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I Summit de Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais debate o tema em Itu-SP

Realizado nos dias 27 e 28 de junho, o evento trouxe uma programação robusta para promover o diálogo e a colaboração entre países e organizações sobre as melhores práticas no combate a incêndios florestais e na mitigação das mudanças climáticas

O Brasil registrou um nú­mero recorde de incên­dios florestais de janeiro a abril, com mais de 17 mil focos identificados no período, mais da metade deles concentrados na re­gião da Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente atribuiu o aumento das quei­madas, que são uma técnica amplamente utilizada pelo agronegócio para aumentar a superfície explorável, aos efeitos das mudanças climáticas, incluindo as secas. No total, 17.182 incêndios foram registra­dos nos primeiros quatro meses do ano, segundo imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disponibilizadas neste primeiro semestre de 2024, um aumento de 81% em rela­ção ao mesmo período de 2023.

E para falar sobre o tema, foi realiza­do nos dias 27 e 28 de junho, o I Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Flores­tais, no Itu Plaza Hotel, em São Paulo, com uma programação robusta para pro­mover o diálogo e a colaboração entre países e organizações para compartilhar as melhores práticas e lições aprendidas no combate a incêndios florestais e na mitigação das mudanças climáticas. O evento visou estabelecer metas ambicio­sas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, proteger ecossistemas vul­neráveis e fortalecer a resiliência às mu­danças climáticas e aos incêndios flores­tais. Será uma significativa oportunidade de contribuições entre a sociedade civil e setores deste cenário. Patrocinado pela Guarany, Suzano e USAID, com organi­zação do Green Rio e com apoio de diver­sos parceiros, mais de 200 participantes estiveram presentes nesta primeira edi­ção, que abordou o tema “Encontrando soluções para prevenir e combater incên­dios”, promovendo discussões sobre a importância do investimento, até pesqui­sa e desenvolvimento de tecnologias ino­vadoras para prever, monitorar e comba­ter incêndios florestais, bem como para desenvolver soluções de baixo carbono para reduzir o aquecimento global.

De acordo com Alida Bellandi, CEO do Grupo Guarany e organizadora do even­to, o objetivo do Summit é esclarecer primeiramente sobre a gravidade e o caráter emergencial dos incêndios, com impacto na vida e na saúde humana, além do meio ambiente, com grandes prejuízos de toda ordem. Mas, princi­palmente, gerar um documento com as principais conclusões e recomendações das conferências, para nortear políticas públicas e privadas, no que concerne à prevenção, mitigação, combate aos incêndios florestais e de interface, bem como da recuperação dos biomas. Assim, também visa dar a devida dimensão da relevância e da transcendência dos temas a serem discutidos para os vários stakeholders, bem como, aproximar as empresas participantes da comunidade científica internacional, da mesma forma das instituições governamentais, para estimular o diálogo e a cooperação com o setor privado: “Na última Conferência Mundial, percebemos que os setores privados estavam muito alienados das grandes instruções referentes às mudanças climáticas e os incêndios florestais. A idealização desse evento visa aproximar o setor privado com a comunidade científica internacional e as entidades e instituições competentes no Brasil. Trouxemos um grupo de especialistas que eu acho de ‘dream team’ porque são grandes autoridades nacionais e internacionais e os melhores da área”.

Alida Bellandi, CEO do Grupo Guarany
e idealizadora do evento.

No dia 27, o evento dividiu-se em quatro painéis, iniciando com a visão global dos incêndios e a cooperação internacional. A abertura se deu com o professor Johann Georg Goldammer, diretor do Centro Global de Monitoramento de Incêndios da Alemanha, que realizou uma palestra-magna com o tema da governança integrada do manejo do fogo com paisagens naturais e culturais, numa perspectiva global e latino-americana.

Em seguida, Tiago Oliveira, presidente do conselho diretivo da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF); Flávia Leite, coordenadora-geral do Prevfogo do IBAMA e Pieter Van Lierop, ofi­cial florestal regional da Food and Agri­culture Organization (FAO), se reuniram para falar sobre a cooperação entre Por­tugal e Brasil no entendimento dos in­cêndios Tropicais e do Mediterrâneo.

Para falar sobre o apoio na gestão de incêndios florestais na América Latina e no Caribe, estiveram presentes Rolando Pardo Vergara, Chefe do Departamento de Prevenção de Incêndios Florestais da Corporação Florestal Nacional  do Chile (CONAF); Patricio Sanhue­za, coordenador das reuniões da Rede Latino Americana de incêndios florestais e representação dos países latinoameri­canos; Mariana Senra de Oliveira, analista ambiental do Prevfogo do IBAMA; Guiller­mo Defossé, secretário de Ciência e Tec­nologia de Chubut – província argentina e a moderação de Pieter Van Lierop. Para debater sobre o Centro de Moni­toramento Ambiental e Manejo do Fogo (CeMAF) na América do Sul, reuniram-se o Prof. Marcos Giongo, coordenador do CeMAF; Prof. Antônio Carlos Batista, responsável pelo Laboratório de Incêndios Florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a moderação de Domingos Xavier Viegas, pesquisador da Universidade de Coimbra.

No segundo painel, o assunto foi as experiências de prevenção e combate nos vários biomas brasileiros. O coronel do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso, Paulo Barroso, esteve presente para falar sobre a ameaça no Pantanal. Já o João Paulo Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio e Rodrigo Belo, gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF), falaram sobre incêndios em parques nacionais e estaduais. Por fim, Ane Alencar, geógrafa premiada e coordenadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) no Pará e a moderação de Carlos Pontes, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA- RJ), trouxeram o tema dos incêndios em florestas tropicais com foco em bioma amazônico.

O terceiro painel trouxe a relevância do setor florestal na economia, onde o embaixador José Carlos Fonseca Jr., representando a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) e a Associação Brasileira de Embalagens de Papel, falou sobre o panorama do setor privado no Brasil. O debate sobre a visão europeia, a transformação do conhecimento em valor e um novo modelo de interface entre a academia e o setor privado, ficou por conta de Carlos Fonseca, chefe do escritório de tecnologia da ForestWISE Portugal e a moderação de Cristiano Vargas, coordenador da Defesa Civil na Prefeitura Municipal de Várzea Paulista. Finalizando o painel, Douglas Guedes de Oliveira, gerente de Inteligência Patrimonial da Suzano; José Baptista, gerente de silvicultura no Grupo Eucatex; Jozebio Gomes, Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais na Eldorado Brasil Celulose S.A e a moderação de Cristiano Vargas, trouxeram o papel das empresas da preservação das florestas e os cases de sucesso, contribuindo na redução de focos e o trabalho com as comunidades locais.

No quarto e último painel, que tratou sobre a importância da cadeia, ou seja, as empresas produtoras de equipamen­tos, insumos, monitoramentos, novas tecnologias e treinamentos de brigadas, o grupo composto por Mark Siem, da Pe­rimeter Solutions EUA; Cândido Simões, gerente da divisão de incêndios florestais da Guarany; Humberto Eufrade, da Im­pacto – Equipamentos e Máquinas; Osmar Bambini, Co-fundador da umgrauemeio – climatech brasileira, pioneira, certifica­da como B Corporation e a moderação de Paulo Cardoso, jornalista e fundador do Mais Floresta, falaram sobre a indústria. Já a importância da ciência aplicada ao setor florestal, reuniu Erich Gomes Schait­za, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); José Otávio Brito, diretor-executivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF e a moderação de Paulo Cardoso. Para falar sobre o treinamento de brigadas, Maria Luisa Alfaro, gestora do programa USAID na América Latina e Caribe no Sistema de Comando de Incidentes e Manejo integrado do Fogo; Paulo José de Souza, especialista em Gestão de Risco de Desastres na USAID/  DRMS Brasil; Sérgio Delgado, especialista em novas tecnologias para combate de incêndios da Delace Corp Panamá e a moderação do Prof. Erwing Hugo Ressel Filho, do departamento de engenharia florestal da Universidade de Blumenau – FURB, reuniram-se para o debate.

