominas, a cerca de 300 quilômetros de Belém, a implementação de uma ferramenta poderá diminuir custos e acelerar o diagnóstico de doenças

Fungos e pragas podem prejudicar bastante o cultivo de cacau, matéria-prima do chocolate. Provocada por um fungo, a vassoura-de-bruxa — que causa o amarelamento e apodrecimento de frutos —, por exemplo, pode infectar uma lavoura quase inteira quando aparece. Como técnicos em agronomia às vezes precisam sair de longe para realizar o diagnóstico, identificar estes problemas pode ser demorado e custoso. Em Paragominas, cerca de 300 quilômetros a sul de Belém do Pará, uma ferramenta de inteligência artificial promete diminuir custos e acelerar o diagnóstico de doenças em culturas de cacau.

A proposta da ferramenta — um software em desenvolvimento na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) — é usar uma técnica automatizada de reconhecimento de imagem para identificar as diferentes pragas e doenças que podem atingir o cultivo de cacau em Paragominas.

O professor Marcus Braga, líder do projeto e coordenador do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada da UFRA em Paragominas, conta que a Bahia costumava ser o maior estado produtor de cacau no Brasil, “mas perdeu essa posição por causa de doenças que não conseguiram tratar a tempo.”

Em 2020, o Pará já havia alcançado o posto de maior produtor do País, e hoje responde por metade da produção nacional. Conforme a cultura se consolida em Paragominas, a ideia é eliminar pragas com a maior velocidade e precisão possível, continua Braga.

“Cacau, banana e milho têm doenças com padrões de imagem bastante claros, que podem ser detectadas visualmente ainda no início,” conta Braga. Por isso, é possível usar visão computacional para apreender esses padrões.

Um software com essa capacidade, diz o professor, poderia ser especialmente útil para o pequeno produtor. “Como a assistência técnica não é muito acessível aqui na região, especialmente para o pequeno agricultor, as pessoas vão tratando dos problemas na lavoura com os próprios saberes,” conta o engenheiro florestal Francisco Neto, que é produtor de cacau em Paragominas.

“Cacau, banana e milho têm doenças com padrões de imagem bastante claros, que podem ser detectadas visualmente ainda no início,” conta Braga. Por isso, é possível usar visão computacional para apreender esses padrões
“Cacau, banana e milho têm doenças com padrões de imagem bastante claros, que podem ser detectadas visualmente ainda no início,” conta Braga. Por isso, é possível usar visão computacional para apreender esses padrões Foto: Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada – Universidade Federal Rural da Amazônia (NPCA/UFRA)

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, agricultores familiares respondem pela maior parte do cacau produzido no Estado — e 70% da produção é feita usando sistemas agroflorestais em áreas que eram degradadas.

Para funcionar, o software precisa reconhecer a diferença entre um fruto de cacau saudável e um doente — e dentre os doentes, entender que praga ataca aquele fruto mais provavelmente. Assim, Braga e sua equipe construíram um banco de imagens de frutos saudáveis, e outros atacados por males como vassoura-de-bruxa, mal-do-facão ou colchonilha em diversos estágios de desenvolvimento.

Braga explica que, primeiro, a equipe usou imagens públicas para montar a base de dados a fim de treinar um programa piloto de inteligência artificial para entender o que é um fruto doente e um saudável.

“Usamos 70% das imagens para treinar o algoritmo para diferenciar o cacau saudável de um com uma doença específica A ou B. Com os 30% de imagens restantes — com as quais o programa não teve contato anteriormente —, nós testamos o que foi treinado para ver se o algoritmo consegue de fato identificar doenças específicas e diferenciá-las de cacau saudável. Consigo medir a taxa de acerto porque sei de antemão o que é um cacau saudável e o que é um cacau com a doença A e com a doença B,” conta Braga.

“A taxa de acerto com dados públicos tem sido alta, por volta de 96, 97%,” continua ele.

