PÁGINA BLOG
Featured Image

As ‘florestas verticais’ que estão transformando cidades

Em 2007, o arquiteto italiano Stefano Boeri presenciou a frenética construção de uma cidade no deserto de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O local era dominado por arranha-céus cobertos de vidro, cerâmica e metal, desperdiçando energia.

Estes materiais “refletiam a luz solar, gerando calor no ar e, principalmente, no solo urbano, onde andam os pedestres”, conta ele à BBC.

A 4,8 mil km de distância, Boeri havia recém começado a trabalhar no seu novo projeto de dois edifícios muito altos, em uma área degradada no norte de Milão, na Itália.

“De repente, me ocorreu criar duas torres biológicas… cobertas não com vidro, mas com folhas”, relembra ele.

Seu projeto convidaria a fauna e a flora a ocupar aquele deserto industrial e resfriar o ar interno e externo. Surgia um novo e radical protótipo arquitetônico, que “integra a natureza viva como parte constituinte do projeto“, segundo ele.

O surpreendente resultado foi a primeira “floresta vertical” do mundo.

O complexo Bosco Verticale de Milão, na Itália, com suas sacadas repletas de árvores
Inaugurado há 10 anos, o complexo Bosco Verticale de Milão, na Itália, foi a primeira floresta vertical do mundo

O projeto completou 10 anos e ganhou inúmeros prêmios.

Suas plantas mantidas por “jardineiros voadores” dominaram a lateral dos edifícios. Elas resfriam a temperatura em até 3ºC, já que a folhagem libera vapor d’água e filtra a luz solar.

Para comemorar o aniversário, o escritório Stefano Boeri Architetti publicou um novo livro, chamado Bosco Verticale: Morphology of a Vertical Forest (“Bosco Verticale: morfologia de uma floresta vertical”, em tradução livre).

A obra inclui ensaios de especialistas examinando a intersecção entre a natureza e a arquitetura, além das imagens do fotógrafo arquitetônico Iwan Baan.

O livro acompanha a evolução do projeto e os princípios a ele incorporados.

Para a editora Rizzoli, responsável pela publicação, a obra “celebra um trabalho arquitetônico que se tornou símbolo de uma sensibilidade coletiva renovada em relação aos cuidados com o meio ambiente e o mundo vegetal”.

Moradia para pessoas e pássaros

Revertendo a hierarquia arquitetônica habitual, o livro descreve a floresta vertical como “um lar para árvores e aves, que também abriga seres humanos”.

A obra se baseia em textos e filosofias que a influenciaram, como o livro The Secret Life of Trees (“A vida secreta das árvores”, em tradução livre), de 2006.

Escrito pelo biólogo britânico Colin Tudge, o texto explica o papel fundamental desempenhado pelas árvores nas nossas vidas, sequestrando carbono, produzindo glicose e oferecendo sombra.

Bosco Verticale também menciona a etologista britânica Jane Goodall. Ela alerta que, à medida que a população humana aumenta, “é extremamente importante que este crescimento seja acompanhado por novos incentivos para trazer o mundo natural para as cidades já existentes e para o planejamento de novos municípios”.

Vista aérea da Floresta Vertical de Nanjing, na China, com suas sacadas intercaladas e inúmeras árvores em todos os andares
A Floresta Vertical de Nanjing, na China, adotou os princípios do Bosco Verticale de Milão

Desde a inauguração da Floresta Vertical de Milão, uma onda verde de construções ricas em plantas começou a reintroduzir a natureza nas nossas cidades – de Dubai (EAU) até Denver, nos Estados Unidos; e de Antuérpia, na Bélgica, até Arlington, no Estado americano da Virgínia.

E a primeira floresta vertical da África está programada para ser inaugurada no Cairo (Egito), ainda este ano.

Em resposta aos críticos que duvidavam da viabilidade econômica do conceito, foi inaugurada em 2021 a Floresta Vertical Trudo em Eindhoven, na Holanda – um projeto de moradias sociais com aluguel máximo orçado em 600 euros (cerca de R$ 3.830) por mês.

Senso de conexão

Em Montpellier, no sul da França, um terço dos Jardins Secretos será reservado para moradias acessíveis.

Trata-se de uma empreitada comercial reflorestada, com projeto da Vincent Callebaut Architectures, sediada na capital francesa, Paris. A inauguração deve ocorrer ainda este ano.

Integrando práticas como telhados verdes e reciclagem de água, os Jardins Secretos também “combatem a crise climática restaurando a conexão entre o ser humano e a natureza”, conta Vincent Callebaut à BBC.

“Transformando os moradores em jardineiros urbanos e as fachadas em sifões de carbono, esta construção demonstra que a ecologia não é uma restrição, mas uma filosofia de estilo de vida”, explica ele.

Vista aérea do edifício Tao Zhu Yin Yuan em Taipei (Taiwan)
O edifício Tao Zhu Yin Yuan em Taipei (Taiwan), com 21 andares, foi inaugurado em 2024

O poder que estas extraordinárias estruturas têm de alterar a vida e o sentimento das pessoas é fundamental para o seu projeto.

Um dos planos mais recentes da Vincent Callebaut Architectures é a Árvore do Arco-Íris, em Cebu, nas Filipinas. O projeto é inspirado nas cores psicodélicas da casca do eucalipto-arco-íris, nativo da região.

A “árvore” exige a colaboração dos moradores de cada um dos seus 300 apartamentos, para manter sua flora exuberante. Tudo isso, aliado às estufas compartilhadas e colmeias urbanas, ajuda a “incentivar os laços sociais”, segundo Callebaut, criando um senso de comunidade e conexão.

Esta noção de que os projetos biofílicos (baseados na conexão inata entre os seres humanos e a natureza) podem afetar positivamente o nosso bem-estar é confirmada por recentes pesquisas.

Um estudo realizado pela Universidade de Wageningen, na Holanda, concluiu que as plantas em um ambiente de trabalho não só o tornam mais atraente, mas também aumentam a satisfação dos funcionários.

Os profissionais também observaram que as plantas melhoram a qualidade do ar e que eles relatam menos problemas de saúde.

No País de Gales, um estudo que durou 10 anos observou a incidência de ansiedade e depressão em 2,3 milhões de registros médicos.

