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Candidato a “Rei do Cacau” quer revolucionar setor com mega fazenda no Brasil

Plano de Moisés Schmidt é revolucionar a forma como o principal ingrediente do chocolate é produzido, cultivando cacaueiros de alto rendimento

Na Bahia, o fazendeiro Moisés Schmidt está desenvolvendo a maior fazenda de cacau do mundo. Seu plano é revolucionar a forma como o principal ingrediente do chocolate é produzido, cultivando cacaueiros de alto rendimento, totalmente irrigados e fertilizados, em uma área maior do que a ilha de Manhattan, que atualmente não é conhecida pela produção das amêndoas.

O plano de US$ 300 milhões de Schmidt é o maior e mais inovador da região, mas não é o único. Há projetos superdimensionados semelhantes em desenvolvimento, alguns deles quase tão grandes, já que grupos agrícolas bem capitalizados buscam aplicar a experiência em agricultura em escala industrial à produção de cacau para lucrar com os preços altíssimos do produto.

Se esses planos derem certo, o centro de gravidade do setor poderá se deslocar da África Ocidental para o Brasil.

“Acredito que o Brasil vai se tornar importante região para o cacau no mundo”, disse Schmidt à Reuters, enquanto caminhava em meio a fileiras e mais fileiras de novos cacaueiros na região do Cerrado.

Ele estima que até 500.000 hectares de fazendas de cacau de alto rendimento poderiam ser implantadas no Brasil em dez anos, o que produziria até 1,6 milhão de toneladas de cacau.

Em comparação, o Brasil produz atualmente apenas cerca de 200.000 toneladas, enquanto a Costa do Marfim, maior produtor mundial, colhe dez vezes mais do que isso. Gana, o segundo maior produtor global, produz cerca de 700.000 toneladas de grãos.

Atualmente, o setor global de cacau está em crise. A produção está falhando na Costa do Marfim e na vizinha Gana, que, juntas, cultivam mais de 60% do cacau do mundo. Uma combinação potente de doenças nas plantas, mudanças climáticas e plantações envelhecidas levou a três anos consecutivos de queda na produção.

Isso tem sido uma má notícia para os amantes do chocolate. Os preços do cacau quase triplicaram em 2024, atingindo um recorde de US$12.931 por tonelada métrica em dezembro. Desde então, o preço caiu para cerca de US$ 8.200, mas continua bem acima das médias históricas.

OPORTUNIDADE NA CRISE?

Para Schmidt e outros agricultores no Brasil, a crise é vista como uma oportunidade.
A empresa familiar Schmidt Agrícola começou a se preparar para cultivar cacau em 2019 depois de concluir, com a ajuda de uma avaliação interna do mercado de cacau, que haveria um déficit de fornecimento no futuro.

“Simplesmente não imaginávamos que isso aconteceria tão cedo”, disse ele, enquanto caminhava pelas estufas de mudas da fazenda.

Sua fazenda planejada de 10.000 hectares deixaria pequenas as propriedades da África Ocidental, que normalmente se estendem por algumas dezenas de hectares. Há grandes fazendas em outros países produtores, como Equador e Indonésia, algumas delas com mais de 1.000 hectares, mas ainda muito menores do que o gigante planejado por Schmidt.

O plano é aplicar técnicas de agricultura em larga escala à fazenda de cacau totalmente irrigada, como se fosse um campo de soja ou milho. As árvores da fazenda, no município de Riachão das Neves, no oeste da Bahia, serão agrupadas, deixando apenas espaço suficiente entre elas para a irrigação mecanizada e a aplicação de fertilizantes e pesticidas.

Schmidt está plantando 1.600 árvores por hectare nas novas áreas, em comparação com apenas 300 árvores em fazendas convencionais. A concentração deve significar um rendimento muito maior por hectare.

 “A única coisa que ainda não é mecanizada é a colheita de frutas das árvores”, disse o agricultor.

Alguns veem esse método de cultivo como um divisor de águas.

“Daqui a cinco anos, tudo o que sabíamos sobre a produção de cacau terá mudado”, disse Tales Rocha, agrônomo de cacau da TRF Consultoria Agrícola, uma empresa que presta consultoria a agricultores no Brasil.

Rocha disse que a região do Cerrado no oeste da Bahia tem a topografia ideal para a agricultura de larga escala, com suas extensas áreas planas.

Grupos agrícolas como a Schmidt Agrícola já produzem soja, milho, algodão e frutas em milhares de hectares no oeste da Bahia, uma região com amplo suprimento de água.

