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Parceria entre Bracell e SOS Mata Atlântica resulta no plantio de 61 mil árvores em São Paulo  

Com foco em biodiversidade, ação refloresta área estratégica da Cuesta de Botucatu interligada a duas bacias hidrográficas importantes da região 

Uma área de 25 hectares da região da Cuesta, em Botucatu (SP), ganhou nova vida com o plantio de mais de 61 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. A ação faz parte de um projeto da Bracell, uma das líderes globais na produção de celulose solúvel, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, iniciado em 2022. Além de recuperar uma área antes degradada, a iniciativa tem como foco fortalecer os ecossistemas locais e promover benefícios duradouros para o meio ambiente e a sociedade. 

O projeto contribui diretamente para a conservação da biodiversidade e o equilíbrio climático, com impacto relevante também nos recursos hídricos. As espécies vegetais foram escolhidas estrategicamente para atrair e manter a fauna local — como aves e mamíferos — e favorecer a regeneração natural da floresta. A área restaurada influencia positivamente duas microbacias hidrográficas importantes da região: positivo se estende também a duas microbacias hidrográficas da região, a do Alto do Rio Pardo, que drena para a nova captação de água de abastecimento do município e a do Alto do rio Capivari, que drena para o Parque Natural Municipal Cachoeira da Marta. 

A iniciativa está alinhada ao Programa de Restauração e Conservação Ambiental da Bracell, que promove boas práticas ambientais nas regiões onde a empresa opera. Ao todo, foram plantadas mudas de 80 diferentes espécies nativas, muitas delas com alto valor ecológico e potencial de atrair a fauna.  

Com a restauração, a área passa a ter papel essencial no equilíbrio do clima global, absorvendo CO2 da atmosfera e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Segundo pesquisas utilizadas pela Fundação SOS Mata Atlântica, a capacidade de sequestro de carbono aumenta quando a floresta volta para um lugar antes ocupado por pastagens. 

Restauração estratégica reforça compromisso com o meio ambiente 

De acordo com Ana Beatriz Liaffa, coordenadora de Restauração Florestal da Fundação SOS Mata Atlântica, a iniciativa é essencial diante do cenário atual do bioma. “A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais degradados do Brasil, com apenas 24% de sua cobertura original remanescente. Cada ação de restauração contribui para a recuperação desse patrimônio natural, impactando diretamente a biodiversidade e os serviços ambientais essenciais para a sociedade”, destaca. 

A recuperação da área envolveu um trabalho minucioso, incluindo o preparo manual do solo, a escolha das espécies, o plantio, além de capinas, adubações e outros tratos culturais. “Desde o início, percebemos o grande potencial da região para os processos de restauração. A presença de animais na área restaurada indica que o processo de sucessão ecológica está acontecendo de forma acelerada. Isso significa que, em pouco tempo, teremos uma floresta autossustentável, capaz de se manter sem interferências externas”, explica Liaffa. 

Para João Augusti, gerente de Sustentabilidade da Bracell, a parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica reforça o compromisso da companhia com práticas ambientais responsáveis e de longo prazo. “Projetos como este desempenham um papel fundamental na promoção da sustentabilidade. Além de restaurar ecossistemas e proteger a biodiversidade, eles criam sinergias com outras iniciativas, ajudando a difundir boas práticas de recuperação florestal nas regiões onde atuamos”, afirma. 

A ação conjunta entre Bracell e SOS Mata Atlântica é um exemplo concreto de como parcerias estratégicas podem impulsionar a conservação ambiental em larga escala. O projeto garante benefícios ambientais consistentes para o território, como a melhoria da qualidade da água, o equilíbrio climático e a proteção da fauna e da flora, além de contribuir para que futuras gerações possam usufruir dos serviços ecossistêmicos proporcionados por uma floresta em regeneração. 

Sobre a Bracell 

A Bracell, líder global na produção de celulose solúvel e especial, se destaca por sua expertise no cultivo sustentável do eucalipto, que é a base para a produção de matéria-prima essencial na fabricação de celulose de alta qualidade. Atualmente a multinacional conta com mais de 11 mil colaboradores e duas principais operações no Brasil, sendo uma em Camaçari, na Bahia, e outra em Lençóis Paulista, em São Paulo. Além de suas operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Singapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos. Para mais informações, acesse: www.bracell.com  

Sobre a SOS Mata Atlântica 

A Fundação SOS Mata Atlântica é uma organização da sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos. Fundada em 1986, tem como missão inspirar a sociedade na defesa do bioma mais devastado do país. Atua para promover políticas públicas para conservar e restaurar a Mata Atlântica, trabalhando de maneira integrada as temáticas de água, biodiversidade e clima. Monitora a situação das florestas e ecossistemas associados, além de trabalhar para recuperar áreas já degradadas. Também defende e cria políticas públicas em prol do bioma. Essa causa beneficia diretamente mais de 70% da população brasileira, que vive na Mata Atlântica e depende dela para ter qualidade de vida. 

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Veracel e Biomas anunciam projeto de restauração de florestas nativas

Iniciativa vai recuperar 1,2 mil hectares com mais de 70 espécies nativas. É o primeiro projeto da Biomas, empresa formada por Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale

Eunápolis, 25 de abril de 2025 – A Biomas, empresa de regeneração de ecossistemas que tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, anunciou nesta sexta-feira (25) seu primeiro projeto de restauração florestal. A iniciativa irá restaurar 1,2 mil hectares de Mata Atlântica em áreas da Veracel Celulose, indústria de base florestal que atua há mais de 30 anos no Sul da Bahia, com o plantio de mais de 70 espécies nativas. O investimento inicial previsto é de R$ 55 milhões.

Criada no fim de 2022, a Biomas faz parte de um novo setor econômico que está emergindo no Brasil, capaz de gerar emprego e renda e mitigar as crises climática e de biodiversidade. O projeto, batizado de Muçununga em homenagem a um ecossistema que só ocorre nessa região da Mata Atlântica, é parte de uma meta maior de restaurar 2 milhões de hectares de áreas degradadas ou improdutivas nos próximos 20 anos.

Como as florestas removem volumes significativos de CO2 da atmosfera, o modelo de negócio prevê que a restauração seja financiada pelos créditos de carbono que serão gerados na área recuperada. A expectativa é de que este primeiro projeto gere aproximadamente 500 mil créditos de carbono em 40 anos. Cada crédito de carbono representa uma tonelada de CO2 que foi removida da atmosfera. 

“Nosso negócio não é só plantar árvores e vender carbono. O carbono é um meio para financiar a restauração, mas não um fim”, afirma Fabio Sakamoto, CEO da Biomas. “A restauração ecológica gera múltiplos benefícios, como melhoria da qualidade do solo e da água, recuperação e proteção da biodiversidade e regulação do clima”, explica. A iniciativa também deve promover oportunidades como emprego e renda na região, entre outros benefícios sociais. 

“O Brasil é o lugar do mundo com maior vocação para remover carbono da atmosfera usando soluções baseadas na natureza. Além de conhecimento e empresas florestais de grande escala, o país tem uma grande área que pode ser restaurada, sem competir com outras atividades produtivas”, afirma Sakamoto. A área de pastagens degradadas no país ultrapassa a marca de 100 milhões de hectares, segundo relatório de 2024 elaborado pelo Boston Consulting Group (BCG), WWF e The Nature Conservancy (TNC). Para se ter uma ideia, é uma área equivalente aos territórios da França e Espanha somados.

O Projeto Muçununga, o primeiro da Biomas, está localizado na chamada Hileia baiana, dentro do corredor Central da Mata Atlântica, uma das regiões com maior biodiversidade do planeta. Com apenas 26,2% da vegetação original nativa, segundo levantamento do MapBiomas, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais sofreu transformações nos últimos séculos. As áreas que serão restauradas pela Biomas pertencem à Veracel e estão distribuídas por oito municípios no Sul da Bahia. 