Por fim, a Dra. Thelma Krug,  matemática, cientista e considerada uma das maiores autoridades mundiais na pesquisa do clima e florestas, presidente da OMM (Organização Meteorológica Mun­dial) , atuou no  Painel Inter­governamental sobre Mudança do Clima (IPCC), fez uma palestra de encerramento sobre a íntima relação entre as mudanças climáticas e os incêndios florestais.

Dia 28 de junho por iniciativa dos idealizadores, com os conferencistas ainda presentes se reuniram para avaliar o evento e trabalhar na elaboração de um documento com as conclusões e recomendações, cujo objetivo é nortear as politicas publicas e empresariais com relação aos temas tratados. Além disso, convi­dados puderam realizar uma visita exclu­siva à Eucatex, que apresenta uma ampla variedade de itens para a construção civil, indústria moveleira e revenda madeirei­ra, conhecido por desenvolver produtos que oferecem opções práticas e criativas, a partir de pesquisas, com tecnologia de ponta e respeito ao meio ambiente.

Com o objetivo de ser mais próxima do meio onde está instalada, a Eucatex desenvolve diversas ações para disse­minar conceitos sobre a preservação do meio ambiente e a importância do manejo responsável das florestas plan­tadas, além de promover o crescimen­to e integração social nas comunidades e regiões onde a Eucatex está inserida. Além disso, maneja plantações florestais para a produção de madeira de Eucalipto para o abastecimento das Unidades Fa­bris. O manejo das plantações objetiva produzir florestas de alta produtividade a custos competitivos, buscando sempre a melhoria contínua do processo. Adota padrões e procedimentos que conside­ram cuidados ambientais para a conser­vação e preservação das áreas nativas em suas áreas de atuação, além do bem estar social dos colaboradores e das co­munidades do entorno.

Também, foi promovido o Curso de Investigação de Incendios Florestais ministrado pelo Prof. Erwin Hugo Ressel Filho, Engenheiro Florestal, Perito Judiciário Federal, Ex-Presidente da ACEF, Professor DEF/FURB, Mestre em Engenharia Florestal (PPGEF/UFSM) e Doutorando em Engenharia Florestal (PPGEF/UFPR).

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Manejo florestal climático e a nova silvicultura de mercado: uma abordagem integrada

*Artigo por Adriana Maugeri.

O cenário global atual demanda ações decisivas e que tragam benefícios em escala em relação aos efeitos das mudanças climáticas. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), organismo que reúne cientistas de diversos países, alerta para a necessidade urgente de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa em até 2030, a fim de evitar um aumento de temperatura acima de 1,5 graus Celsius. Mais do que reduzir as emissões, é preciso também capturar o carbono excedente que já foi emitido e que está em nossa atmosfera.

Integrando o valioso grupo de soluções baseadas na natureza, o manejo florestal emerge como uma alternativa vital, visto que as florestas, tanto as plantadas quanto as conservadas, desempenham um papel fundamental na captura e fixação de carbono em seus componentes e especialmente no solo. Neste contexto, o Brasil, com sua vasta agroindústria florestal em franco desenvolvimento, possui uma posição privilegiada.

Gosto de expressar que o nosso planeta não depende de nossa ação direta para ser salvo como os alarmistas propagam, muito pelo contrário, somos apenas uma das milhões de espécies que hoje o habitam e que certamente em algum momento de sua evolução, no contexto estrito do Darwinismo, deixaremos de habitar da mesma forma para dar espaço às novas espécies melhores adaptadas ao ambiente que aqui se apresentar. Obviamente, somos capazes de acelerar o ritmo de sua degradação a níveis insustentáveis. Mas o jogo das alterações climáticas nos evidencia que quem está correndo risco eminente de ser extinta é a nossa espécie, juntamente com outras tantas.

Esta finitude da humanidade, em momento desconhecido, é certa, mas nos afasta da realidade científica, do fato. Ter ciência de que somos de fato frágeis e que estamos em risco de extinção, acredito que nos traria em menor tempo e maior relevância, ações, envolvimento, engajamento, inovação para além dos belos discursos, que realmente fizessem a diferença e nos trouxesse maior qualidade de vida.

Esta distância também é frequentemente vista entre os dados científicos sobre os inúmeros benefícios ambientais escalonáveis proporcionados pelo manejo de florestas plantadas apresentados por milhares de estudos e pesquisas comprometidas, versus a frágil certeza de muitos especialistas de que um forte pilar para a solução da crise climática não são as remoções vegetais de carbono e sua fixação e ciclagem nos solos, tal qual a nossa Terra nos ensina diariamente quando permitimos que ela seja nossa professora, vale frisar.

Enquanto alguns dos especialistas globais em crise climática reduzem a distância entre a certeza e a ciência disponível para se alimentarem, a agroindústria florestal brasileira continua expandindo e entregando resultados impressionantes e alinhados entre plantar, produzir e conservar, sempre em grande escala. Entretanto, assim como o planeta vem mudando a passos largos, o manejo florestal também. Mas não o seu conceito apenas, mas a sua razão existencial. Manejar florestas para otimizar ganhos em produção e gerar um bom resultado financeiro, não é mais apenas o que deve motivar o produtor florestal atento e contemporâneo.

É preciso manejar florestas para potencializar os ganhos produtivos e também os ganhos climáticos, visar resultados operacionais atraentes e também possibilidades de ganhos com operações financeiras verdes que remunerem o serviço ambiental prestado. Manejar florestas para produzir mais madeira e também para ampliar a oferta de bioprodutos que substituirão materiais de fontes não renováveis. Chamo esta visão sistêmica de manejo florestal climático. Para ir além da produção de madeira, o produtor florestal precisa a aprender como este material nobre, renovável e limpo pode agregar valor ao seu negócio nos próximos anos, quais serão suas vantagens frente a outros produtos e, principalmente, como ele vai “vender” de forma consistente seu diferencial.

O manejo florestal climático traz em sua essência a rastreabilidade da origem, o acompanhamento ajustado e reportado da exaustão dos ativos, sejam eles materiais ou até mesmo financeiros, como os possíveis créditos de carbono gerados por exemplo, a busca e prática constante pelas técnicas que contribuam para a regeneração, recuperação e até mesmo a renovação dos recursos naturais que fornecem meios ou que estejam presentes em nossa operação, tais como o solo, ar, água, biodiversidade, biomassa.

Dito isso, aconselho aprofundar em conceitos que estimulem a inovabilidade de sua aplicação no manejo florestal, tais como: silvicultura de precisão, técnicas regenerativas de solo, uso de inteligência artificial como auxiliar à sensibilidade humana, uso integrado e avançado das ferramentas meteorológicas,  novos produtos de origem florestal-mercados e produção, integração florestal, lavoura e pecuária, entre tantos outros são fundamentais para garantir a eficiência e a sustentabilidade da produção florestal dos próximos anos. Para além disso, cada vez mais a colaboração setorial sinérgica, a estratégica definida de representação e advocacy dos segmentos setoriais e o investimento contínuo em parcerias são essenciais para enfrentar os desafios futuros.

