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O papel da silvicultura na sustentabilidade ambiental e econômica no Brasil

Artigo por Renato Zanetti*

A silvicultura, atividade voltada ao manejo e cultivo de florestas plantadas, é muito mais do que uma prática econômica. Trata-se de um dos setores produtivos que mais cresce no país e que serve como base para a produção de matérias-primas essenciais. Entre elas estão bens de consumo renováveis, como papel, celulose e madeira, além de produtos inovadores, como bioplásticos e substitutos de derivados de petróleo. Além disso, as florestas desempenham um papel ambiental estratégico, contribuindo para a captura de carbono, a redução de emissões de gases de efeito estufa e a preservação da biodiversidade.

O Brasil lidera a produtividade florestal global graças à combinação do clima favorável, manejo eficiente e investimentos em tecnologia. Contudo, no Dia da Silvicultura, celebrado no último 7 de dezembro, precisamos refletir sobre um dos principais desafios do setor no cenário atual: a baixa disponibilidade de profissionais capacitados para ocupar as diversas posições disponíveis.

Apesar de sua relevância para a economia e a sustentabilidade, a silvicultura enfrenta dificuldades para preencher vagas em todos os níveis, desde funções operacionais até posições de liderança. Esse cenário exige atenção e investimento na formação e atração de talentos para que o setor continue contribuindo de forma plena para o desenvolvimento do país em prol de uma economia mais verde e sustentável.

Na Bracell, buscamos enfrentar essa questão promovendo o desenvolvimento das pessoas. Atuamos em larga escala na formação de florestas e na produção de celulose kraft, solúvel e especial em estados como São Paulo, Bahia e Mato Grosso do Sul, empregando milhares de profissionais e praticando um manejo florestal alinhado aos mais altos padrões de sustentabilidade. Entretanto, ainda temos vagas abertas que representam oportunidades para quem deseja ingressar ou crescer nesse setor promissor.

Minha própria trajetória é um exemplo de como a silvicultura pode nos apresentar oportunidades ímpares. Fiz a transição vindo de outro segmento do agronegócio e encontrei aqui um campo dinâmico, desafiador e de grande crescimento, que combina inovação tecnológica, impacto ambiental positivo e desenvolvimento social. É inspirador ver histórias de pessoas que começam em posições operacionais e, com dedicação e qualificação, ascendem a posições de maior responsabilidade, contribuindo para o fortalecimento do setor.

No Dia Nacional da Silvicultura, além de celebrarmos as conquistas, é fundamental olharmos para o futuro. O setor só poderá atingir todo o seu potencial se enfrentarmos o desafio da qualificação de mão de obra através da capacitação, inovação e tecnologia, reforçando o compromisso com práticas inovadoras e sustentáveis. A silvicultura é um dos pilares para a construção de um Brasil mais equilibrado, onde o crescimento econômico caminha de mãos dadas com a preservação ambiental e o desenvolvimento social.


Renato Zanetti é diretor de Operação Florestal da Bracell.

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Exclusiva – Nova portaria do Mapa visa desburocratizar regras para operações aeroagrícolas com drones e tripulados

A Portaria substituirá as atuais normas vigentes, e está disponível para consulta pública; saiba mais detalhes

Recentemente o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria SDA nº 1.187  que estabelece os requisitos e procedimentos para o registro dos operadores aeroagrícolas e para o credenciamento das entidades de ensino as diretrizes para os cursos de aviação agrícola, as exigências relativas ao planejamento operacional e registro de informações e as regras para execução das operações aeroagrícolas.  A Portaria estará disponível para consulta pública até domingo (15/12) – prazo que deverá ser prorrogado até janeiro de 2025 –, permitindo que interessados contribuam com sugestões para aprimorar as normas.

A proposta de revisão substituirá as normativas atuais — a Instrução Normativa Mapa nº 2/2008 (para aeronaves tripuladas) e a Portaria nº 298/2021 (para drones), e estará em conformidade com o novo Decreto da Aviação Agrícola, que deve ser publicado em breve, e com a Lei 14.515/2022, conhecida como Lei do Autocontrole.

Imagem: divulgação.

Uellen Lisoski Duarte Colatto, auditora fiscal federal agropecuária (AFFA)/chefe da Divisão de Aviação Agrícola no MAPA, esclarece sobre como a nova regulamentação para operações aeroagrícolas com drones e tripulados poderá contribuir para estes seguimentos, bem como para o agro no país: “Na maioria das vezes, a agricultura precisa que o tratamento fitossanitário ocorra com agilidade. A aviação agrícola é capaz de entrar na área afetada mais rapidamente, quando pensamos em toda a logística de operação. Além disso, a aviação agrícola, através do uso de aeronaves não tripuladas (drones), consegue aplicar em pequenas áreas afetadas, economizando água e insumos. A tecnologia utilizada na aviação agrícola evoluiu muito nos últimos anos e esperamos, com a nova regulamentação, garantir o uso dessa tecnologia a favor da agricultura, garantindo a proteção de nossas lavouras e, principalmente, a proteção da flora e da fauna brasileira e a saúde de nossa população. Outro ponto importante é que a nova regulamentação traz mais informações de como e onde estão ocorrendo as pulverizações e isso traz mais segurança para todos nós, uma vez que teremos o conhecimento de como as operações estão sendo realizadas e se estão sendo realizadas dentro das normas técnicas adequadas”.

Sobre as motivações que levaram à revisão de regras, visando uma nova regulamentação para os segmentos, Uellen informa: “Antes de iniciarmos a atualização das normas, foi necessário realizar, obrigatoriamente, uma OFICINA DE ANÁLISE DE IMPACTO REGULATÓRIO, com o objetivo de verificar se realmente se fazia necessária a atualização regulamentar e quais seriam os pontos principais que levariam a essa atualização. Essa oficina ocorreu com a participação de diversos segmentos do setor aeroagrícola, bem como com a presença de outros órgãos que regulamentam e fiscalizam o setor”.  

E explica: “Como resultado da oficina, levantamos que a atualização normativa seria importante para modernizar e adequar a legislação frente à evolução natural da tecnologia de aviação agrícola no País, otimizar a fiscalização da aviação agrícola realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, simplificar requisitos (administrativos e operacionais), estabelecer com clareza as competências desta Pasta na regulação e fiscalização da aviação agrícola, promovendo a coordenação, orientação e supervisão das ações dos Órgãos envolvidos e harmonizar os procedimentos no âmbito da Secretaria de Defesa Agropecuária, área técnica competente deste Órgão​. Além disso, a atualização normativa vem para regulamentar a Lei nº 14.515, de 29 de dezembro de 2022 (Lei do Autocontrole), incorporando as inovações trazidas, para adequação do setor a essa nova legislação”.