Agora, a equipe está usando imagens de cacau de diversas propriedades de Paragominas para refinar o software e aumentar sua precisão para as culturas de cacau daquela região do Pará. Um agrônomo e um engenheiro florestal visitam as plantações para fazer as fotos que serão usadas posteriormente no projeto.

Equipe está usando imagens de cacau de diversas propriedades de Paragominas para refinar o software e aumentar sua precisão para as culturas de cacau daquela região do Pará
Equipe está usando imagens de cacau de diversas propriedades de Paragominas para refinar o software e aumentar sua precisão para as culturas de cacau daquela região do Pará Foto: Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada – Universidade Federal Rural da Amazônia (NPCA/UFRA)

Braga e sua equipe patentearam a tecnologia em novembro passado e esperam que o programa esteja pronto para uso gratuito em meados deste ano. O projeto está em funcionamento desde junho de 2022 e tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

“Aguardo ansiosamente os resultados,” diz Neto, que colaborou com o projeto com informação técnica e abriu sua propriedade de cinco hectares para a equipe de Braga fazer as fotos.

Ele planta cacau há quase três anos e conhece bem as especificidades e desafios de plantar cacau na Amazônia. “Problemas com fungos são muito comuns por aqui porque a região é extremamente úmida. Precisam de podas especiais e um espaçamento diferente,” diz.

Ele conta que, há alguns anos, ajudou a fazer testes de adaptação de variedades trazidas da Bahia para ver quais se adaptavam melhor às condições ambientais no Pará. Das pouco mais de dez variedades trazidas por José Carminati, um dos pioneiros da cultura do cacau em Paragominas, três chamaram a atenção de Neto por sua alta adaptabilidade: BN 34, Cepec 2002, e PS 1319.

Foi preciso fazer testes de adubação e resistência a podas e pragas para ver como as variedades reagiriam. “Elas tiveram uma grande produtividade e se mostraram ótimas culturas para a produção de chocolates finos,” conta Neto, que diz alta produtividade é importante porque a maioria dos produtores está em pequenas propriedades — como a dele, que tem cinco hectares.

“Eu costumo falar que são cinco hectares bem-feitos porque produz o equivalente de uma área de 30, 50 hectares,” assevera.

Neto diz que a prevenção e o rápido diagnóstico de pragas vai ser essencial para manter a alta produtividade dessas variedades na propriedade dele e de outros agricultores da região.

Em 2020, o Pará já havia alcançado o posto de maior produtor do País, e hoje responde por metade da produção nacional
Em 2020, o Pará já havia alcançado o posto de maior produtor do País, e hoje responde por metade da produção nacional Foto: Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada – Universidade Federal Rural da Amazônia (NPCA/UFRA)

Ele observa que em Tomé-Açu, que fica cerca de 200 quilômetros a noroeste de Paragominas, os produtores de cacau estão tendo problemas com fungos e pragas porque, além de usar variedades genéticas do fruto um pouco mais antigas, o diagnóstico rápido é mais difícil.

“Estou trabalhando com novas variedades de cacau há dois anos e meio, mas tenho certeza de que pelo quinto ou sétimo ano de produção, pragas vão aparecer. Isso é certeza. Estamos preocupados em nos antecipar aos problemas,” conta Neto, que diz que o aplicativo da UFRA será um grande aliado nesse sentido.

Marcus Braga lembra que um dos resultados que se espera com o aplicativo é aumentar o valor agregado na produção de cacau — que será importante para o mercado interno, mas mais ainda para quem exporta.

“A gente oferece a possibilidade de um selo de qualidade de que o cacau daquele produtor é livre de doença e de contaminação — assim você agrega valor na cadeia produtiva e aumenta o preço final daquele cacau. Esse é um próximo passo que nós estamos preparando,” diz Braga.

Os benefícios não se restringem a aumentar qualidade e produtividade de cacau — especialmente no estado que vai receber a Conferência das Partes para as negociações do clima no ano que vem.