MILHÕES DE MUDAS

Nas novas fazendas, os cacaueiros são cultivados a céu aberto, com muita luz solar. Isso contrasta com as plantações tradicionais de cacau em outras partes do Brasil e do mundo, onde os cacaueiros dividem espaço com outros tipos de árvores e recebem alguma sombra.

Schmidt está desenvolvendo árvores de alto rendimento por meio de uma operação de mudas que ele administra desde 2019. Sua equipe produziu novas variedades de cacau por meio da chamada seleção positiva, um projeto de anos em que as mudas são multiplicadas a partir de material retirado das plantas que produziram a maior carga de frutos em campos de teste.

As árvores de alto rendimento plantadas em cerca de 400 hectares na primeira fase do projeto estão produzindo cerca de 3.000 quilos por hectare (kg/ha), ou dez vezes a produtividade média das áreas tradicionais de cacau no Brasil. Schmidt disse que sua meta é passar de 4.000 kg/ha. Isso seria oito vezes o rendimento médio de 500 kg/ha do maior produtor, a Costa do Marfim.

Produções muito altas, acima de 2.000 kg/ha, foram alcançadas em pequenos campos de teste administrados pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a agência de pesquisa de cacau do Brasil, usando alta densidade de plantas.

Os pesquisadores, no entanto, disseram que os resultados precisariam ser confirmados com o plantio em maior escala e acrescentaram que havia dúvidas sobre a viabilidade econômica dessa prática, que exigiria cuidados extensivos com a cultura e mão de obra.

A instalação do viveiro de Schmidt, que opera como uma empresa separada chamada BioBrasil, usa maquinário de propagação da fabricante de equipamentos florestais dinamarquesa Ellepot, com capacidade para produzir 10 milhões de mudas por ano. Ele produz as árvores para a fazenda gigante planejada e também vende mudas para outros projetos de cacau no Brasil.

Algumas pessoas no mercado, no entanto, não têm tanta certeza de que esse tipo de expansão ocorrerá de fato no Brasil.

“Como sempre, o preço é o principal fator determinante. Em torno de US$4.000 por tonelada, o Brasil mal se interessou”, disse Pam Thornton, veterana consultora de cacau e comerciante de grãos.

“Depois de conversar com muitos fazendeiros brasileiros e visitar várias grandes fazendas comerciais, acredito que os preços mundiais precisam demonstrar que permanecerão próximos aos níveis atuais por mais um ano ou mais para que eles expandam a área cultivada e, provavelmente, vários milhares de dólares a mais para que isso ocorra de forma significativa”, disse ela.

Schmidt diz que o cacau de sua operação seria lucrativo mesmo a cerca de US$4.000 por tonelada. “Acima de US$ 6.000, é muito lucrativo, muito melhor do que a soja ou o milho”, disse ele.

As projeções de oferta e demanda de longo prazo parecem positivas para os preços, considerando que a produção na África Ocidental está estável ou “presa em um longo ciclo de resultados decrescentes”, disse o veterano corretor e analista de cacau dos EUA, Marcelo Dorea, CEO da M3I Capital Management.

“O mercado deve, portanto, buscar fontes alternativas de produção significativa”, disse ele, acrescentando que o Brasil parece ser uma opção natural, considerando o know-how do cacau e a disponibilidade de terras.


“BIG COCOA” DE OLHO

A Schmidt Agrícola cultiva mais de 35.000 hectares com soja, milho e algodão na Bahia. Ela tem acordos preliminares por meio de memorandos de entendimento com produtores de chocolate e comerciantes de cacau, disse Schmidt.

A Cargill, uma das maiores comerciantes de commodities e processadoras de alimentos do mundo, já é parceira na fase inicial, que abrange os 400 hectares, e está em negociações para expandir a parceria.

Schmidt disse que quase todos os grandes comerciantes de cacau ou empresas de chocolate estão conversando com ele e com outros agricultores no Brasil sobre acordos de expansão e fornecimento.

As parcerias incluiriam investimentos para desenvolver os projetos e, em troca, as empresas investidoras garantiriam o fornecimento de cacau, disse ele.

“Estamos trabalhando nos contratos agora”, disse ele, recusando-se a nomear as empresas, citando cláusulas de não divulgação.

A Barry Callebaut, maior fornecedora mundial de produtos de cacau e chocolate, está em negociações para fazer parceria com o grupo agrícola Fazenda Santa Colomba em um investimento para formar uma fazenda de cacau de 5.000 a 7.000 hectares no município de Cocos, no oeste da Bahia, disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com a negociação.

