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Dia do Trabalho: o agro que gera empregos e precisa de mãos qualificadas

SRCG aposta em ações práticas para aproximar quem produz e quem busca oportunidades no agro

Em um cenário de avanços tecnológicos, desafios logísticos e transformações sociais, a força de trabalho continua sendo o eixo central da produtividade no campo. Conectar o produtor rural a profissionais capacitados, criar oportunidades e formar novas gerações aptas a atuar com eficiência e responsabilidade são metas permanentes do setor rural. O agronegócio brasileiro é responsável por movimentar a economia, garantir segurança alimentar e, sobretudo, gerar oportunidades. Em Mato Grosso do Sul, onde o setor representa cerca de 35% do Produto Interno Bruto (PIB), a presença do agro no cotidiano da população vai além da produção, está no emprego, na renda e na formação de pessoas.

“O agro é um setor que pulsa todos os dias. A vocação para o trabalho está no DNA do campo. preciso seguir avançando nas frentes de qualificação, inclusão, formalização e valorização da mão de obra rural. Conectar o produtor com o trabalhador, garantir acesso a ferramentas modernas e lutar pela segurança jurídica são formas concretas de construir um campo mais justo, eficiente e humano”, destaca Eduardo Monreal, presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG).

Segundo levantamento do Cepea/USP, o agronegócio brasileiro encerrou 2023 com mais de 19 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos. Só em Mato Grosso do Sul, foram criadas quase 7 mil vagas com carteira assinada no campo durante o ano, de acordo com o Novo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Com a modernização das propriedades e o aumento das exigências por rastreabilidade, sustentabilidade e eficiência produtiva, cresce também a necessidade de profissionais capacitados para atuar em diversas frentes: da operação de máquinas agrícolas à gestão ambiental, passando pela pecuária de precisão, manejo de pastagens, administração rural e muito mais. A Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) aponta uma demanda constante por trabalhadores técnicos, preparados e comprometidos com a evolução do setor.

“Estamos falando de um setor que é altamente técnico e que precisa de pessoas preparadas, mas também de pontes entre quem está pronto para trabalhar e quem está contratando”, reforça Monreal.

Para enfrentar esse desafio, o SRCG vem se consolidando como um elo entre quem produz e quem busca oportunidades no agro. Em parceria com a Funtrab, Sistema Famasul, Senar/MS e a Funar, o Sindicato atua diretamente na criação de estratégias de empregabilidade e formação profissional.

Entre as ações realizadas, destacam-se a Instalação de postos itinerantes de atendimento para cadastramento de vagas e candidatos; divulgação de oportunidades via balcão de empregos da Funtrab; apoio à plataforma Famasul Conecta, que interliga produtores e trabalhadores; promoção de programas de estágio voltados a jovens estudantes do setor rural. “Nosso objetivo é estar onde está o trabalhador e onde estão as vagas”, explica Marina Dobashi, diretora-presidente da Funtrab. “Aqui no Sindicato, conseguimos reunir produtores e candidatos, o que torna o processo mais eficiente e inclusivo.”

Além da intermediação de mão de obra, o Sindicato Rural investe na formação técnica, por meio de cursos, treinamentos e parcerias com instituições educacionais. A ideia é clara: não basta apenas conectar é preciso preparar. Com ações regulares e a proposta de transformar os encontros de empregabilidade em atividades periódicas, o Sindicato reafirma seu papel como agente de desenvolvimento humano e econômico.

“Vamos continuar abrindo espaço para que o trabalhador rural tenha acesso à formalização, à capacitação e à valorização”, conclui Eduardo Monreal. “Esse é o caminho para um campo mais justo, eficiente e humano”.

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Escassez de mão de obra qualificada é risco para o Brasil

O setor privado deve atuar em sintonia com o poder público para apontar tendências e atender às novas demandas

*Artigo de Beto Abreu

O debate econômico em torno de juros básicos, agenda fiscal e PIB busca resolver um déficit relevante, além de lidar com um Orçamento público engessado e um crescimento em boa direção, porém limitado. É uma discussão importante. Contudo outros fatores igualmente decisivos para o futuro do Brasil não recebem a devida atenção: a educação e a capacitação da mão de obra.

A qualidade e a disponibilidade da nossa mão de obra não sustentarão um crescimento robusto e continuado. Novos investimentos enfrentam dificuldades para contratar profissionais habilitados. Algumas especialidades técnicas essenciais chegam a ser mais bem remuneradas que carreiras de nível superior, não pela complexidade, mas pela falta de profissionais capacitados.