A transformação da agroindústria florestal rumo a uma abordagem mais sustentável e integrada não apenas fortalecerá o setor economicamente, mas também contribuirá significativamente para mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável em âmbito global.

Desafios e perspectivas para um manejo florestal climático

A agroindústria florestal brasileira tem visto um aumento significativo na demanda global por produtos que possam substituir materiais de origem não renováveis. No entanto, como percebemos,  falta uma atitude de urgência maior em adaptar hábitos e decisões às demandas climáticas do hoje.

Apesar das oportunidades crescentes no setor florestal, muitos ainda estão inertes diante da necessidade de mudança. É fundamental adotar um novo modelo de manejo florestal que promova a perenidade, versatilidade e lucratividade, alinhado à governança climática.

A agroindústria florestal possui um papel crucial na governança climática global, podendo neutralizar uma parcela significativa das emissões de carbono, atuais e as já acumuladas. No entanto, urge um novo mindset por parte dos decisores políticos e empresariais para ampliar e dar alcance a essa vantagem competitiva.

Aqueles que encontrarem soluções diferenciadas e holísticas serão os verdadeiros líderes nesse novo cenário, garantindo não apenas lucratividade, reconhecimento, pioneirismo, mas a nossa possível melhoria de qualidade de vida neste planeta para nossa espécies e para outras tantas que não podem se expressar.


*Adriana Maugeri é presidente da AMIF – Associação Mineira da Indústria Florestal e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Texto em versão estendida | Originalmente escrito para a GlobalFert 2024.

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A revolução das Soluções Baseadas na Natureza

*Artigo de Danilo Roberti Alves de Almeida.

“Hell de Janeiro”. A sensação térmica recorde de 62,3ºC registrada em uma estação do Rio de Janeiro durante a terceira onda de calor de 2024 gerou uma série de memes e muito desconforto, para dizer o mínimo. De acordo com um estudo liderado pela UFRJ, 48 mil pessoas morreram por ondas de calor entre 2000 e 2018 no Brasil. No ano passado, nove ondas de calor assolaram o país, num total de 65 dias com temperaturas muito acima da média histórica – até os anos 1990, eram sete dias em média de calor atípico, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Definitivamente, as mudanças climáticas são a principal ameaça que a humanidade enfrenta. No último ano, a temperatura global esteve muito próxima do 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, marco limite do acordo de Paris, e para que não seja ultrapassado esse limiar as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030 (em relação a 2019), conforme a ONU. Para atingir essa meta ousada são necessárias diversas estratégias e atores, e contar com o engajamento das empresas para a redução e compensação das suas emissões.

As soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês) podem proporcionar mais de um terço das reduções de emissões necessárias até 2030, de acordo com um estudo da The Nature Conservancy (TNC). É o caso de projetos de conservação e restauração florestal, e de manejo de terras agrícolas. Essas soluções não apenas ajudam a enfrentar as mudanças climáticas, mas também podem melhorar a saúde do solo, conservar e aumentar a biodiversidade e equilibrar o ciclo hidrológico, além de promover o desenvolvimento social de comunidades tradicionais.

Segundo o estudo da TNC, os projetos do tipo REDD+ (Reduções de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação) podem evitar a emissão de aproximadamente 3 GtCO2e (bilhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono) com a conservação de florestas nativas. Enquanto os projetos do tipo ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation) podem remover cerca de 1,6 GtCO2e da atmosfera com a restauração florestal. Já os projetos de ALM (Agricultural Land Management) podem garantir que mais de 5 GtCO2e sejam compensados com a adoção de boas práticas e tecnologias na agricultura e na pecuária. Os recursos financeiros para esses projetos vêm do mercado de carbono, onde empresas e governos do mundo inteiro estão estabelecendo metas de carbono zero (net zero) e regulamentações.

Mas, para que esse mercado atinja todo o seu potencial, é preciso garantir a qualidade e integridade dos créditos de carbono, gerados de acordo com padrões robustos e reconhecidos. Os projetos NBS precisam ter adicionalidade e monitoramento para assegurar o cumprimento de seus objetivos e proporcionar benefícios para o clima, para as comunidades e para a biodiversidade por um período mínimo de 40 anos. Os órgãos certificadores do mercado voluntário de carbono, como a Verra, têm buscado constantemente o aperfeiçoamento de suas metodologias para garantir a consistência dos projetos e a confiança do mercado.

A integridade e qualidade dos projetos estão ligadas à transparência, rastreabilidade e segurança. Tecnologias avançadas, como drones com sensores LiDAR e inteligência artificial, são importantes para aumentar a transparência e acurácia na mensuração do carbono e no monitoramento da biodiversidade e da degradação florestal. Tecnologias sociais, incluindo aplicativos de monitoramento ambiental comunitário e mecanismos de resolução de conflitos e geração de renda, fomentam a gestão colaborativa e a participação ativa em projetos NBS – as ações sociais são essenciais para assegurar a segurança e eficácia dos projetos no longo prazo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas. De acordo com um estudo da McKinsey, a demanda pelos créditos aumentará 15 vezes ou mais até 2030 e até 100 vezes até 2050, fazendo esse mercado saltar de US$1 bilhão em 2021 para US$50 a 100 bilhões até o final desta década.

Neste cenário, o Brasil possui uma posição promissora: 15% do potencial global de compensação de carbono por meio de soluções baseadas na natureza concentra-se em seu território, o equivalente a quase 2 GtCO2e – e apenas 1% dessa capacidade é aproveitada atualmente. Para que o país possa se beneficiar desse potencial de crescimento, faz-se necessário também a formação de pessoal capacitado para atender o aumento da demanda. Hoje o mercado já está carente de profissionais tanto na área de desenvolvimento de projetos NBS, quanto na área de auditoria por parte dos órgãos de verificação e validação dos projetos, bem como na área de sustentabilidade dentro das empresas. 

Cobrir essas lacunas é essencial para termos condições de descarbonizar a economia, com agricultura e pecuária regenerativas e baseadas na floresta em pé, consolidando o Brasil como uma potência mundial em sustentabilidade. Esta é a revolução das Soluções Baseadas na Natureza.


*Danilo Roberti Alves de Almeida, é diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da brCarbon, engenheiro florestal, doutor em Recursos Florestais e mestre em Ciências de Florestas Tropicais. 

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Exclusiva – I Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais acontece em junho

“Encontrando soluções para prevenir e combater incêndios”, será o tema central do evento, que contará com participação de especialistas internacionais

Incêndios florestais vêm aumentando cada vez mais em número e intensidade em várias regiões do mundo, causando danos e perdas –  muitas vezes irreparáveis – na natureza, em vidas humanas e na economia. Nesse contexto, o Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais abordará em sua primeira edição como tema central: “Encontrando soluções para prevenir e combater incêndios”. O evento é uma oportunidade única para trocas de experiências, networking, e de ouvir e interagir com os principais especialistas internacionais nas áreas. Será realizado no Itu Plaza Hotel, em São Paulo, nos dias 27 e 28 de junho, com público estimado de 300 pessoas.

Além de palestras com renomados profissionais das áreas, como o Prof. Johann Georg Goldammer – diretor do Centro Global de Monitoramento de Incêndios – sobre Gerenciamento integrado de Fogo (“Integrated Fire Management”) e a Dra. Thelma Krug – presidente da OMM (Organização Meteorológica Mundial), que acontecerão no dia 27/06, a programação também será enriquecida com dia de campo (visita à fábrica da EUCATEX em Salto – SP) e Curso de Investigação de Incêndios Florestais, sendo estes dois últimos com vagas limitadas, e realizados no dia 28/06.