Segundo Braga, o software em desenvolvimento é um exemplo de projeto que fortalece a bioeconomia na região. “O cacau precisa da sombra de outras árvores para crescer. Isso quer dizer que, para produzir o fruto, não preciso devastar, não preciso queimar floresta — pelo contrário: interessa ter a floresta em pé para plantar cacau. Por isso é um produto super interessante na cadeia da bioeconomia e nos interessa estender essa linha,” conta o professor.

Informações: Estadão.

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A indústria brasileira se pergunta se 2024 será o ano da virada

Artigo de Antonio Lemos.

O ano de 2023 chegou ao fim e, mais uma vez, as indústrias brasileiras ficam com a sensação de que ficou faltando algo para aquele sonhado momento de turn around, dar a volta por cima, se reerguer e voltar a ocupar importante lugar no PIB nacional.  É preciso exportarmos mais produtos acabados do que commodities ou matérias-primas que serão transformadas em outros países e retornam ao Brasil com maior valor agregado, tendo gerado empregos e desenvolvimento lá, e não aqui.

No final de novembro li uma entrevista do estrategista geopolítico Peter Zeihan, autor do best-seller “The End of the World is Just the Beginning – Mapping the Collapse of Globalization”, falando sobre os riscos do Brasil frente à dependência criada com a China e a globalização. Em um dos trechos, ele afirma: “Vocês precisam reconstruir a sua base industrial. Em segundo lugar, será necessário incentivar as famílias a terem mais filhos. Caso contrário, o Brasil desaparecerá da face da Terra no início do próximo século. Uma forma de mitigar isso é estabelecer parcerias com países com população mais jovem. Vejo duas opções naturais, a Argentina e os EUA.”

Não são poucas as provas da importância de termos uma indústria forte. A pandemia talvez tenha sido a situação que mais explicitou a toda a população essa questão, ao fazer sumir do mercado diversos itens exclusivamente importados.

Mas, estamos na contramão desse movimento e precisamos de ação do governo para fomentar esse setor. Um dado divulgado agora em dezembro pela Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores aponta que a participação do Brasil nas importações de veículos pelos países da América Latina caiu de 22,5% para 19,4% de 2013 a 2022, enquanto a participação da China explodiu de 4,6% para 21,2% no mesmo período, tomando a liderança do Brasil. Reflexo disso são, por exemplo, as demissões e fechamentos de fábricas anunciados pelo setor em 2023.

Posso afirmar que as empresas instaladas no país há décadas estão com sede de produzir, exportar e crescer, e preparados para esse momento de virada. Temos investido na mudança da indústria tradicional para a 4.0, com agregação de serviços e modernizações. Na Voith Paper, em 2023 contratamos mais de 50 estagiários, um número recorde, em nítido movimento de investimento em qualificação de mão-de-obra e aposta no futuro.

Nossa empresa mantém excelente relação com a sede na Alemanha, de onde recebemos constantes incentivos e a confiança de que estamos em uma região estratégica, não só pelo país, mas como entrada na América Latina. E, por sermos indústria de base, que fornece equipamentos e soluções para outras indústrias, fazemos parte de um grupo de empresas capaz de gerar ainda mais retorno econômico e social ao Brasil, ao dar certa autonomia para o crescimento industrial.

Temos musculatura, vontade, tecnologia e know-how. O que nos falta, como setor industrial, é um ambiente favorável e o apoio consistente do governo para transformar adversidades em oportunidades.

Além de todas as fragilidades históricas, como o chamado custo-Brasil, infraestrutura limitada e elevada burocracia nos processos de importação/exportação, temos exemplos atuais de alto impacto na economia, como o possível fim da desoneração da folha de pagamento para diversos setores, a alta carga tributária incidente na importação de serviços e softwares (notadamente os chamados SaaS “Software as a Service”), bem como a bitributação no comércio exterior.

