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Engenharia florestal é estratégica para recuperar áreas degradadas

Entenda como a Engenharia Florestal tem trabalhado para a Recuperação de Áreas Degradadas, um dos pilares para a sustentabilidade ambiental brasileira

A recuperação de áreas degradadas (RAD) no Brasil começou a ganhar destaque na década de 1990, impulsionada por avanços na legislação ambiental e pelo engajamento de instituições, empresas e profissionais liberais. Desde então, essa área de conhecimento – Engenharia florestal – tem evoluído significativamente, buscando soluções para restaurar ecossistemas impactados pela mineração, agropecuária, urbanização, construção de sistemas viários e eventos climáticas.

A urgência de enfrentar esses desafios é cada vez mais evidente, dada a pressão de comunidades, órgãos ambientais e a crescente rigidez das normas ambientais. Nos últimos anos, a RAD deixou de focar apenas na revegetação com poucas espécies para abraçar a restauração funcional dos ecossistemas, um conceito mais amplo e integrado que busca devolver aos ambientes suas características ecológicas e biodiversidade.

Nesse contexto, a engenharia florestal ocupa um papel estratégico e essencial. Sua abordagem combina conhecimentos técnicos em dendrologia (ramo da botânica que estuda as características de árvores e outras plantas lenhosas), silvicultura como a produção de mudas, preparo do solo, plantios e tratos culturais além da legislação ambiental, capacitando os profissionais para enfrentar os desafios de recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reservas Legais e, de maneira geral, ecossistemas degradados.

O Papel do Ensino na Formação de Engenheiros Florestais

A formação acadêmica tem sido um alicerce para o desenvolvimento da RAD no Brasil. Cursos de engenharia florestal em universidades brasileiras incluem disciplinas específicas sobre recuperação ambiental, oferecendo aos estudantes uma base sólida para atuar em projetos que envolvem restauração ecológica, monitoramento e gestão de áreas degradadas.

Além disso, a silvicultura, que tradicionalmente se dedicava ao cultivo de florestas para fins econômicos, passou a incorporar práticas ecológicas. Essa mudança de paradigma prepara engenheiros florestais para contribuir com projetos que alinham produtividade e sustentabilidade, como o uso de espécies nativas e técnicas inovadoras para promover a regeneração natural.

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, foi criada uma disciplina voltada especificamente para a RAD, liderada pelos professores Alessandro Angelo e Maurício Balensiefer, autor deste artigo. Essa iniciativa reforça o compromisso do ensino superior com a sustentabilidade ambiental.

A Importância de Eventos e Pesquisa Científica

Os simpósios promovidos pela Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas (SOBRADE) têm desempenhado um papel crucial no avanço da RAD no Brasil. Esses encontros reúnem técnicos, pesquisadores e empresas comprometidas com a causa, promovendo o intercâmbio de conhecimentos e a disseminação de novas técnicas e modelos de recuperação.

Com mais de 1.600 trabalhos publicados, os anais desses eventos são uma fonte valiosa de informações científicas, técnicas e práticas pertinentes. Eles auxiliam no desenvolvimento de projetos em todos os seis biomas brasileiros, fornecendo subsídios técnicos para enfrentar os desafios ambientais do país nesta temática.

Desafios e oportunidades na Recuperação de Áreas Degradadas

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA) são iniciativas fundamentais para regularizar propriedades rurais com passivos ambientais. De acordo com estudos recentes, cerca de 20 milhões de hectares de áreas degradadas no Brasil precisam de recuperação, incluindo 3 milhões de hectares críticos para a preservação de recursos hídricos.

Apesar da relevância desses programas, ainda enfrentamos desafios como a lentidão na validação de dados, a falta de incentivos financeiros e a resistência cultural de proprietários rurais em adotar práticas de restauração. A divulgação de alternativas, como o uso de plantas alimentícias não convencionais (PANCs), pode ajudar a vencer essas barreiras, mostrando que a recuperação ambiental também pode ser economicamente viável.

A SOBRADE tem contribuído para superar essas dificuldades por meio de cursos de capacitação realizados em todos os estados do Brasil. Com mais de 30 anos de experiência, a entidade promove o ensino, a pesquisa e a extensão, colaborando tecnicamente com iniciativas de elaboração de normativas de órgãos como o IBAMA e instituições estaduais de meio ambiente.

Um futuro promissor para a RAD no Brasil

O trabalho integrado entre engenheiros florestais, órgãos governamentais, empresas e comunidades é essencial para garantir o sucesso da recuperação de áreas degradadas. Esse esforço não apenas protege os recursos naturais, como também contribui para o bem-estar social, restaurando florestas, fauna, águas e solos.