Segundo Alida Bellandi, presidente da Guarany Indústria e Comércio, e idealizadora do evento, o Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais visa “dar a devida dimensão da relevância e da transcendência dos temas a serem discutidos para os vários stakeholders, bem como, aproximar as empresas participantes da comunidade cientifica internacional, da mesma forma das instituições governamentais, para estimular o diálogo e a cooperação com o setor privado”.

Paulo Cardoso, CEO do Mais Floresta, e da Paulo Cardoso Comunicações, é apoiador e parceiro de mídia do evento, destaca: “Nós do Mais Floresta nos sentimos orgulhosos em sermos parceiros de mídia deste grande evento internacional. Inclusive a Paulo Cardoso Comunicações vai deixar de fazer o seu tradicional evento online No Fire Brasil este ano para prestigiar ainda mais o Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais. É uma parceria que tem o objetivo de divulgar informações de qualidade sobre este tema tão atual que demanda muita atenção de empresas e governos.”

Em entrevista para o Mais Floresta (www.maisfloresta.com.br), Alida contou sobre como foi desenvolver o evento, expectativas, alguns principais desafios atuais que envolvem os temas centrais que serão abordados no Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais, e o que seria necessário mudar de maneira mais emergente em seu ponto de vista.

Como foi o processo de elaboração do evento, bem como a escolha para os palestrantes?

O processo de elaboração se deu inicialmente ao retornarmos da última conferencia mundial de incêndios, realizada no Porto em maio de 2023. Refletindo sobre os principais temas tratados como: “Integrated Fire Management” (Gerenciamento integrado do fogo) e “Fire Risk Governance” (Governança dos riscos de incêndios), com o princípio de alcançar uma plataforma internacional de governança dos incêndios; e também nos vários aspectos que envolvem os incêndios florestais, entendemos que seria de grande importância pensar em um evento voltado especialmente para o setor privado.

A escolha dos palestrantes se deu em função dos temas propostos para dar a devida dimensão a este tema.

Indicamos especialistas de renome internacional, entre os quais destacamos o Dr. Johann Georg Goldammer, da GFMC – Global Fire Monitoring Center para dar uma visão global dos incêndios, e da importância da cooperação internacional; e a Dra. Thelma Krug, presidente da OMM (Organização meteorológica Mundial), para dar uma visão global sobre as mudanças climáticas, suas implicações, e o impacto em todos os fenômenos ambientais decorrentes, em especial os incêndios florestais.

Ambos, como “keynote speakers”, para as duas conferencias magna de abertura e de encerramento do evento, fechando assim o círculo dos 2 grandes temas intimamente relacionados, que inspiraram o título do Summit.

Além de renomados especialistas de Portugal, da Grécia, do Chile, dos EUA, conforme indicado no Programa.

Da mesma forma, grandes especialistas brasileiros, das entidades como do IBA, dos institutos como IPAM, IBAMA/PREVFOGO, ICMBio, IPEF (pesquisas florestais), e da EMBRAPA (Empresa pública vinculada ao MAPA).

Cabe destacar a relevância do setor privado, representado nos painéis 3 e 4, seja pelo IBA, que reúne as empresas produtoras de arvores cultivadas. Vale lembrar que este setor, além da importância que tem no PIB brasileiro, exercem um papel fundamental na preservação das matas nativas.

E por isso a sugestão de apresentar alguns “cases” de empresas florestais que são referência, como é o caso da Arauco, Veracel e Eucatex… Entre outras.

Da mesma forma, no que concerne o setor privado, contemplar atores da cadeia produtiva, como a Perimeter, a Impacto com veículos especiais, a 1,5º com plataformas integradas de gestão, e a Guarany com soluções integradas envolvendo equipamentos, insumos, entre outros.

Finalmente, não podemos deixar de mencionar a importância da formação e do treinamento dos brigadistas, com destaque para o papel da USAID na América Latina e, em forma especial no Brasil.

Com a realização do evento, o que se espera alcançar em soluções ligadas aos temas abordados?

Esclarecer primeiramente sobre a gravidade e o caráter emergencial dos incêndios, com impacto na vida e na saúde humano, além do meio ambiente, com grandes prejuízos de toda ordem. Mas, principalmente, gerar um documento com as principais conclusões e recomendações das conferencias, para nortear politicas publicas e privadas, no que concerne a prevenção, mitigação, combate aos incêndios florestais e de interface, bem como da recuperação dos biomas.

Incêndio florestal – Imagem: divulgação.

O que os participantes irão encontrar de novidades no I Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais?

Primeiramente a visão global e a regional latino-americana, com muitos ensinamentos pelas experiencias de instituições, institutos de inúmeros países, e o entendimento do caminho atual – “Gerenciamento Integrado do Fogo” (Integrated Fire Mangement) e, a “Governança de Risco”.

Além das novas tecnologias disponíveis, não só de equipamentos e insumos a serem aplicados, como de veículos especializados, e sistemas inteligentes de detecção e monitoramento.

De acordo com a Agência Brasil, em dezembro de 2023, 1,6 milhão de hectares foram queimados no país, maior área para o mês desde 2019, quando começou a série histórica. De acordo com o MapBiomas, o aumento se deve principalmente às queimadas na Amazônia. Nesse sentido, como o setor público, privado e sociedade podem contribuir de forma mais efetiva para a prevenção de queimadas? O que poderia melhorar em sua opinião? E o que seria mais urgente?

Setores público-privados e sociedade, em base ao entendimento que se trata de um problema global e, portanto, requer soluções globais, integradas e combinadas entre países, regiões, instituições, organismos, empresas e pessoas. Ou seja, trabalhar juntos!

A palavra chave é cooperação.

A Conscientização vem primeiro, depois campanhas educativas, e a articulação entre os setores publico e privado, para definir conjuntamente as ações de: prevenção, que envolvem desde o acompanhamento dos boletins meteorológicos, à criação de aceiros, aplicação de retardantes de fogo, o treinamento das brigadas, sejam elas voluntárias ou profissionais (corpo de bombeiros, serviços florestais), entre outras…

“A relevância do Setor Florestal na economia” e “O papel das empresas na preservação das florestas nativas e no combate a incêndios”, serão abordados em um dos painéis do evento, o que podemos antecipar sobre esses dois temas, e de que forma estão interligados?

Como estamos focando o setor privado, é preciso em primeiro lugar mostrar aos vários stakeholders presentes a importância do setor florestal na economia – não apenas na produção de papel e celulose (lembrando que o Brasil é o maior produtor e exportador de celulose do mundo), gerando 2,6 milhões de empregos diretos e indiretos, com uma receita bruta de R$ 260 bilhões (dados do IBA), mas também de madeira, seus derivados e sub derivados, entre outros produtos.

Mosaico florestal – Imagem: arquivo Mais Floresta.

Sendo, portanto, as florestas, o principal ativo destas empresas, assim como no caso de hotéis e resorts a preservação ambiental, a prevenção e o combate aos incêndios tornam-se preponderantes, requerendo estarem alertas e equipadas, até para a contratação dos seguros.

É preciso ainda destacar dois aspectos fundamentais:

  • O fato de que este setor, além de recuperar áreas degradadas, conserva simultaneamente outros 6,7 milhões de ha de mata nativa.