Esse último ponto machuca os negócios, em especial empresas de origem alemã, pois o Brasil ainda não conseguiu construir um acordo que evite a bitributação de serviços e intangíveis. Isso seria extremamente benéfico para as companhias brasileiras, notadamente, se for elaborado no formato dos chamados “Tratados de Ouro”, a exemplo de Finlândia, Espanha, Japão, França e Suécia. A bitributação encarece muito o custo dos produtos e afeta, consequentemente, a competitividade dos produtos brasileiros. Como exemplo, quando trazemos um técnico alemão, pagamos quase 40% de impostos.

O Brasil continua sendo o país do futuro. Temos capacidade ociosa da indústria, mão-de-obra ainda abundante e com custo não tão elevado, matéria-prima disponível e muita vontade do setor produtivo em embarcar em uma fase de crescimento acelerado. Mais um ano se encerra e continuamos sem enxergar o início desse futuro tão brilhante e sonhado.

Nosso questionamento é: será que 2024 vai ser o início dessa virada?

Sobre o Grupo Voith

O Grupo Voith é uma empresa de tecnologia com atuação global. Com seu amplo portfólio de sistemas, produtos, serviços e aplicações digitais, a Voith estabelece padrões nos mercados de energia, papel, matérias-primas, e transporte e automotivo. Fundada em 1867, a empresa atualmente tem cerca de 21.000 colaboradores, gera € 4,9 bilhões em vendas e opera filiais em mais de 60 países no mundo inteiro, o que a coloca entre as grandes empresas familiares da Europa.

A Divisão do Grupo Voith Paper integra o Grupo Voith. Como fornecedora completa para o setor papeleiro, oferece a mais ampla gama de tecnologias, serviços e produtos ao mercado, fornecendo aos fabricantes de papel soluções holísticas a partir de uma única fonte. O fluxo contínuo de inovações da empresa possibilita uma produção que conserva recursos e ajuda os clientes a minimizar sua pegada de carbono. Com os produtos de automação e as soluções de digitalização líderes de mercado do portfólio Papermaking 4.0, a Voith oferece aos seus clientes tecnologias digitais de ponta para aumentar a disponibilidade e eficiência de fábricas em todas as etapas do processo produtivo.

Antonio Lemos é presidente da Voith Paper na América do Sul.
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Suzano abre 40 vagas em cursos do Senai para qualificar mão de obra em Ribas do Rio Pardo (MS)

A Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, em parceria com a Prefeitura de Ribas do Rio Pardo (MS), abriu 40 novas vagas para cursos profissionalizantes no município, onde constrói sua nova fábrica, oferecidos por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Pessoas interessadas podem escolher entre os cursos de Mecânica Básica de Veículos a Diesel e de Mecânica Básica de Veículos Leves, com 20 vagas cada um.

As inscrições ficam abertas até o dia 2 de fevereiro ou até o preenchimento das vagas e devem ser feitas somente no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Central de Ribas do Rio Pardo, que fica na Rua José Coletto Garcia, n. 1430, das 8h às 11 horas e das 13h às 16 horas, de segunda a quinta-feira. Para participar, candidatos(as) devem ter idade mínima de 16 anos e o quinto ano completo (4ª série) do Ensino Fundamental.

“A promoção de cursos de formação profissional faz parte do compromisso da companhia de contribuir para o desenvolvimento social e a geração de trabalho e renda na região, cujo mercado de trabalho segue aquecido devido às obras de construção da nova fábrica da empresa na região. Na Suzano, temos um direcionador que diz que ‘só é bom para nós se for bom para o mundo’, e entendemos que, por meio dessas várias qualificações, estamos formando a mão de obra para atender a uma demanda crescente do setor de serviços local, fomentando assim o desenvolvimento socioeconômico da região”, destaca Maurício Miranda, Diretor de Engenharia da Suzano.