“Essa parceria com a Biomas reforça o compromisso da Veracel com a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável no território onde atuamos. Mais do que uma ação compartilhada, estamos aportando um histórico consolidado que nos posiciona como referência em iniciativas de regeneração ecológica e proteção da biodiversidade da Mata Atlântica no Sul da Bahia. Ao destinar áreas próprias para restauração com espécies nativas, reafirmamos nosso papel como protagonistas na promoção de soluções baseadas na natureza e na preservação de ecossistemas de alta relevância ambiental”, afirma Caio Zanardo, diretor-presidente da Veracel.

A Veracel é uma empresa que atua com o manejo sustentável de suas florestas de eucalipto e, ainda, mantém um hectare de Mata Atlântica para cada hectare de eucalipto plantado para a produção de celulose da empresa. Com expertise em restauração ecológica, a companhia apoia projetos voltados à conservação da biodiversidade e à valorização dos ecossistemas locais.

Nos próximos dois anos, a Biomas vai plantar 2 milhões de mudas na área do projeto. A alta diversidade de espécies nativas será um dos diferenciais: serão plantadas mais de 70 espécies, como araçá, copaíba, guapuruvu, ipê-amarelo, jacarandá-da-bahia e jatobá. Essa grande variedade garante a recuperação do ecossistema natural e gera mais valor ao projeto. Segundo levantamento da MSCI Carbon Markets, globalmente, apenas 1% dos projetos de restauração de nativas para carbono usa mais de 10 espécies.

Sobre a Veracel

A Biomas é uma empresa de restauração ecológica em larga escala, que realiza o plantio e a manutenção de árvores nativas em áreas degradadas ou não produtivas.
Foi criada no fim de 2022 e tem como sócios Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, um consórcio inédito de empresas consolidadas que se unem em torno de um negócio de impacto no País. 

Sobre a Veracel

A Veracel Celulose é uma empresa de bioeconomia brasileira que integra operações florestais, industriais e de logística, que resultam em uma produção anual média de 1,1 milhão de toneladas de celulose, gerando mais de 3,2 mil empregos próprios e de terceiros, na região da Costa do Descobrimento, sul da Bahia e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Além da geração de empregos, renda e tributos, a Veracel é protagonista em iniciativas socioambientais no território. A consultoria Great Place to Work (GPTW) validou a Veracel como uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil pelo 6º ano consecutivo.

Além dos mais de 100 mil hectares de área protegida ambientalmente, é guardiã da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural de Mata Atlântica do Nordeste brasileiro.

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Pesquisa aponta áreas prioritárias para restauração da vegetação nativa do Brasil

A regeneração de 30% dos 76 milhões de hectares mapeados nos seis biomas poderia aumentar a disponibilidade de hábitat para mais de 11 mil espécies animais e vegetais, além de ajudar a mitigar as mudanças do clima

O novo Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em dezembro pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), atualizou as estratégias brasileiras para alcançar a meta de recuperar 12 milhões de hectares (ha) de vegetação nativa até 2030. O compromisso foi assumido no Acordo de Paris, tratado internacional assinado por 195 países em 2016 que prevê medidas para conter os impactos das mudanças climáticas e limitar o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius.

Segundo o Planaveg 2025-2028, serão combinadas quatro “estratégias transversais” (monitoramento, fomento à cadeia produtiva, financiamento e pesquisa) com “arranjos de implementação”, que preveem a recuperação da vegetação nativa em áreas de preservação permanente, reserva legal e uso restrito, além de áreas públicas e propriedades rurais de baixa produtividade.

A bióloga Rita Mesquita, secretária de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do MMA, defende o resgate da diversidade de espécies, de processos ecológicos e de serviços ambientais para evitar a perda da capacidade do sistema natural de responder a impactos futuros, como os provocados pelas mudanças do clima. “Para isso, é muito importante ter boas informações sobre todos os biomas, porque cada ecossistema vai seguir uma trajetória diferente, típica daquele lugar”, enfatiza, sobre o comportamento na regeneração.

Um estudo publicado em fevereiro na revista Biological Conservation pode contribuir para o trabalho dos órgãos ambientais e de gestão do território ao identificar áreas prioritárias para recuperação em cada um dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal e Mata Atlântica. Sua seleção deve levar em conta a expansão do hábitat disponível para as espécies nativas e a melhoria da conectividade funcional, que é quando a paisagem permite o deslocamento, a dispersão e o estabelecimento das espécies pelo fluxo de pólen, sementes e organismos entre fragmentos de vegetação.

O trabalho envolveu mais de 80 pesquisadores de universidades, instituições de pesquisa e organizações ambientais do Brasil e do exterior e apresenta os resultados de uma metodologia que combina o desenvolvimento de modelos de distribuição de espécies e de conectividade do território, com aplicação de um algoritmo de programação linear para otimizar a restauração, priorizando áreas com maior impacto para a diversidade e integração dos ecossistemas.

“O que o modelo vai fazer é simular como cada pixel de uma área desmatada seria restaurada e identificar como cada critério pode ser potencializado”, explica a bióloga Luisa Fernanda Liévano-Latorre, primeira autora do artigo e pesquisadora do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), uma organização ambiental privada com base no Rio de Janeiro. Uma das funcionalidades do modelo é saber qual a distribuição potencial de cada espécie na área escolhida.

Os autores mapearam 76 milhões de ha prioritários para a restauração, distribuídos nos seis biomas. As áreas anteriormente eram cobertas por ecossistemas naturais e agora estão ocupadas por agricultura, pastagens e silvicultura. Foram excluídas regiões urbanas e de mineração, onde a regeneração da vegetação nativa é inviável.

Em relação à biodiversidade, o grupo analisou 8.692 espécies de plantas (angiospermas) e 2.699 de animais, abrangendo ambientes terrestres e aquáticos. De acordo com as conclusões, se 30% das áreas prioritárias identificadas fossem regeneradas, seria possível aumentar em até 10% o hábitat disponível para essas espécies e em 60%, em média, a conectividade funcional, em relação ao cenário atual, utilizado como controle.

Regeneração florestal em paisagem de agricultura de corte e queima na Amazônia Central – Catarina Jakovac / UFSC

O estudo analisou organismos com diferentes capacidades de dispersão, abrangendo um espectro mais amplo de fauna e flora e tornando o trabalho mais robusto. Os benefícios são mais expressivos no Cerrado, onde a conectividade aumentaria em mais de 80%, seguido pela Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga (acima de 70%), e pelo Pampa e Pantanal (até 50%).

Para Mesquita, além de destacar as áreas onde se deve concentrar esforços, os dados de conectividade apresentados são importantes para a gestão pública, uma vez que eles precisam “estar cada vez mais presentes nas tomadas de decisão, incluindo os arranjos produtivos, pois não existe produção efetiva em paisagens inviáveis”. Para a bióloga, que não participou do estudo, a restauração de vegetação nativa deve buscar devolver a a resiliência das paisagens.

O estudo da Biological Conservation classificou algumas das áreas identificadas como altamente prioritárias, por abrigarem grande biodiversidade e estarem sob forte pressão. Comumente, são territórios de transição entre biomas. No caso da Amazônia, as áreas estão concentradas principalmente no arco do desmatamento, localizado no limite sul do bioma.

Se 30% das áreas restauráveis da região fossem recuperadas, ela poderia reter mais de 50% do seu potencial máximo de armazenamento de carbono, segundo a publicação, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas. A Amazônia tem a maior capacidade de captura de carbono entre os ecossistemas analisados.

“Pensando na Amazônia como um todo, o sucesso é limitado por dois fatores, principalmente: o número de vezes que aquela mata foi cortada, ou seja, a frequência de desmatamento; e o histórico de uso antes de começar a regeneração”, ressalta o biólogo André Giles, pesquisador em estágio de pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele é o primeiro autor de um estudo publicado em dezembro na revista Communications Earth & Environment, que se propõe a fornecer indicadores para medir o sucesso da regeneração e apoiar ações voltadas à conservação do território e mitigação das mudanças climáticas na Amazônia.