NOTA: Como todos sabem, a lei florestal brasileira, que é uma das mais rígidas e, tornou-se referência inclusive, exige que as propriedades privadas preservem um percentual da área, que varia de região a região.

Este é um exemplo, portanto, que pode servir de referência para outros países.

  • O trabalho que estas empresas realizam junto às comunidades onde estão inseridas, prestando um importante serviço para os estados e municípios na prevenção dos incêndios e na preservação das paisagens locais.

Qual mensagem deixaria para o mundo, em relação a urgência de medidas para conter a mudança climática – provocada por ações do homem?

A mensagem que gostaria de deixar é que:

“Não temos mais tempo” e, precisamos trabalhar juntos: governos e sociedade civil, setores público e privado, países, instituições, entidades, empresas, pessoas…”

Se quisermos preservar a vida humana, e este magnifico planeta que herdamos, e que nos fornece tudo o que precisamos. Nunca foi tão importante o exercício da CIDADANIA.

A cooperação é essencial para mitigar os efeitos dos desastres naturais, em forma especial dos incêndios, grandes emissores de CO2, que contribuem fortemente para o aquecimento global, para as ondas de calor que vivemos em todo o mundo, causando mais incêndios… Um círculo vicioso.

Mudanças climáticas, incêndios florestais, preservação ambiental, sobrevivência… = “Inteligência Espiritual! “

Para mais informações sobre I Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais, acesse o site oficial: https://www.greenrio.com.br/index.php/clima-incendios/

Cadastros: https://www.hbatools.com.br/i-summit-mudancas-climaticas-e-incendios-florestais__1607

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Escrito por: redação Mais Floresta.

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Finite Carbon nomeia Carrie Gombos e Brandon Vickery codiretores executivos

A Finite Carbon, principal desenvolvedora e fornecedora de compensações de carbono florestal da América do Norte, anunciou hoje que nomeou Carrie Gombos e Brandon Vickery como codiretores executivos. Simultaneamente, ambos foram adicionados ao Conselho de Administração da Finite, com Gombos atuando como Diretor e Vickery como Observador.

Combinados, eles trazem décadas de experiência na indústria de carbono em operações e silvicultura para suas novas funções. A mudança posiciona a Finite Carbon para um crescimento contínuo à medida que a empresa traz novas soluções ao mercado, aproveitando seu papel como líder do setor e parceiro de confiança para proprietários de terras e compradores de créditos de carbono.

Como co-CEOs, Gombos e Vickery sucedem a Sean Carney, que fundou a Finite Carbon em 2009. Carney continuará a servir como consultor, permanecendo ao mesmo tempo membro do Conselho de Administração e mantendo a sua participação acionária na empresa. Durante o mandato de Carney como CEO, a Finite Carbon desempenhou um papel de liderança na indústria, desenvolvendo múltiplas metodologias e fazendo inovações tecnológicas significativas que ajudaram a promover os mercados de carbono florestal.

Após um forte 2023, a empresa entra no novo ano com um impulso significativo. Em agosto, a Finite anunciou uma colaboração para desbloquear a inscrição em programas voluntários de compensação de carbono para proprietários de terras não industriais em 13 estados do sudeste por meio de sua plataforma Core Carbon®. A empresa também expandiu com sucesso a sua posição no mercado voluntário de carbono com grandes proprietários de terras, com mais de dois milhões de compensações voluntárias emitidas no ano passado e assinou o seu primeiro projeto voluntário no Canadá. Até o momento, a Finite gerou 100 milhões de créditos de compensação de carbono florestal nos mercados voluntários e de conformidade para clientes em quatro milhões de acres florestados na América do Norte.

A nova estrutura de liderança permitirá que Carrie e Brandon aproveitem seus pontos fortes únicos, garantindo ao mesmo tempo uma transição perfeita e foco contínuo nos principais valores e objetivos estratégicos da empresa. Como co-CEO, Gombos supervisionará a equipe jurídica da empresa e supervisionará as operações de pessoal e a linha de negócios Core Carbon®. Enquanto isso, Vickery continuará liderando a equipe de desenvolvimento e supervisionando as unidades comerciais e financeiras da empresa.

Gombos está na Finite Carbon desde 2016, atuando mais recentemente como Vice-Presidente Sênior de Jurídico e Operações, onde supervisionou todos os requisitos de contratação, legais e de conformidade e operações para os portfólios de conformidade e projetos voluntários de carbono da Finite. Ela liderou a colaboração com a liderança sênior em gestão de risco e estratégia durante um período de amplo crescimento.

Vickery está na Finite Carbon desde 2015 e assume sua nova função vindo de seu cargo anterior como vice-presidente sênior de desenvolvimento de projetos. Brandon iniciou sua carreira na Finite em uma função analítica, desenvolvendo profundo conhecimento nos fundamentos do desenvolvimento de projetos de compensação de carbono florestal, depois gerenciou a equipe de desenvolvimento da empresa para implantar os recursos necessários em apoio aos portfólios de desenvolvimento de projetos de compensação de carbono florestal da Finite Carbon, tanto para o compliance e mercados voluntários.

“Desde a sua criação, a Finite Carbon tem-se concentrado em trazer soluções confiáveis ​​de capital natural e em proporcionar oportunidades para a gestão ambiental através do desenvolvimento de melhores práticas, ao mesmo tempo que impulsiona a inovação nos mercados de carbono”, disse Gombos. “Tive a sorte dos anos que passei trabalhando ao lado de Sean, à medida que a empresa crescia e comemorava marcos. Estou entusiasmado com a oportunidade de fazer parceria com Brandon para capitalizar o impulso que construímos para ajudar a conduzir a empresa para o futuro.”

“Estou honrado com a oportunidade de servir como administrador da reputação da Finite como o nome mais confiável em carbono florestal”, disse Vickery. “Espero continuar a trabalhar ao lado de proprietários de terras, compradores e nossos parceiros comerciais para liderar soluções inovadoras que proporcionem reduções de carbono reais e mensuráveis ​​e outros benefícios para ecossistemas e comunidades.”

Antes da Finite Carbon, Gombos passou quase uma década no The Conservation Fund como Diretora de Conformidade de Carbono, onde trabalhou em todos os aspectos do portfólio de carbono do The Conservation Fund, incluindo o programa de compensação de conformidade da Califórnia e o programa voluntário de carbono do Fundo, Go Zero. Ela é bacharel em Ciências pela Cornell University e Juris Doctor pela Harvard Law School.

Vickery tem mais de 20 anos de experiência em gestão florestal nas áreas de conservação, investimento, modelagem e análise. Anteriormente, ele trabalhou com Mason, Bruce e Girard, fornecendo suporte analítico para projetos de planejamento de manejo florestal, programação de colheita, avaliações de áreas florestais, inventário e análise de avaliações. Vickery se formou como bacharel em ciências pela Universidade de Maryland e mestre em ciências pela Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Estadual de Nova York.

Sobre carbono finito:

A Finite Carbon é líder no desenvolvimento de serviços completos de compensação de carbono florestal na América do Norte, combinando experiência incomparável em desenvolvimento de projetos com amplo conhecimento do mercado de carbono. A Finite Carbon gerou mais de um terço de todo o fornecimento de compensação de conformidade da Califórnia e entregou mais de US$ 1 bilhão aos proprietários de terras. Seu portfólio de projetos inclui quatro milhões de acres de áreas florestais em atividade, representando todas as regiões e principais tipos de floresta, desde os Apalaches até a costa do Alasca.

