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Lei do Pantanal passará a valer no dia 18 de fevereiro já com regulamentação

Secretarias executivas estão alinhando últimas regras que passarão a valer no próximo mês para o bioma

A lei que dispõe sobre a conservação, a proteção, a restauração e a exploração ecologicamente sustentável da Área de Uso Restrito da Planície Pantaneira, chamada de Lei do Pantanal, entra em vigor no dia 18 de fevereiro.

O prazo de 60 dias já estava previsto dentro do texto homologado no final do ano passado. Desta forma, o Governo do Estado tem trabalhado para regulamentar a legislação e a meta das secretarias executivas é apresentar as normas para a aplicabilidade dos artigos até o próximo mês.

A regulamentação da lei é o processo pelo qual as autoridades competentes detalham e esclarecem como ela será aplicada na prática. Em outras palavras, é como traduzir as palavras da lei em ações concretas. A regulamentação de uma lei é fundamental para garantir sua efetividade e aplicação correta.

Os secretários executivos de Desenvolvimento Sustentável, Rogério Beretta, e de Meio Ambiente, Artur Falcette, ambos da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), estão na fase final de discussões para que não haja dúvidas por farte dos ambientalistas, produtores rurais e pantaneiros.

Também estão previstos os detalhes para a implantação do Programa de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) que o Governo do Estado pretende desenvolver no Pantanal. Vale ressaltar que na Lei do Pantanal ficou aprovado o orçamento do Fundo Estadual de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Pantanal (Fundo Clima Pantanal) para o exercício financeiro de 2024.

Imagem aérea da maior planície alagável do mundo, com o braço do Rio Paraguai (Foto: Foto: Leomar Rosa)

Relembre – A Lei do Pantanal foi sancionada pelo governador Eduardo Riedel em ato público realizado no dia 18 de dezembro, no Bioparque Pantanal, na presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Participaram ainda os ministros de Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, e do Planejamento, Simone Tebet.

O texto resultou de um trabalho intenso e exaustivo, conduzido por um Grupo de Trabalho nomeado pelo Ministério do Meio Ambiente que fez quatro reuniões presenciais e inúmeros encontros e contatos virtuais para acertar detalhes.

Foram ouvidos representantes de organizações não governamentais, produtores rurais, órgãos ambientais estadual e federal, instituições de pesquisa como a Embrapa e entidades representativas das comunidades que habitam o Pantanal.

A lei faz uma extensa definição de termos, atividades e aspectos geográficos próprios do Pantanal, fundamentais para direcionar as normativas propostas e que virão com a regulamentação.

Importante ressaltar que o projeto se destina a regulamentar o Artigo 10 do Código Florestal Brasileiro, atendo-se, portanto, apenas à planície pantaneira. A definição geográfica da Área de Uso Restrito Pantaneira orienta-se pelos limites delineados no mapa de 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), excetuando as áreas urbanas.

Informações: Campo Grande News.

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Cultivo de seringueira avança em MS e está presente em 29 municípios

Maior concentração da cultura está na região nordeste do Estado, com 53% da área de produção

O cultivo da seringueira avançou em Mato Grosso do Sul e hoje ocupa pouco mais de 22,6 mil hectares e está presente em 29 municípios do Estado, impulsionado pela valorização do coágulo. A maior concentração de plantios encontra-se na região nordeste de MS.

O município de Cassilândia é o que apresenta maior área plantada, respondendo por 31%, seguido de Aparecida do Taboado e Paranaíba, com 16% e 9% respectivamente.

Segundo o Boletim “Florestas Plantadas”, publicado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o preço médio do coágulo de seringueira continua em processo de valorização no Estado. Em dezembro houve variação positiva de 5,12% em reação ao mês anterior, fechando em R$ 2,67/Kg no coágulo.

De agosto a dezembro, a cotação do do coágulo acumulou ganhos superiores a 17% na Bolsa de Singapura, refletindo positivamente nos preços locais.

Mercado externo instável

No mês de dezembro, segundo o boletim, o preço de referência de importação da borracha natural apresentou queda de 2,26% em relação a novembro. Mesmo com a valorização no preço da matéria-prima na bolsa de Singapura, a variação no preço médio do dólar e a cotação do frete internacional levaram o preço de referência de importação a R$ 9,94/kg em dezembro.

Informações: Campo Grande News.

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Suzano abre três vagas de trabalho para atender suas operações em Três Lagoas (MS)


As inscrições estão abertas para todas as pessoas interessadas, sem distinção de gênero, origem, etnia, deficiência ou orientação sexual, na Plataforma de Oportunidades da empresa.

A Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, está com três vagas abertas para atender a demanda de suas operações em Três Lagoas (MS). As inscrições podem ser feitas por todas as pessoas interessadas, sem distinção de gênero, origem, etnia, deficiência ou orientação sexual, na Plataforma de Oportunidades da empresa (https://suzano.gupy.io/).

Um dos processos seletivos é para uma oportunidade exclusiva para mulheres na função de Coordenadora de Logística Florestal. Para participar da seleção, mulheres interessadas precisam atender aos seguintes pré-requisitos: ter Ensino Superior Completo; disponibilidade para atuar presencial em Três Lagoas/MS; possuir Experiência em Logística Florestal ou Agro. As inscrições ficam abertas até o dia 22 de janeiro e devem ser feitas pela página: https://suzano.gupy.io/jobs/5380187?jobBoardSource=gupy_portal.

Outra oportunidade aberta é para a função de Operador(a) Assistente de Área Preparo Madeira. Os pré-requisitos são: ter Ensino Médio completo; possuir nível técnico na área de Química e/ou Celulose, Mecânica, Elétrica, Automação, Instrumentação, Produção ou afins, e ter conhecimento em informática: Pacote Office e em programa SAP. Experiência em retífica de facas será considerado um diferencial para a vaga. As inscrições ficam abertas até o dia 22 de janeiro e devem ser feitas pela página: https://suzano.gupy.io/jobs/6584357?jobBoardSource=gupy_portal.