Mauricio Balensiefer

Com o avanço das técnicas e a mobilização crescente em torno da sustentabilidade, a RAD promete se consolidar como um campo estratégico para a preservação ambiental, a conservação dos recursos naturais e o consequente desenvolvimento sustentável do Brasil.

Informações: Compre Rural.

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Plantios florestais e o solo

Existe uma importante relação entre os plantios florestais e a qualidade do solo. Para descobrir mais sobre esta cooperação a Florestar São Paulo conversou com o professor José Leonardo Gonçalves, do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ, área de solo e nutrição florestal.

Veja os cinco pontos que ele elencou sobre impactos de plantações florestais de pinus e eucalipto no solo:

Estagnação do processo de erosão

Entre 03 e 06 meses o terreno ficará coberto e a chuva não vai mais bater no terreno descoberto. A água vai infiltrar melhor. Com a presença da floresta, o escorrimento da água é mais lento. Isso faz com que o processo de erosão seja estagnado.

Melhor estrutura do solo

Caso o solo apresente compactações moderadas, elas serão revertidas em um processo de crescimento radicular muito profuso. As raízes irão romper as camadas compactadas com deposição de matéria orgânica para agregar as partículas no solo, melhorando a estrutura. O solo ficará mais permeável e melhor estruturado, com a infiltração de água melhorada.

Sequestro de carbono

Um crescimento contínuo de raízes devido à deposição de serapilheira, que irá aumentar o teor de matéria orgânica. Sobretudo em solos degradados. A adição de matéria orgânica é de uma tonelada e meia a duas toneladas de carbono por hectare por ano. Isso representa um sequestro alto de carbono no ambiente.

Aumento da fertilidade do solo

Na matéria orgânica é onde estão as maiores reservas de nutrientes como nitrogênio, fósforo e enxofre. Aumentando a disponibilidade da matéria orgânica irá aumentar a disponibilidade destes nutrientes. Plantações de eucalipto, onde existe o uso de fertilizantes, terão, também, a fertilidade do solo aumentada.

Maior infiltração de água

Com um solo de melhor estrutura irá haver maior infiltração de água no solo, com menor perda de água nas enxurradas. Um solo mais poroso tem maior absorção de água. Este estoque de água servirá para a hidratação das árvores no período de seca e o excesso chegará ao lençol freático. Depois de semanas ou meses estará de volta às nascentes.

Informações: Florestar.

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Engenheiros florestais terão atuação fundamental em Plano lançado pelo Governo

Portaria Mapa n.º 628 instituiu o Plano de Ação para Recuperação e Manejo de Florestas – Plano Floresta+Sustentável; saiba como os profissionais serão impactados, na prática, e o desafios da execução dessa política pública nacional

Os profissionais da Engenharia, principalmente da modalidade Florestal, estão imersos em discussões e avaliações sobre uma Portaria específica publicada pelo Governo Federal. Trata-se da Portaria Mapa n.º 628/2023, que está em vigor desde o início deste mês. O documento instituiu o Plano de Ação para Recuperação e Manejo de Florestas – Plano Floresta+Sustentável, que será coordenado pelo Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas (Deflo), da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI/Mapa).

Com determinações que estão diretamente relacionadas à rotina diária de atuação dos Engenheiros Florestais, a comunidade florestal recebeu com prestígio a publicação, visto que os itens da Portaria têm seus objetivos na ciência florestal, que é a principal atividade do profissional com formação em Engenharia Florestal. Além disso, também trata do Plano de Manejo Florestal, algo ressaltado como importante pelo Sistema Confea/Crea já há alguns anos.

“O Sistema Confea/Crea tem orientado e divulgado a importância do profissional da Engenharia Florestal como principal ator para esse desenvolvimento, sendo esta atividade de uma relevância econômica muito forte para o Brasil e seu desenvolvimento, bem como para as nossas exportações em produtos de base florestal, que é uma forte contribuição na balança comercial e no PIB (Produto Interno Bruto)”, afirma o Coordenador Nacional das Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal junto ao Confea, Engenheiro Florestal Reginaldo Rocha Filho.

Na visão técnica do profissional, a Portaria tem alguns desafios a vencer para sua execução, como a consonância entre o setor produtivo e o setor ambiental, neste caso entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Mesmo o profissional mostrando que a viabilidade existe e é boa para os dois setores, sempre travam uma luta árdua, e quem sofre sempre é o setor produtivo que tem em suas técnicas as mais preservacionistas do que quaisquer outros países do mundo”, analisa Reginaldo.