Aproveitando sua experiência em sensoriamento remoto e software, a Finite Carbon desenvolveu a plataforma CORE Carbon, uma plataforma avançada de mapeamento digital que agiliza o desenvolvimento de projetos de carbono para proprietários de terras com entre 40 e 5.000 acres. A plataforma CORE Carbon contém uma ferramenta de mapeamento digital fácil de usar que fornece aos proprietários de terras uma proposta imediata de receita de carbono para suas terras, sem nenhum custo, e permite o gerenciamento contínuo de seu projeto.

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Contribuição do eucalipto geneticamente modificado em uma perspectiva de demanda global e produção sustentável

O ILSI atendeu ao 16º Simpósio ISBR em St. Louis nos EUA. Um dos temas expostos que se destacou foi apresentado pela empresa FuturaGene (departamento de Biotecnologia da Suzano). O tema trata da contribuição do eucalipto geneticamente modificado no impacto da produção sustentável por meio da biotecnologia.

O crescimento da população mundial, juntamente com os desafios das mudanças climáticas, exigirá maior disponibilidade de produtos à base de madeira, que aliada a esforços eficazes, baseados em avanços científicos, permitirá a adoção de uma produção mais sustentável e com menor emissão de carbono.

A ciência e a tecnologia são essenciais para o desenvolvimento de produtos e recursos aprimorados, oriundos de matérias-primas renováveis.

A biotecnologia é uma das ferramentas utilizadas em árvores de florestas plantadas para acelerar os potenciais da produção. O estudo da genômica do eucalipto juntamente com tecnologia de transformação genética e novas tecnologias de edição de genes, são utilizadas para introduzir alterações genéticas nas árvores. O uso dessas tecnologias visa desenvolver resistência a pragas e doenças, resistência ao stress hídrico e as mudanças climáticas a fim de aumentar a resiliência dessas espécies diante de ameaças bióticas e abióticas.

Tecnologias adicionais que alteram a composição e as propriedades da madeira são avaliadas com o intuito de reduzir a quantidade de produtos químicos utilizados durante o processamento e cozimento da madeira e consequentemente a redução do consumo de energia.

A FuturaGene, Divisão de Biotecnologia da Suzano, desenvolve árvores geneticamente modificadas a fim de obter árvores com características que contribuam para o aumento da produtividade e melhoria das propriedades da madeira.

As tecnologias de eucalipto geneticamente modificado aprovadas pela CTNBio para uso comercial são:

– Eucalipto com aumento de produtividade, que confere a característica de aumento de produtividade da área plantada e potencialmente sequestra maiores quantidades de carbono;

– Eucalipto tolerante ao herbicida glifosato, uma alternativa eficiente e ecologicamente segura para o controle de plantas daninhas competitivas, evitando danos às plântulas sensíveis causados pela deriva, redução nos custos operacionais e melhoria nas condições de trabalho por meio de aplicações mecanizadas;

– Eucalipto Bt, que é eficiente no controle de lagartas (praga desfolhadora chave) desde o primeiro dia de infestação, antes que qualquer dano seja visível, eliminando a necessidade de pulverizações de inseticidas, um impulso significativo para o meio ambiente.

Como as plantações renováveis cobrem extensas áreas, as árvores geneticamente modificadas representam um fator significativo na mitigação das emissões de gases de efeito estufa, na redução de uso de defensivos agrícolas no ambiente, no aumento do sequestro de carbono e na diminuição dos insumos químicos e energéticos no processamento industrial pós-colheita de produtos de madeira renováveis.

Essas tecnologias desenvolvidas pela FuturaGene auxiliarão na demanda por madeira garantindo uma produção mais sustentável.

Informações: ILSI Brasil.

Foto: Mais Floresta.

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Para especialistas, fiscalização será desafio para mercado de carbono, que pode render US$ 120 bi até 2030

Marco legal do setor foi aprovado na Câmara e ainda vai passar pelo Senado; país precisará de certificadora para validar os créditos

Aprovada pela Câmara dos Deputados pouco antes do recesso parlamentar, a regulação do mercado de carbono no Brasil trará desafios nas áreas de investimento e de fiscalização. A proposta prevê que empresas que reduzem as próprias emissões podem adquirir créditos e vendê-los a quem não cumprir as cotas. Estudo da Câmara de Comércio Internacional (ICC-Brasil), organização que reúne integrantes da Câmara de Comércio Internacional, mostra que o Brasil tem potencial para movimentar US$ 120 bilhões (cerca de R$ 575 bilhões) até 2030.

Na visão de especialistas ouvidos pelo R7, serão necessárias estratégias de fiscalização para garantir a reputação dos créditos emitidos no país.

“No longo prazo, o Brasil precisa ter uma certificadora para a verificação da origem desses créditos, [para validar] se realmente houve a compensação no título emitido”, alerta o especialista em governança fundiária ambiental Richard Torsiano.

Para ele, também será necessário resolver os problemas históricos ligados às questões fundiárias, especialmente na Amazônia.

“Se o governo não investir nem apoiar os estados e órgãos estaduais de terras e de meio ambiente na fiscalização, vamos continuar com a vulnerabilidade no ativo econômico que é o gerador do crédito de carbono: a conservação da floresta em pé.” Richard Torsiano, Especialista em Governança Fundiária Ambiental.

Isso porque, no mercado de carbono, o “produto” à venda é a remoção dos gases causadores do efeito estufa da atmosfera. Pela capacidade de produção de energia limpa e de reflorestamento, o Brasil tem vantagem perante outros países na geração de créditos.

Outro ponto de atenção, na visão de Torsiano, tem a ver com os incentivos a proprietários de terras que preservam a floresta. “Aqueles que já estão envolvidos com alguma atividade produtiva [devem ser incentivados] a manter a floresta em pé, cuidar e fiscalizar, assim trabalhando em prol da restauração e proteção da floresta”, afirma.

Pela proposta, as instalações em território nacional que emitirem mais de 10 mil toneladas de dióxido de carbono (CO₂) por ano ficariam sujeitas às regras do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Quem emitir acima de 25 mil toneladas de CO₂ teria tratamento mais rígido, com previsão de sanções e multas para o caso de descumprimento de metas. 

O arranjo também prevê que as empresas que gerarem menos CO₂ poderão vender os créditos que acumularem para as companhias que não cumprem as cotas de emissão, transformando a redução da emissão de gases em faturamento.

4.000 instalações sujeitas ao mercado regulado

A estimativa do governo é que cerca de 4.000 instalações fiquem sujeitas ao mercado regulado, se considerado o recorte de emissões acima de 25 mil toneladas. Entram na conta segmentos da indústria, de energia, de resíduos e um residual de agro.

A relação do agronegócio com o mercado de crédito de carbono também despertou preocupação de alas ligadas ao meio ambiente. Durante a discussão na Câmara, a bancada ruralista conseguiu a exclusão do setor agrícola do sistema de metas de emissões no mercado de créditos de carbono, mesmo sendo o setor responsável por cerca de 75% das emissões brasileiras.

Mestre em engenharia de recursos naturais e consultor especialista em sustentabilidade, João Marcello Gomes Pinto afirma que há um acerto conceitual na questão na forma como “o agronegócio deve ser encarado no Brasil, sendo um solucionador das questões climáticas, e não um vilão”.