O estudo associou o maior índice de verde na vizinhança a 40% menos ansiedade e depressão do que entre as pessoas que moravam nas áreas com menos vegetação.

As pessoas das áreas mais pobres apresentaram maiores benefícios e o acesso a espaços verdes e água reduziu o risco de ansiedade e depressão em 10%, contra 6% nas áreas mais ricas.

Detalhe das varandas do edifício Tao Zhu Yin Yuan, em Taiwan, vistas de cima
O Tao Zhu Yin Yuan, em Taiwan, possui varandas giratórias, que otimizam o uso da luz solar

Por isso, não é surpresa que novos hospitais estejam adotando os conceitos biofílicos.

O Hospiwood 21 em La Louvière, na Bélgica, é outro projeto de Callebaut.

A construção, segundo o arquiteto, “incorpora florestas verticais terapêuticas, usando plantas para reduzir o estresse do paciente e promover a recuperação”. Ela inclui um interior biofílico relaxante, repleto de plantas em cascata.

Na Itália, o novo Hospital Policlínico de Milão, projetado por Stefano Boeri, incluirá um telhado verde com mais de 7 mil metros quadrados.

Para Boeri, a biofilia faz parte do remodelamento das instalações de saúde.

Ela “abre uma nova perspectiva sobre a reabilitação, indo além do conceito tradicional de construção destinada ao simples cuidado dos pacientes a longo prazo, passando a ser um verdadeiro espaço de interação e bem-estar, em contato próximo com a natureza”.

De fato, os ramos verdes do projeto biofílico estão se espalhando por uma imensa variedade de construções.

O Aeroporto Jewel Changi, em Cingapura, é um complexo de lazer e varejo com 10 andares.

Aberto para passageiros e visitantes desde 2019, ele abriga verdejantes florestas internas que incluem 1,4 mil árvores, além da cascata interna mais alta do mundo, com 40 metros.

Na capital holandesa, Amsterdã, o interior de bambu sustentável do Hotel Jakarta, fundado em 2018, inclui um jardim tropical no seu átrio central.

Regado pela água da chuva que vem do telhado, ele avança rapidamente em direção ao seu teto de 30 metros de altura.

A uma hora de distância, em Roterdã, também na Holanda, um telhado verde, quase 40 metros acima do nível do solo, coroa o The Depot, um armazém acessível ao público que abriga a vasta coleção de arte do Museu Boijmans van Beuningen, na forma de um caldeirão gigante espelhado.

Além de levantar o nosso ânimo, as florestas em arranha-céus podem desempenhar papel importante no combate às mudanças climáticas.

O edifício Tao Zhu Yin Yuan, em Taipei (Taiwan), é outro projeto de Vincent Callebaut – uma torre de 21 andares em formato de hélice dupla de DNA, inaugurada em 2024.

Suas 23 mil plantas absorvem cerca de 130 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. E seu efeito de resfriamento da fachada reduz a necessidade de ar-condicionado em 30%.

O edifício possui sacadas giratórias para maximizar a exposição à luz solar e suas chaminés de ventilação centrais refletem o interesse de Callebaut pelo biomimetismo, a emulação dos sistemas da natureza para fornecer soluções para os problemas humanos.

As chaminés funcionam como pulmões. Elas retiram o ar na sua base e o purificam, para expelir no topo.

Detalhe do complexo Bosco Verticale, a primeira floresta vertical do mundo, em Milão (Itália)
O Bosco Verticale mantém o ambiente dos seus moradores refrigerado e serve de moradia para os pássaros, além dos seres humanos

Muito mais altas do que largas, as florestas verticais também minimizam a vedação do solo, liberando espaço para a natureza e reduzindo o risco de enchentes.

“Meus projetos incorporam a visão de que as cidades não são mais problemas para o clima, mas sim soluções vivas”, afirma Callebaut.

Longe de ser “um obstáculo ou complemento ornamental”, a natureza é o princípio orientador do projeto.

Os edifícios, agora, servem de “árvores habitadas”, segundo ele, “que absorvem dióxido de carbono, produzem energia e abrigam biodiversidade”.

Os edifícios biofílicos ajudam a combater duas graves crises dos nossos tempos – o aquecimento global e o declínio da saúde mental – e já são considerados parte de cidades totalmente reflorestadas.

Em Liuzhou, na província chinesa de Guangxi (uma das regiões mais atingidas pelo smog — nevoeiro contaminado por fumaça — do mundo), a Cidade da Floresta é um projeto futurista de Stefano Boeri.

Ela irá abrigar cerca de 30 mil moradores e gerar toda a sua energia. O projeto foi aprovado e aguarda construção.

Já a Cidade da Floresta Inteligente de Cancún, no México, pretende proibir veículos movidos a combustão. Ela é outro projeto do mesmo arquiteto, que aguarda licença para iniciar a construção.

De volta a Milão, o edifício que começou tudo, com seus painéis solares no telhado, sem dúvida é como uma árvore, que recebe a energia solar e retira a água do solo.

“A natureza não é algo que existe em um passado imemorial”, segundo o escritor e filósofo Emanuele Coccia, no livro. “Ela é e sempre será o nosso futuro tecnológico.”

Para Boeri, as florestas verticais gêmeas criadas por ele em Milão não são apenas edifícios, mas “um manifesto político” com “uma mensagem simples e popular: a natureza viva precisa voltar a habitar os espaços concebidos para os seres humanos. Nem mais, nem menos.”

O livro Bosco Verticale: Morphology of a Vertical Forest foi editado pela Stefano Boeri Architetti e publicado pela editora Rizzoli.


Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

Featured Image

Águia Florestal lança nova linha de produtos

O Grupo aRede está promovendo o “Painel Digital”, uma série de entrevistas que fazem parte do projeto do Livro Anuário Caminhos dos Campos Gerais. Neste ano, o tema central é “Grandes Empresas que Geram Riquezas”.

Uma das entrevistas destaque é com Álvaro Scheffer, presidente da Águia Florestal. Durante a conversa, Scheffer compartilha a trajetória da empresa, que atua no setor florestal e exporta seus produtos para diversos mercados internacionais. Ele ressaltou a importância do investimento no parque industrial da empresa, que agora está focado na produção de um novo material chamado CLT. Esse produto é uma alternativa sustentável para a construção de casas de madeira.