O trabalho reúne 29 pesquisadores de instituições nacionais e internacionais – incluindo Mesquita, do MMA – que identificaram quatro indicadores-chave: a área basal, que representa a estrutura da floresta e a densidade da vegetação; a heterogeneidade estrutural, que mede a variação no tamanho das árvores, indicando um ecossistema mais equilibrado; a riqueza de espécies nativas, que avalia a biodiversidade da floresta secundária; e a biomassa acima do solo, que indica a quantidade de carbono estocado na vegetação, essencial para estimar o papel da floresta na mitigação das alterações do clima.

“Não se trata apenas de plantar árvores, mas de reconstruir ecossistemas complexos”, ressalta a engenheira-agrônoma Ima Vieira, do Museu Paraense Emílio Goeldi e coautora do estudo. “Nossos indicadores mostram exatamente como fazer isso de forma eficiente e mensurável.”

Os autores definiram esses indicadores a partir de análises de 448 parcelas de floresta secundária em 24 localidades da Amazônia e estabeleceram valores de referência para avaliar a integridade das florestas com 5, 10, 15 e 20 anos de regeneração, permitindo a comparação do desenvolvimento florestal com padrões ideais de recomposição.

“Criamos um modelo com um cenário ótimo de regeneração natural para definir quais seriam os valores dessa trajetória de restauração”, explica Giles. “A partir disso, chegamos em indicadores que são importantes para a integridade, e eles têm que agir juntos para se alcançar o resultado esperado na restauração vegetal.”

A partir das análises realizadas para traçar a trajetória de recuperação, os pesquisadores perceberam que os impactos são mais severos em áreas que sofreram múltiplos desmatamentos ou longos períodos de uso agrícola ou para pastagem. Além disso, a textura e a compactação dos solos influenciam a recomposição da floresta. “Solos mais argilosos podem limitar o estabelecimento de novas espécies, possivelmente por serem mais suscetíveis à degradação pelo uso”, destaca Giles.

Samaúma (Ceiba pentandra) remanescente de floresta original em área restaurada na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará – André Giles / UFSC

Embora os dados e indicadores sejam restritos à Amazônia, pode ser possível adaptá-los a ecossistemas semelhantes. Para a bióloga Fátima Arcanjo, que não participou do estudo, os dados para a Mata Atlântica, ecossistema com o qual trabalha, ainda são restritos. “Aqui, o cenário mudaria porque há uma degradação maior e menos conectividade ecológica. Com isso, é preciso considerar a restauração ativa”, ressalta, sobre a prática que envolve o plantio de mudas nativas.

Arcanjo é docente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e lidera um projeto de restauração vegetal no Laboratório de Ecologia Aplicada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O estudo investiga as mudanças ecológicas graduais que ocorrem ao longo do tempo na composição, na estrutura e no funcionamento da vegetação na Mata Atlântica em áreas de restauração ativa.

Nesse bioma, 186 mil ha de florestas maduras deram lugar, entre 2010 e 2020, a áreas agrícolas, de silvicultura e pecuária, além de pastagens. É o que alerta um estudo publicado em fevereiro na revista Nature Sustainability. Os autores identificaram 14.401 locais de desmatamento, totalizando 186.289 ha, grande parte deles com indícios de ilegalidade.

Os dados indicam que 73% da perda de floresta madura ocorreu em terras privadas, sendo que a maior quantidade de área desmatada (40% do total) estava em grandes propriedades. “Os tamanhos das áreas estão diretamente relacionados aos modos de produção e ao tipo de ator das atividades de supressão da vegetação nativa”, detalha a ecóloga Silvana Amaral, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e primeira autora do estudo.

Nem áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas, escaparam da destruição da mata nativa, evidenciando falhas na fiscalização da Lei da Mata Atlântica, que desde 2006 estabelece regras específicas para o uso, a exploração e a conservação do bioma (ver reportagem sobre desmatamento nessa região).

O estudo utilizou uma metodologia combinada de sensoriamento remoto, estatísticas espaciais e dados geoespaciais para mapear e entender a perda de florestas antigas, sem sinais de degradação visíveis por imagens de satélite. Essa abordagem permitiu identificar os principais vetores do desmatamento, os atores envolvidos e as falhas nas políticas de conservação, e poderia ser aplicada a outros biomas.

“Além de disponibilizar os dados utilizados e os resultados, descrevemos todas as etapas realizadas. Adaptar o método a outro bioma exigiria ter profissionais especialistas naquele ecossistema que sejam aptos a reconhecer os diferentes usos e coberturas da terra para a qual a vegetação nativa tenha sido convertida”, explica Amaral.

Artigos científicos LIÉVANO-LATORRE, L. F. et al. Addressing the urgent climate and biodiversity crisis through strategic ecosystem restoration in Brazil. Biological Conservation. v. 302, 110972. fev. 2025. GILES, A. L., SCHIETTI, J. et al. Simple ecological indicators benchmark regeneration success of Amazonian forests. Communications Earth & Environment. v. 5, 780. 20 dez. 2024. AMARAL, S. et al. Alarming patterns of mature forest loss in the Brazilian Atlantic Forest. Nature Sustainability. on-line. 13 fev. 2025.

O estudo utilizou uma metodologia combinada de sensoriamento remoto, estatísticas espaciais e dados geoespaciais para mapear e entender a perda de florestas antigas, sem sinais de degradação visíveis por imagens de satélite. Essa abordagem permitiu identificar os principais vetores do desmatamento, os atores envolvidos e as falhas nas políticas de conservação, e poderia ser aplicada a outros biomas.

“Além de disponibilizar os dados utilizados e os resultados, descrevemos todas as etapas realizadas. Adaptar o método a outro bioma exigiria ter profissionais especialistas naquele ecossistema que sejam aptos a reconhecer os diferentes usos e coberturas da terra para a qual a vegetação nativa tenha sido convertida”, explica Amaral.

Informações: Revista Pesquisa/Fapesp.

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Ibá e Arapyaú firmam parceria em prol da restauração florestal no Brasil

Entidades assinam termo de cooperação para fomentar a nascente economia da restauração e reflorestamento de espécies nativas

São Paulo, março de 2025 – A Ibá, entidade que representa a indústria de árvores cultivadas, e o Arapyaú, instituto de fomento de iniciativas que promovam o desenvolvimento inclusivo e sustentável, assinaram termo de cooperação para atuar em prol da nascente economia da restauração e silvicultura de nativas no país.

O Brasil pretende reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em até 67% até 2035, tomando como referência os níveis de 2005. Ademais, o país reforçou em sua NDC (compromissos assumidos no Acordo de Paris, em 2015) a meta do Planaveg (Plano Nacional de Vegetação Nativa) de restaurar 12 milhões de hectares de terra. Para atingir esse objetivo, o Brasil precisará investir R$ 228 bilhões, segundo estimativa do Instituto Escolhas. Mas esse investimento pode ter como retorno a geração de R$ 776,5 bilhões em receita líquida considerando a venda de créditos de carbono e produtos florestais.

A parceria entre Ibá e Arapyaú tem por objetivo o desenvolvimento de ações conjuntas destinadas à aceleração dessa agenda. Entre as ações estratégicas previstas, estão a mobilização do setor privado pela construção de mercados de carbono, de produtos madeireiros e produtos não madeireiros, o compartilhamento de conhecimentos e desafios operacionais e o fomento às discussões e ações para destravar recursos e incentivos.

O Instituto Arapyaú acumula anos de experiência promovendo a agenda pró-natureza a partir de uma perspectiva integrada entre pessoas, economia e clima, atuando em temáticas emergentes que conectem esses pontos — entre elas, a de restauração florestal. “Atuamos com atores da sociedade civil, da filantropia, da academia e dos setores público e privado pelo fomento de redes transformadoras e pela implementação de iniciativas estruturantes que promovam soluções sistêmicas e escaláveis. Será um enorme prazer exercer essa expertise em parceria com a Ibá para impulsionar a agenda de restauração florestal no país”, diz Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú.