“Com a lei, deixamos de colocar o agro como um vilão, impondo metas de redução, mas o colocamos como potenciais geradores de crédito de carbono. Tendo uma agricultura mais eficiente, parte de terras sendo conservadas, os stakeholders enxergando valor em ter que adquirir e preservar áreas para terem uma remuneração equivalente. Tudo isso vai mudar a forma de utilização das terras no Brasil, além de trazer mais consciência sobre o desmatamento e a importância de deixar as florestas de pé. O PL [projeto de lei] traz uma nova commodity para dentro do agronegócio, que é a floresta de pé e a conservação da biodiversidade”, opina.

Texto de volta ao Senado

O projeto já foi aprovado no Senado, no entanto, como passou por mudanças na Câmara dos Deputados, precisará voltar à análise dos senadores. Os pontos ainda obscuros devem ser esclarecidos à medida que o mercado, de fato, começar a ser instrumentalizado e regulado. Isso deve ocorrer dentro dos próximos dois anos.

“O projeto de lei é um ponto de início e tem a capacidade de trazer para o Brasil esse protagonismo, acatando a sua vocação de solução em relação aos serviços ambientais baseados na natureza para o mundo. Isso insere o Brasil no mercado internacional”, finaliza João Marcello.

Informações: R7.

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Pecuária sustentável brasileira atrai atenção de muitos países

Os estudos da Embrapa Pecuária Sudeste com sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), todos os anos apresentam resultados positivos na diminuição de GEE, na incorporação de carbono no solo e nas árvores, no bem-estar animal, na produtividade, na reprodução, qualidade dos solos, etc. “Grande parte das delegações internacionais solicitam a inclusão do ILPF na programação das visitas. Além disso, a gestão da Embrapa Pecuária Sudeste entende que é importante a divulgação desta tecnologia nacional para mostrar ao mundo que é possível ser sustentável e ter alta produtividade”, destacou o o pesquisador Alberto Bernardi, articulador internacional da unidade.

No ano de 2023, a Embrapa recebeu 196 visitantes estrangeiros, em 18 missões, representando 37* países dos cinco continentes África (29%), Ásia (27%), América (22%), Europa (14%) e Oceania (8%). O fato indica que o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a sistemas de produção sustentáveis, mudanças climáticas, bem-estar animal, pecuária de precisão e melhoramento genético, está posicionando a Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP), como um centro de referência nacional e internacional. De acordo com o articulador internacional, a pecuária sustentável é um tema que tem atraído a atenção do planeta, além de ser uma aposta do Brasil para contribuir no combate às mudanças climáticas.

Para o chefe-geral  Alexandre Berndt, a equipe de pesquisa está empenhada e estuda esses e outros modelos para produção de carne e leite de forma responsável, garantindo a conservação do meio ambiente, sem necessidade de aumento de área e que proporcionem bem-estar aos animais e reduzam os impactos das mudanças no clima. Segundo ele, é importante que esses resultados sejam levados ao maior número de pessoas e de países. “Precisamos mostrar como a ciência tem contribuído para tornar a pecuária brasileira cada vez mais resiliente, adaptada às modificações climatológicas e sustentável”, diz.

A partir das visitas internacionais também podem surgir oportunidades de relacionamento e celebração de parcerias institucionais, governamentais e privadas para o estabelecimento de memorandos de entendimento, projetos de cooperação técnica, intercâmbio de pesquisadores, etc. Além disso, a articulação internacional é uma área tática para subsidiar decisões estratégicas dos gestores em ações corporativas e de negócios.

Atualmente, com apoio e articulação da Embrapa Pecuária Sudeste, há em execução memorando de entendimento com a Universitá di Bologna (Itália), University of Florida (EUA), Texas A&M (EUA) e University of Iowa. Um acordo de transferência de material com a Universidade de Queensland (Austrália) e um Projeto de Cooperação Científica com a Universidade de Lisboa.

Informações: Sou Agro.

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Bosque de Curitiba reduz a temperatura em até 4ºC

Uma das mais bem preservadas florestas urbanas da capital paranaense, o Bosque Reinhard Maack, foi cenário de um estudo realizado, ao longo de três anos, pela Embrapa Florestas (PR) para avaliar a temperatura e o fluxo de gases de efeito estufa (GEE). Com o tema Contribuição de uma floresta urbana na atenuação da temperatura do ar para enfrentamento da mudança do clima: caso do Bosque Reinhard Maack, o trabalho apresenta resultados importantes, com destaque para a significativa redução da temperatura média do ano no interior da floresta, de até 4°C, quando comparada com áreas externas próximas ao bosque. Os dados mostram e reiteram a importância dos remanescentes florestais urbanos, no âmbito dos microclimas, para o enfrentamento de mudanças climáticas, diante das altas emissões de gases de efeito estufa nas cidades.

Esses resultados provêm de um amplo estudo componente da Rede Saltus, no projeto “Dinâmica de gases de efeito estufa e dos estoques de carbono em florestas naturais e plantadas: práticas silviculturais para mitigação e adaptação à mudança climática”. De forma complementar, outro estudo associado a esse que avaliou a temperatura e identificou a possível contribuição do bosque para o microclima local foi o trabalho de conclusão de curso (TCC) da aluna de agronomia Laura Malage, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na Embrapa Florestas.

Nesse estudo foi feita a fitossociologia da área para indicar as espécies florestais de maior ocorrência, além da avaliação dos gases de efeito estufa e a determinação do estoque de carbono no solo e na vegetação, considerando a sua relação com a estrutura e a composição do remanescente florestal. Os dados finais permitiram avaliar o potencial do bosque na mitigação de GEE. Segundo os pesquisadores da Embrapa responsáveis pelo estudo, Marcos Rachwal (foto) e Josiléia Zanatta, o diferencial desse trabalho se dá pelo amplo escopo de aspectos avaliados e pelo tempo de monitoramento da área urbana.

O bosque urbano Reinhard Maack, onde o estudo foi desenvolvido, é um remanescente de Floresta Ombrófila Mista (FOM), também conhecido como floresta com araucária ou pinheiral, localizado ao sul da capital paranaense. Em 1989, ano de sua implantação, o principal objetivo era a promoção da educação ambiental. “O alto grau de conservação desse bosque, aliado ao fato de estar localizado em uma região onde os remanescentes florestais nativos e arborização urbana são escassos, foi um dos motivos da escolha”, explica Rachwal.

Resultados sugerem políticas públicas de conservação desses espaços em centros urbanos

As temperaturas no bosque foram monitoradas entre abril de 2019 e junho de 2022, em quatro locais preestabelecidos: na rua externa ao bosque, no estacionamento externo, na borda próxima à entrada da trilha, e no interior da mata. No período observado, a amplitude térmica nas áreas avaliadas foi de 8,7 °C a 33,6 °C, com variações em função das diferentes posições e estações do ano. No interior, a temperatura média anual foi de 17,1 °C. Na entrada do remanescente, o valor médio foi de 19,1 °C. No estacionamento, posicionado um pouco mais longe do bosque, mas com algum sombreamento de árvores, a temperatura foi de 19,7 °C. No local mais afastado, em frente a um sobrado residencial, na esquina do bosque, o valor médio de temperatura foi de 20,9 °C.

“No caso desse estudo, a presença de árvores no estacionamento e mesmo na borda da mata nativa já amenizou a temperatura do ar observada na rua, em mais de 1 ºC, em praticamente todas as estações”, observa Rachwal. “É importante que tenhamos mais áreas verdes para multiplicar o efeito de arrefecimento da temperatura, mesmo em uma escala local”, complementa Zanatta.