Os cursos de Mecânica Básica de Veículos a Diesel e de Mecânica Básica de Veículos Leves têm início marcado para dia 5 de fevereiro, com aulas ministradas no período noturno. As inscrições ficam abertas até o dia 2 de fevereiro e podem ser feitas por todas as pessoas interessadas, sem distinção de gênero, origem, etnia, deficiência ou orientação sexual. As capacitações estão vinculadas a uma das metas de longo prazo da empresa, que é a de reduzir as desigualdades sociais e retirar mais de 200 mil famílias da linha da pobreza em suas áreas de atuação até 2030.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores produtoras de papel da América Latina e referência no desenvolvimento de soluções sustentáveis e inovadoras de origem renovável. Os produtos da companhia, que fazem parte da vida de mais de 2 bilhões de pessoas e abastecem mais de 100 países, incluem celulose, papéis para imprimir e escrever, canudos e copos de papel, embalagens de papel, absorventes higiênicos e papel higiênico, entre outros. A Suzano é guiada pelo propósito de Renovar a vida a partir da árvore. A inovabilidade, a busca da sustentabilidade por meio da inovação, orienta o trabalho da companhia no enfrentamento dos desafios da sociedade. Com 99 anos de história, a empresa tem ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em: www.suzano.com.br

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82% das espécies de árvores que só ocorrem na Mata Atlântica estão ameaçadas de extinção

Estudo liderado por pesquisadores da USP e publicado na Science avaliou categorias de risco de todas as espécies arbóreas da Mata Atlântica; 13 espécies exclusivas daquele bioma podem já ter sido extintas

A extinção de espécies é um dos impactos mais extremos que o ser humano tem sobre a natureza. Extinção é para sempre e, a cada espécie perdida, perdemos milhões de anos de uma história evolutiva única e a oportunidade de aprender com essa história. Assim, evitar a extinção de espécies é o maior desafio para combater a atual crise global de perda da biodiversidade, que tem impacto direto nas nossas vidas, incluindo questões ligadas ao risco de pandemias, bioeconomia, biomateriais, desenvolvimento de medicamentos e vários outros serviços ecossistêmicos. O primeiro passo para frear esse processo de extinção de espécies é saber onde estão e qual é o grau de ameaça de cada espécie, o que permite a construção das chamadas Listas Vermelhas de Espécies. Estas listas nos ajudam a tomar a decisão de quais são as espécies prioritárias para investir tempo e recursos de conservação da biodiversidade.

Um estudo publicado recentemente na revista Science apresentou a Lista Vermelha das quase 5.000 espécies de árvores que ocorrem na Mata Atlântica, uma das florestas mais biodiversas e ameaçadas do mundo. “O quadro geral é muito preocupante”, diz Renato Lima, professor da USP que liderou o estudo. “A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). Isso era esperado, pois a Mata Atlântica perdeu a maioria das suas florestas e, com elas, as suas árvores. Mesmo assim, ficamos assustados quando vimos que 82% das mais de 2.000 espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas”, completa Lima.

Muitas espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como o pau-brasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba, foram classificadas como espécies ameaçadas de extinção. Um total de 13 espécies endêmicas – espécies que ocorrem apenas na Mata Atlântica e em nenhum outro lugar do mundo – foram classificadas como possivelmente extintas, ou seja, podem ter desaparecido do planeta. Por outro lado, cinco espécies que antes eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo. O trabalho usou mais de 3 milhões de registros de herbários e de inventários florestais, além de informações detalhadas sobre a biologia, ecologia e usos das espécies de árvores, palmeiras e samambaiaçús.

A construção da lista de espécies ameaçadas da Mata Atlântica se baseou em diferentes critérios da IUCN. “E esse foi um outro aspecto importante do trabalho”, acrescenta Lima. “Se tivéssemos usado menos critérios da IUCN nas avaliações de risco de extinção das espécies, o que geralmente tem sido feito até então, nós teríamos detectado seis vezes menos espécies ameaçadas. Em especial, o uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, finaliza Lima.