Representando há mais de uma década o setor de árvores cultivadas para fins industriais, a Ibá, por sua vez, foi procurada em 2024 por empresas dedicadas à restauração de nativas que buscavam somar forças a um setor que já possui notável trajetória de preservação, assim como de manejo florestal sustentável, modelo para o mundo quando se pensa em cultivo com responsabilidade ambiental.

“A indústria de árvores cultivadas está pautada em um modelo de bioeconomia em larga escala, atuando em uma lógica integradora, sistêmica e circular, da árvore ao pós-uso do produto, gerando uma gama de benefícios climáticos. Hoje o setor planta 1,8 milhões de árvores por dia, além de preservar 6,9 milhões de hectares de mata nativa, uma extensão superior ao estado do Rio de Janeiro”, diz Paulo Hartung, presidente da Ibá. “Essa parceria surge em momento oportuno. Existe hoje um crescente interesse da sociedade em valorizar produtos nativos e nacionais provenientes de uma produção sustentável. Ao mesmo tempo, as economias do mundo se comprometem, entre avanços e retrocessos, com metas para reduzir emissões de carbono.”

O termo prevê um diálogo aberto entre as entidades para alinhamento e complementação das ações, mantendo as melhores práticas de parceria para o desenvolvimento de uma economia próspera e sustentável.

Sobre o Arapyaú

O Instituto Arapyaú é uma organização filantrópica brasileira que fomenta e incuba redes e iniciativas estruturantes para promover o desenvolvimento justo, inclusivo e de baixo carbono do país.  Visamos a promoção de uma agenda de natureza a partir de uma perspectiva integrada entre pessoas, economia e clima, atuando em temáticas emergentes que conectem esses pontos, como a bioeconomia e a restauração florestal.

Site: https://arapyau.org.br/

Instagram: @instituto_arapyaú

LinkedIn: Instituto Arapyaú

Sobre a Ibá

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) é a associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, junto a seus principais públicos de interesse. Lançada em abril de 2014, representa 48 empresas e 10 entidades estaduais de produtos originários do cultivo de árvores plantadas – painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel, florestas energéticas e biomassa -, além dos produtores independentes de árvores plantadas e investidores institucionais.

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Brasil contará com US$ 247 milhões para restauração florestal e soluções baseadas na natureza

Desse montante, US$ 100 milhões serão direcionados ao setor privado para financiar projetos de restauração na Amazônia e no cerrado

O Brasil contará com um total de US$ 247 milhões em investimentos para
promover a restauração orestal e ampliar o uso de soluções baseadas na natureza
no país. O Plano de Investimento do Programa Natureza, Povos e Clima (NPC) dos
Fundos de Investimento Climático ( Climate Investment Funds – CIF) foi aprovado
na quinta-feira, 27/2, durante reunião do Comitê do Fundo.

O plano prevê US$ 47 milhões em recursos reembolsáveis do CIF, combinados com
US$ 100 milhões do Fundo Clima, via Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), e US$ 100 milhões do Banco Mundial, que serão
direcionados ao setor privado para nanciar projetos de restauração na Amazônia e
no cerrado.

O Programa NPC do CIF apoia o desenvolvimento de soluções baseadas na
natureza para o enfrentamento das mudanças climáticas, promovendo a
restauração de ecossistemas e o fortalecimento da resiliência das populações
rurais. Com um orçamento global de US$ 400 milhões, o programa reconhece aprograma reconhece a interdependência entre o uso da terra, a crise climática e os meios de subsistência
das comunidades, incentivando países a implementarem projetos que combinam mitigação e adaptação de forma integrada.

A Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, no papel de
ponto focal do CIF no Brasil, coordenou a elaboração do Plano de Investimento
brasileiro e a articulação entre os atores envolvidos. O desenvolvimento do plano
foi liderado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), como ponto focal técnico do NPC
Brasil, e contou com a participação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do
Clima (MMA), BNDES, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).

O plano brasileiro será implementado pelo BNDES, que concederá crédito ao setor
privado para impulsionar investimentos em restauração orestal e cadeias
produtivas sustentáveis. O objetivo é transformar áreas degradadas da bacia do
Tocantins-Araguaia, conhecida como Arco do Desmatamento, em um novo Arco
da Restauração, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito
estufa, recuperação da vegetação nativa e criação de novas oportunidades
econômicas.

O Plano prevê a restauração de 54 mil hectares de orestas, com impacto estimado
na redução de até 7,75 milhões de toneladas de CO₂ e a geração de até 21 mil
empregos diretos e indiretos.

O subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério
da Fazenda, Ivan Oliveira, celebrou a aprovação do Plano de Investimento e
destacou sua importância para o avanço da restauração florestal no Brasil.

“A restauração de ecossistemas degradados é uma das estratégias fundamentais
para enfrentarmos a crise climática e fortalecer a resiliência dos territórios e das
comunidades. Com esse plano, estamos viabilizando um modelo inovador de
nanciamento, que reduz o custo do capital, aumenta a escala e incentiva o setor
privado a atuar como protagonista na recuperação ambiental do país”, armou.

O NPC Brasil é o primeiro Plano de Investimento aprovado no âmbito do Fundo
Climático Estratégico (SCF) do CIF com 100% de foco no setor privado. Esse modelo
inovador utiliza nanciamento misto ( blended nance ) para alavancar
investimentos em restauração e incentivar a participação de empresas em
iniciativas de recuperação ambiental. Além de reduzir custos nanceiros para os
tomadores de crédito, o programa fomentará o desenvolvimento de cadeias produtivas ligadas à restauração, gerando empregos e renda para comunidades

Adicionalmente, pela primeira vez, o CIF direcionará recursos para investimentos
na Amazônia brasileira, ampliando sua atuação no país e alinhando-se às políticas
nacionais, como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg).

A versão aprovada pelo Fundo passou por consulta pública, garantindo um
processo inclusivo e colaborativo nesta iniciativa fundamental para o avanço das
soluções baseadas na natureza no Brasil.

Com a aprovação do Plano de Investimento, o Brasil tem agora um prazo de 18
meses para desenvolver o plano de implementação e detalhar os projetos que
serão desenvolvidos no âmbito do NPC.

Informações: Agora MT.

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BNDES divulga lista de projetos que terão R$ 8,15 mi em apoio para restauração da Mata Atlântica

Sete projetos foram selecionados no edital “Conectando Paisagens”, da iniciativa Floresta Viva, em parceria com a iNovaLand 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com a iNovaLand Investment Ltd, divulgaram o resultado do edital Conectando Paisagensda iniciativa Floresta Viva, que destinará R$ 8,15 milhões a sete projetos de restauração ecológica em 485 hectares da Mata Atlântica, no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo.

A iniciativa Floresta Viva apoia a restauração ecológica e preservação da biodiversidade brasileira com recursos do Fundo Socioambiental do BNDES. Para este edital, o BNDES destinará R$ 4,07 milhões, valor igualado pela iNovaLand, em um modelo de matchfunding.

O edital é conduzido e operacionalizado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), organização da sociedade civil de interesse público (oscip) responsável pela gestão operacional do Floresta Viva.

Os sete projetos selecionados incluem ações de restauração produtiva, com a implementação de sistemas agroflorestais e o fortalecimento das cadeias produtivas locais associadas à restauração. Além disso, devem considerar o contexto socioeconômico da região e conciliar os benefícios ecológicos e de manutenção dos serviços ecossistêmicos com a geração de emprego, renda e segurança alimentar.

O Fundo Ambiental Sul Baiano (Fasb), programa de incubação e aceleração de projetos socioambientais com foco na restauração da Mata Atlântica, apoiado pela iNovaLand, fornecerá assistência técnica aos proponentes e aos projetos selecionados, que será integralmente custeada e oferecida pela iNovaLand.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, explicou como a iniciativa fortalece a recuperação da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do Brasil: “A restauração ecológica e a formação de corredores ecológicos conectam os fragmentos florestais, facilitando o fluxo de espécies e a manutenção da biodiversidade. Além disso, contribuem para a regulação do clima, a proteção dos recursos hídricos e o fortalecimento das comunidades locais, com a geração de empregos e a promoção de práticas sustentáveis”, afirmou.