Neste sentido, a Engenheira Florestal Jaine Ariely Cubas, que atualmente ocupa o cargo de coordenadora-geral de Desenvolvimento Florestal do recém-criado Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI) do Mapa, pondera sobre a agenda prioritária com compromissos ambientais e acordos internacionais firmados na Pasta de mudanças climáticas e as ações que o Brasil pode realizar para seu cumprimento.

“Demos um passo significativo em direção à sustentabilidade com o lançamento do Plano Floresta+Sustentável. Este plano abrangente visa impulsionar o desenvolvimento do setor de florestas plantadas no Brasil, focando em estimular a produção, promover a recuperação de áreas degradadas e fortalecer cadeias produtivas. O Plano atende a objetivos específicos, como apoiar o desenvolvimento florestal, promover o uso sustentável das florestas e cooperar com outras entidades para fortalecer a agenda de desenvolvimento florestal”, aponta.

Impacto na Engenharia paranaense

Para implantação e efetividade à realidade estadual, as determinações da Portaria contarão com a expertise dos profissionais do ramo que possuem sólidos conhecimentos nos aspectos ambientais do Estado, sua formação geológica e de solos, o clima e a biodiversidade de espécies presentes, assim como a base legal que rege a implantação de empreendimentos florestais.

Para o Conselheiro do Crea-PR pela Associação dos Engenheiros Florestais do Oeste e Sudoeste do Paraná (Aefos), secretário geral da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF), e professor da UTFPR Campus Dois Vizinhos, Engenheiro Florestal Eleandro José Brun, há tranquilidade no Paraná pela estrutura de “conhecimento e tecnologia que envolve cursos de graduação e de pós-graduação na área, a unidade da Embrapa especializada em florestas, além de empresas florestais coordenadas pela Associação Paranaense de Empresas Florestais (Apre), as cinco associações profissionais, entre outras entidades. Soma-se a isso o Crea-PR que, a partir de 2024, com a implementação da Câmara Especializada em Engenharia Florestal (CEEF), poderá atuar, dentro das suas funções regimentais, em apoio à fiscalização de projetos de qualidade, no acompanhamento do adequado e legal exercício profissional, ofertando seu banco de profissionais para apoio ao desenvolvimento de projetos como esse.”

O desafio, deste modo, é mais operacional do que estrutural. É notório que os objetivos da Portaria são amplos e, se cumpridos, poderão alavancar a economia de muitas regiões e municípios com vocação florestal ou mesmo daqueles com base mais agrícola e industrial, pois poderão ver nas florestas uma forma de diversificação de renda e geração de empregos. Mas, Eleandro destaca que haverá grande necessidade de recursos financeiros claros e acessíveis aos proprietários rurais acompanhando essa Portaria. “A implementação prática dos objetivos e diretrizes do Plano depende de projetos e da articulação entre entes fundamentais da sociedade, como proprietários rurais, empresas, órgãos públicos, entre outros”, justifica.

Desse modo, os profissionais devem estar atentos aos recursos. “Um aspecto fundamental da implementação dos objetivos desta Portaria passa pela mão dos profissionais, pois bons projetos precisam ser elaborados, com base técnico-científica e que tenham também, fundamentalmente, assistência técnica na implantação, condução e manejo destas florestas. Vamos aguardar de que forma esses recursos se tornarão acessíveis, via sistema bancário ou mesmo órgãos públicos (por exemplo, em editais), independentemente da esfera”, finaliza.

De acordo com a Engenheira Florestal Jaine Ariely Cubas, que atua na equipe do Mapa, a captação de recursos já está no radar do Ministério e faz parte das ações iniciais previstas para o primeiro trimestre de 2024. Um exemplo citado pela profissional foi a Rede Floresta+.

“É uma iniciativa para atingir metas globais 2030 e conseguir trazer empresas/parceiros que tenham recursos, fundos socioambientais para ajudar projetos que necessitem de recursos nos Estados, seja para viveiros florestais, para produção de mudas, para plantio ou recuperação de áreas degradadas. Tudo isso pensando em recuperação de pastagens degradadas, podendo virar culturas agrícolas, agroflorestas, ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) e monoculturas de espécies nativas ou exóticas”, detalha Jaine.

Além disso, outras atividades já devem ser executadas no início do próximo ano, como atualização e publicação do plano e promoção de painéis temáticos.

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