Resultados do estudo para a proporção de espécies de árvores endêmicas da Mata Atlântica classificadas em cada categoria de ameaça da IUCN: LC= Menos preocupante (verde); NT= Quase ameaçada (verde-claro); VU= Vulnerável (amarelo); EN= Em perigo (laranja); CR= Criticamente em Perigo (vermelho). Créditos: R.A.F. Lima.

A maior parte das informações necessárias para avaliações usando muitos critérios da IUCN é difícil de obter ou estimar a partir de outras fontes de dados. Consequentemente, a maioria das avaliações de risco de extinção atualmente disponíveis na IUCN se baseia apenas na distribuição geográfica das espécies, o chamado critério B. Mas o declínio no número de árvores adultas causado pelo desmatamento (investigado pelo critério A) é a principal causa de ameaça das espécies, principalmente em hotspots globais de biodiversidade altamente alterados como a Mata Atlântica. Ou seja, utilizar vários critérios da IUCN para a construção de listas vermelhas pode evitar uma grave subestimação do grau de ameaça das espécies. Para estimar o declínio das populações, dados de inventários florestais ao longo de toda a Mata Atlântica foram reunidos em uma única base de dados (TreeCo), permitindo entender como o número de árvores foi reduzido pelo desmatamento ao longo do tempo.

Hans ter Steege (Naturalis Biodiversity Center, Holanda), coautor do trabalho, relembra que o estudo não se limitou à avaliação da ameaça de extinção apenas na Mata Atlântica. “Fizemos projeções sobre qual seria a magnitude do impacto da perda de florestas sobre as espécies de árvores em escala global.” Essas projeções incluíram os principais maciços de florestas tropicais do mundo. “As projeções indicam que entre 35-50% das espécies de árvores do planeta podem estar ameaçadas apenas devido ao desmatamento”, conclui Ter Steege. Além destas projeções, o estudo propõe um fluxo metodológico  e ferramentas para implementá-lo em larga escala, permitindo avaliar o grau de ameaça de milhares de espécies simultaneamente. “Isso também permite aplicar a mesma abordagem para outras regiões do mundo ou até outras formas de vida, como orquídeas ou bromélias, por exemplo”, lembra Gilles Dauby (IRD, França), também coautor do estudo.

Espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como o pau-brrasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba foram classificadas como ameaçadas de extinção. Na imagem, a araucária – Foto: Hans Ter Steege.

Segundo Marinez Siqueira e Eduardo Fernandez, do Centro Nacional de Conservação da Flora, órgão do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro responsável pela elaboração da Lista Vermelha Oficial da Flora do Brasil, a abordagem usada no estudo é robusta para avaliar o grau de ameaça das espécies, e será utilizada de forma sistematizada a partir de 2024 para avaliar as cerca de 12.000 espécies de plantas que ocorrem apenas no Brasil e que ainda não tiveram o seu grau de ameaça avaliado oficialmente. “Isso será um ganho em escala sem precedentes para avaliar a megadiversa flora do Brasil, em um período de tempo muito mais compatível com as necessidades urgentes de políticas públicas e planos de ação para protegê-las”, avaliam Marinez e Eduardo.

A abordagem inovadora proposta pelo estudo se propõe a avançar com a utilização de dados populacionais das espécies de árvores da Mata Atlântica, que muitas vezes acabaram sendo negligenciados durante o processo de avaliação de risco de extinção por não estarem prontamente disponíveis em repositórios digitais ou por se encontrarem pulverizados em diferentes  banco de dados. “Por fim, entender onde se situam as espécies ameaçadas e quais vetores estão promovendo a ampliação de seus riscos de extinção nos permitirá agir no sentido de reverter esse cenário”, finalizam. 

O cenário é muito preocupante, principalmente porque o estudo considerou apenas ameaças passadas (desmatamento) e não as ameaças futuras, como as mudanças climáticas, que podem acelerar os riscos de extinção de espécies. O que podemos fazer frente a esse cenário? Além da conservação das espécies em jardins botânicos e bancos de germoplasma, existem os chamados Planos de Ação Nacionais (PANs), instrumentos de promoção de políticas públicas direcionadas à conservação e à recuperação de espécies ameaçadas no Brasil, em especial àquelas em risco iminente de desaparecer.