A produtividade é outro desafio. Segundo o ranking da Organização Internacional do Trabalho de 2023, o Brasil ocupa a 95ª posição entre 189 países em PIB por hora trabalhada. O profissional brasileiro gera, em média, US$ 17 por hora, menos que Argentina (US$ 27), México (US$ 20) e Chile (US$ 29), países em estágio de desenvolvimento semelhante.

Felizmente há esforços para mudar esse cenário. O Sistema S, entidades de classe, ONGs, iniciativa privada e governos específicos têm atuado na capacitação profissional. Em Mato Grosso do Sul, Sesi e Senai se juntaram à Suzano para treinar trabalhadores em Ribas do Rio Pardo, onde investimos mais de R$ 20 bilhões na maior linha única de produção de celulose do mundo.

No mesmo município, com pouco mais de 20 mil habitantes e localizado a cerca de 100 quilômetros de Campo Grande, está em construção um Centro Integrado Sesi Senai. Com previsão de estar pronto neste ano, atenderá a mais de 2,1 mil alunos(as), da educação básica ao ensino profissionalizante, formando talentos para o futuro da região.

Capacitar brasileiros e brasileiras para a nova realidade profissional torna-se ainda mais desafiador diante da crescente demanda por qualificações avançadas. Inteligência artificial, automação e digitalização são competências que se expandem em todos os setores. A disponibilidade de mão de obra capacitada será fator cada vez mais determinante para a competitividade.

Países que buscam ser referência em mão de obra qualificada têm mitigado a escassez investindo na formação e atração de talentos estrangeiros. O Brasil, com uma população numerosa, pode e deve aprimorar sua formação.

Embora o desemprego esteja baixo, a informalidade segue alta: são mais de 40 milhões de pessoas nessas condições, segundo o IBGE. Além disso, há 54 milhões de beneficiários do Bolsa Família, muitos sem emprego formal. É um número expressivo, que deve ser olhado com atenção, pois, no curto prazo, é possível requalificar e recolocar parcela dessa mão de obra, reduzindo a informalidade e tornando os programas sociais um trampolim para novas oportunidades.

Aprimorar a educação básica, introduzindo habilidades necessárias à nova realidade tecnológica, também é crucial. O setor privado deve atuar em sintonia com o poder público para apontar tendências e atender às novas demandas.

Apesar dos avanços pontuais, o Brasil segue estagnado na formação de jovens. No Pisa, aparecemos nas últimas posições entre 81 países, com avanços mínimos entre 2018 e 2022. Em matemática, passamos da 71ª para a 65ª posição; em leitura, da 57ª para a 52ª; e em ciências, da 64ª para a 62ª.

Estamos há anos nessa condição, sem tração no ritmo necessário e correndo o risco de ficarmos para trás na corrida tecnológica e econômica. Acelerar novas diretrizes, políticas e investimentos voltados à educação e à capacitação é condição indispensável para que o Brasil seja mais inclusivo e menos desigual. O avanço tecnológico, diante da escassez de profissionais qualificados, é um alerta crítico para o crescimento do país.


*Beto Abreu é presidente da Suzano.

Artigo publicado em O Globo em 04/02/2025.

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Prefeitura de Ribas e Reflore-MS estreitam relações para formação de mão de obra qualificada

O diretor técnico da entidade que comanda o setor florestal no Estado, Dito Mário, recebeu o prefeito de Ribas do Rio Pardo, Roberson Moureira, para aprofundar este trabalho

A Prefeitura de Ribas do Rio Pardo e a Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS) estão estreitando relações. O motivo: a prefeitura pleiteia que as universidades instalem polos formação de mão de obra qualificada me Ribas, não somente voltada para a Suzano, mas para todo o setor florestal.

A Reflore MS congrega todas as empresas do setor e, por isso, o prefeito de Ribas do Rio Pardo, Roberson Moureira, tem tido reuniões com o diretor Dito Mário. Tanto o prefeito quanto o diretor da entidade florestal consideram a instalação dos polos universitários como primordial para garantia assegurada do desenvolvimento socioeconômico no município.

Com a Reflore MS, o prefeito pode ter em mãos todas as demandas detalhadas para o setor florestal, de forma ampla e também minuciosa. Isso porque – tanto a prefeitura, quanto as empresas ligadas à Reflore MS – não querem desperdiçar tempo e nem recursos para formar mão obra sem utilidade.