“O edital do Floresta Viva Conectando Paisagens, através da parceria da iNovaland com o BNDES, utilizou o modelo Fasb aliado à experiência do Funbio para aprovar projetos na região da Hileia Baiana desenvolvidos por instituições regionais. Esses projetos, além de promoverem um impacto socioambiental regional, garantem uma estruturação dos desenvolvedores, que consequentemente, garante o fortalecimento da cadeia da restauração florestal” diz Márcio Braga, diretor da iNovaland Brasil.

“Conectar financiadores e projetos é a missão do Funbio. Estamos honrados em fazer a gestão financeira de mais esse edital e acreditamos que os sete projetos selecionados serão fundamentais para fazerem a conexão dos fragmentos de Mata Atlântica no extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo.  A parceria estabelecida pelo BNDES, iNovaland e Funbio, no Floresta Viva viabilizando a criação desse corredor ecológico trará inúmeros benefícios ambientais, sociais e econômicos em total sintonia com a missão do Funbio”, diz Manoel Serrão, superintendente de Programas do Funbio.

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Confira abaixo a lista dos sete projetos selecionados

  1. Construindo Futuro com Sustentabilidade

Proponente: Associação de Produtores Rurais do Assentamento Pedra Bonita – BA

Área: 6,83 hectares

Investimento: R$ 199.278,00

  1. Semear Mata Atlântica

Proponente: Instituto Marinho para o Equilíbrio Socioambiental – ES

Área: 6 hectares

Investimento: R$ 199.405,00

  1. Colhendo para Semear

Proponente: Sociedade Amigos por Itaúnas (Sapi) – ES

Área: 7 hectares

Investimento: R$ 200.000,00

  1. Florestas Integradas: Corredor Etnoecológico Maturembá

Proponente: Fundação José Silveira/Programa Arboretum – ES e BA

Área: 70 hectares

Investimento: R$ 2.077.579,18

  1. Imamakã Tanara

Proponente: Instituto Mãe Terra – BA

Área: 64,5 hectares

Investimento: R$ 1.819.675,76

  1. Reconectando Florestas

Proponente: Instituto Ciclos de Sustentabilidade e Cidadania – BA

Área: 52,7 hectares

Investimento: R$ 1.660.803,02

  1. Reconectando Florestas: Imbirema Upâ Maturēbá

Proponente: Grupo Ambiental Natureza Bela – BA

Área: 278 hectares

Investimento: R$ 1.998.462,00

Mapa

Os projetos selecionados entram agora em fase de implementação, com monitoramento e avaliação contínuos para garantir o cumprimento dos objetivos propostos. A expectativa é que as ações apoiadas pelo edital impulsionem a recuperação da Mata Atlântica e gerem benefícios ambientais, sociais e econômicos para a região. Para mais informações, acesse o Portal de Chamadas do FUNBIO.

O bioma – Terceiro maior bioma da América do Sul, a Mata Atlântica abrange cerca de 13% do território brasileiro. O bioma, que se estende ao longo de toda a faixa litorânea das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país, enfrenta sérias ameaças em decorrência do intenso processo de fragmentação de sua vegetação, resultado do histórico de ocupação e uso do solo da região.

Atualmente, restam no bioma apenas 12,4% de cobertura florestal de remanescentes de vegetação nativa, distribuídas em pequenos fragmentos florestais. A região de abrangência dos projetos selecionados, do Sul da Bahia e do Norte do Espírito Santo, é uma das faixas mais preservadas da Mata Atlântica no Brasil e está listada como área prioritária para restauração em estudo encomendado pela ONU para orientar os esforços na Década de Restauração de Ecossistemas.

BNDES Fundo Socioambiental – Os recursos do Fundo Socioambiental do BNDES são não reembolsáveis e aplicados em projetos nas áreas de geração de emprego e renda, saúde, educação e meio ambiente, priorizando aqueles que proporcionem benefícios na condição de vida da população de baixa renda.

Funbio – O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) é um mecanismo financeiro nacional privado, sem fins lucrativos. Ao longo dos 28 anos que celebra em 2024, a organização trabalha em parceria com os setores governamental, empresarial e a sociedade civil para que recursos estratégicos e financeiros sejam destinados a iniciativas efetivas de conservação da biodiversidade. Foram mais de 500 projetos que beneficiaram número superior a 400 instituições em todo o país, desde sua criação em 1996.

iNovaLand – A iNovaLand Investment Ltd é uma organização privada internacional com a missão de restaurar e regenerar florestas e paisagens degradadas em benefício das pessoas, da natureza e do clima, canalizando investimentos para a restauração paisagística inovadora e projetos positivos para a natureza. Atualmente, a iNovaLand gere fundos de restauração florestal no valor de € 20 milhões, apoiando projetos na África Ocidental e na América do Sul.

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Brasil tem média de 95 milhões de hectares à espera de ações de restauração e pagamento por serviços ambientais, revela estudo da UFMG

O Brasil tem, em média, 95 milhões de hectares à espera de ações de restauração e de pagamento por serviços ambientais. Desses, cerca de 74 milhões de hectares aguardam pagamento referente ao excedente de vegetação nativa preservada em Reservas Legais. Já uma média de 21 milhões de hectares em Reserva Legal (RL) e em Área de Preservação Permanente (APP) é o déficit que carece de ações de recuperação. Esses e outros dados são apresentados na terceira edição do Panorama do Código Florestal, do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG.

A pesquisa considerou valores processados por duas bases de dados diferentes, providas pelo Imaflora e pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Dessa forma, os 74 milhões aguardando pagamento se referem à média entre 68 e 81 milhões, respectivamente, dados do Imaflora e do SFB. Já os 21 milhões em busca de ações de recuperação são formados pela média entre 19,3 e 22,6 milhões, respectivamente, dados do Imaflora e do SFB. Os valores diferem pelo tratamento das sobreposições, cujos detalhes podem ser verificados na página 27 do Panorama do Código Florestal.

O estudo mostrou ainda que, das áreas que precisam de ações, algo entre 16 milhões e 19 milhões de hectares correspondem a RL (porcentagem de cobertura nativa que cada propriedade deve conservar) e de 3 milhões a 3,4 milhões a Área de Preservação Permanente (APP), que são áreas ao redor de cursos d’água, prioritárias para a restauração e preservação dos recursos hídricos. 

Realizada com tecnologia desenvolvida pela Universidade, a pesquisa calculou os requisitos do Código Florestal e, como resultado, o nível de conformidade para cada um dos mais de 7 milhões de imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) – ferramenta que reúne informações das propriedades rurais, compondo uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e de combate ao desmatamento, para o cumprimento do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). 

O estudo aponta ainda que, após 2008, 26% do desmatamento em imóveis rurais ocorreu em APP ou em propriedades com Reserva Legal abaixo da porcentagem mínima estabelecida pelo Código Florestal, cujo percentual varia conforme o bioma e o tipo de vegetação. Os estados com maior índice foram, respectivamente: Rondônia, Acre, Pará, Roraima e Amazonas, todos dentro da Amazônia Legal, região que preocupa a equipe de cientistas por causa do crescimento de registros do CAR sobrepostos a terras públicas sem destinação.

Registros sobrepostos

O crescimento dos registros sobrepostos a outras categorias fundiárias, em especial às terras públicas sem destinação, foi um dado alarmante para os pesquisadores. Na Amazônia Legal, área mais crítica, as sobreposições desse tipo aumentaram de 12,4% para 18,3% no último ano, sendo 13.433 registros sobrepostos a unidades de conservação, 2.360 a terras indígenas e 206.495 a terras públicas sem destinação. 