Em relação a desburocratização, a auditora destacou que: “Com a nova legislação, esperamos modernizar o registro e a fiscalização dos operadores, através de sistemas que estão sendo desenvolvidos e que contemplam o uso de Inteligência Artificial e cruzamento de dados com outros órgãos regulamentadores, evitando, assim, o aporte de informações e documentos desnecessários por parte dos usuários. Pretendemos diminuir o uso de “papel”, digitalizando todas as informações, além de aumentar a transparência das informações para a sociedade em geral”.

As contribuições para a consulta pública poderão ser enviadas por meio do Sistema de Monitoramento de Atos Normativos (Sisman) da Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA/MAPA, por meio do link https://sistemasweb.agricultura.gov.br/sisman/ dentro do período indicado, com a deliberação final ocorrendo após a consolidação das sugestões. Para ter acesso, o usuário deverá efetuar cadastro prévio no Sistema de Solicitação de Acesso do MAPA, por meio do link https://sistemasweb.agricultura.gov.br/solicita.

Ponto de vista de operadores & setor florestal

Na agricultura moderna, os drones consolidaram-se como equipamentos indispensáveis, permitindo economia de tempo e redução de custos em tarefas específicas, além de oferecer precisão e eficiência com redução na mão de obra. Sua eficácia é amplificada com a introdução da Internet das Coisas (IoT), onde sensores conectados geram dados em tempo real sobre clima, solo e saúde das plantações e rebanhos.

Imagem: divulgação.

No setor florestal os drones passam a ter cada vez mais relevância para as seguintes atividades:

  • Monitoramento de incêndios florestais;
  • Inventário florestal;
  • Coleta de dados topográficos;
  • Avaliação de sobrevivência do plantio;
  • Uso e cobertura do solo;
  • Mapeamento aéreo de florestas e reservas aquáticas;
  • Monitoramento de ecossistemas;
  • Identificação de espécies florestais;
  • Monitoramento de infestação de formigas cortadeiras;
  • Estimativa de volume de madeira.

Para Ramiro Leal, diretor executivo da Agtech Academy: “A nova regulamentação unifica as regras para aeronaves tripuladas e drones, criando um marco regulatório mais moderno e coerente, em linha com as melhores práticas internacionais. As novas normas reforçam os requisitos de segurança para aeronaves tripuladas, com foco na manutenção preventiva, treinamento de pilotos e procedimentos de voo, contribuindo para reduzir o número de acidentes e aumentar a segurança das operações. Além de definir de forma mais assertiva a obrigatoriedade do Coordenador de Aviação (CCAA) como responsável pelas empresas e pulverizações, esse é um marco importante para a classe visto que tornará os responsáveis como peça-chave das empresas de pulverização aérea”.

Ramiro explica: “A regulamentação define requisitos mínimos para os cursos, garantindo que a formação dos profissionais atenda aos padrões de segurança e qualidade exigidos para a operação de drones e aeronaves. A simplificação dos processos de credenciamento e a flexibilização dos métodos de ensino contribuem para agilizar a formação e habilitação dos profissionais, permitindo que eles ingressem no mercado de trabalho mais rapidamente. A partir da nova legislação a avaliação do profissional será realizada pelo próprio MAPA, e as escolas credenciadoras serão responsáveis por preparar o profissional para a avaliação e consequentemente para as operações de pulverização, profissionais mais bem capacitados contribuem para aumentar a segurança das operações aéreas, reduzindo o risco de acidentes e incidentes”.

E pontua: “Existem diversos pontos benéficos com a nova regulamentação, entre eles: Oportunidades de mercado: a regulamentação abre um leque de oportunidades para operadores de drones, permitindo a atuação em um mercado em expansão com alta demanda por serviços aeroagrícola; Tecnologia e inovação: A regulamentação acompanha as evoluções tecnológicas, permitindo o uso de drones mais avançados e abrindo espaço para a inovação no setor; Modernização: a regulamentação atualiza as normas para o setor, alinhando-as às melhores práticas internacionais e às novas tecnologias; e Geração de empregos: a regulamentação impulsiona o crescimento do setor aeroagrícola, gerando novas oportunidades de emprego e renda. E finaliza: “Em suma, a nova regulamentação para operações aeroagrícolas com drones e aeronaves tripuladas representa um passo importante para a modernização e o desenvolvimento do setor, trazendo benefícios para operadores, produtores rurais, meio ambiente e a economia como um todo”.

André Veiga, fundador e CEO da ALSV Drone Florestal enfatiza: “A nova regulamentação vai unificar duas normativas e uma portaria, uma “Lei” que unifica varias só tende a facilitar, pois hoje existem dúvidas de diversas empresas sobre o que prevalece: Normativa 298? Portaria 710? Essa nova portaria claramente revoga as anteriores e unifica tudo, mas deixando bem claras as regras para drones de ‘asa rotativa x’, ‘asa fixa x’, e  aviação tripulada. Isso traz segurança e transparência, mais segurança jurídica, e segurança de operar com regras mais claras. As atuais são boas, mas considero as novas melhores”.

André acrescenta: “Já nos cursos e capacitações, acredito que haverá mais exigências. O tempo de formação deverá aumentar, porém com regras claras, mais rígidas, mas mais claras. Considerando a responsabilidade envolvida na atividade, entendo como algo positivo. Lembrando que, não bastam regras claras, as fiscalizações terão que ser mais frequentes, EM CAMPO, não dependerem somente de denúncias. O mercado está crescendo muito e com esse crescimento entram players bons e ruins, os bons não podem pagar pelos ruins”.

Thamylon Dias, especialista em drones agrícolas, na Drone Experts detalha que: “A nova regulamentação vem para consolidar o uso drones e outras aeronaves na aplicação aeroagrícola, seja na agricultura, ou no setor florestal. Isso traz muito mais segurança e regras, mas bem estabelecidas para o uso desse tipo de equipamento na aplicação de defensivos químicos, até mesmo no combate a incêndios florestais onde essas aeronaves podem ser utilizadas. E traz algumas novas regras, trazendo novos atores na utilização, porque quando a regra anterior foi criada, não existia drone, não existia as demandas que existem hoje. Então essa consulta pública que está finalizando neste início de semana, vem para escutar o mercado, o usuário e o cliente final. Então como toda regulamentação, ela profissionaliza o mercado e traz mais segurança para quem recebe esse tipo de serviço”.