Álvaro também discute as projeções futuras da Águia Florestal, mostrando otimismo em relação ao crescimento da empresa e sua contribuição para a geração de riqueza na região. Essa iniciativa é parte de um movimento mais amplo que valoriza empresas que desempenham um papel significativo na economia local.

A entrevista traz informações importantes sobre a evolução do setor e o impacto positivo que inovações e investimentos podem ter no desenvolvimento econômico e sustentável da comunidade. Confira abaixo:

Featured Image

Congresso Internacional de Incêndios Florestais reforça compromisso global com a preservação

Encerrado nesta última quarta-feira (18/06), o Congresso Internacional de Gestão de Incêndios Florestais promovido pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) teve início na segunda-feira (16), promovendo três dias de intensos debates, palestras e capacitações voltados à prevenção e combate aos incêndios florestais.

O evento reuniu especialistas nacionais e internacionais em Cuiabá, consolidando-se como um espaço fundamental para o compartilhamento de estratégias de manejo do fogo, inovação tecnológica e articulação entre instituições. A programação reforçou a urgência de ações coordenadas, principalmente diante dos desafios impostos pela estiagem.

Nesta quarta-feira, o congresso contou com a presença de importantes nomes do cenário internacional, como Alfredo Nolasco Morales, coordenador para a América Latina do Centro Interagências Canadense de Incêndios Florestais (CIFFC), e César Alberto Robles Gutiérrez, da Comissão Florestal Nacional do México, que abordaram as práticas adotadas em seus países no enfrentamento aos incêndios de grandes proporções.

Também palestraram Ramon Santos, responsável pelo Plano Estratégico de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais da Arauco 2025 (Chile); Moisès Galán Santano, chefe de Coordenação Central na Catalunha (Espanha); Jordi Vendrell, da Fundação Pau Costa; Rodrigo Jorquera, gerente de proteção contra incêndios florestais da CONAF (Chile); e o Major Philippe Sallenave, representante da Defesa Civil da França e referência na doutrina europeia de combate aos incêndios.

A programação foi complementada por minicursos técnicos, entre eles o curso “Comportamento Extremo do Fogo e Segurança Pessoal”, ministrado pelo professor Dr. Domingos Xavier Viegas, da Universidade de Coimbra (ADAI), e o curso de “Estratégias e Táticas de Combate Aéreo em Incêndios Florestais”, com Átila Machado de Oliveira, da FIRE.

Durante o encerramento do congresso, o comandante-geral do CBMMT, coronel BM Flávio Glêdson Vieira Bezerra, destacou a evolução do trabalho em incêndios florestais nos últimos anos e a importância de promover uma abordagem estruturada e integrada sobre o tema.

“Eu me lembro que há oito anos conversávamos sobre incêndios florestais, que aqui no estado olhávamos o incêndio florestal de forma sistemática e não apenas pontual. Fizemos proposituras e definimos eixos importantes a serem fortalecidos para termos uma resposta mais adequada. Lembro de falarmos que era necessário estruturar os bombeiros militares do país, brigadas, normativas. E, olhando para este evento hoje, vejo que o que ele trouxe foi exatamente o que gostaríamos: trazer todas as temáticas de forma sistemática, com palestras científicas, pesquisadores, novas tecnologias para aplicar no cenário operativo e troca de experiências.”

Na oportunidade o comandante reafirmou o impacto positivo do congresso.

“Esse evento mostrou que é preciso. Nós esperamos que os senhores saiam com conhecimento, troca de experiências e conexões. Que esse evento possa mudar a sua empresa, o seu setor e o seu país. Que a nossa experiência mostre para os países de vocês como o Brasil e o estado de Mato Grosso estão comprometidos com a preservação ambiental e com a temática dos incêndios florestais. Carreguem com os senhores que o nosso país tem pessoas engajadas e comprometidas com a causa.”

Patrocínio

O Forest Fire – Congresso Internacional de Gestão de Incêndios Florestais conta com o patrocínio da empresa multinacional Forest Fire, da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), da Aero Agrícola Rondon, do Fórum Agro e da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), da empresa Vallfirest (VTF), da MSA Safety Incorporated – Produtos de Segurança Sofisticados (MSA), e da Cervejaria Louvada.

Informações: Gov/MT.

Featured Image

Veracel é novamente reconhecida como uma das melhores empresas para trabalhar na Bahia pelo GPTW

A Veracel Celulose reafirma sua posição de destaque no mercado baiano ao ser reconhecida novamente como uma das melhores empresas para trabalhar na Bahia, segundo o ranking 2025 da consultoria Great Place to Work (GPTW). A empresa conquistou a 4ª. colocação no ranking estadual de empresas de médio porte, consolidando sua trajetória de excelência no ambiente de trabalho. O anúncio foi realizado na manhã desta terça-feira (17), em Salvador.

Este reconhecimento se soma à certificação GPTW que a Veracel mantém pelo sétimo ano consecutivo, fruto da alta adesão e avaliação positiva dos colaboradores na pesquisa de clima organizacional realizada em 2024. A certificação estadual reforça o compromisso da companhia com a construção de um ambiente justo, inclusivo e que valoriza o bem-estar de seus times.

Além do destaque regional, a Veracel também integra o ranking nacional da GPTW como uma das cinquenta Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil na categoria Agronegócio, refletindo sua relevância no cenário corporativo nacional.

“A renovação da certificação GPTW e o reconhecimento no ranking da Bahia são a confirmação do nosso compromisso contínuo com as pessoas que fazem a Veracel. Estamos orgulhosos de proporcionar um ambiente onde todos têm voz, oportunidades e respeito”, destaca Marcos Rogerio Souza Gomes, Coordenador de Apoio, Cuidado e Infraestrutura da companhia.

Sobre a Veracel

A Veracel Celulose é uma empresa de bioeconomia brasileira que integra operações florestais, industriais e de logística, que resultam em uma produção anual média de 1,1 milhão de toneladas de celulose, gerando mais de 3,2 mil empregos próprios e de terceiros, na região da Costa do Descobrimento, sul da Bahia e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Além da geração de empregos, renda e tributos, a Veracel é protagonista em iniciativas socioambientais no território. A consultoria Great Place to Work (GPTW) validou a Veracel como uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil pelo 6º ano consecutivo.