Por fim, ainda há um processo seletivo aberto para a função de Supervisor(a) de Manutenção II. Para concorrer, os pré-requisitos são: ter Ensino Superior completo, preferencialmente nas áreas de Engenharia/tecnólogo em Elétrica, Eletrônica, Mecânica, Mecatrônica, Automação, Civil, Produção e afins; possuir experiência intermediária em manutenção industrial focada no pátio de madeiras; e experiência com gestão de pessoas; pessoas que possuam Pós-graduação ou MBA relacionado a Manutenção será um diferencial. As inscrições ficam abertas até o dia 23 de janeiro e devem ser feitas pela página: https://suzano.gupy.io/jobs/6599195?jobBoardSource=gupy_portal.

Mais detalhes sobre os processos seletivos, assim como os benefícios oferecidos pela empresa, estão disponíveis na Plataforma de Oportunidades da Suzano (https://suzano.gupy.io/). Na página, candidatos e candidatas também poderão acessar todas as vagas abertas no Estado e em outras unidades da Suzano no País, além de se cadastrar no Banco de Talentos da empresa.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores produtoras de papel da América Latina e referência no desenvolvimento de soluções sustentáveis e inovadoras de origem renovável. Os produtos da companhia, que fazem parte da vida de mais de 2 bilhões de pessoas e abastecem mais de 100 países, incluem celulose, papéis para imprimir e escrever, canudos e copos de papel, embalagens de papel, absorventes higiênicos e papel higiênico, entre outros. A Suzano é guiada pelo propósito de Renovar a vida a partir da árvore. A inovabilidade, a busca da sustentabilidade por meio da inovação, orienta o trabalho da companhia no enfrentamento dos desafios da sociedade. Com 99 anos de história, a empresa tem ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em: www.suzano.com.br

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Cultivo de cacau ganha espaço no noroeste paulista

Pequenos produtores de seringueira, laranja e cana apostam no cacau como forma de diversificação e atraídos pela oportunidade de vender um produto com maior valor agregado

O cenário parece de novela e remete às regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mas esses cacaueiros estão no noroeste paulista, onde a cultura aos poucos ganha espaço. Os responsáveis são pequenos produtores de seringueira, laranja e cana-de-açúcar, que investem na diversificação de cultivos, atraídos pela oportunidade de vender uma commodity com maior valor agregado.

De acordo com a CATI-SP (Coordenadoria de Assistência Técnica do Estado de São Paulo), 30 municípios do noroeste do Estado de São Paulo já têm cacau plantado, e até junho de 2024 a expectativa é somar 300 hectares cultivados, a partir de mudas clonadas, originadas da Bahia.

Norival Puglieri, produtor da cidade de Novaes (SP), plantou 5 mil mudas de cacau há três anos e, antes mesmo de obter a primeira colheita, já investiu em mais 1,7 mil mudas, no fim de 2023, animado com as perspectivas do setor.

A escolha faz parte do projeto de diversificação de cultivos da propriedade, desde 1970 destinada à produção de laranja. Há 12 anos, um terço da propriedade de 450 hectares passou a ter cana-de-açúcar, seringueiras e pastagens. Mas o baixo retorno do cultivo de seringueiras levou Puglieri mais uma vez a buscar alternativas e apostou no cacau.

O novo pomar foi plantado no sistema de consórcio, tanto em áreas que já tinham seringueira, quanto em áreas de pastagens, que receberam bananeiras.

“A escolha pelo consórcio é tanto pela indicação de manejo quanto pelo retorno financeiro. As bananeiras fornecem sombreamento e proteção contra ao vento e, ao mesmo tempo, produzem após um ano, gerando renda enquanto a safra de cacau não vem, já que são necessários três ou quatro anos”, relata Puglieri.

O agricultor recebeu orientação da CATI, por meio do Programa Cacau São Paulo, uma iniciativa realizada em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp), com apoio da Fundação Cargill e da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Ministério da Agricultura.

Segundo Andrey Vetorelli, agrônomo, da CATI, as pesquisas para expansão do cacau no noroeste paulista começaram em 2013, para entendimento das necessidades e adaptações das variedades ao clima da região. “Temos grandes expectativas. A perspectiva é conseguir atingir, após estabilização das novas lavouras em alguns anos, a produtividade média de até 3 toneladas por hectare, volume equiparável aos índices mais altos do Pará”, diz.

Diversificação

Na cidade de Palmares Paulista, a produtora Mônica de Oliveira Munhoz investiu no plantio de 2,5 mil pés de cacau e 2,5 mil pés de banana na propriedade de 230 hectares, onde antes a família só cultivava seringueiras, cana-de-açúcar e laranja.

“A ideia surgiu da necessidade de obtenção de melhor margem, uma vez que o retorno com a seringueira estava muito baixo. É possível investir e amortizar os custos com o retorno da banana, que é vendida ao longo do ano todo. Por isso, já planejamos aumentar em 8 mil pés o cultivo de cacau da propriedade”, afirma Mônica.

Segundo ela, pomares novos, cultivados com práticas sustentáveis de cuidado com o solo e irrigação, além da rastreabilidade, abrem portas para um mercado em crescimento, dentro e fora do Brasil.

Vetorelli, da CATI, diz que a oportunidade de vender produtos premium com maior valor agregado no mercado exterior acabou atraindo – inesperadamente – a atenção de investidores de outras áreas para a produção de cacau no noroeste paulista.

“O foco inicial do programa de incentivo à expansão do cacau na região era para a diversificação de cultivos, como oportunidade aos pequenos produtores. No entanto, alguns investidores de outras áreas também enxergaram a atividade como promissora e médio e longo prazo, e estão alocando recursos na região”, afirmam. Dados do CATI apontam que o investimento inicial do cultivo fica entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por hectare.