O estudo relaciona a sobreposição à ineficiência e ao uso indevido do Cadastro Ambiental Rural que permitem, segundo os pesquisadores, declarações fraudulentas, muitas vezes usadas para esconder desmatamento ilegal, déficits de reserva legal ou mesmo para grilagem de terras, sobretudo de unidades de conservação, terras indígenas ou de povos e comunidades tradicionais e, principalmente, de terras públicas sem destinação. Os estados com mais registros sobrepostos a áreas protegidas são, primeiramente, o Pará, seguido de Rondônia, Amazonas, Roraima e Tocantis.

“Em 2024, após 12 anos da revisão do Código Florestal, quase nada avançou, principalmente quanto ao uso do CAR como instrumento principal para o cumprimento do Código Florestal. Esse período tem sido marcado por contratempos e limitações. A alteração legislativa afrouxou exigências relacionadas à conservação ambiental e flexibilizou medidas de fiscalização, incluindo a concessão de anistia a desmatadores ilegais, cancelamento massivo de autos de infrações e a redução da necessidade de recuperação de vegetação nativa”, revela Britaldo Soares Filho, coordenador do estudo. 

Deficiências do CAR 

A Instrução normativa nº 2 de 2014 do Ministério do Meio Ambiente detalha os requisitos técnicos do Cadastro Ambiental Rural, que dá início ao prazo de um ano, prorrogável por mais um, para inscrição no CAR, contado a partir de maio de 2014. Apesar de a data ter sido prorrogada diversas vezes, o registro permanece aberto e chegou, em novembro de 2024, a mais de 7,3 milhões, número impulsionado pela obrigação a partir de 31 de dezembro de 2017 (Art. 78-A) para acesso ao crédito agrícola, exigências cartoriais, mas também, segundo os pesquisadores, devido ao uso fraudulento para grilagem de terra.

O registro no CAR, primeiro passo para a regularização, é um processo de autodeclaração por meio do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) ou sistema estadual equivalente. No entanto, devido à predominância do processo manual baseado na interpretação visual, a análise e a validação dos registros têm enfrentado atrasos significativos, com apenas 1,8% (dos 7,3 milhões) com análise concluída até o momento. 

O estudo aponta que o software que sustenta a operacionalização atual está inadequado para lidar com as demandas de cadastro e monitoramento do uso da terra de um país com as dimensões do Brasil. “Trata-se de um software obsoleto, com interface pouco amigável, que opera offline sem integração de base de dados cartográficos, e limitado ao uso de imagens de satélite de qualidade inferior a outras de livre acesso disponíveis atualmente. Além disso, é um software proprietário, com código fonte fechado e indisponível. Os estados e o governo federal são incapazes de atualizá-lo, muito menos integrá-lo a outros sistemas federais. Apesar de o Brasil dispor de tecnologia e inteligência territorial gratuitas por parte de Instituições, a exemplo do modelo desenvolvido pelo CSR/UFMG, essa verificação abrangente ainda não é feita pelo Sistema atual”, afirma Britaldo Soares Filho.

“Nesse aspecto, boa parte dos casos de sobreposição do CAR a outros imóveis, bem como o cancelamento de registros fraudulentos, poderia ser resolvida. Essa falta de progresso impacta negativamente a implementação de outros mecanismos-chave para ajudar os proprietários rurais a alcançarem a conformidade legal, tal como o Programa de Regularização Ambiental (PRA), o Mercado de Cota de Reserva Ambiental (CRA), além de mecanismos financeiros de pagamentos por serviços ambientais ou mesmo a rastreabilidade agrícola, uma exigência cada vez maior de mercados internacionais”, reforça.

O estudo completo está disponível em https://csr.ufmg.br/radiografia_do_cf/wp-content/uploads/2024/12/policy_brief_pt_3ed.pdf.

Sobre o CSR/UFMG

O Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG desenvolve pesquisas em análise e modelagem de sistemas ambientais, que incluem suas aplicações no desenho e na avaliação de políticas públicas. As pesquisas consistem na modelagem ambiental, em especial o desenvolvimento de modelos de simulação de mudanças no uso e cobertura do solo, rentabilidade agrícola e florestal, dinâmica urbana, fogo florestal, regime fluvial e balanço de carbono. As aplicações desses modelos envolvem valoração de serviços ecossistêmicos, desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, planejamento territorial e desenho de políticas públicas, bem como a avaliação prévia dos impactos dessas políticas. Saiba mais no site do CSR.

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Restauração de florestas pode gerar benefícios ambientais e crescimento econômico, aponta estudo

“A restauração florestal é entendida hoje como uma das maneiras mais viáveis e eficazes de enfrentar as mudanças climáticas antropogênicas”, diz Pedro Krainovic, primeiro autor do estudo e bolsista de pós-doutorado da FAPESP no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). “Quando feita com espécies nativas, traz múltiplas externalidades positivas [efeitos indiretos de uma atividade], com alta capacidade de impacto socioeconômico. E, o melhor, com a oferta dessas externalidades por um longo prazo.”

Segundo os autores, uma das maneiras pelas quais a restauração florestal pode trazer retorno financeiro é por meio de florestas multifuncionais. Quando os serviços de regulação e manutenção são bem providos nessas florestas, é possível promover a comercialização de créditos de carbono ou de outros bens, como madeira nativa. Também é possível obter produtos biotecnológicos para fármacos e cosméticos, além de outros produtos florestais não madeireiros.

No estudo, conduzido no âmbito do Núcleo de Análise e Síntese de Soluções Baseadas na Natureza (BIOTA Síntese), os autores apresentam alguns exemplos que quantificam financeiramente os benefícios de projetos mais alinhados com a restauração de florestas.

Em certas partes da floresta amazônica brasileira, os sistemas agroflorestais podem ser mais lucrativos que a pecuária ou o cultivo de soja, ao mesmo tempo em que recuperam funções ecossistêmicas em áreas subutilizadas e degradadas. Ao comparar os lucros, um hectare de pasto gera entre US$ 60,00 e US$ 120,00 por ano, enquanto o cultivo de soja tem seus ganhos sofrendo flutuações entre US$ 104,00 e US$ 135,00 (às vezes tendo resultados negativos). Por outro lado, dados da pesquisa indicam que a colheita de produtos não madeireiros em sistemas agroflorestais pode gerar um lucro anual que varia entre US$ 300,00 e US$ 650,00 por hectare.

Mas os autores alertam que, quando se levanta a possibilidade de explorar áreas restauradas, é preciso estudar maneiras para que essa exploração não faça com que o trabalho de restauro volte à estaca zero. Ainda não há um coeficiente técnico que indique como atingir o equilíbrio entre a exploração e o restauro. Por isso, os pesquisadores defendem a necessidade da regulação do processo produtivo. O manejo de espécies nativas e de serviços ecossistêmicos específicos oferecidos por essas espécies em ambientes biodiversos ainda precisa ser mais bem estudado. “É difícil medir a quantidade exata dos benefícios que essas florestas restauradas podem trazer na regulação do clima, preservação do solo e no provisionamento de outros serviços, o que não tem entrado na equação hoje”, pondera Krainovic.

Outro desafio apontado pelo autor é o próprio mercado de produtos naturais que, atualmente, tem como sua principal base algumas espécies exóticas e não arbóreas consideradas commodities, isto é, são produzidas em larga escala, comercializadas internacionalmente e envolvem processos técnicos e tecnológicos de produção já muito conhecidos.

“Isso diminui a competitividade, por exemplo, de um produto florestal de uma árvore nativa da restauração frente aos produtos de madeiras exóticas já estabelecidas no mercado”, exemplifica o pesquisador. “Outro aspecto a ser considerado é a aceitação do novo produto por consumidores já habituados com a oferta existente. Por isso é preciso pensar em incentivos e regulamentações que aumentem o potencial de competição desses novos produtos com os que já são comumente produzidos.”

Por fim, os autores reforçam que estão apontando mais uma alternativa para se pensar a restauração florestal. “Lançamos o termo restauração florestal bioeconômica com o objetivo de ressaltar que, mesmo com a necessidade urgente de adicionar valor à floresta em pé, a biodiversidade e o uso de espécies nativas são essenciais, sem esquecer do relacionamento com os povos que ocupam os territórios e da necessidade de incentivo público e privado numa conjunção de fatores necessários para a adaptação climática”, pontua Krainovic.