Além dos mais de 100 mil hectares de área protegida ambientalmente, é guardiã da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural de Mata Atlântica do Nordeste brasileiro.

Featured Image

MIDR inicia cooperação para fazer projetos com créditos de carbono

Capacitação técnica apoiará projetos voltados à conservação ambiental, reflorestamento e uso de biodigestores, com foco no mercado de carbono e no desenvolvimento regional sustentável

Brasília (DF) – O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Secretaria Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros (SNFI), vai começar uma cooperação técnica para que os empreendimentos beneficiários dos Fundos Regionais possam desenvolver projetos geradores de crédito de carbono. A ideia é identificar e apoiar oportunidades de investimento em projetos relacionados à conservação de florestas, reflorestamento, instalação de biodigestores e práticas agrícolas que promovem o sequestro de carbono.

As atividades referentes à cooperação, como trocas de conhecimento, boas práticas e experiências, acontecerão em parceria com o Banco do Brasil (BB), conforme estabelecido na assinatura de um protocolo de intenções entre o MIDR e a instituição financeira nesta quarta-feira (18).

O protocolo tem como objetivo articular institucionalmente ações e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional sustentável. A iniciativa busca reduzir as desigualdades regionais, melhorar a qualidade de vida da população e promover práticas sustentáveis. Essa articulação ganha ainda mais relevância no atual contexto de retomada do setor industrial brasileiro, que registrou crescimento de 3,1% no ano passado.

O Secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros, Eduardo Tavares, ressaltou que a colaboração com o BB permitirá estudar soluções inovadoras, em especial no mercado de carbono, com impactos positivos para o meio ambiente e a economia local.

“Agendas como essa são transformadoras. Fazer um laboratório com o Banco do Brasil, aprofundar conhecimentos, testar possibilidades com um parceiro que já estrutura operações reais de créditos de carbono, apoiando várias cadeias produtivas, é o que precisamos”, afirmou.

A parceria entre o MIDR e o BB prevê a prospecção de projetos inseridos no escopo dos Fundos de Desenvolvimento Regional e do Fundo Constitucional de Investimento do Centro-Oeste (FCO). Do lado do Banco do Brasil, a parceria reforça a busca por fontes de receita alternativas, por mais regulação e governança no mercado de carbono no país.

“Os créditos de carbono podem ser uma fonte de receita relevante para o Brasil à medida que a nova regulamentação permite gerar créditos em áreas de preservação, reflorestamento e reservas indígenas. Sabemos que há muito interesse nesse sentido”, declarou José Ricardo Sasseron, Vice-Presidente de Negócios, Governo e Sustentabilidade Empresarial do BB.

Sem excluir outras temáticas que podem ser acordadas futuramente, o protocolo de intenções prevê que sejam analisados os seguintes tipos de crédito de carbono:

  • REDD+ (conservação florestal): Projetos em áreas de floresta no bioma amazônico e cerrado, incluindo reserva legal e/ou excedente de vegetação nativa preservados;
  • ALM (carbono no solo): Projetos que financiam a implantação de práticas de plantio direto, recuperação de pastagens, implantação de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), SAFs (Sistemas Agroflorestais), entre outras práticas de melhoria do solo;
  • Biogás: Projetos que financiam a implantação de biodigestores em granjas de suínos ou bovinos confinados;
  • ARR (reflorestamento): Projetos que possuem déficit de reserva legal ou áreas de proteção permanente em suas propriedades.

A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) também estava representada na reunião, com a presença do Expert Financeiro Alejandro Barreneche. A AFD é outra importante parceira da SNFI, participando da estratégia de captação de recursos para os Fundos de Desenvolvimento.

“AFD, como banco de desenvolvimento, tem muitas propostas de metodologias de acompanhamento dos impactos socioambientais, da medida da pegada de carbono. Então, para nós, faz sentido ver como esses dois parceiros estão juntando forças para continuar no mesmo caminho e promover um setor que está se formalizando no Brasil, que é o mercado de carbono”, concluiu.

Desenvolvimento Sustentável

Para regulamentar o mercado de carbono no país, foi instituído em 2024 o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Por convenção, um crédito de carbono corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono não emitida ou removida da atmosfera. Esses créditos são negociados entre empresas e países para compensar suas emissões e cumprir metas de redução de gases do efeito estufa.

Ao impulsionar projetos de crédito de carbono e o desenvolvimento regional sustentável, o MIDR colabora com as medidas de adaptação às mudanças climáticas, e contribui para as discussões na COP 30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O encontro global ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA), reunindo líderes mundiais, representantes de governos, ciência e sociedade civil para debater soluções climáticas — e marcará a primeira vez que a conferência será realizada na Amazônia.

Featured Image

Veracel: produtividade, respeito a natureza e desenvolvimento regional como aliados de negócio

No sul da Bahia, em uma região onde a Mata Atlântica ainda resiste com toda sua diversidade, uma empresa brasileira mostra que desenvolvimento econômico e proteção ambiental não só podem caminhar juntos — como devem. A Veracel Celulose, prestes a completar 34 anos de operação e com duas décadas completas de operação fabril possui um modelo de inovação sustentável que une tecnologia, conservação, geração de emprego e desenvolvimento social em um contexto econômico de mercado desafiador para a celulose – com pressão internacional, mudanças climáticas, exigências legais e sociais. A experiência da Veracel mostra que é possível crescer com ética, tecnologia e cuidado real com o planeta e as pessoas.

A responsabilidade ambiental começa antes mesmo da floresta ser plantada. No viveiro de mudas da Veracel, tecnologia e ciência se unem para produzir árvores mais fortes e adaptadas ao clima da região. Com técnicas de clonagem e melhoramento genético, a empresa busca maior produtividade com menos impacto e acompanha de perto as variações climáticas e adaptabilidade das mudas de eucalipto que se tornarão as florestas, e a matéria-prima, da empresa.

Um exemplo claro deste trabalho foi a redução de 80% no uso de defensivos agrícolas nos viveiros devido à adoção de controle biológico, com fungos e insetos, que substitui produtos químicos por soluções naturais. Isso protege a saúde do solo, dos trabalhadores e dos ecossistemas ao redor.