Na cidade de Mendonça, uma parceria com a CATI originou o projeto “Chocolate da Merenda”, iniciado em novembro de 2023, para fomentar a produção regional de cacau. Desde então, uma porção de 20g de chocolate 50% cacau, sem lactose e produzido apenas com nibs (a forma menos processada do chocolate) e açúcar demerara, passa a fazer parte da merenda escolar quinzenalmente, como alimento funcional.

Segundo a prefeitura local, a ideia é que a oferta passe a ser semanal ainda no primeiro semestre de 2024, e que a atividade seja expandida para os lares de idosos da cidade.

Histórico

No século XX, o Brasil chegou a ser um dos maiores produtores de cacau do mundo. Em 1986/87, atingiu a marca histórica de 426 mil toneladas de amêndoas por ano, segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Entre 1989 e 1990, entretanto, a cacauicultora brasileira passou sua maior crise, que arrasou cerca de 68% das plantações com a doença vassoura-de-bruxa.

De lá pra cá, o movimento é de recuperação. Somos, hoje, o 6º maior produtor do planeta, com produção de 2022 girando em torno de 220 mil toneladas, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO). Em um mundo cuja demanda só cresce, ainda não damos conta sequer da demanda interna, que fica na média de 230 mil toneladas ano.

Vislumbrando esse cenário de oportunidades, o governo federal, por meio do Plano Inova Cacau 2023, elaborado pela Ceplac , visa estimular entrantes no mundo do cacau e otimizar os pomares já existentes. A meta é atingir novamente a marca de 400 mil toneladas ao ano em 2030.

“Há um cenário internacional favorável ao nascimento de novos polos de produção, quando dois dos principais produtores do mundo, como Costa do Marfim e Gana, passam por problemas produtivos. Paralelamente, temos que considerar o aumento na demanda por chocolate fino como oportunidade de mercado para nós brasileiros”, afirma Lucimara Chiari, diretora da Ceplac.

Segundo ela, assim como São Paulo, a Ceplac também iniciou projetos em áreas do Ceará, Sergipe, Roraima, Norte de Minas e Oeste de Bahia, principalmente trabalhando com a criação de pomares em áreas degradadas.

Ana Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), endossa o posicionamento da Ceplac, de que, a partir de áreas certificadas e rastreáveis, o país tem grande oportunidade de crescer no nicho de maior agregado no cacau, o do cacau fino e especial.

Informações: Globo Rural.

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Como a inteligência artificial promete melhorar produção de matéria-prima do chocolate na Amazônia

Em Paragominas, a cerca de 300 quilômetros de Belém, a implementação de uma ferramenta poderá diminuir custos e acelerar o diagnóstico de doenças

Fungos e pragas podem prejudicar bastante o cultivo de cacau, matéria-prima do chocolate. Provocada por um fungo, a vassoura-de-bruxa — que causa o amarelamento e apodrecimento de frutos —, por exemplo, pode infectar uma lavoura quase inteira quando aparece. Como técnicos em agronomia às vezes precisam sair de longe para realizar o diagnóstico, identificar estes problemas pode ser demorado e custoso. Em Paragominas, cerca de 300 quilômetros a sul de Belém do Pará, uma ferramenta de inteligência artificial promete diminuir custos e acelerar o diagnóstico de doenças em culturas de cacau.

A proposta da ferramenta — um software em desenvolvimento na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) — é usar uma técnica automatizada de reconhecimento de imagem para identificar as diferentes pragas e doenças que podem atingir o cultivo de cacau em Paragominas.

O professor Marcus Braga, líder do projeto e coordenador do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada da UFRA em Paragominas, conta que a Bahia costumava ser o maior estado produtor de cacau no Brasil, “mas perdeu essa posição por causa de doenças que não conseguiram tratar a tempo.”

Em 2020, o Pará já havia alcançado o posto de maior produtor do País, e hoje responde por metade da produção nacional. Conforme a cultura se consolida em Paragominas, a ideia é eliminar pragas com a maior velocidade e precisão possível, continua Braga.

“Cacau, banana e milho têm doenças com padrões de imagem bastante claros, que podem ser detectadas visualmente ainda no início,” conta Braga. Por isso, é possível usar visão computacional para apreender esses padrões.

Um software com essa capacidade, diz o professor, poderia ser especialmente útil para o pequeno produtor. “Como a assistência técnica não é muito acessível aqui na região, especialmente para o pequeno agricultor, as pessoas vão tratando dos problemas na lavoura com os próprios saberes,” conta o engenheiro florestal Francisco Neto, que é produtor de cacau em Paragominas.

“Cacau, banana e milho têm doenças com padrões de imagem bastante claros, que podem ser detectadas visualmente ainda no início,” conta Braga. Por isso, é possível usar visão computacional para apreender esses padrões
“Cacau, banana e milho têm doenças com padrões de imagem bastante claros, que podem ser detectadas visualmente ainda no início,” conta Braga. Por isso, é possível usar visão computacional para apreender esses padrões Foto: Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada – Universidade Federal Rural da Amazônia (NPCA/UFRA)

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, agricultores familiares respondem pela maior parte do cacau produzido no Estado — e 70% da produção é feita usando sistemas agroflorestais em áreas que eram degradadas.

Para funcionar, o software precisa reconhecer a diferença entre um fruto de cacau saudável e um doente — e dentre os doentes, entender que praga ataca aquele fruto mais provavelmente. Assim, Braga e sua equipe construíram um banco de imagens de frutos saudáveis, e outros atacados por males como vassoura-de-bruxa, mal-do-facão ou colchonilha em diversos estágios de desenvolvimento.

Braga explica que, primeiro, a equipe usou imagens públicas para montar a base de dados a fim de treinar um programa piloto de inteligência artificial para entender o que é um fruto doente e um saudável.