O projeto tem avançado a passos largos. Essa semana, o prefeito recebeu a informação de que a Universidade do Estado de Mato Grosso do Sul (UEMS) vai reforçar sua presença no município, com o reforço nos convênios na área da saúde, na educação (com intensificação da formação pedagógica e continuada para professores), além da área florestal e também com cursos de línguas estrangeiras. O detalhamento destes cursos foi dado pelo reitor da UEMS, o professor doutor Laércio Alves de Carvalho.

O prefeito Roberson Moureira também se reuniu com a reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso do Mul (UFMS). Em fevereiro, a reitora Camila Ítavo virá a Ribas do Rio Pardo e fará anúncios sobre o que será feito na cidade. Nos dois encontros com os reitores – da UEMS e UFMS – o prefeito Roberson Moureira esteve acompanhado do deputado federal Beto Pereira. Os dois vêm desenvolvendo esse planejamento desde a eleição de Roberson Moureira, em outubro do ano passado.

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ILPF: inúmeras vantagens, mas que exigem dedicação

O tradicionalismo, principalmente dos pecuaristas, ainda é um desafio para a implantação dos sistemas integrados nas propriedades rurais

Há mais de 30 anos, a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) tem sido objeto de pesquisas no Paraná. A adoção desse sistema – que pode combinar dois ou os três componentes – possibilita a recuperação de áreas degradadas, tanto de pastagens como de lavouras, além de proporcionar benefícios ambientais e incrementar a produtividade agropecuária, avançando sobre áreas menos produtivas.

Na região do Arenito Caiuá, no Noroeste do Estado, onde mais de 40% do território são dedicados à pecuária, a ILPF surgiu como oportunidade para aumentar a produção de grãos sobre áreas de pastagens degradadas, possibilitando o cultivo da soja em solos arenosos. É o caso do produtor Gerson Magnoni Bortoli, que possui duas propriedades sob esse sistema, uma em Perobal, com 465 hectares em Integração Lavoura Pecuária (ILP), e outra em Umuarama, com 424 hectares em Integração Pecuária Floresta (IPF), ainda em fase de testes.

Até então pecuarista, Bortoli começou a plantar a soja em 2004, com assistência técnica da cooperativa Cocamar, que, na época, havia dado início aos projetos com sistemas de integração no Arenito Caiuá. O produtor rural queria reformar as pastagens da propriedade em Perobal, adquirida em 2001. Hoje são327 hectares dedicados ao cultivo: 100% ocupados com soja no verão e, no inverno, com braquiária –ora solteira, ora consorciada com milho.

Na estação fria, Bortoli faz a transferência da maior parte do rebanho que estava em Umuarama para Perobal, para fazer o pastejo sobre as forrageiras. A média varia entre 350 e 500 animais – em Umuarama ficam apenas as vacas de cria (cerca de 200). “Quando o mercado está bom, compramos mais animais para fazer o acabamento em Perobal. Também faço semiconfinamento, se tem perspectiva boa de preço, faço a terminação no cocho. Entre final de agosto e início de setembro, tiramos o gado para dessecar o capim e plantar a soja”, explica o produtor.

Infraestrutura

Com a integração do sistema, os resultados não demoraram a aparecer. Segundo Bortoli, no primeiro ano já foi possível mensurar os benefícios. No entanto, a propriedade carecia de equipamentos e maquinários para a agricultura. Esse é um dos desafios para os produtores que estão começando no sistema de integração: investimento em infraestrutura para implantação de cada um dos componentes. Por isso, Bortoli agiu com cautela: começou terceirizando os serviços, até obter mais segurança financeira para comprar maquinário próprio. Somente após colocar toda a propriedade em ILP que investiu em máquinas novas e de primeira linha.

Outro desafio apontado pelo produtor é a falta de mão de obra qualificada. Como a região é tradicionalmente voltada para a pecuária extensiva, há poucos profissionais especializados em agricultura, principalmente em sistema de integração. “A pecuária da nossa região não exige tanta presença na lida diária. Na agricultura, o planejamento é mais rígido, pois cada hora é certeira”, avalia.

Desde 2008, quando a propriedade de Perobal atingiu a amplitude do sistema ILPF, a produtividade média está em 66 sacas de soja por hectare. Na safra de 2022/23, Bortoli colheu 88 sacas por hectare –número que impressiona, levando em consideração as condições de clima e solo do Arenito Caiuá. Na propriedade, o teor de argila no solo não passa dos 20%. “Para a nossa região não tem outra saída se não o sistema de integração”, garante o produtor.

Na pecuária, Bortoli viu a transformação nas pastagens – desde que começou com a ILP, tem pasto de sobra. Mesmo se houver geada, a braquiária resiste ou acaba rebrotando com facilidade. No inverno, o ganho de peso por animal é de 1 a 1,5 quilo por dia.