Outra saída para buscar reverter as perdas de espécies de árvores na Mata Atlântica é a restauração florestal, como comenta André de Gasper, professor da FURB e coautor do estudo. “Projetos de restauração, em áreas abertas ou em fragmentos degradados, podem selecionar preferencialmente as espécies regionais mais ameaçadas da Mata Atlântica, visando estimular a produção de sementes e mudas destas espécies e a recuperação das suas populações de árvores na natureza.” Estamos em plena Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, o que favorece iniciativas regionais e a criação de políticas públicas capazes de usar a restauração para reverter esse triste cenário enfrentado pelas árvores da Mata Atlântica e dos demais hotspots globais de biodiversidade.

Link para o trabalho: https://doi.org/10.1126/science.abq5099

Informações: Jornal USP.

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Suzano ingressa na Coalizão Florestal Sustentável Internacional

A Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, se tornou membro da Coalizão Florestal Sustentável Internacional (em inglês, International Sustainable Forestry Coalition – ISFC). Lançada há quatro meses, por um grupo de empresas líderes do setor de florestas sustentáveis de todo mundo, a Coalizão tem como objetivo contribuir de forma positiva com os diálogos globais focados na transição de uma economia baseada em combustíveis fósseis para uma bioeconomia circular.

“Com a inclusão da Suzano na ISFC, o grupo representa mais de 12,6 milhões de hectares (31 milhões de acres) de florestas destinadas à conservação e produção em 30 países em todos os seis continentes que cultivam florestas. As empresas-membros da ISFC possuem operações em geografias que abrangem desde as florestas boreais do Norte até os trópicos do sudeste da África e da Ásia e as florestas plantadas da América do Sul, Austrália e Nova Zelândia”, explica David Brand, presidente da ISFC. “O que os membros têm em comum é que todos eles reconhecem a crescente importância do setor florestal em apoiar as transições para uma bioeconomia circular e para sistemas de uso sustentável da terra que ajudam a mitigar as mudanças climáticas e contribuem com a adaptação e a conservação da natureza”, complementa.

“É um enorme prazer fazer parte da Coalizão Florestal Sustentável Internacional (ISFC) porque reconhecemos a importância da união com outras empresas, grupos e o nosso próprio setor para sermos protagonistas na transição para a bioeconomia, trazendo soluções sustentáveis para toda a sociedade. Entendemos que somos parte da solução para os desafios climáticos e de biodiversidade, uma temática essencial para a estratégia da companhia, e estamos constantemente vendo oportunidades para desempenhar um papel de liderança”, afirma Walter Schalka, presidente da Suzano.

A Suzano possui um conjunto de 15 metas de longo prazo na frente ESG, também chamadas de “Compromissos para Renovar a Vida”, que mostram a atuação e o desempenho da companhia para os desafios climáticos, ambientais e sociais. A evolução das metas da companhia pode ser acessada na Central de Sustentabilidade: https://centraldesustentabilidade.suzano.com.br/

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores produtoras de papel da América Latina e referência no desenvolvimento de soluções sustentáveis e inovadoras de origem renovável. Os produtos da companhia, que fazem parte da vida de mais de 2 bilhões de pessoas e abastecem mais de 100 países, incluem celulose, papéis para imprimir e escrever, canudos e copos de papel, embalagens de papel, absorventes higiênicos e papel higiênico, entre outros. A Suzano é guiada pelo propósito de ‘Renovar a vida a partir da árvore’. A inovabilidade, a busca da sustentabilidade por meio da inovação, orienta o trabalho da companhia no enfrentamento dos desafios da sociedade. Com 99 anos de história, a empresa tem ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em: suzano.com.br   

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