“Usamos 70% das imagens para treinar o algoritmo para diferenciar o cacau saudável de um com uma doença específica A ou B. Com os 30% de imagens restantes — com as quais o programa não teve contato anteriormente —, nós testamos o que foi treinado para ver se o algoritmo consegue de fato identificar doenças específicas e diferenciá-las de cacau saudável. Consigo medir a taxa de acerto porque sei de antemão o que é um cacau saudável e o que é um cacau com a doença A e com a doença B,” conta Braga.

“A taxa de acerto com dados públicos tem sido alta, por volta de 96, 97%,” continua ele.

Agora, a equipe está usando imagens de cacau de diversas propriedades de Paragominas para refinar o software e aumentar sua precisão para as culturas de cacau daquela região do Pará. Um agrônomo e um engenheiro florestal visitam as plantações para fazer as fotos que serão usadas posteriormente no projeto.

Equipe está usando imagens de cacau de diversas propriedades de Paragominas para refinar o software e aumentar sua precisão para as culturas de cacau daquela região do Pará
Equipe está usando imagens de cacau de diversas propriedades de Paragominas para refinar o software e aumentar sua precisão para as culturas de cacau daquela região do Pará Foto: Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada – Universidade Federal Rural da Amazônia (NPCA/UFRA)

Braga e sua equipe patentearam a tecnologia em novembro passado e esperam que o programa esteja pronto para uso gratuito em meados deste ano. O projeto está em funcionamento desde junho de 2022 e tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

“Aguardo ansiosamente os resultados,” diz Neto, que colaborou com o projeto com informação técnica e abriu sua propriedade de cinco hectares para a equipe de Braga fazer as fotos.

Ele planta cacau há quase três anos e conhece bem as especificidades e desafios de plantar cacau na Amazônia. “Problemas com fungos são muito comuns por aqui porque a região é extremamente úmida. Precisam de podas especiais e um espaçamento diferente,” diz.

Ele conta que, há alguns anos, ajudou a fazer testes de adaptação de variedades trazidas da Bahia para ver quais se adaptavam melhor às condições ambientais no Pará. Das pouco mais de dez variedades trazidas por José Carminati, um dos pioneiros da cultura do cacau em Paragominas, três chamaram a atenção de Neto por sua alta adaptabilidade: BN 34, Cepec 2002, e PS 1319.

Foi preciso fazer testes de adubação e resistência a podas e pragas para ver como as variedades reagiriam. “Elas tiveram uma grande produtividade e se mostraram ótimas culturas para a produção de chocolates finos,” conta Neto, que diz alta produtividade é importante porque a maioria dos produtores está em pequenas propriedades — como a dele, que tem cinco hectares.

“Eu costumo falar que são cinco hectares bem-feitos porque produz o equivalente de uma área de 30, 50 hectares,” assevera.

Neto diz que a prevenção e o rápido diagnóstico de pragas vai ser essencial para manter a alta produtividade dessas variedades na propriedade dele e de outros agricultores da região.

Em 2020, o Pará já havia alcançado o posto de maior produtor do País, e hoje responde por metade da produção nacional
Em 2020, o Pará já havia alcançado o posto de maior produtor do País, e hoje responde por metade da produção nacional Foto: Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada – Universidade Federal Rural da Amazônia (NPCA/UFRA)

Ele observa que em Tomé-Açu, que fica cerca de 200 quilômetros a noroeste de Paragominas, os produtores de cacau estão tendo problemas com fungos e pragas porque, além de usar variedades genéticas do fruto um pouco mais antigas, o diagnóstico rápido é mais difícil.

“Estou trabalhando com novas variedades de cacau há dois anos e meio, mas tenho certeza de que pelo quinto ou sétimo ano de produção, pragas vão aparecer. Isso é certeza. Estamos preocupados em nos antecipar aos problemas,” conta Neto, que diz que o aplicativo da UFRA será um grande aliado nesse sentido.

Marcus Braga lembra que um dos resultados que se espera com o aplicativo é aumentar o valor agregado na produção de cacau — que será importante para o mercado interno, mas mais ainda para quem exporta.

“A gente oferece a possibilidade de um selo de qualidade de que o cacau daquele produtor é livre de doença e de contaminação — assim você agrega valor na cadeia produtiva e aumenta o preço final daquele cacau. Esse é um próximo passo que nós estamos preparando,” diz Braga.

Os benefícios não se restringem a aumentar qualidade e produtividade de cacau — especialmente no estado que vai receber a Conferência das Partes para as negociações do clima no ano que vem.

Segundo Braga, o software em desenvolvimento é um exemplo de projeto que fortalece a bioeconomia na região. “O cacau precisa da sombra de outras árvores para crescer. Isso quer dizer que, para produzir o fruto, não preciso devastar, não preciso queimar floresta — pelo contrário: interessa ter a floresta em pé para plantar cacau. Por isso é um produto super interessante na cadeia da bioeconomia e nos interessa estender essa linha,” conta o professor.

Informações: Estadão.

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A indústria brasileira se pergunta se 2024 será o ano da virada

Artigo de Antonio Lemos.

O ano de 2023 chegou ao fim e, mais uma vez, as indústrias brasileiras ficam com a sensação de que ficou faltando algo para aquele sonhado momento de turn around, dar a volta por cima, se reerguer e voltar a ocupar importante lugar no PIB nacional.  É preciso exportarmos mais produtos acabados do que commodities ou matérias-primas que serão transformadas em outros países e retornam ao Brasil com maior valor agregado, tendo gerado empregos e desenvolvimento lá, e não aqui.

No final de novembro li uma entrevista do estrategista geopolítico Peter Zeihan, autor do best-seller “The End of the World is Just the Beginning – Mapping the Collapse of Globalization”, falando sobre os riscos do Brasil frente à dependência criada com a China e a globalização. Em um dos trechos, ele afirma: “Vocês precisam reconstruir a sua base industrial. Em segundo lugar, será necessário incentivar as famílias a terem mais filhos. Caso contrário, o Brasil desaparecerá da face da Terra no início do próximo século. Uma forma de mitigar isso é estabelecer parcerias com países com população mais jovem. Vejo duas opções naturais, a Argentina e os EUA.”