Capacitação

O tradicionalismo, principalmente dos pecuaristas, ainda é um desafio para a implantação dos sistemasintegrados nas propriedades rurais. Apesar dos exemplos práticos, muitos produtores apresentamresistência às mudanças que o sistema exige. Hoje, no Paraná, 633 mil hectares são ocupados pela ILPF,6,74% das áreas de uso agropecuário, conforme dados da Rede ILPF. Já no Brasil, são 17,4 milhões dehectares, 8,35% do total. Para reverter essa situação e ampliar o cenário, segundo especialistas, o ILPFexige planejamento e assistência técnica.

Na avaliação de Edemar Moro, professor e pesquisador na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), ainda é preciso destravar o acesso ao conhecimento multidisciplinar para profissionais de assistência técnica, produtores e trabalhadores rurais. “Tem espaço para formar profissionais para aproximar a pesquisa do campo. É importante trazer quem tenha domínio ou proporcionar treinamento para a equipe que já está na propriedade”, afirma.

De acordo com Vanderley Porfírio-da-Silva, pesquisador da Embrapa Florestas, para que o sistema funcione plenamente, o produtor precisa “mergulhar de cabeça” em uma nova visão estratégica de manejo e de negócio e, principalmente, se capacitar. “Ele vai ter que aumentar sua capacidade de gerir tecnologia, de acordo com o grau de complexidade da integração. Para isso, é preciso capacitação técnica, e também de marketing, do ponto de vista do mercado, para vender o seu produto”, resume.

A Rede ILPF, por exemplo, divulga, por meio de uma plataforma de ensino, esses sistemas produtivos, com foco em trabalhar a transferência de tecnologia e capacitação de assistência técnica. Em parceria, outras entidades do setor também têm contribuído para levar capacitação e conhecimento aos produtores rurais paranaenses, como o Sistema FAEP/SENAR-PR e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), por meio do Programa de Capacitação em ILPF.

A iniciativa está treinando profissionais para prestar assistência técnica e fomentar a tecnologia entre os produtores rurais do Estado. O programa, que já está em campo desde março deste ano, tem duração até abril de 2024. Uma das estratégias para a formação continuada dos técnicos e instrutores é o desenvolvimento de projetos em propriedades rurais de cooperados da Cocamar para implementação das técnicas de ILPF de acordo com as demandas de cada negócio.

“Para que este conhecimento seja transferido e colocado em prática pelos produtores, treinamos nossa equipe técnica constantemente com a colaboração de diversos pesquisadores. Como alternativa para facilitar a conversão, propomos um sistema de parcerias entre o pecuarista e o produtor de grãos, o qual acelera o processo de implementação do sistema com benefícios mútuos”, destaca Emerson Nunes, gerente de ILPF na Cocamar, que atua há mais de 20 anos para alavancar mais áreas ocupadas pelo sistema.

Sistema integrado se adapta a qualquer realidade do campo

Em 2015, a Colaboradores do Brasil (Colab), organização missionária e filantrópica que desenvolve trabalhos agrícolas no Paraná, iniciou a implantação da ILP nas propriedades de Altônia e Xambrê, no Noroeste do Paraná. Juntas, elas somam 1,15 mil hectares de área cultivável. A primeira etapa envolveu o plantio da soja por meio de parcerias com agricultores da região, para recuperar as pastagens. Os produtores faziam a correção do solo e, ao término do contrato de dois anos, entregavam a área reformada.

“A estratégia barateou os custos. O pasto depois da soja passou a suportar mais gado em quatro meses de inverno do que o pasto antigo suportava o ano inteiro”, aponta Valdenir Alberto Seidel, gerente financeiro da Colab. Antes da ILP, a produtividade média do rebanho destinado à cria, com 2,6 mil cabeças, era 8 arrobas por hectare por ano. Atualmente, são cerca de 13 arrobas por hectare.

Em 2018, a Colab assumiu a gestão da agricultura em Altônia e, a partir deste ano, em Xambrê – que,além da soja, vai receber o plantio de 10 mil pés de eucalipto. Com o complemento florestal, a curto e médio prazos, o planejamento é oferecer sombra e conforto térmico para o gado e, a longo prazo, fazer a extração e comercialização da madeira, além de colaborar para questões ambientais, como o sequestro de carbono.

“A diversificação de atividades das fazendas também promove ganhos sociais, trazendo novas oportunidades de emprego e capacidade de melhoria na renda dos colaboradores”, afirma Seidel. “A princípio houve um desafio cultural, porque somos pecuaristas por natureza. Mas hoje isso está superado. A ILPF deu viabilidade para a agricultura na nossa região”, reconhece.