O especialista também informa que: “Quanto aos cursos, as novas sugestões trazem regras mais claras e mais rigorosas para as empresas que pretendem fornecer essas capacitações, proporcionando assim o maior rigor às entidades de ensino, porque estavam havendo muitas instituições entregando conteúdo de baixa qualidade, com valores baixos e duvidosos. Então haverá um ‘filtro’ no mercado de escolas que habilitam operadores aeroagrícolas remotos, o que é muito bom para as empresas sérias do ramo. Entre as novidades, algo que é similar ao que é feito para obter uma CNH, o aluno fará as aulas junto a uma instituição de ensino, e a prova será aplicada pelo próprio Mapa. Então não tem como facilitar a vida de alunos, vender certificado, por exemplo. Então quem vai aplicar aprova será a própria instituição fiscalizadora”.

William Shimith, engenheiro florestal na Bracell Celulose, frisa: “A regulamentação trará para o setor florestal garantias sobre as operações existentes, e que poderão ainda existir em algumas empresas de base florestal, assegurando que se tenham respaldos jurídicos, técnicos e ambientais sobre os temas relacionados às operações com drones e tripulados. Atualmente o drone é amplamente utilizado na silvicultura na operação de pulverização, trazendo economia e sustentabilidade para essa operação se comparado a outras operações mecanizadas. No controle de pragas e doenças florestais, também tem se destacado como uma ferramenta muito eficaz e dinâmica, com o predicado da agilidade operacional em diversas fases da floresta”.

William ainda enfatiza que: “A nova regulamentação representa a consolidação das operações com drones e tripulados no setor florestal, garantindo confiabilidade e investimentos das indústrias de base florestal. Contudo as certificações florestais que garantem o manejo florestal sustentável passarão a interpretar essa regulamentação como uma nova ferramenta para basear seus critérios de avaliação”.

E lembra: “Há muitos desafios relacionados em se tratando de operações desta natureza em grandes empresas do setor florestal, desde a jornada de trabalho – no que tange a inflexibilidades na CLT –, também na experiência da liderança e no operacional, mudanças no planejamento em curto prazo, capacitação de pessoas, gestão na manutenção das aeronaves e equipamentos e desafios climáticos”.

Confira a Portaria na íntegra aqui:

https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-sda/mapa-n-1.187-de-10-de-outubro-de-2024-589773088

Escrito por: redação Mais Floresta.

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Suzano ocupa área equivalente a 857 mil campos de futebol para produzir celulose

Quando a fábrica estiver operando com 100% de sua capacidade, produzirá 2,55 milhões de toneladas de celulose

Com 600 mil hectares de eucalipto plantados no Mato Grosso do Sul, a Suzano inaugura hoje a maior fábrica de celulose do mundo em linha única, o que significa fechar todo o processo, desde o plantio da semente, até o corte da madeira e a produção da celulose final. Localizada em Ribas do Rio Pardo, a 98 Km de Campo Grande, foi necessária área corresponde a 857.143 campos de futebol. Uma parte dela – 143 mil hectares (o mesmo que 204.286 campos de futebol) são de área preservada.

Todo esse eucalipto vai produzir, quando a fábrica estiver operando com 100% de sua capacidade, 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. As operações começaram de forma experimental em julho de 2024, mas não foi informado quantas toneladas já foram produzidas até o momento.

A construção da Suzano em Ribas do Rio Pardo foi anunciada em maio de 2021 e, no pico da obra, mais de 10 mil empregos diretos foram criados. Com o início das operações, há cerca de 3 mil trabalhadores entre colaboradores próprios e terceirizados, sendo mil no setor industrial e dois mil no florestal e logístico.

A nova unidade também ampliou a capacidade de produção da companhia em Mato Grosso Sul, que tem três fábricas da empresa em operação e agora, juntas, chegam a 5,8 milhões de toneladas de celulose anuais.

Mas além dos números de produção, a presença da indústria em Ribas levou benefícios também à população, com qualificação de mão de obra local, incluindo cerca de 1,3 mil pessoas capacitadas para as operações industriais, florestais e logísticas, além de 300 pessoas para o mercado de trabalho local nos setores de comércio e serviços, em parceria com o Senai e o Senac.

Houve, ainda, investimento de R$ 300 milhões em um amplo conjunto de iniciativas, incluindo a construção de unidades de moradia e centro médico, melhorias na infraestrutura local e apoio a projetos sociais. Ao todo, são 21 projetos nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social, habitação e segurança pública.

As principais entregas incluem a ampliação do Hospital Municipal e as construções de uma ESF (Estratégia de Saúde da Família), de uma Casa de Acolhimento, de uma Delegacia de Polícia Civil e de uma Unidade Operacional da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Em cumprimento ao PBA (Plano Básico Ambiental), a empresa realizou investimentos como a ampliação do Hospital Municipal Dr. José Maria Marques Domingues, entregue à Prefeitura de Ribas do Rio Pardo em agosto de 2023. Foram R$ 12 milhões em investimentos para a implantação de 30 novos leitos, sendo 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 20 leitos de enfermaria, além de novas salas de preparação de medicação, farmácia e banheiros.

Além disso, no final de 2023, a Suzano entregou um ônibus com dois consultórios totalmente equipados para consultas médicas que atuam na prevenção e tratamento dos cidadãos que vivem em comunidades mais afastadas do centro urbano do município. Já em janeiro deste ano, a empresa formalizou a entrega à Prefeitura de uma unidade de ESF (Estratégia de Saúde da Família) no bairro Estoril II, com investimento total de R$ 3,3 milhões.

Informações: Campo Grande News.

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Brasil tem média de 95 milhões de hectares à espera de ações de restauração e pagamento por serviços ambientais, revela estudo da UFMG

O Brasil tem, em média, 95 milhões de hectares à espera de ações de restauração e de pagamento por serviços ambientais. Desses, cerca de 74 milhões de hectares aguardam pagamento referente ao excedente de vegetação nativa preservada em Reservas Legais. Já uma média de 21 milhões de hectares em Reserva Legal (RL) e em Área de Preservação Permanente (APP) é o déficit que carece de ações de recuperação. Esses e outros dados são apresentados na terceira edição do Panorama do Código Florestal, do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG.