Não são poucas as provas da importância de termos uma indústria forte. A pandemia talvez tenha sido a situação que mais explicitou a toda a população essa questão, ao fazer sumir do mercado diversos itens exclusivamente importados.

Mas, estamos na contramão desse movimento e precisamos de ação do governo para fomentar esse setor. Um dado divulgado agora em dezembro pela Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores aponta que a participação do Brasil nas importações de veículos pelos países da América Latina caiu de 22,5% para 19,4% de 2013 a 2022, enquanto a participação da China explodiu de 4,6% para 21,2% no mesmo período, tomando a liderança do Brasil. Reflexo disso são, por exemplo, as demissões e fechamentos de fábricas anunciados pelo setor em 2023.

Posso afirmar que as empresas instaladas no país há décadas estão com sede de produzir, exportar e crescer, e preparados para esse momento de virada. Temos investido na mudança da indústria tradicional para a 4.0, com agregação de serviços e modernizações. Na Voith Paper, em 2023 contratamos mais de 50 estagiários, um número recorde, em nítido movimento de investimento em qualificação de mão-de-obra e aposta no futuro.

Nossa empresa mantém excelente relação com a sede na Alemanha, de onde recebemos constantes incentivos e a confiança de que estamos em uma região estratégica, não só pelo país, mas como entrada na América Latina. E, por sermos indústria de base, que fornece equipamentos e soluções para outras indústrias, fazemos parte de um grupo de empresas capaz de gerar ainda mais retorno econômico e social ao Brasil, ao dar certa autonomia para o crescimento industrial.

Temos musculatura, vontade, tecnologia e know-how. O que nos falta, como setor industrial, é um ambiente favorável e o apoio consistente do governo para transformar adversidades em oportunidades.

Além de todas as fragilidades históricas, como o chamado custo-Brasil, infraestrutura limitada e elevada burocracia nos processos de importação/exportação, temos exemplos atuais de alto impacto na economia, como o possível fim da desoneração da folha de pagamento para diversos setores, a alta carga tributária incidente na importação de serviços e softwares (notadamente os chamados SaaS “Software as a Service”), bem como a bitributação no comércio exterior.

Esse último ponto machuca os negócios, em especial empresas de origem alemã, pois o Brasil ainda não conseguiu construir um acordo que evite a bitributação de serviços e intangíveis. Isso seria extremamente benéfico para as companhias brasileiras, notadamente, se for elaborado no formato dos chamados “Tratados de Ouro”, a exemplo de Finlândia, Espanha, Japão, França e Suécia. A bitributação encarece muito o custo dos produtos e afeta, consequentemente, a competitividade dos produtos brasileiros. Como exemplo, quando trazemos um técnico alemão, pagamos quase 40% de impostos.

O Brasil continua sendo o país do futuro. Temos capacidade ociosa da indústria, mão-de-obra ainda abundante e com custo não tão elevado, matéria-prima disponível e muita vontade do setor produtivo em embarcar em uma fase de crescimento acelerado. Mais um ano se encerra e continuamos sem enxergar o início desse futuro tão brilhante e sonhado.

Nosso questionamento é: será que 2024 vai ser o início dessa virada?

Sobre o Grupo Voith

O Grupo Voith é uma empresa de tecnologia com atuação global. Com seu amplo portfólio de sistemas, produtos, serviços e aplicações digitais, a Voith estabelece padrões nos mercados de energia, papel, matérias-primas, e transporte e automotivo. Fundada em 1867, a empresa atualmente tem cerca de 21.000 colaboradores, gera € 4,9 bilhões em vendas e opera filiais em mais de 60 países no mundo inteiro, o que a coloca entre as grandes empresas familiares da Europa.

A Divisão do Grupo Voith Paper integra o Grupo Voith. Como fornecedora completa para o setor papeleiro, oferece a mais ampla gama de tecnologias, serviços e produtos ao mercado, fornecendo aos fabricantes de papel soluções holísticas a partir de uma única fonte. O fluxo contínuo de inovações da empresa possibilita uma produção que conserva recursos e ajuda os clientes a minimizar sua pegada de carbono. Com os produtos de automação e as soluções de digitalização líderes de mercado do portfólio Papermaking 4.0, a Voith oferece aos seus clientes tecnologias digitais de ponta para aumentar a disponibilidade e eficiência de fábricas em todas as etapas do processo produtivo.

Antonio Lemos é presidente da Voith Paper na América do Sul.
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Suzano abre 40 vagas em cursos do Senai para qualificar mão de obra em Ribas do Rio Pardo (MS)

A Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, em parceria com a Prefeitura de Ribas do Rio Pardo (MS), abriu 40 novas vagas para cursos profissionalizantes no município, onde constrói sua nova fábrica, oferecidos por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Pessoas interessadas podem escolher entre os cursos de Mecânica Básica de Veículos a Diesel e de Mecânica Básica de Veículos Leves, com 20 vagas cada um.

As inscrições ficam abertas até o dia 2 de fevereiro ou até o preenchimento das vagas e devem ser feitas somente no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Central de Ribas do Rio Pardo, que fica na Rua José Coletto Garcia, n. 1430, das 8h às 11 horas e das 13h às 16 horas, de segunda a quinta-feira. Para participar, candidatos(as) devem ter idade mínima de 16 anos e o quinto ano completo (4ª série) do Ensino Fundamental.