Além desse trabalho, poucos estudos abordaram o potencial de contribuição dos bosques urbanos. Entre eles, está o que avaliou o parque Chapultepec, no México, ao apresentar no interior da floresta urbana uma redução de 2 ºC a 3 ºC de temperatura, comparada aos arredores construídos. Outra avaliação feita em praças de Maringá (PR) apontou diferenças de 2 ºC a 3,8 ºC entre áreas sombreadas pelas árvores e áreas com radiação direta. Também em Curitiba, mais um trabalho mostrou temperaturas de 2,3 ºC maiores em áreas da cidade do que no interior de florestas urbanas. Esses estudos e outros que vêm sendo realizados reforçam a diferença microclimática proporcionada pela vegetação nos centros urbanos.

De acordo com os pesquisadores, é perceptível um padrão de redução da temperatura à medida que a mata nativa se torna mais próxima. Isso se deve à interceptação da radiação pela copa das árvores, que converte a energia em calor, proporciona sombreamento e assim reduz as temperaturas das superfícies dos objetos sombreados. Também ocorre a liberação de água pela respiração das folhas, resfriando o ambiente. “Esses mecanismos são exemplos de como os ecossistemas florestais urbanos atuam em diferentes esferas no enfrentamento às mudanças climáticas, seja para atenuação da temperatura e conforto térmico, ou para infiltração e armazenamento de água no solo. Esses aspectos justificam a necessidade de políticas públicas que estimulem a conservação e ampliação desses espaços, visando atenuar os impactos da mudança do clima”, destaca Rachwal.

Figura 1 – Ao longo dos anos a urbanização na região próxima ao Bosque Reinhard Maack transformou a paisagem, com a conversão de áreas naturais em estruturas urbanas (Figura 1). Imagem superior corresponde ao ano de 1952, e inferior ao ano de 1990. Fonte: Adaptado de IPPUC (2021).
Figura 2 – Imagem 3D do Bosque Reinhard Maack e indicação dos pontos de investigação da temperatura do ar. (1) Rua externa ao bosque, esquina das ruas Waldemar Kost e Conde de São João das Duas Barras; (2) estacionamento externo do bosque; (3) borda do bosque próxima à entrada da trilha; e (4) interior da mata. Fonte: Adaptado de IPPUC (2019).

Araucária tem papel fundamental no estoque de carbono

Um importante resultado do estudo foi a realização do inventário florestal no Bosque Reinhard Maack. O trabalho fez também estimativas do estoque de carbono nos compartimentos vegetais e no solo, bem como o monitoramento da temperatura e dos fluxos de N2O (óxido nitroso), CH4 (metano) e CO2 (dióxido de carbono) durante três anos.

No inventário florestal e no estudo fitossociológico que integraram a pesquisa, foram amostrados 501 indivíduos, que estão distribuídos em 27 famílias botânicas e 39 espécies lenhosas conhecidas. “O estudo apontou que o carbono da biomassa de Araucaria angustifolia, em conjunto com Allophylus edulis e Jacaranda micrantha representou 54% do total armazenado”, afirma a graduanda. A Araucaria angustifolia desempenhou papel fundamental no estoque de carbono, com valor de 40 toneladas por hectare (t/ha). Laura Malage afirma que a árvore-símbolo do estado do Paraná representou 39% do estoque de carbono contido na biomassa do bosque, ressaltando a importância dessa espécie longeva para o carbono.

O remanescente apresentou estoques de carbono correspondentes a 260 t/ha, compostos por 6 t/ha na serrapilheira, 102 t/ha na biomassa vegetal e 152 t/ha no solo na profundidade de até 1 metro. Com área de 7,8 ha, o carbono armazenado no bosque foi de mais de 2 mil toneladas. A emissão acumulada anual de óxido nitroso foi de 1 kg/ha de nitrogênio na forma de N2O por hectare por ano; a absorção de metano foi de 7 kg de carbono na forma de CH4 por hectare por ano, e a emissão de gás carbônico igual a 11 kg de carbono/ha/ano. Houve uma compensação de 51% da emissão de N2O pela absorção de CH4.

Mitigação x adaptação

Entre as ações possíveis para atenuar os efeitos das mudanças climáticas está a mitigação. Esta se relaciona com a redução de emissões de GEE. Por outro lado, a adaptação indica mecanismos que auxiliam as comunidades na resiliência diante dos impactos causados. Nesse sentido, os ecossistemas florestais em meio urbano podem atuar como serviços ecossistêmicos no sequestro e estoque de carbono, regulação climática, regulação dos fluxos de água, purificação do ar, além de proporcionar bem-estar à comunidade.

Informações: Embrapa Florestas.

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ABAF faz a compensação do carbono da Constru Nordeste

No Dia da Silvicultura, 07/12, a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) participou do plantio simbólico das 1.163 mudas de árvores (entre arbóreas, frutíferas e melíferas) que faltam para fazer a compensação de carbono da feira Constru Nordeste 2023, realizada de 20 a 22/09 no Centro de Convenções de Salvador (BA) pela Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon) e Sebrae. Além do apoio ao evento, de levar informações sobre o setor da madeira na Bahia, a ABAF também intermediou a vinda de uma importante empresa que utiliza madeira na construção civil (TimBau Estruturas) e está fazendo a compensação ambiental do evento.

O plantio simbólico aconteceu às 9h no SENAI CIMATEC (Salvador/BA) e contou com a presença de representantes da ABAF, da Caetá Ambiental, da FIEB, entre outros.

A primeira parte dessa compensação aconteceu na manhã de 24/11 com o plantio simbólico das 500 mudas doadas para a Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Santo Amaro (BA). O plantio em Santo Amaro fez parte da comemoração do “Dia Mundial do Rio” e contou com a participação da Secretária do Meio Ambiente Ana Lícia Marins, de estudantes da rede pública, representantes de diversas secretarias da Prefeitura, da Caetá Ambiental, da Bracell e da ABAF.

A compensação ambiental se dá por meio do cálculo de carbono emitido pelo evento e do plantio de mudas nativas para sequestrar a quantidade correspondente dessas emissões. “Esta é uma estratégia poderosa para preservar o meio ambiente e combater as mudanças climáticas. Ao adotar essa abordagem, empresas, governos e indivíduos demonstram um compromisso real com a sustentabilidade, contribuindo para a construção de um futuro mais equilibrado e saudável”, informa Mariana Lisbôa, presidente da ABAF.

Cálculo – Esta compensação está sendo feita em parceria com a Arvor Business Advisory (Grupo Index) que fez a quantificação de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do evento, bem como identificou o equivalente dessas emissões em plantio de espécies nativas, de forma a neutralizar as emissões de carbono. 

O método adotado foi baseado na identificação das fontes (por meio de questionário preenchido pelos organizadores) de emissões de GEE de acordo com as características do evento, convertidas ao final para emissões de toneladas equivalente (tCO2eq). A metodologia de cálculo empregada foi a do Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol) – atualmente a mais utilizada, resultado da união da experiência de centenas de profissionais em todo mundo e coordenada pela World Resources Institute – WRI.  

De acordo com o relatório, o evento em análise emitiu um total de 258,481 tCO2eq, o que corresponde ao plantio de 1.584 árvores somadas a 5% relativas à mortalidade, resultando em um total de 1.663 árvores. 


Dando sequência ao processo de compensação, a ABAF adquiriu as referidas mudas com seu viveiro parceiro, a Caetá Ambiental, levando em conta a escolha de plantas de porte médio e de espécies arbóreas, frutíferas e melíferas.

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