O artigo enfatiza que a restauração bioeconômica é um caminho promissor e urgente, mas requer a colaboração entre os setores público e privado, ao lado das comunidades locais, além de um comprometimento com a biodiversidade e o uso de espécies nativas.

“Esse estudo fornece um guia claro de como a restauração florestal pode contribuir tanto para o desenvolvimento socioecológico quanto para as soluções baseadas na natureza de forma a mitigar os impactos das mudanças climáticas globais”, explica Sergio de Miguel, autor correspondente do artigo e chefe do grupo global de pesquisas sobre ecossistemas do Centro Tecnológico Florestal da Catalunha (CTFC).

O artigo Current constraints to reconcile tropical forest restoration and bioeconomy pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11625-024-01573-8.

Informações: Agência FAPESP / Imagem: divulgação.

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Restauração florestal em ação: celebrando compromissos para inspirar a sociedade

Em todo o mundo, estão em curso esforços para proteger, gerir de forma sustentável e restaurar áreas florestais

Os países prometeram restaurar mil milhões de hectares de terra até 2030 como parte dos objetivos internacionais relativos ao clima, à natureza e à terra. Algumas destas iniciativas são famosas, abrangendo dezenas de milhares de hectares e ganhando prêmios, como o projeto Floresta Desa’a na Etiópia, parte do programa da Grande Muralha Verde para restaurar ecossistemas em todo o norte de África. Mas a maioria, especialmente aquelas levadas a cabo por organizações e indivíduos não estatais, não recebe o mesmo alarde e muitas vezes ocorre sem reconhecimento e reconhecimento formal.

O Centro Mundial de Conservação e Monitoramento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-WCMC) trabalha para garantir que as contribuições dos Povos Indígenas, comunidades locais, proprietários de terras privados, organizações não governamentais e administrações locais, como cidades e empresas, sejam registradas e celebradas em sua Natureza . Plataforma de compromissos . O site apresenta mais de 200 compromissos de conservação baseados em áreas, vários dos quais são iniciativas de restauração florestal.

Hoje, a plataforma Nature Commitments está vinculada à plataforma oficial de monitoramento da Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas , a Estrutura para Monitoramento da Restauração de Ecossistemas (FERM) . A FERM acompanha o progresso global e divulga as melhores práticas como parte da campanha da Década da ONU para a Restauração de Ecossistemas. Também apoia os países com relatórios de projetos e ações para cumprir a Meta 2 do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (GBF) : restaurar 30 por cento de todos os ecossistemas degradados até 2030.

Durante um webcast ao vivo, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação lançou o mecanismo de busca FERM de iniciativas de restauração como parte de seu programa de eventos que celebram o Dia Internacional das Florestas. O mecanismo de busca FERM é uma ferramenta inovadora que permitirá que informações ao vivo sobre compromissos não estatais sobre restauração sejam diretamente alimentadas a partir dos Compromissos da Natureza para o FERM.

“A ligação entre FERM e Nature Commitments mostra como a interoperabilidade pode facilitar a troca de dados para apoiar a monitorização e a elaboração de relatórios sobre a restauração. Estamos a liderar um esforço para promover a partilha de dados no movimento de restauração, para que mais esforços de restauração possam ser descobertos, reconhecidos e relatados.”

– Yelena Finegold, Oficial Florestal da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Os projetos apresentados no Nature Commitments serão apresentados ao lado de mais de 1.500 projetos e boas práticas de restauração no mecanismo de busca FERM. Da mesma forma, exemplos de iniciativas de restauração submetidos à FERM agora são automaticamente apresentados nos Compromissos da Natureza.

Aqui, partilhamos três exemplos de compromissos de restauração florestal que irão beneficiar deste maior reconhecimento, ajudar a inspirar outros profissionais de restauração e acompanhar o progresso em direção ao GBF.

350 hectares de Mata Atlântica tropical do Brasil

A Mata Atlântica é uma estreita faixa de floresta tropical que atravessa Brasil, Paraguai e Argentina. Com uma fracção do tamanho da Amazónia, contém uma gama semelhante de diversidade biológica – mas acredita-se que pelo menos 72 por cento da floresta original tenha sido desmatada. Procurando resolver esta questão, um pacto trinacional para restaurar 700.000 hectares de Mata Atlântica está sendo celebrado como projeto emblemático da Restauração Mundial da ONU .

A Nature Commitments conquistou um compromisso de cinco anos entre a empresa de energia renovável AES Brasil e a WeForest, uma organização sem fins lucrativos que trabalha em projetos de reflorestamento em todo o mundo, para restaurar florestas às margens do rio Tietê, no bioma Atlântico.

O Tietê é um dos rios mais poluídos do Brasil. Uma razão para isso são as grandes quantidades de pesticidas e herbicidas que são usados ​​para controlar gramíneas invasoras e acabam fluindo para o rio. Desde 2020, no âmbito do projeto Florestas Tietê , a WeForest e a AES Brasil têm usado uma abordagem reduzida de herbicidas, cortando e aplicando cobertura morta em gramíneas invasoras; replantar a vegetação nativa e promover o seu crescimento com fertilizantes; e usando cobertura morta para evitar o crescimento de gramíneas invasoras

O projeto visa ampliar a recuperação de 2.000 hectares e melhorar a qualidade da água fornecida a 15 municípios para proporcionar benefícios às pessoas e à biodiversidade.  

“Estamos honrados em ter nosso trabalho nas Florestas do Tietê, Brasil, apresentado na plataforma Nature Commitments do UNEP-WCMC. Com nossos parceiros AES Brasil, Ceiba, Coprocam e Nace-Pteca estamos trazendo de volta a Mata Atlântica – que já chegou a 1,5 milhão de quilômetros quadrados (o que representa mais de um quarto do tamanho da floresta amazônica) e ainda é um das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta – restaurando as margens do rio Tietê com espécies de árvores nativas, aumentando corredores de vida selvagem e apoiando comunidades no estabelecimento de sistemas agroflorestais.”

– Marie-Noëlle Keijzer, CEO e cofundadora da WeForest.

50.000 hectares de floresta antiga nas montanhas dos Cárpatos romenos

As montanhas dos Cárpatos são uma das áreas mais selvagens e intocadas da Europa, com grandes áreas de floresta intacta e carnívoros icónicos como o urso pardo, o lobo e o lince euro-asiático. No entanto, a exploração madeireira insustentável e as plantações de monoculturas degradaram áreas de floresta.

A plataforma Nature Commitments registou um compromisso feito em 2017 por um grupo de filantropos privados para restaurar 50.000 hectares de floresta. Nos próximos 40 anos, a Fundação Conservação Carpathia pretende restaurar florestas degradadas e riachos de montanha para criar a Reserva Selvagem dos Cárpatos. Um relatório do PNUMA-WCMC de 2022 destaca os amplos benefícios de tais projetos: o relatório incluiu exemplos de trabalhos de restauração nas montanhas dos Cárpatos e concluiu que eles tiveram amplos benefícios, revertendo a perda de biodiversidade, impulsionando a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e aumentando meios de subsistência e bem-estar humanos.

A Fundação Conservation Carpathia adquiriu concessões de caça para permitir o regresso da vida selvagem e está a ajudar as comunidades locais a iniciarem empresas baseadas na natureza e a protegerem as florestas antigas remanescentes. O objectivo final da fundação é integrar a Reserva Natural dos Cárpatos na maior paisagem de áreas protegidas da Roménia, com a Fundação a aspirar a estimular a criação de um grande parque nacional – o Parque Nacional Fagaras.

“Estamos honrados por estarmos listados na plataforma Nature Commitments do UNEP-WCMC e acreditamos que podemos defender a importância de proteger o património natural dos Cárpatos romenos, que é uma das últimas grandes áreas selvagens da Europa.”

– Christoph Promberger, Diretor Executivo da Fundação Conservation Carpathia.