“A promoção de cursos de formação profissional faz parte do compromisso da companhia de contribuir para o desenvolvimento social e a geração de trabalho e renda na região, cujo mercado de trabalho segue aquecido devido às obras de construção da nova fábrica da empresa na região. Na Suzano, temos um direcionador que diz que ‘só é bom para nós se for bom para o mundo’, e entendemos que, por meio dessas várias qualificações, estamos formando a mão de obra para atender a uma demanda crescente do setor de serviços local, fomentando assim o desenvolvimento socioeconômico da região”, destaca Maurício Miranda, Diretor de Engenharia da Suzano.

Os cursos de Mecânica Básica de Veículos a Diesel e de Mecânica Básica de Veículos Leves têm início marcado para dia 5 de fevereiro, com aulas ministradas no período noturno. As inscrições ficam abertas até o dia 2 de fevereiro e podem ser feitas por todas as pessoas interessadas, sem distinção de gênero, origem, etnia, deficiência ou orientação sexual. As capacitações estão vinculadas a uma das metas de longo prazo da empresa, que é a de reduzir as desigualdades sociais e retirar mais de 200 mil famílias da linha da pobreza em suas áreas de atuação até 2030.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores produtoras de papel da América Latina e referência no desenvolvimento de soluções sustentáveis e inovadoras de origem renovável. Os produtos da companhia, que fazem parte da vida de mais de 2 bilhões de pessoas e abastecem mais de 100 países, incluem celulose, papéis para imprimir e escrever, canudos e copos de papel, embalagens de papel, absorventes higiênicos e papel higiênico, entre outros. A Suzano é guiada pelo propósito de Renovar a vida a partir da árvore. A inovabilidade, a busca da sustentabilidade por meio da inovação, orienta o trabalho da companhia no enfrentamento dos desafios da sociedade. Com 99 anos de história, a empresa tem ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em: www.suzano.com.br

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Descobrimos a maior floresta do planeta, e não é a Amazônia!

Com uma área de cerca de 17 milhões de quilômetros quadrados, ela cobre 15% da superfície terrestre, superando os 6 milhões da Amazônia. Saiba mais;

Não é a Amazônia, nem mesmo a vasta floresta tropical da bacia do rio Congo, na África Central. A maior floresta da Terra é a taiga euro-asiática, conhecida como “floresta boreal”, uma gigantesca floresta de coníferas que desde a Escandinávia, passando pela Rússia europeia, irrompe na fronteira dos Montes Urais, para atravessar toda a Sibéria, até ao Oceano Pacífico.

Pelo seu tamanho, a taiga é a maior área florestal do nosso planeta, pois abrange não só a área da Eurásia, mas também o território canadense. Esta imensa floresta de coníferas tem uma função muito importante para o nosso planeta, pois ajuda a absorver carbono, produzindo oxigênio.

Quais suas dimensões?

Com base nesta descrição é fácil entender porque ela pode ser considerada a maior floresta do mundo. Com área aproximada de 17 milhões de quilômetros quadrados, cobre 15% da superfície terrestre terrestre, superando os 6 milhões do Amazonas. No entanto, esta medida é aproximada porque, ao cobrir uma porção tão grande do planeta, os próprios especialistas não costumam dar uma estimativa definitiva.

Naturalmente, dada a sua enorme extensão, a sua composição difere de uma área para outra. No extremo norte encontramos a tundra ártica, enquanto que avançando para o sul encontramos a porção de floresta formada por espécies definidas como caducifólias, ou seja, aquelas que perdem naturalmente suas folhas no outono.

É claro que, dado o seu enorme tamanho, a sua composição difere de uma área para outra.
O clima é seco e rígido, caracterizado por invernos rigorosos e verões curtos, e seu desenvolvimento ocorre em solos predominantemente úmidos. No seu interior, podemos encontrar zonas com elevado nível de umidade como pântanos, poças e turfeiras que congelam durante o inverno.

Fauna e flora da taiga

Ao contrário da crença popular, a taiga é caracterizada por uma considerável biodiversidade vegetal, com abetos siberianos e finlandeses, e pinheiros silvestres. Muitas endêmicas estão presentes em algumas áreas remotas do território siberiano. Esta é a parte da Eurásia.

Passando para a parte canadense, porém, encontramos ainda mais flora como o abeto negro, rochoso ou bálsamo, o lariço-americano ou do Alasca e até a bétula e o licopódio, além de alguns tipos de ericáceas e cornáceas.

A presença de vida selvagem é igualmente surpreendente, com uma longa lista de espécies como alces europeus, siberianos e do Alasca, diferentes tipos de veados, raposas, lobos e linces. Também encontramos espécies raras, como o famoso tigre siberiano, depois ursos, arminhos, mas também doninhas-fedorentas, castores e guaxinins.

As graves ameaças que a taiga enfrenta hoje

Se sempre estivemos atentos aos riscos e perigos para a floresta amazônica, os que dizem respeito à Taiga são os mesmos: o desmatamento excessivo, os incêndios e os efeitos das mudanças climáticas, com períodos quentes cada vez mais longos nos meses de verão que podem favorecer a eclosão de grandes incêndios florestais (muitas vezes provocados pelo homem).

Especialistas apontam esse problema principalmente na região da Sibéria, devido à demanda excessiva por madeira. Outro grande problema é, naturalmente, aquele que afeta o planeta como um todo: as mudanças climáticas são, sem dúvida, a emergência mais urgente e preocupante.

Secas e inundações afetam o delicado ecossistema da taiga todos os dias. Segundo os especialistas, os governos de todo o mundo devem tomar medidas para remediar o problema, caso contrário corremos o risco de comprometer a sobrevivência deste ‘pulmão verde’, permitindo que as áreas florestais diminuam em favor das pastagens.