Além disso, dos cerca de 200 mil hectares de área da Veracel, metade é dedicada à conservação ambiental, em um modelo de 1 hectare de mata nativa para cada hectare de eucalipto plantado.

Outra frente importante é o modelo de mosaico florestal adotado pela empresa que alterna áreas plantadas com eucalipto e áreas de vegetação nativa preservada. Os platôs são destinados ao plantio, enquanto os vales mantêm a vegetação original. O resultado é um modelo de base florestal eficiente, que protege rios e nascentes e mantem corredores naturais para a fauna e flora, algo que, consequentemente, fortalece o controle biológico de pragas, e diminui o uso de defensivos agrícolas.

A empresa também promove a restauração florestal ativa, com o plantio de cerca de 400 hectares por ano com espécies nativas da Mata Atlântica. Isso reforça a resiliência dos ecossistemas e contribui para a recuperação de uma das florestas mais ameaçadas do planeta.

Recentemente, a companhia anunciou uma parceria inédita com a Biomas, uma empresa de restauração ecológica em larga escala, para a restauração de 1,2 mil hectares de Mata Atlântica em áreas da Veracel. O modelo de negócio prevê que a restauração seja financiada pelos créditos de carbono que serão gerados na área recuperada, uma iniciativa inovadora para uma empresa de base florestal.

“Essa parceria com a Biomas reforça o compromisso da Veracel com a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável no território onde atuamos. Mais do que uma ação compartilhada, estamos aportando um histórico consolidado que nos posiciona como referência em iniciativas de regeneração ecológica e proteção da biodiversidade da Mata Atlântica no Sul da Bahia. Ao destinar áreas próprias para restauração com espécies nativas, reafirmamos nosso papel como protagonistas na promoção de soluções baseadas na natureza e na preservação de ecossistemas de alta relevância ambiental”, afirma Caio Zanardo, diretor-presidente da Veracel.

A companhia também é responsável pela gestão e proteção da maior reserva privada de Mata Atlântica do Nordeste, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel. São mais de 6 mil hectares protegidos, habitat de espécies raras e ameaçadas de extinção. Além disso, a Veracel protege outras Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVCs), monitoradas constantemente para garantir a integridade da flora e da fauna locais. 

A Estação Veracel também é uma sala de aula viva. Escolas da região participam de visitas e programas de educação ambiental que ensinam, de forma prática, sobre conservação, uso consciente da água, reciclagem e respeito à natureza. Além disso, centros de pesquisa e universidades internacionais fazem estudos em parceria com a reserva.

Outra frente que coloca a sustentabilidade como aliada de negócio são os processos industriais da empresa. A empresa consome cerca de 20 m³ de água por tonelada de celulose, um dos menores índices do setor no mundo. Mais de 99% dos resíduos industriais são reaproveitados, com parte deles transformada em fertilizante para a agricultura familiar e para as próprias florestas da empresa.

A fábrica da Veracel também é autossuficiente em energia desde 2005, utilizando resíduos provenientes da própria produção de celulose para gerar energia limpa. A empresa ainda possui a tecnologia para transformar produtos que existem em abundância no Sul da Bahia e seriam descartados em aterros, como o caroço de açaí e o bagaço de cana-de-açúcar em biomassa alternativa para gerar energia e, consequentemente, negócios para produtores locais. 

No quesito energia limpa, a empresa foi além: em 2023, implantou cinco usinas solares em suas áreas além da fábrica, que geram 1,2 MWp, energia suficiente para abastecer 300 famílias e evitar a emissão de mais de 230 toneladas de CO₂ por ano.

O transporte da celulose também segue o caminho da sustentabilidade. A Veracel utiliza o Terminal Marítimo de Belmonte, escoando a produção por via marítima com barcaças. Cada viagem evita cerca de 384 viagens de caminhão, reduzindo as emissões de CO₂ em mais de 116 toneladas por embarque. E tudo isso com tecnologia de monitoramento 24 horas e programas de proteção à fauna marinha, como botos e tartarugas.

A Veracel também acredita que nenhuma floresta se sustenta sozinha – e nenhuma empresa também. Por isso, investe mais de R$ 10 milhões por ano em projetos sociais que apoiam a agricultura familiar, a pesca artesanal, o empreendedorismo feminino e a valorização de culturas indígenas.

Somente 2024, mais de 1.600 famílias foram beneficiadas, incluindo 34 aldeias indígenas. O apoio vai desde cursos de capacitação e doação de equipamentos até ações estruturantes que geram renda e autonomia. Tudo isso construído com diálogo contínuo e escuta ativa, fortalecendo a licença social para operar da empresa.

Por fim, a Veracel preza pela transparência e lançou recentemente seu Relatório de Sustentabilidade referente ao ano de 2024 em que estes e outros dados podem ser consultados.

Na Veracel, cada muda plantada carrega um propósito. Cada tonelada de celulose exportada leva junto uma história de respeito ao meio ambiente e às comunidades. E cada inovação aplicada reforça o compromisso com um futuro em que produzir mais e melhor significa também proteger e incluir.

Featured Image

O que a seringueira produz? Conheça mais sobre a árvore amazônica

Na natureza, a seringueira produz látex como mecanismo de defesa contra ferimentos, insetos e microrganismos

seringueira, conhecida cientificamente como Hevea brasiliensis, é uma árvore típica da região amazônica e tem um papel fundamental na produção de borracha natural. O que pouca gente sabe é que o látex tem uma função importante na natureza, e sua produção depende de diversos fatores.

Onde tem seringueira no Brasil?

A seringueira é uma árvore nativa da floresta amazônica, ocorrendo naturalmente em estados como Acre, Amazonas, Rondônia e Pará. Em entrevista à Globo Rural, Paulo explica que a árvore pode atingir até 45 metros de altura e apresentar tronco de até 90 centímetros de diâmetro, geralmente com a base mais larga. A casca é fina, dura e quebradiça, e o látex — branco ou creme — é abundante.

Já as folhas são compostas por três folíolos, com pequenas glândulas visíveis na ponta do pecíolo. Já os frutos, do tipo tricoca, se abrem com força, lançando as sementes pela mata.