Além de exigir uma abordagem sistêmica de planejamento, a ILPF é adaptável a qualquer realidade do campo. Pode combinar os componentes (lavoura, gado e floresta) de diferentes maneiras, com diversas culturas e espécies animais, adequando-se às características regionais, condições climáticas, mercado local e perfil do produtor, seja pequeno, médio ou grande.

Cada propriedade exige um modelo de integração

Os sistemas de Integração Lavoura Pecuária são excelentes estratégias produtivas para o desenvolvimento sustentável, aumento da produtividade e redução de riscos financeiros, garantem especialistas. “Temos cases de sucesso na cooperativa [Cocamar] que têm conseguido vantagens como redução da sazonalidade de produção, maior rentabilidade, maior eficiência de utilização dos recursos naturais, geração de empregos diretos e indiretos no campo, e melhoria da qualidade de vida do produtor e de sua família”, destaca Nunes, da Cocamar.

O produtor José Rogério Volpato transformou suas propriedades após adotar sistemas de integração,sendo ILPF na propriedade em Presidente Castelo Branco, com 145 hectares, e ILP na outra em NovaEsperança, com 242 hectares. “Antes de trabalhar com ILPF, eu fazia somente o plantio de braquiáriasolteira no inverno para cobertura de solo e aumentar a palhada para o verão, mas não fazia pastejo.Hoje eu faço a rotação das áreas, então, a fim de comparação, onde tem pastejo, a produtividade da sojaé de 5% a 10% maior”, aponta.

O rebanho de, em média, 250 cabeças de gado, chegando a 400 no inverno, tem potencial de lotação de até quatro cabeças por hectare. Em Nova Esperança, a terminação das novilhas no pastejo resulta em ganho diário de peso de 750 gramas por animal. Na safra 2022/23, o produtor também investiu no plantio de sorgo e aveia em parte de área para ajudar na terminação. “Está provado que o sistema funciona em áreas menores. O gado veio para pagar o custo do capim e ainda dá resultado na soja”, comemora Volpato.

Na propriedade em Presidente Castelo Branco, que conta com o componente florestal há sete anos, está chegando a época do primeiro corte do eucalipto. Segundo o produtor, a expectativa para comercialização da lenha está boa. “E eu ainda continuo trabalhando com o gado na mesma lotação. O eucalipto não tirou quase nada do potencial da área”, garante.

Componente florestal ainda é desafiador

De acordo com a Rede ILPF, dentre as quatro possibilidades de configuração do sistema produtivo, a ILP é a mais adotada pelos produtores paranaenses, com 87%, seguida da ILPF, com 5%. Essa diferença expressiva está ligada ao maior nível de complexidade de manejo do complemento florestal, além do tempo para extração da madeira, de, no mínimo, sete anos.

No caso de regiões onde há indústrias do setor florestal, o produtor pode fechar contratos na época do plantio das árvores. Já onde o setor não é consolidado, a incerteza com a comercialização aumenta, sendo mais um fator limitante. Outro aspecto tem relação com a diversificação de espécies de árvores plantadas.

“Um receio, principalmente de quem trabalha com grãos, é achar que a floresta sempre vai causar prejuízos por causa do sombreamento excessivo das plantas. Por isso existe a necessidade de um acompanhamento do desenvolvimento do componente florestal. Às vezes o produtor conhece exemplos que deram errado por implantação inadequada”, aponta Marcelo Müller, engenheiro florestal e coordenador da Caravana da Rede ILPF, que difunde os sistemas ILPF, além de realizar diagnósticos regionais nas diversas regiões produtoras do país.

Durante os eventos da Caravana, é utilizada uma ferramenta de previsão de resultados que ajuda a identificar os gargalos para adoção da tecnologia ILPF no campo. Os resultados têm indicado que a transmissão de conhecimento a respeito da introdução do componente florestal para os produtores ainda é deficitária, limitando sua implantação. O tempo para retorno financeiro também aparece entre os principais gargalos.

Segundo Müller, há espaço para o componente florestal crescer no Brasil e no Paraná. Afinal, a associação de cultivos anuais com árvores ganha importância para proteção contra intempéries, principalmente ventos, que podem determinar grandes perdas na produção agrícola. É o chamado efeito quebra-ventos. Outras melhorias estão associadas ao controle da erosão, proteção de populações de inimigos naturais de pragas e manutenção da biodiversidade.

Informações: Compre Rural.

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