Informações: tempo.com

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82% das espécies de árvores que só ocorrem na Mata Atlântica estão ameaçadas de extinção

Estudo liderado por pesquisadores da USP e publicado na Science avaliou categorias de risco de todas as espécies arbóreas da Mata Atlântica; 13 espécies exclusivas daquele bioma podem já ter sido extintas

A extinção de espécies é um dos impactos mais extremos que o ser humano tem sobre a natureza. Extinção é para sempre e, a cada espécie perdida, perdemos milhões de anos de uma história evolutiva única e a oportunidade de aprender com essa história. Assim, evitar a extinção de espécies é o maior desafio para combater a atual crise global de perda da biodiversidade, que tem impacto direto nas nossas vidas, incluindo questões ligadas ao risco de pandemias, bioeconomia, biomateriais, desenvolvimento de medicamentos e vários outros serviços ecossistêmicos. O primeiro passo para frear esse processo de extinção de espécies é saber onde estão e qual é o grau de ameaça de cada espécie, o que permite a construção das chamadas Listas Vermelhas de Espécies. Estas listas nos ajudam a tomar a decisão de quais são as espécies prioritárias para investir tempo e recursos de conservação da biodiversidade.

Um estudo publicado recentemente na revista Science apresentou a Lista Vermelha das quase 5.000 espécies de árvores que ocorrem na Mata Atlântica, uma das florestas mais biodiversas e ameaçadas do mundo. “O quadro geral é muito preocupante”, diz Renato Lima, professor da USP que liderou o estudo. “A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). Isso era esperado, pois a Mata Atlântica perdeu a maioria das suas florestas e, com elas, as suas árvores. Mesmo assim, ficamos assustados quando vimos que 82% das mais de 2.000 espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas”, completa Lima.

Muitas espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como o pau-brasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba, foram classificadas como espécies ameaçadas de extinção. Um total de 13 espécies endêmicas – espécies que ocorrem apenas na Mata Atlântica e em nenhum outro lugar do mundo – foram classificadas como possivelmente extintas, ou seja, podem ter desaparecido do planeta. Por outro lado, cinco espécies que antes eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo. O trabalho usou mais de 3 milhões de registros de herbários e de inventários florestais, além de informações detalhadas sobre a biologia, ecologia e usos das espécies de árvores, palmeiras e samambaiaçús.

A construção da lista de espécies ameaçadas da Mata Atlântica se baseou em diferentes critérios da IUCN. “E esse foi um outro aspecto importante do trabalho”, acrescenta Lima. “Se tivéssemos usado menos critérios da IUCN nas avaliações de risco de extinção das espécies, o que geralmente tem sido feito até então, nós teríamos detectado seis vezes menos espécies ameaçadas. Em especial, o uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, finaliza Lima.

Resultados do estudo para a proporção de espécies de árvores endêmicas da Mata Atlântica classificadas em cada categoria de ameaça da IUCN: LC= Menos preocupante (verde); NT= Quase ameaçada (verde-claro); VU= Vulnerável (amarelo); EN= Em perigo (laranja); CR= Criticamente em Perigo (vermelho). Créditos: R.A.F. Lima.

A maior parte das informações necessárias para avaliações usando muitos critérios da IUCN é difícil de obter ou estimar a partir de outras fontes de dados. Consequentemente, a maioria das avaliações de risco de extinção atualmente disponíveis na IUCN se baseia apenas na distribuição geográfica das espécies, o chamado critério B. Mas o declínio no número de árvores adultas causado pelo desmatamento (investigado pelo critério A) é a principal causa de ameaça das espécies, principalmente em hotspots globais de biodiversidade altamente alterados como a Mata Atlântica. Ou seja, utilizar vários critérios da IUCN para a construção de listas vermelhas pode evitar uma grave subestimação do grau de ameaça das espécies. Para estimar o declínio das populações, dados de inventários florestais ao longo de toda a Mata Atlântica foram reunidos em uma única base de dados (TreeCo), permitindo entender como o número de árvores foi reduzido pelo desmatamento ao longo do tempo.

Hans ter Steege (Naturalis Biodiversity Center, Holanda), coautor do trabalho, relembra que o estudo não se limitou à avaliação da ameaça de extinção apenas na Mata Atlântica. “Fizemos projeções sobre qual seria a magnitude do impacto da perda de florestas sobre as espécies de árvores em escala global.” Essas projeções incluíram os principais maciços de florestas tropicais do mundo. “As projeções indicam que entre 35-50% das espécies de árvores do planeta podem estar ameaçadas apenas devido ao desmatamento”, conclui Ter Steege. Além destas projeções, o estudo propõe um fluxo metodológico  e ferramentas para implementá-lo em larga escala, permitindo avaliar o grau de ameaça de milhares de espécies simultaneamente. “Isso também permite aplicar a mesma abordagem para outras regiões do mundo ou até outras formas de vida, como orquídeas ou bromélias, por exemplo”, lembra Gilles Dauby (IRD, França), também coautor do estudo.

Espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como o pau-brrasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba foram classificadas como ameaçadas de extinção. Na imagem, a araucária – Foto: Hans Ter Steege.

Segundo Marinez Siqueira e Eduardo Fernandez, do Centro Nacional de Conservação da Flora, órgão do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro responsável pela elaboração da Lista Vermelha Oficial da Flora do Brasil, a abordagem usada no estudo é robusta para avaliar o grau de ameaça das espécies, e será utilizada de forma sistematizada a partir de 2024 para avaliar as cerca de 12.000 espécies de plantas que ocorrem apenas no Brasil e que ainda não tiveram o seu grau de ameaça avaliado oficialmente. “Isso será um ganho em escala sem precedentes para avaliar a megadiversa flora do Brasil, em um período de tempo muito mais compatível com as necessidades urgentes de políticas públicas e planos de ação para protegê-las”, avaliam Marinez e Eduardo.

A abordagem inovadora proposta pelo estudo se propõe a avançar com a utilização de dados populacionais das espécies de árvores da Mata Atlântica, que muitas vezes acabaram sendo negligenciados durante o processo de avaliação de risco de extinção por não estarem prontamente disponíveis em repositórios digitais ou por se encontrarem pulverizados em diferentes  banco de dados. “Por fim, entender onde se situam as espécies ameaçadas e quais vetores estão promovendo a ampliação de seus riscos de extinção nos permitirá agir no sentido de reverter esse cenário”, finalizam. 