A pesquisa considerou valores processados por duas bases de dados diferentes, providas pelo Imaflora e pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Dessa forma, os 74 milhões aguardando pagamento se referem à média entre 68 e 81 milhões, respectivamente, dados do Imaflora e do SFB. Já os 21 milhões em busca de ações de recuperação são formados pela média entre 19,3 e 22,6 milhões, respectivamente, dados do Imaflora e do SFB. Os valores diferem pelo tratamento das sobreposições, cujos detalhes podem ser verificados na página 27 do Panorama do Código Florestal.

O estudo mostrou ainda que, das áreas que precisam de ações, algo entre 16 milhões e 19 milhões de hectares correspondem a RL (porcentagem de cobertura nativa que cada propriedade deve conservar) e de 3 milhões a 3,4 milhões a Área de Preservação Permanente (APP), que são áreas ao redor de cursos d’água, prioritárias para a restauração e preservação dos recursos hídricos. 

Realizada com tecnologia desenvolvida pela Universidade, a pesquisa calculou os requisitos do Código Florestal e, como resultado, o nível de conformidade para cada um dos mais de 7 milhões de imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) – ferramenta que reúne informações das propriedades rurais, compondo uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e de combate ao desmatamento, para o cumprimento do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). 

O estudo aponta ainda que, após 2008, 26% do desmatamento em imóveis rurais ocorreu em APP ou em propriedades com Reserva Legal abaixo da porcentagem mínima estabelecida pelo Código Florestal, cujo percentual varia conforme o bioma e o tipo de vegetação. Os estados com maior índice foram, respectivamente: Rondônia, Acre, Pará, Roraima e Amazonas, todos dentro da Amazônia Legal, região que preocupa a equipe de cientistas por causa do crescimento de registros do CAR sobrepostos a terras públicas sem destinação.

Registros sobrepostos

O crescimento dos registros sobrepostos a outras categorias fundiárias, em especial às terras públicas sem destinação, foi um dado alarmante para os pesquisadores. Na Amazônia Legal, área mais crítica, as sobreposições desse tipo aumentaram de 12,4% para 18,3% no último ano, sendo 13.433 registros sobrepostos a unidades de conservação, 2.360 a terras indígenas e 206.495 a terras públicas sem destinação. 

O estudo relaciona a sobreposição à ineficiência e ao uso indevido do Cadastro Ambiental Rural que permitem, segundo os pesquisadores, declarações fraudulentas, muitas vezes usadas para esconder desmatamento ilegal, déficits de reserva legal ou mesmo para grilagem de terras, sobretudo de unidades de conservação, terras indígenas ou de povos e comunidades tradicionais e, principalmente, de terras públicas sem destinação. Os estados com mais registros sobrepostos a áreas protegidas são, primeiramente, o Pará, seguido de Rondônia, Amazonas, Roraima e Tocantis.

“Em 2024, após 12 anos da revisão do Código Florestal, quase nada avançou, principalmente quanto ao uso do CAR como instrumento principal para o cumprimento do Código Florestal. Esse período tem sido marcado por contratempos e limitações. A alteração legislativa afrouxou exigências relacionadas à conservação ambiental e flexibilizou medidas de fiscalização, incluindo a concessão de anistia a desmatadores ilegais, cancelamento massivo de autos de infrações e a redução da necessidade de recuperação de vegetação nativa”, revela Britaldo Soares Filho, coordenador do estudo. 

Deficiências do CAR 

A Instrução normativa nº 2 de 2014 do Ministério do Meio Ambiente detalha os requisitos técnicos do Cadastro Ambiental Rural, que dá início ao prazo de um ano, prorrogável por mais um, para inscrição no CAR, contado a partir de maio de 2014. Apesar de a data ter sido prorrogada diversas vezes, o registro permanece aberto e chegou, em novembro de 2024, a mais de 7,3 milhões, número impulsionado pela obrigação a partir de 31 de dezembro de 2017 (Art. 78-A) para acesso ao crédito agrícola, exigências cartoriais, mas também, segundo os pesquisadores, devido ao uso fraudulento para grilagem de terra.

O registro no CAR, primeiro passo para a regularização, é um processo de autodeclaração por meio do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) ou sistema estadual equivalente. No entanto, devido à predominância do processo manual baseado na interpretação visual, a análise e a validação dos registros têm enfrentado atrasos significativos, com apenas 1,8% (dos 7,3 milhões) com análise concluída até o momento. 

O estudo aponta que o software que sustenta a operacionalização atual está inadequado para lidar com as demandas de cadastro e monitoramento do uso da terra de um país com as dimensões do Brasil. “Trata-se de um software obsoleto, com interface pouco amigável, que opera offline sem integração de base de dados cartográficos, e limitado ao uso de imagens de satélite de qualidade inferior a outras de livre acesso disponíveis atualmente. Além disso, é um software proprietário, com código fonte fechado e indisponível. Os estados e o governo federal são incapazes de atualizá-lo, muito menos integrá-lo a outros sistemas federais. Apesar de o Brasil dispor de tecnologia e inteligência territorial gratuitas por parte de Instituições, a exemplo do modelo desenvolvido pelo CSR/UFMG, essa verificação abrangente ainda não é feita pelo Sistema atual”, afirma Britaldo Soares Filho.

“Nesse aspecto, boa parte dos casos de sobreposição do CAR a outros imóveis, bem como o cancelamento de registros fraudulentos, poderia ser resolvida. Essa falta de progresso impacta negativamente a implementação de outros mecanismos-chave para ajudar os proprietários rurais a alcançarem a conformidade legal, tal como o Programa de Regularização Ambiental (PRA), o Mercado de Cota de Reserva Ambiental (CRA), além de mecanismos financeiros de pagamentos por serviços ambientais ou mesmo a rastreabilidade agrícola, uma exigência cada vez maior de mercados internacionais”, reforça.

O estudo completo está disponível em https://csr.ufmg.br/radiografia_do_cf/wp-content/uploads/2024/12/policy_brief_pt_3ed.pdf.

Sobre o CSR/UFMG

O Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG desenvolve pesquisas em análise e modelagem de sistemas ambientais, que incluem suas aplicações no desenho e na avaliação de políticas públicas. As pesquisas consistem na modelagem ambiental, em especial o desenvolvimento de modelos de simulação de mudanças no uso e cobertura do solo, rentabilidade agrícola e florestal, dinâmica urbana, fogo florestal, regime fluvial e balanço de carbono. As aplicações desses modelos envolvem valoração de serviços ecossistêmicos, desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, planejamento territorial e desenho de políticas públicas, bem como a avaliação prévia dos impactos dessas políticas. Saiba mais no site do CSR.