Desde que o gênero Hevea foi descrito pela primeira vez pelo naturalista Fusée Aublet, em 1775, muitos pesquisadores vêm se dedicando a compreender melhor essas árvores típicas da Amazônia. Atualmente, esse trabalho continua por meio de pesquisas voltadas à origem e à classificação das espécies, conduzidas pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução do Museu Paraense Emílio Goeldi, em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV). O projeto é coordenado pelo Dr. Santelmo Vasconcelos e conta com a participação do pesquisador Paulo Souza.

O que é o látex da seringueira e por que ele é produzido

De acordo com o pesquisador, o látex é produzido por estruturas internas chamadas laticíferos e atua como uma forma de defesa da planta contra ferimentos e microrganismos.

Segundo Souza, o látex é uma emulsão complexa formada por óleos, resinas, ceras, borracha e outros metabólitos secundários da planta, como mucilagem, carboidratos, ácidos orgânicos, íons minerais, enzimas e alcaloides. Essa substância é liberada quando a árvore sofre algum tipo de injúria — como cortes, mordidas de insetos ou queda de folhas — funcionando como um mecanismo de proteção contra agressões externas.

Qual o lucro de 1 hectare de seringueira?

O lucro por hectare de seringueira no Brasil varia conforme a região, práticas de manejo e condições de mercado. Em São Paulo, por exemplo, o Instituto Agronômico (IAC) desenvolveu clones de seringueira que permitem a produção de látex em menor tempo, com produtividade superior a 2.000 kg por hectare, o que representa um aumento de 40% em relação ao clone mais utilizado anteriormente, o RRIM 600.

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) estima que, com manejo adequado, a rentabilidade anual por hectare de seringueira pode variar de R$ 5.500 a R$ 7.000. Esses valores são influenciados por fatores como custo de implantação, que pode chegar a R$ 17.483,29 por hectare no primeiro ano, e o preço médio do coágulo de borracha, que foi de R$ 2,94/kg na safra de 2016/17.

Quanto tempo vive uma seringueira?

Paulo explica que a extração do látex só é indicada a partir do quinto ano e meio ou sexto ano de vida da planta, quando o tronco atinge uma espessura adequada para a sangria sem comprometer o crescimento. A partir dessa fase, uma seringueira pode continuar sendo produtiva por até 30 anos, dependendo das condições de manejo. “Esse é o tempo médio de vida útil em cultivos comerciais. Após isso, muitas vezes a árvore é destinada ao aproveitamento da madeira”, explica.

Pode comer seringueira?

Embora o látex não seja comestível — por conter substâncias de defesa que podem ser tóxicas ao organismo humano —, algumas partes da árvore têm usos alimentares em contextos específicos. As sementes da seringueira são consumidas por animais como cutias, tartarugas e tracajás, e também por algumas comunidades indígenas, que as cozinham antes do consumo.

Preservação seringueira

O gênero Hevea inclui cerca de 11 espécies, mas é a Hevea brasiliensis que domina os cultivos comerciais. Paulo Souza ressalta, no entanto, que a introdução de novas cultivares em áreas de floresta pode gerar cruzamentos com espécies nativas e ameaçar a diversidade genética do grupo. “Esses híbridos podem comprometer a adaptação das plantas às condições ambientais da Amazônia, por isso é fundamental manter a conservação das populações naturais”, alerta.

A seringueira, conhecida cientificamente como Hevea brasiliensis, é uma árvore típica da região amazônica e tem um papel fundamental na produção de borracha natural. O que pouca gente sabe é que o látex tem uma função importante na natureza — e que a árvore oferece muito mais do que borracha. Com usos que vão da indústria de tintas à medicina regenerativa, a seringueira ainda representa uma importante oportunidade econômica para agricultores e comunidades da floresta.

Informações: Globo Rural.

Featured Image

Fábricas de celulose e de pellets devem impulsionar plantio de eucalipto no RS

Dois grandes projetos que necessitarão de madeira despontam na Região Sul. Enquanto a CMPC projeta a implementação de uma fábrica de celulose em Barra do Ribeiro, no Centro-Sul do Estado, a Braspell Bioenergia avança nos trâmites para a instalação de uma fábrica de pellets em Pinheiro Machado, no Sul gaúcho. Quando saírem do papel, ambos prometem impulsionar a silvicultura nas respectivas áreas em que estão inseridos.

No caso da CMPC, é esperado um investimento de R$ 24 bilhões na execução do projeto, parte do histórico aporte anunciado pela empresa para o Rio Grande do Sul. Do valor, R$ 4 bilhões serão destinados a operações portuárias, ao plantio florestal de eucaliptos e à hidrovia. A empresa optou por não divulgar qual deverá ser a área plantada.

A CMPC possui atualmente área plantada de eucaliptos em 75 municípios gaúchos. Somando as áreas de conservação, a empresa possui 357 mil hectares no Estado — um crescimento de 10,27% em relação aos dados divulgados na última edição do Mapa Econômico do RS.

O presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Florestas Plantadas (Agaflor), Mathias Almeida, acredita que um município próximo à nova fábrica da CMPC que pode ter a silvicultura ampliada é o de São Lourenço do Sul, na Região Sul do Estado. Atualmente, a cidade possui pouco menos de 2,9 mil hectares de área florestal plantada, sendo a maioria (2,65 mil hectares) voltada ao cultivo de pinus — volume bastante distante dos principais produtores da região.

Outra possibilidade de crescimento em área de plantio florestal, para Almeida, é no município de Canguçu. Embora já figure como o quinto maior produtor da Região Sul, com cerca de 16,3 mil hectares de florestas de eucalipto, pinus e acácia negra, o presidente da Agaflor acredita que o tamanho do município permite a expansão silvícola. A cidade, localizada na Região Sul do Estado, possui uma área de 3.526 quilômetros quadrados, sete vezes maior que a da capital gaúcha, Porto Alegre.

O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Daniel Chies, por sua vez, prefere não prever cidades específicas que possam crescer em área florestal. Porém, confia que os empreendimentos são responsáveis por dar aos produtores a segurança para investir na silvicultura, visto que ele se dá a médio e longo prazo. Esse seria, para ele, o caso da nova fábrica da CMPC. “Com certeza é um projeto que irá estimular empreendedores a analisarem a possibilidade de investimentos em plantios florestais”, avalia.