O cenário é muito preocupante, principalmente porque o estudo considerou apenas ameaças passadas (desmatamento) e não as ameaças futuras, como as mudanças climáticas, que podem acelerar os riscos de extinção de espécies. O que podemos fazer frente a esse cenário? Além da conservação das espécies em jardins botânicos e bancos de germoplasma, existem os chamados Planos de Ação Nacionais (PANs), instrumentos de promoção de políticas públicas direcionadas à conservação e à recuperação de espécies ameaçadas no Brasil, em especial àquelas em risco iminente de desaparecer.

Outra saída para buscar reverter as perdas de espécies de árvores na Mata Atlântica é a restauração florestal, como comenta André de Gasper, professor da FURB e coautor do estudo. “Projetos de restauração, em áreas abertas ou em fragmentos degradados, podem selecionar preferencialmente as espécies regionais mais ameaçadas da Mata Atlântica, visando estimular a produção de sementes e mudas destas espécies e a recuperação das suas populações de árvores na natureza.” Estamos em plena Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, o que favorece iniciativas regionais e a criação de políticas públicas capazes de usar a restauração para reverter esse triste cenário enfrentado pelas árvores da Mata Atlântica e dos demais hotspots globais de biodiversidade.

Link para o trabalho: https://doi.org/10.1126/science.abq5099

Informações: Jornal USP.

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CVM emite comunicado que não há providências a tomar sobre a venda da Eldorado Brasil à investidores internacionais

Recentemente o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) expediu ofícios para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e para a Junta Comercial do Estado de São Paulo comunicando sobre parecer técnico da entidade contra a transferência do controle da Eldorado Celulose para a companhia Paper Excellence, do indonésio Jackson Wijaya, por meio do veículo CA Investment. O instituto ainda tomará uma decisão sobre o caso, mas deu ciência às entidades do entendimento e orientou que a multinacional e o Grupo J&F dos irmãos Joesley e Wesley Batista, atual controlador, cheguem a um comum acordo para cancelar o processo de venda iniciado em 2017.

A Eldorado Brasil é uma das maiores produtoras de celulose do país, com uma unidade fabril em Três Lagoas (MS) e um terminal portuário no Porto de Santos, de onde exporta para 40 países. Foi fundada em 2010 pelo Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

A CVM respondeu ao ofício da Superintendência Regional do INCRA no Mato Grosso do Sul que, em 28 de dezembro, comunicou a autarquia “para ciência e providências cabíveis” de modo a evitar a formalização da transferência do controle acionário da fábrica de celulose Eldorado pela J&F.

Para a CVM, no entanto, não há providências a tomar uma vez que não é de sua competência autorizar ou não a alienação de controle de uma companhia aberta. “Cabe esclarecer que, com base na Lei n o 6.385/76, na Lei n o 6.404/76 (notadamente o artigo 254-A) e na regulamentação do mercado de valores mobiliários, a alienação de controle de companhia aberta não depende de autorização da CVM, cabendo a esta Autarquia o registro de eventual oferta pública de aquisição de valores mobiliários”, diz a CVM na resposta ao ofício do Incra sul-mato-grossense. E continua: “Especificamente com relação à Eldorado Brasil Celulose SA, considerando que não há outros acionistas além de CA Investment (Brazil) SA e J&F Investimentos SA, não seria aplicável a realização de oferta pública de aquisição de ações.”

A continuação do julgamento do mérito da decisão em segunda instância que confirmou a decisão arbitral a favor da Paper Excellence — determinando a transferência do controle da Eldorado pela J&F — está prevista para o dia 24 de janeiro. O seguimento do julgamento deve ser na quarta-feira da próxima semana.

A Paper já detém 49% das ações e negociou a compra da fatia de 51% da J&F em 2017, mas a empresa tenta anular a venda sob o argumento de que a Paper não obteve autorização do Congresso Nacional e do Incra para adquirir terras no Brasil.

Em fato relevante emitido aos investidores recentemente, a Eldorado diz que recebeu nota do Incra comunicando que como a autorização do Congresso não foi obtida, a “solução” seria “o desfazimento do negócio” – e que a Junta Comercial do Estado de São Paulo e a CVM deveriam ser comunicadas.

O que diz a lei sobre venda de terras a estrangeiros?

A tentativa de cancelamento da venda se baseia em leis que restringem a compra de territórios nacionais por estrangeiros. De acordo nota técnica emitida pelo Incra em 21 de dezembro de 2023, o contrato de compra e venda celebrado entre a J&F e a CA Investment, subsidiária da Paper Excellence, demandava prévia autorização do Congresso Nacional e do próprio instituto em razão de a Eldorado ser proprietária e arrendatária de imóveis que seriam transferidos à empresa estrangeira.

A legislação exige autorização do Congresso em certos casos, como para aquisição ou arrendamento de áreas acima de 100 módulos de exploração indefinida por pessoas jurídicas estrangeiras requerem autorização prévia do Legislativo. As propriedades da Eldorado, que têm 14.464 hectares de terras, excedem esses limites.

Empresa deve expandir sua produção nos próximos anos

Independentemente do desfecho da disputa de acionistas entre a holding J&F e a indonésia Paper Excellence em torno de seu controle, a Eldorado Brasil continua se preparando para ampliar a produção. No mercado em que atua, o de celulose de fibra curta, a demanda global está firme, sobretudo na Ásia e na América do Norte, a queda de preços arrefeceu e as perspectivas de longo prazo são positivas. Não seria estranho que aportes para a expansão da fábrica da empresa em Três Lagoas (MS), que está perto do limite, fossem anunciados, mas o imbróglio que se arrasta há cinco anos trava qualquer passo nessa direção.

Informações: CompreRural.

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