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Reunião esta semana em Brasília deve ser decisiva para a Rota da Celulose

Governador Eduardo Riedel deve se reunir com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para discutir mudanças no projeto

O governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou que deve se reunir amanhã com o ministro dos Transportes, Renan Filho, em Brasília (DF), para tratar sobre alterações no edital de leilão da Rota da Celulose, que fracassou na semana passada.

O pacote de rodovias é formado por trechos da BR-262 (entre Campo Grande e Três Lagoas) e da BR-267 (entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu), além da MS-040, da MS-338 e da MS-395, e tem a previsão de investimento de R$ 8,8 bilhões em 30 anos de concessão. Ao todo, são 870,4 quilômetros.

O encontro deve ser decisivo para a concorrência, já que, segundo fontes do Correio do Estado, quando nenhum investidor se interessou pelo certame, o ministro teria pedido que o governo do Estado suavizasse a pedida pelo conjunto de rodovias localizadas na região leste de Mato Grosso do Sul.

Neste primeiro momento, porém, ainda segundo fontes da reportagem, o governador teria se negado a flexibilizar o edital. No entanto, já no fim da semana passada, Riedel adotou um tom conciliador para o assunto.

“Como a causa de não ter aparecido investidor nesse programa tem natureza de diversas origens, nós vamos ver o melhor momento e também minha conversa com o ministro Renan. Como é um projeto do governo do Estado e do governo federal, nós vamos sentar na próxima terça-feira [amanhã] e discutir ponto a ponto”, declarou Riedel durante a inauguração da fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo.

“A secretária Eliane [Detoni] está conversando com o mercado, entendendo também as motivações de não terem vindo, para a gente reposicionar, dentro do projeto, o que é adequado para Mato Grosso do Sul, para a competitividade das empresas, e ir novamente a mercado e definir com o governo federal a melhor estratégia para isso”, completou o governador.

Segundo apurado pelo Correio do Estado, a reunião entre a titular do Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), Eliane Detoni, e todos os potenciais investidores no pacote de rodovias ocorreu na semana passada.
LEILÃO

A Rota da Celulose deveria ter recebido as propostas de investidores interessados no projeto na segunda-feira passada, porém, ninguém se interessou pelas cinco rodovias que compõem o pacote e o projeto foi retirado do leilão, que estava marcado para acontecer na sexta-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

Como a concorrência acabou deserta, o governo do Estado analisa o projeto para possíveis mudanças. Segundo nota do Executivo estadual, a previsão é de que ele esteja novamente à disposição do mercado ainda no primeiro trimestre de 2025.

Matéria publicada na semana passada pelo Correio do Estado mostrou que um dos motivos para o certame ter ficado deserto poderia ser o grande número de outros lotes que foram a leilão e que podem ter despertado maior interesse dos investidores. 

Entre os projetos ofertados está a Rota Verde, entre Rio Verde, Goiânia e Itumbiara, em Goiás, que deverá ir a leilão no dia 12. Na mesma data, tem previsão de ocorrer o leilão das Rodovias Integradas do Paraná, que inclui trechos estaduais e da BR-369.

PROJETO

Além de atender a grandes empresas ligadas ao mercado da celulose que estão instaladas nessa região, o pacote também concede quase todos os caminhos de Mato Grosso do Sul para o estado de São Paulo.

No projeto apresentado, a previsão de investimento nas rodovias era de R$ 5,8 bilhões em obras de longo prazo e R$ 3 bilhões em ações de manutenção pelo período de 30 anos, totalizando R$ 8,8 bilhões, além de outorga mínima de R$ 74 milhões

O estudo de viabilidade técnica, concluído em agosto deste ano, apontou que o pedágio nos 870,4 km deverá variar de R$ 4,70 a R$ 15,20, podendo ficar até 20% mais barato.

Dos quase 900 km de rodovias do pacote, apenas 116 km serão duplicados. Além disso, deverão ser feitos 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de vias marginais e 82 km de dispositivos em nível.

Saiba

Em setembro, o Correio do Estado apurou que uma das empresas interessadas na Rota da Celulose seria a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo. Na concessão, porém, o interesse não foi concretizado.

Informações: Correio do Estado.

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Mato Grosso do Sul manterá crescimento para a silvicultura

Outro ponto durante evento foi a reposição florestal

Mato Grosso do Sul manterá em 2025 o cenário favorável de crescimento para a silvicultura com 1,6 milhão de hectares de florestas plantadas. “Foi o ano que inauguramos a Suzano, que está operando, mas será oficialmente apresentada esta semana, além da confirmação da Arauco e a vinda da Bracell. Tudo isso elevou o status do Estado que é conhecido a nível mundial como o polo da celulose. Onde nós vamos hoje, todo mundo sabe o que é o setor florestal de Mato Grosso do Sul”, salientou o titular de secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) Jaime Verruck, durante a reunião técnica e assembleia da entidade, realizada no Novotel, nesta última quarta-feira (04).

Juntamente com o secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Beretta, o titular da Semadesc abordou assuntos como a situação atual da silvicultura no Estado, os trabalhos de combate aos incêndios florestais executados este ano no Estado, a vinda das novas fábricas, a questão da reforma tributária, a necessidade urgente de qualificação de mão-de-obra, entre outros pontos.

De acordo com as informações da Semadesc, outro ponto destacado no evento foi a reposição florestal que foi questionada pelos associados da Reflore-MS. O secretário-executivo Rogério Beretta explicou que a Semadesc está trabalhando na regulamentação de uma lei neste sentido. “Ficamos encarregados de fazer a gestão, concessão e para isso estamos desenvolvendo um sistema informatizado que esperamos que esteja em operação a partir do próximo ano”, enfatizou.

Informações: Capital News.

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Responsável por 4% do PIB nacional, silvicultura é importante aliada da sustentabilidade na indústria de transformação

Segmento de florestas plantadas produziu 25 milhões de toneladas de celulose, 11 milhões em papel e 1,5 milhão de m³ de madeira nobre

Em 7 de dezembro é comemorado o Dia Nacional da Silvicultura, uma menção ao setor rural responsável pela produção de florestas plantadas. Para se ter uma ideia dos resultados positivos do manejo e a pegada sustentável dessa importante atividade agrícola, diariamente são plantadas 1,8 milhão de árvores com fins comerciais. 