O outro projeto que promete alavancar a Região Sul, da Braspell, conta com investimento do empresário paulista Luiz Eduardo Batalha e está na etapa final do licenciamento necessário para a sua instalação. Anunciada em 2021 com um aporteestimado em R$ 1,4 bilhão, a fábrica planeja utilizar cilindros de madeira compactada para geração de energia a partir da queima de biomassa.

No projeto, é estimado o plantio de 45 mil hectares de florestas para o fornecimento da matéria-prima. As espécies não foram especificadas. No entanto, o empresário espera que outros fornecedores se juntem ao projeto. “Temos parceiros produtores de eucalipto, de pinus, de acácia negra, e vai ser um projeto muito grande”, explica Batalha. É possível que até 90 mil hectares de florestas plantadas a um raio de 60 quilômetros da fábrica possam ofertar madeira para a produção de pellets.

Almeida concorda com a previsão: “Eles já tem uma boa parte das florestas para começar a rodar o projeto deles mapeada. Eu acho que se realmente sair do papel, o que eu acho que vai andar, vai ser um boom para aquela região. Principalmente, se a gente considerar a silvicultura em áreas marginais que não iriam para a soja ou áreas das propriedades que tenham 50, 100 hectares para diversificar a fonte de renda”, avalia.

Chies diz esperar fortemente que o projeto seja executado. Entretanto, acredita que a escala estipulada pela Braspell possa ser um desafio para a sua implementação. Principalmente, devido à necessidade de base florestal. Conforme explica, a madeira da região fornece matéria-prima para fábricas de celulose e indústrias do ramo moveleiro.

Maiores áreas plantadas nas Regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste

Eucalipto, pinus e acácia negra

  1. Piratini (40.157 hectares)
  2. Butiá (18.422 hectares)
  3. São José do Norte (18.414 hectares)
  4. Canguçu (16.352 hectares)

Fonte: Ageflor, 2023

Produtores florestais buscam mudanças legislativas para ampliar áreas de plantio

Apesar dos avanços em projetos que podem alavancar a silvicultura gaúcha, Chies chama atenção para a estagnação das áreas florestais plantadas no Rio Grande do Sul. Segundo ele, após um crescimento intenso no princípio dos anos 2000, o Estado não foi capaz de alavancar o setor na mesma proporção que outros entes federativos. A problemática, explica, estaria relacionada a entraves na legislação, que começaram a ser alterados recentemente.

No nível federal, a mudança chegou em junho de 2024, quando foi sancionada a Lei 14.876. Aprovada no mês anterior pelo Congresso Nacional, a normativa exclui a silvicultura da lista de práticas poluidoras e prejudiciais ao meio ambiente e torna-se isenta da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, devida ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A legislação, no entanto, ainda não foi capaz de suscitar um efeito prático na produção gaúcha, avalia Chies. “Foi feita essa correção e, a nível federal, trouxe uma segurança jurídica de que a atividade é de baixo potencial poluidor e, portanto, deve ser tratada dessa maneira pelas normativas que a regem. Mas até isso refletir no nível do Rio Grande do Sul vai levar um tempo. Acho que é um desafio agora fazer esta equalização das normas federais com as estaduais”, analisa.

No nível estadual, o debate tem sido feito em torno de uma nova análise do Zoneamento Ambiental para a Silvicultura. Em 2023, o Conselho do Meio Ambiente (Consema) aprovou por unanimidade a revisão dos critérios de disponibilidade hídrica para aprovar novas áreas de plantio. Com isso, foi quadruplicada a quantidade permitida de hectares para plantio em cada unidade de paisagem natural por bacia hidrográfica.

Apesar da mudança, os produtores ainda esperam a avaliação de outras possíveis alterações no zoneamento pelo Consema. “Ficou ainda de se avaliar de maneira mais detalhada uma outra norma, que é a condição de tamanho e distância entre plantios florestais. Se eu tivesse um plantio florestal de grande porte, não poderia plantar outro de grande porte próximo a ele no zoneamento. Isso trazia entraves porque não são todas as regiões do Estado que são interessantes para a indústria de base florestal”, considera.

Tanto a alteração aprovada quanto a que está na pauta do Consema têm trazido intensas discussões entre os produtores florestais e o movimento ambientalista. Enquanto estes afirmam que a flexibilização das normativas do zoneamento favorece a monocultura de espécies exógenas (como o pinus e o eucalipto) em detrimento da degradação do bioma pampa, os silvicultores defendem que o plantio florestal colabora com a sustentabilidade em certos fatores, entre eles a fixação dos estoques de carbono no solo.

Informações: Jornal do Comércio.

Featured Image

Onde está a silvicultura no Brasil? Confira os principais estados produtores

A silvicultura, ciência voltada ao cultivo e manejo responsável de florestas, ganha cada vez mais espaço no território brasileiro.

Em 2023, o setor registrou 10,2 milhões de hectares de florestas plantadas, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Esse número representa um crescimento de 3% em relação ao ano anterior, sinalizando a expansão contínua dessa atividade essencial para a economia verde nacional.

Entre as espécies cultivadas, o eucalipto se consolida como líder absoluto. Originário da Oceania, o eucalipto se adaptou com eficiência ao clima brasileiro e ocupa atualmente 76% de toda a área de silvicultura no país — o equivalente a 7,8 milhões de hectares.

Já o pinus, apesar de representar uma área menor, possui relevância estratégica, com cerca de 1,9 milhão de hectares (19% do total). O restante do espaço é ocupado por outras espécies, como acácia, teca, seringueira e araucária, segundo dados do relatório da Ibá.

Onde estão as maiores áreas de florestas plantadas

O cultivo de florestas plantadas se concentra em cinco Estados que, juntos, somam 69% de toda a área nacional destinada à silvicultura: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Veja a distribuição por Estado:

A silvicultura é ainda mais forte em municípios específicos. No Paraná, por exemplo, General Carneiro, Telêmaco Borba e Cruz Machado se destacam na produção de madeira e lenha. Em Minas Gerais, cidades como João Pinheiro e Itamarandiba lideram no plantio de eucalipto. Já Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, são referência na produção de celulose.