100 hectares de floresta tropical no sudoeste da China

A floresta tropical de Xishuangbanna, no sudoeste da China, é um hotspot de biodiversidade. Contudo , desde a década de 1950, cerca de meio milhão de hectares de floresta foram perdidos para plantações de borracha.

A organização sem fins lucrativos Good to Nature, com sede em Xangai, está trabalhando para restaurar áreas de floresta tropical e, ao mesmo tempo, ajudar as comunidades locais a prosperar. O compromisso capturado na plataforma Nature Commitments afirma que a Good to Nature pretende restaurar inicialmente cerca de 1.500 mu (100 hectares) e ajudar a aumentar os rendimentos médios em 10 por cento.

“Estamos muito satisfeitos e honrados em compartilhar nosso projeto na plataforma Nature Commitments do UNEP-WCMC. Esta é uma iniciativa piloto de restauração e conservação da floresta tropical em Xishuangbanna. Por um lado, concentramo-nos na restauração científica e na investigação para explorar como diferentes tipos de florestas artificiais podem ser restauradas em florestas tropicais de forma mais rápida e eficaz. Por outro lado, colaboramos ativamente com as comunidades locais, capacitando-as para melhorar a sua qualidade de vida através de esforços de restauração. Através da plataforma Nature Commitments, esperamos partilhar com o mundo as nossas boas práticas de restauração de ecossistemas, contribuindo para a recuperação global da natureza.”

– JoJo Zheng, Fundador da Good to Nature.

O trabalho no terreno começou no primeiro semestre de 2022, com uma equipa de cientistas a trabalhar com uma escola e famílias locais da zona para iniciar uma parcela amostral para testar e monitorizar o método de regeneração natural. Além da reintrodução gradual de algumas introduções de espécies-chave e da remoção de espécies invasoras, um local fica com intervenção mínima – de modo que a reintrodução de pássaros, animais e a dispersão de sementes de áreas próximas de florestas tropicais possam acontecer naturalmente ao longo do tempo e em grande escala.

Espera-se que as famílias beneficiem do ecoturismo, das oportunidades de venda de artesanato tradicional e da melhoria do lazer e da saúde criada pelos trabalhos de restauração.

“Desde que foi lançada, há quase dois anos, a plataforma Nature Commitments permitiu que mais de 200 organizações não estatais apresentassem os seus esforços de conservação e restauração baseados em áreas. O PNUMA-WCMC está satisfeito com o fato de que os compromissos de restauração, como as iniciativas florestais delineadas, ganharão ainda mais reconhecimento através da nossa conexão com a Estrutura para Monitoramento da Restauração de Ecossistemas. Encorajamos todos os profissionais de restauração a explorar estes veículos vitais para fortalecer a ação local para a biodiversidade e a partilhar os seus compromissos para inspirar outros.”

– Anushree Bhattacharjee, Officer do Programa UNEP-WCMC e líder da Plataforma de Compromissos com a Natureza.

Informações: https://unep-wcmc.org/en/forest-restoration-in-action-celebrating-pledges-to-inspire-society

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Estudo revela viabilidade econômica da restauração florestal em fazendas de café na Mata Atlântica

Resultados indicam que serviços ecossistêmicos impulsionados pelo reflorestamento, entre eles a polinização, proporcionam maior produtividade e compensam os custos associados à restauração

A restauração florestal é reconhecida como uma das medidas mais eficazes para combater as mudanças climáticas e promover a proteção à biodiversidade. No entanto, os custos elevados – associados tanto diretamente ao plantio de árvores quanto à perda de áreas agriculturáveis ou de pastagem – costumam ser uma barreira para a sua implementação em larga escala. Mas uma pesquisa inédita conduzida em áreas de cafeicultura da Mata Atlântica revela que a restauração pode, ao contrário, ser uma abordagem economicamente viável.

Publicado na revista científica norte-americana One Earth, o estudo é assinado por Francisco d’Albertas, doutor em Ecologia pela USP, Gerd Sparovek, coordenador do Geolab (Esalq-USP), Luís Fernando Guedes Pinto, engenheiro agrônomo e diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Camila Hohlenwerger, doutora em Ecologia pela USP, e Jean-Paul Metzger, professor do departamento de Ecologia da USP.

Os resultados demonstram que o aumento dos serviços ecossistêmicos impulsionados pelo reflorestamento, entre eles a polinização, resulta em um incremento na produção de café, compensando os custos referentes à restauração da floresta. Essa descoberta pode auxiliar os formuladores de políticas públicas a promover a adoção generalizada da restauração em paisagens agrícolas, aliando a mitigação das mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade e a produção agrícola. Além disso, no caso do Brasil, em que a legislação ambiental já prevê a restauração/conservação de vegetação nativa em propriedades rurais, o estudo pode servir como um estímulo adicional para o cumprimento da lei.

O levantamento analisa diferentes cenários, estabelecendo um limiar em torno de 25% de cobertura florestal nas fazendas como ponto de equilíbrio para que, ao longo de 20 anos, os custos de restauração possam ser compensados pelos benefícios dos serviços ecossistêmicos no aumento da produção de café. Os resultados apontam ainda que um valor de CO₂ de pelo menos 20 dólares seria o ideal para aumentar a viabilidade financeira da restauração.

“Nossa pesquisa mostra que, ao impulsionar os rendimentos das colheitas e combinando ganhos provenientes do sequestro de carbono, a restauração se torna uma abordagem economicamente eficaz em paisagens agrícolas, indo na contramão do senso comum que considera o agronegócio e a conservação ambiental como atividades incompatíveis”, explica Francisco d’Albertas. “São, entretanto, necessárias medidas adicionais, como a consolidação do mercado de carbono, para tornar a restauração amplamente viável e imediatamente atraente para os agricultores”, completa.

A Organização das Nações Unidas (ONU) designou o período de 2021 a 2030 como a Década da Restauração de Ecossistemas. Na Conferência de Biodiversidade da ONU de 2022, a COP 15, a Mata Atlântica foi reconhecida como um dos dez ecossistemas emblemáticos nessa iniciativa. Além disso, evidências indicam o bioma como uma das áreas prioritárias para a restauração global, dada sua capacidade de combater as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade e os recursos hídricos.

Nesse sentido, Luís Fernando Guedes Pinto ressalta a importância das descobertas apresentadas pela pesquisa. “Para atender aos compromissos do Acordo de Paris, o Brasil deve eliminar completamente o desmatamento e restaurar em grande escala. Para a Mata Atlântica, a meta mais ambiciosa são 15 milhões de hectares de florestas naturais até 2030, estabelecida pelo Pacto pela Restauração do Bioma, que só poderá ser atingida com o apoio do agronegócio. E agora está evidente que o reflorestamento é uma abordagem positiva para todas as pessoas e setores econômicos”, afirma.

A pesquisa traz um estudo de caso ilustrativo que, para ampliar o entendimento sobre em que medida e em quais condições os benefícios da restauração compensam os custos, pode ser expandido para outras regiões do Brasil e do mundo. O estudo completo, intitulado Yield increases mediated by pollination and carbon payments can offset restoration costs in coffee landscapes (“Aumentos na produção, mediados pela polinização e pagamentos de carbono, podem compensar os custos de restauração em paisagens de café”, em tradução livre), está disponível, em inglês, no site da OneEarth.

Sobre a Fundação SOS Mata Atlântica 

A Fundação SOS Mata Atlântica é uma organização da sociedade civil brasileira sem fins lucrativos. Fundada em 1986, tem como missão inspirar a sociedade na defesa do bioma mais devastado do país. Atua para promover políticas públicas para conservar e restaurar a Mata Atlântica, trabalhando de maneira integrada as temáticas de água, biodiversidade e clima. Monitora a situação das florestas e ecossistemas associados, além de trabalhar para recuperar áreas já degradadas. Também defende e cria políticas públicas em prol do bioma. Essa causa beneficia diretamente mais de 70% da população brasileira, que vive na Mata Atlântica e depende dela para ter qualidade de vida.

Informações: Revista Cafeicultura.

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