A informação divulgada pela Ibá (Indústria Brasileira de Árvore) é resultado de um estudo realizado anualmente. A atividade de silvicultura é responsável por 4% do PIB (Produto Interno Bruto), e produziu em 2023, 25 milhões de toneladas de celulose, 11 milhões de toneladas de papel e ainda, 1,5 milhão de metros cúbicos de madeira para exportação.

É importante esclarecer que a silvicultura é o método de cultivar florestas, a fim de evitar o desmatamento das matas nativas e a destruição dos biomas nacionais.

O relatório anual da organização MapBiomas destacou que, nos últimos cinco anos o Brasil perdeu mais de 8,5 milhões de hectares de vegetação nativa, por retirada ilegal de árvores. Em outras palavras, o espaço atingido equivale a duas vezes o tamanho do Rio de Janeiro. 

Outro ponto de atenção foram as regiões do Cerrado e Matopida (Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão), que registraram o maior índice de remoção da vegetação nativa, com 49%. Portanto, foram responsáveis por quase metade do desmatamento ocorrido no território nacional.

Diante das informações elencadas sobre a flora nacional é fundamental incentivar os produtores a optarem pela cultura de árvores plantadas, como pinus e eucalipto, já que são matérias-primas de papel e celulose e ainda, apresentam alto valor agregado. 

O Senac EAD conta com um portfólio completo de cursos na área ambiental, de cursos livres a pós-graduação. Além disso, a graduação de Tecnologia em Gestão Ambiental recebeu nota máxima do MEC, pela nota obtida no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). 

Os concluintes também têm direito a solicitarem a carteira profissional do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), no estado onde residem. Portanto, se você tem interesse de iniciar uma carreira na área de meio ambiente, venha para o Senac EAD. Acesse o site e confira as opções de aprendizado. 

Sobre o Senac EAD

Com mais de 77 anos de atuação em educação profissional, o Senac foi pioneiro no ensino a distância no Brasil. A primeira experiência nessa modalidade se deu em 1947 com a Universidade do Ar, em parceria com o Sesc, que ministrava cursos por meio do rádio.

A partir de 2013, com o lançamento do portal Senac EAD, a instituição ampliou sua atuação em todo o país. Hoje, oferece um amplo portfólio de cursos livres, técnicos, de graduação, pós-graduação e extensão a distância, atendendo a todo o Brasil, apoiado por mais de 380 polos presenciais para avaliações. Acesse aqui a programação completa de cursos do Senac EAD.

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O que o Dia Nacional da Silvicultura tem a ver com você?

*Artigo por Eleandro Brun

O Brasil, um país de rica biodiversidade, tem na silvicultura uma aliada fundamental para a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Conheça os desafios e as oportunidades dessa atividade, que vai muito além do plantio de árvores. Desvende os mistérios da floresta e descubra como você pode contribuir para um futuro mais verde

A Silvicultura é o conjunto de técnicas e processos de cultivo de florestas, as quais podem ser aplicadas tanto para finalidade econômica, ecológica como múltipla. Apesar de muitos “acharem” que ela envolve também manejo florestal e conservação das florestas, estão enganados, pois cada um tem um conceito e uma aplicação diferente. Como não estamos aqui para discutir conceitos, deixo essa busca para uma próxima publicação.

A biodiversidade das florestas brasileiras e seus ecossistemas associados é muito grande, portanto, é um tanto difícil dizer que sabemos cultivar todas as espécies presentes nestes biomas. Sabemos sim, fazer o cultivo de uma quantidade significativa delas e, por aproximação empírica ou com base em pesquisas científicas, rotineiramente, nos aventuramos no cultivo de novas espécies. Além disso, contamos com uma gama importante de espécies exóticas, vindas de outros biomas ou países, que também merecem muita atenção.

Como Engenheiro Florestal atuante na área de silvicultura, afirmo que é uma descoberta nova a cada dia, um novo método de cultivar, uma nova aplicação de produto ou insumo para cultivo, uma nova espécie que conseguimos propagar e produzir mudas ou novas árvores, uma nova praga controlada, um novo inimigo natural, entre tantos temas, pois a silvicultura contempla desde a produção de sementes ou outros propágulos, a produção de novas mudas, o preparo da área e do solo para o plantio da nova floresta, o controle de plantas competidoras, de pragas, doenças, o plantio, replantio, adubação, calagem, tudo com o seu devido cuidado e monitoramento, que só um profissional que estuda muito esses temas, como os Engenheiros e Engenheiras Florestais, conseguem fazer.

Dito isso, penso que não é o fato de termos um “dia da Silvicultura”, instituído pela Lei 12643/2012, sendo comemorado no dia 07 de dezembro de cada ano, que fará com que cada cidadão vire um plantador de árvores de uma hora para outra. A lei é sim, importante para marcar avanços e buscar uma conscientização, mas também deve-se ressaltar a Lei 14876/2024, que excluiu a silvicultura da lista de atividades potencialmente poluidoras, a qual retira de cena uma quase insensatez e sim, incentiva o plantio de florestas com diferentes finalidades.

Após a leitura até aqui, um jovem estudante de ensino médio que estiver lendo, espero, este texto, dirá “ok, ainda não entendi o que tenho a ver com isso”, eu afirmo que um mundo de descobertas, sonhos e realizações está a sua espera em um curso de Engenharia Florestal, onde se estuda muito todo o processo de implantação e condução de uma floresta de qualidade, desde a semente até a floresta formada e pronta para começar a te dar o que foi esperado nos objetivos do projeto desta floresta. Objetivos estes que podem ser desde as florestas de produção de celulose (e sua infinidade de usos), madeira sólida para sua casa ou sem móvel, biomassa e carvão para energia renovável, ou as florestas geradoras de serviços ecossistêmicos de recuperação de áreas degradadas, proteção do solo, da água, da biodiversidade, da qualidade de vida urbana e, também, bases de nossa segurança alimentar.

Acredito ainda que um dos maiores propósitos que podemos ter é o de sermos cidadãos e cidadãs sustentáveis, e a produção de bens e serviços das florestas é apenas um dos aspectos. Plantar e cuidar das florestas é ainda um grande propósito colaborativo ao planeta, pois esta “máquina de sequestrar carbono” que podemos plantar e cuidar é, sem sombra de dúvida, a mais eficiente máquina de combate às mudanças climáticas que cada pessoa pode acessar, plantar, cuidar e, acima de tudo, conhecer mais.