Outros polos relevantes incluem Itararé (SP), com forte presença de eucalipto e pinus; Encruzilhada do Sul (RS), que impulsiona os números gaúchos; Caravelas (BA), importante centro do sul baiano; e São Mateus (ES), que se consolida como um dos principais produtores do Estado.

Brasil é referência global no setor florestal

A indústria brasileira de árvores cultivadas é um pilar estratégico na economia nacional e nas exportações. O país é líder mundial nas vendas de celulose e o segundo maior produtor, atrás apenas dos Estados Unidos. O mercado internacional de árvores plantadas movimenta cerca de US$ 12,7 bilhões ao ano, com destaque para as exportações direcionadas à China e à Europa.

Outros dados chamam a atenção:

  • A maioria dos plantios pertence a produtores independentes, embora empresas de papel e celulose também tenham participação significativa;
  • O Sudeste é o principal polo de eucalipto, com Minas Gerais abrigando 63% da área plantada da região;
  • O Sul, por sua vez, lidera na produção de pinus, concentrando 89% da área total brasileira; O Brasil planta diariamente cerca de 1,8 milhão de árvores em áreas previamente degradadas;
  • Nos últimos 10 anos, a área de eucalipto cresceu 41% no país;
  • Algumas regiões, como Ceará, Amazonas e Acre, ainda possuem baixíssima participação na silvicultura nacional.

Uma indústria presente no dia a dia

A madeira oriunda das florestas plantadas serve como base para a produção de quase cinco mil tipos de bioprodutos. Desde papel, móveis e celulose até bioenergia, essa cadeia produtiva é um dos exemplos mais consistentes de economia circular no Brasil.

O futuro da silvicultura é promissor e sustentável. Com expansão constante, manejo técnico eficiente e foco na recuperação de áreas degradadas, o setor florestal brasileiro caminha para consolidar-se como modelo mundial de desenvolvimento ambientalmente responsável.

Informações: Compre Rural.

Featured Image

Inédito no Brasil: Reflorestar lança operação de roçada mecanizada para áreas de alta declividade

Nova tecnologia substitui trabalho manual em terrenos de até 45° de inclinação, marcando avanço histórico para a silvicultura nacional

A Reflorestar Soluções Florestais acaba de superar um dos maiores desafios da silvicultura brasileira. Pela primeira vez no país, entra em operação um equipamento de roçada mecanizada capaz de atuar com eficiência em áreas de alta declividade frontal, terrenos até então acessíveis apenas a operações manuais.

A inovação começou a operar neste mês na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, e posiciona a empresa como pioneira em mais um processo de mecanização florestal em áreas complexas.

Com capacidade para atuar em inclinações de até 45° frontal e 28° lateral, o equipamento PT-175, da fabricante FAE, realiza em média 5 hectares de roçada por turno, mesmo em vegetação densa e terrenos acidentados.

“É um avanço significativo para as operações de roçada nas entrelinhas, onde há alta infestação de mato e áreas desafiadoras. Estamos retirando trabalhadores de zonas de risco e substituindo pelo uso de tecnologia que garante segurança, produtividade e qualidade”, explica Paulo Gustavo Souza, gerente de Silvicultura da Reflorestar.

Além de executar a roçada entre as linhas de plantio com precisão, a máquina oferece um ambiente extremamente seguro e confortável para o operador. A cabine é equipada com sistema de pressurização que impede a entrada de poeira, água e insetos, além de possuir bancos com sistema de ar e aquecimento, semelhantes aos de veículos leves de alto padrão.

“Essa máquina substitui o esforço de até 40 pessoas que antes faziama roçada manualmente em condições desafiadoras, com o uso de equipamentos cortantes e exposição a barrancos e riscos naturais. Agora, tudo isso é feito com segurança por um único operador”, destaca o gerente.

Tecnologia sob medida para terrenos complexos

Antes de trazer o equipamento ao Brasil, a Reflorestar realizou um estudo detalhado sobre sua capacidade operacional. A equipe técnica visitou a fábrica da FAE, na Itália, e acompanhou operações em terrenos chilenos e italianos.

“Fizemos questão de entender a PT-175 a fundo, do funcionamento à manutenção, para garantir que o cliente tenha uma solução eficiente, segura e com alta performance”, afirma Igor Dutra de Souza, diretor florestal da Reflorestar.

A nova frente mecanizada integra o contrato da Reflorestar com a Suzano, no Vale do Paraíba, e atuará de forma contínua na região. A Roder Equipamentos, representante oficial da FAE no Brasil, viabilizou a chegada do equipamento ao país.

Com a roçada mecanizada, a Reflorestar amplia ainda mais seu portfólio de mecanização de atividades silviculturais, que já inclui preparo de solo, irrigação e plantio com escavadeira hidráulica.

Com esse novo marco, a Reflorestar reafirma sua liderança em inovação e mostra, mais uma vez, que mecanizar com inteligência e sustentabilidade é possível. “A roçada mecanizada reforça o nosso compromisso com a inovação e com a missão de mecanizar toda a cadeiaflorestal, mesmo em situações extremamente desafiadoras”, conclui o diretor florestal.

Sobre a Reflorestar

Empresa integrante do Grupo Emília Cordeiro, especializada em soluções florestais, incluindo silvicultura, colheita mecanizada, carregamento de madeira e locação de máquinas. Atualmente com operações em Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, ela investe em capacitação técnica e comportamental, gestão integrada e confiabilidade dos equipamentos para oferecer as soluções mais adequadas para cada particularidade dos clientes.

Fundada em 2004 no Vale do Jequitinhonha (sede em Turmalina, MG), originou-se da paixão pelo cuidado com o solo e o meio ambiente. Com 20 anos de atuação, a Reflorestar se consolidou no mercado pela visão inovadora no segmento florestal e pela oferta de serviços de qualidade, atendendo clientes em todo o Brasil. Para mais informações, visite o site da Reflorestar .

Anúncios aleatórios

+55 67 99227-8719
contato@maisfloresta.com.br

Copyright 2023 - Mais Floresta © Todos os direitos Reservados
Desenvolvimento: Agência W3S