Fica o desafio a todos e todas, principalmente aos jovens cidadãos deste país, que venham conhecer os cursos de Engenharia Florestal espalhados pelo Brasil e participem deste grande projeto que é tornar nosso planeta um lugar melhor, com mais florestas, com mais ar de qualidade, com a conservação da água e do solo, com a produção de alimentos, tanto no meio rural como no urbano. A atividade de silvicultura é parte de tudo isso e você estará diretamente ligado a ela. Tenhamos esse propósito, o planeta espera isso de nós!


*Eleandro Brun – Engenheiro Florestal, Dr. – Professor da UTFPR Dois Vizinhos, Coordenador da Câmara Especializada em Engenharia Florestal do CREA-PR, Secretário Geral da SBEF (Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais).

Informções: Minuto Rural.

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Exclusiva – Suzano inaugura maior fábrica de celulose em linha única do mundo em Ribas do Rio Pardo (MS)

Com o novo empreendimento, a empresa passa a ter três fábricas em Mato Grosso do Sul, somando uma capacidade produtiva instalada de 5,8 milhões de toneladas anuais

Nesta quinta-feira (05/12), foi oficialmente inaugurada a obra do Projeto Cerrado, da Suzano, em Ribas do Rio Pardo (MS): a sua nova fábrica de celulose – a maior no mundo em linha única, com capacidade instalada de produção de 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto ao ano. Com um investimento de R$ 22,2 bilhões (R$ 15,9 bilhões no complexo industrial e R$ 6,3 bilhões relativos a investimentos florestais, logísticos e outros), chegou a contar com 10 mil trabalhadores no pico da construção.

Com investimentos estratégicos consolidados em diversas áreas da economia, Mato Grosso do Sul se mantém como um dos Estados com maior ritmo de crescimento do Brasil, e o megaempreendimento colabora para elevar o Estado a metas relevantes em sustentabilidade e geração de renda e empregos. Atualmente MS é o Estado que mais cresce em plantio de árvores, ocupando a segunda posição no ranking, ficando atrás somente de Minas Gerais.

Com o empreendimento em plena operação desde julho de 2024, foram gerados cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia do município e região, destes 2 mil na área agrícola e mil na industrial da unidade. No Estado, a Suzano conta com uma base florestal de 599 mil hectares, dos quais 143 mil hectares são destinados exclusivamente para a conservação da biodiversidade.

O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também do governador de MS Eduardo Riedel, secretário da SEMADESC/MS Jaime Verruck, além do presidente da Suzano, Beto Abreu, e outros executivos da empresa.

Beto Abreu e Riedel. Crédito imagem. Rádio Caçula.

Em sua fala, o governador Eduardo Riedel enfatizou a importância da fábrica para o estado: “O setor de papel e celulose, de florestas plantadas, tem uma capacidade de gerar empregos de qualidade, para as mulheres, como nós estamos vendo aqui. Também tem a capacidade de ajudar no processo de investimento em infraestrutura e todas as consequências de um crescimento dessa ordem que impõe ao Estado ações importantes, como educação, saúde e segurança pública nos municípios que sofrem esse tipo de impacto positivo”.

Sobre logística e projetos na área em andamento, o governador informou: “Com a empresa, no momento da negociação da vinda dela, a gente tratou uma série de assuntos de natureza tributária, de investimentos em infraestrutura, que é o principal. Uma empresa desse porte tem na logística algo fundamental para dar competitividade a ela. São estradas pavimentadas, como a MS-338, por exemplo, que vai lá de Camapuã até aqui a Ribas, que está em andamento. São os túneis para caminhões hexatrem, estradas internas de toda essa região de produção. É uma discussão que extrapolou o ambiente de negócios, as licenças a tempo e a hora com responsabilidade. Tudo isso impacta a capacidade da empresa a entregar, dentro do orçamento e do cronograma”.  

Beto Abreu, presidente da Suzano, destacou números de plantios e a relevância em sustentabilidade do projeto: “Essa empresa planta todos os dias 1.2 milhões de árvores, continua com os seus investimentos no Estado. Só no ano de 2024 serão mais de 200 mil hectares plantados, e essa é uma atividade econômica com pegada de carbono negativo. Nós tiramos mais carbono da atmosfera, do que emitimos, é mais um exemplo de projeto Industrial totalmente sustentável”.

E finalizou com agradecimentos: “E eu queria dizer para todos vocês que hoje é o motivo de muito orgulho de muita alegria para todos os 50 mil colaboradores da Suzano. Dizer aos nos nossos acionistas controladores que também estão aqui presentes, que é um orgulho não só por estarmos inaugurando a planta de Ribas, mas orgulho como brasileiros, porque a gente sabe do impacto que estamos gerando na sociedade, no estado, e por que não dizer no Brasil?! E nós vamos continuar plantando futuro, para um mundo melhor para as pessoas e também para os nossos brasileiros. Muito obrigado”.

Palloma Vigiani.

Em representação aos trabalhadores e trabalhadoras da Suzano, a engenheira de produção sênior, Palloma Vigiani lembrou sua trajetória na empresa, com mensagem especial dedicada às mulheres sobre o mercado de trabalho e seus desafios: “Quando eu iniciei na Suzano, eu era a única mulher no time Industrial. Hoje somos mais de 100 e mais do que o número, somos uma força que cresce. Quero ser inspiração para essas mulheres e tantas outras, mostrando que com determinação podemos realizar nossos sonhos e derrubar a barreiras. Meu objetivo agora é mirar ainda mais longe. Eu quero alcançar uma posição de liderança que me permita multiplicar esse Impacto desenvolvendo pessoas e ajudando a enxergar e alcançar o próprio potencial. É isso que é gerar e compartilhar o valor para mim. Inspirar transformar construir juntos”.

Finalizou Palloma com dizeres dedicados à classe trabalhadora feminina: “Deixo aqui uma mensagem especial, sobretudo para as mulheres: nunca desistam. O mercado é competitivo os desafios são reais, mas com determinação e as oportunidades certas, podemos escrever a nossa história e realizar conquistas que antes eram inalcançáveis”.

Confira registros da solenidade e da nova fábrica da Suzano:

A empresa passa a ter três fábricas em Mato Grosso do Sul, somando uma capacidade produtiva instalada de 5,8 milhões de toneladas anuais, e amplia em 20% a sua capacidade instalada de produção de celulose, chegando a 13,5 milhões de toneladas anuais.

Para abastecer a nova unidade, a Suzano conta com dois viveiros de mudas, localizado nas proximidades de sua base industrial, e outro em Campo Grande, que juntos, têm capacidade de produzirem 75 milhões de mudas de eucalipto por ano.

O megaempreendimento é sinônimo de inovação e sustentabilidade. Confira mais detalhes:

•             Anúncio oficial do projeto: maio de 2021.

•             Tamanho da planta: 4,5 milhões de metros quadrados, com terreno de cerca de 5 km de comprimento por 3 km de largura.

•             Geração de energia: a unidade é autossuficiente em energia e gera excedente de 180 megawatts (MW) médios, suficientes para abastecer uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes durante um mês.

•             Escoamento da produção: a celulose segue pelo modal rodoviário até o terminal intermodal construído no município de Inocência (MS), de onde seguirá por trens até o Porto de Santos (SP).

•             Investimentos em obras e equipamentos via Plano Básico Ambiental: R$ 57,3 milhões em 21 projetos nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social, habitação e segurança pública.

•             Investimentos em projetos sociais voluntários: R$ 13,8 milhões em Ribas do Rio Pardo e região.

•             Raio médio estrutural da fábrica: 65 quilômetros entre as áreas de plantio e a fábrica.

•             Quantidade de mudas plantadas/ano para atender a nova fábrica: 110 milhões de mudas.

•             Meio de transporte da madeira até a fábrica: 50% por tritrens e 50% por hexatrens (veículos que não circulam em rodovias).

•             Capacidade de carregamento de hexatrem: até 250 toneladas de toras de eucalipto.

MS Vale da Celulose

Atualmente, Mato Grosso do Sul conta com quatro plantas de celulose em operação – a mais recente instalada, da Suzano, em Ribas –, juntas, essas unidades têm capacidade instalada para processar cerca de 7,5 milhões de toneladas de celulose. A médio e longo prazo, esse volume deve ultrapassar os 15 milhões de toneladas, com projetos em andamento ou anunciados recentemente, como da Arauco, em Inocência, e da Bracell, em Água Clara, somando investimentos na ordem de aproximadamente R$ 50 bilhões.

Essa expansão é resultado de uma demanda global aquecida por produtos florestais, em especial a celulose e o papel, e pelo baixo impacto ambiental. Esses fatores combinados criam um cenário propício para o aumento do número de empregos gerados pela produção florestal no Estado.

Escrito por: redação Mais Floresta.

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Mato Grosso quer ampliar áreas integradas de lavoura-pecuária-floresta para reduzir emissões de carbono

Até 2030, Estado quer ampliar para 1,3 milhão de hectares a área para cultivar grãos, criar gado e produzir energia

Membros do Grupo Gestor Estadual do Plano ABC+MT, que tem a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) como integrante, discutiram estratégias para ampliar e fortalecer a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e os Sistemas Agroflorestais (SAFs) para às metas do planejamento sustentável na agropecuária para 2030. A reunião ocorreu nesta terça-feira (03.12), na sala de reuniões da pasta, em Cuiabá.

O ABC+ em MT é um plano estadual que busca adaptação da agropecuária à mudança climática e uma produção para baixa emissão de carbono até o ano de 2030. O Grupo Gestor é composto por representantes de diversos órgãos públicos e entidades estaduais e federais. Cada Estado do país, junto com o Governo Federal, desenvolvem seus próprios planos. 

Mato Grosso é responsável por 17,21% da meta nacional de redução de gases de efeito estufa, segundo o Grupo Gestor com base em dados do Governo Federal.

Entre as prioridades apresentadas na reunião, está a ampliação de 1,3 milhão de hectares com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) até 2030. A prática recupera áreas de pastagens degradadas e combina, na mesma propriedade, diferentes atividades produtivas como cultivo de grãos, criação de gado e produção de agroenergia. Para alcançar a meta, serão realizadas ações como capacitação de produtores, incentivo ao uso de espécies nativas e oferta de linhas de financiamento.

Além disso, os Sistemas Agroflorestais (SAFs), que busca associar a produção agropecuária de propriedades com áreas de matas nativas preservadas, terão um incremento de 311 hectares, com apoio de projetos voltados à agricultura familiar, financiamento junto ao Banco Mundial, formação técnica e políticas de pagamento por serviços ambientais.

A reunião também abordou pautas como a discussão e votação das atas do Grupo Gestor Estadual, a proposta do calendário anual de reuniões para 2025, a avaliação das metas bienais do Plano ABC+ MT e a apresentação das ações desenvolvidas pela Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Estado.

A superintendente de Agronegócio e Crédito da Sedec, Linacis Silva, destacou a importância do trabalho integrado para o desenvolvimento sustentável em Mato Grosso.

“As ações realizadas, como a ampliação de áreas, os acompanhamentos técnicos, a recuperação de pastagens e as parcerias com diversas instituições, são fundamentais para o desenvolvimento sustentável do nosso Estado. Estamos mantendo o Plano ABC+ 2020-2030 alinhado às metas estabelecidas, garantindo avanços significativos em práticas sustentáveis e de baixo carbono,” explicou Linacis.

Metas de Mato Grosso até 2030

Entre as metas do plano ABC+ MT que devem ser adotadas pela agropecuária para adaptar às mudanças climáticas, está o aumento dos atuais 220 mil hectares de áreas irrigadas para 500 mil hectares, aumentar em 600 hectares o plantio direto de hortaliças, 3,3 milhões de plantio direto de grãos, 285 mil hectares de florestas plantadas, 1,3 milhão de hectares de integração lavoura-pecuária-floresta, recuperação de 3,82 milhões de pastagens degradadas e dentre outras práticas.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, destacou que essas tecnologias adotadas contribuem também para o aumento da renda, garantem sustentabilidade da propriedade, trazem mais eficiência produtiva e conservam o solo, água e a vegetação.

“O Plano ABC + é um programa muito importante, vamos atingir essas metas e o produtor rural tem retorno, está gostando e está aprendendo. Esse plano vai levar cada vez mais prosperidade, desenvolvimento econômico, geração de emprego e produção com sustentabilidade. Ninguém faz uma agricultura tão sustentável quanto o Brasil, quanto o Mato Grosso”, disse.

O retorno dos investimentos em uma agropecuária sustentável é até 11 vezes maior do que o aporte inicial. De 2010 a 2023, foram investidos R$ 13 bilhões nessas tecnologias para uma agropecuária de baixo governo em todo o país. O retorno foi em R$ 165 bilhões em recuperação de pastagens degradadas e R$ 202 bilhões, se somar a isso à integração lavoura-pecuária-floresta.

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