A Santa Colomba não quis comentar.

A Barry Callebaut confirmou que assinou uma parceria com um grupo de agricultores no Brasil para uma fazenda de cacau de 5.000 hectares na Bahia, mas não quis citar o nome do grupo. O acordo faz parte da Future Farming Initiative, programa lançado pela empresa para impulsionar a agricultura de cacau de alta tecnologia e diversificar sua presença geográfica.

“Estamos fazendo um bom progresso com a FFI e continuamos a ver o interesse de parceiros, clientes e investidores em todo o mundo”, disse.

A Mars, produtora americana de barras Snickers e M&Ms, montou um campo de testes de cacau não muito longe da fazenda de Schmidt em Riachão das Neves.

A empresa disse que seu campo de testes na área faz parte de seus esforços para lidar com as mudanças climáticas e a queda da produtividade do cacau em todo o mundo.

“A Bahia é atraente devido à topografia plana, solos férteis, disponibilidade confiável de água e infraestrutura agronômica estabelecida”, disse Luciel Fernandes, gerente do Centro de Ciência do Cacau da Mars no Brasil.

RISCOS POTENCIAIS

Uma das principais pesquisadoras de cacau no Brasil, no entanto, está preocupada.
A fitopatologista Karina Peres Gramacho, que trabalha para a Ceplac, acredita que há riscos para os planos de extensas plantações de cacau no oeste da Bahia.

O fato de cada um desses megaprojetos se basear em milhares de clones do mesmo tipo de árvore poderia deixar os futuros campos vulneráveis a doenças, que são muito comuns no cultivo do cacau.

O Brasil já foi o segundo maior produtor de cacau, atrás apenas da Costa do Marfim, mas um fungo devastador na década de 1980, conhecido como Vassoura de Bruxa, dizimou milhares de hectares de plantações de cacau.

Gramacho apoia a ideia de usar variedades mais desenvolvidas e adequadas à região, geralmente híbridas que combinam qualidades de mais de um genótipo.

Alguns analistas do setor também têm dúvidas sobre a qualidade do cacau que seria cultivado sob a luz direta do sol, pois os frutos produzidos na sombra são normalmente considerados de sabor superior.

Cristiano Villela Dias, diretor científico do Centro de Inovação do Cacau (CIC) do Brasil, diz que alguns testes iniciais com os frutos produzidos no oeste da Bahia não indicaram nenhuma diferença perceptível no sabor.

“A qualidade das amêndoas é muito semelhante ao melhor cacau produzido no Brasil ou em outros países”, disse Villela, acrescentando que o tratamento pós-colheita ideal, especialmente com fermentação e secagem, faria uma diferença maior na qualidade das amêndoas.

A Mars disse que testou o cacau produzido na área e não identificou “uma diferença fundamental no sabor ou na qualidade que esteja direta e exclusivamente associada ao cultivo a pleno sol”.

Informações: InfoMoney.

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Suzano, RGE e CMPC avaliam ativos da International Paper na América do Norte, dizem fontes

Suzano, o grupo cingapurense Royal Golden Eagle (RGE) — dono da Bracell — e a chilena CMPC estão avaliando os ativos de celulose da International Paper (IP) na América do Norte, segundo fontes ouvidas pelo Valor. O negócio, que gerou US$ 2,8 bilhões de receita para a IP em 2024, tem capacidade de produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose e envolve oito fábricas e duas instalações de conversão em três países.

Em outubro, a companhia americana anunciou a decisão de buscar “opções estratégicas” para seu negócio global de fibras celulósicas (GCF, em inglês), com o objetivo de focar em embalagens. O Morgan Stanley foi contratado para assessorar a empresa.

A divisão produz celulose fluff, utilizada na fabricação de fraldas infantis e geriátricas além de absorventes femininos, e celulose solúvel, que serve de matéria-prima para têxteis, materiais de construção, tintas, revestimentos, entre outros

“O fato de ser focada em uma região [América do Norte] favorece a operação. Mas, neste momento, não sabemos qual pode ser o impacto do fator Trump nas negociações”, disse uma fonte a par do assunto. O ex-presidente norte-americano impôs uma tarifa mínima de 10% para todos os países exportadores para os EUA, inclusive o Brasil, além de sobretaxar cerca de 60 países considerados desequilibrados comercialmente, como China, Índia e União Europeia.

Atualmente, a divisão da IP conta com cinco fábricas nos Estados Unidos, uma no Canadá, uma unidade de conversão nos EUA e outra na Polônia. As vendas líquidas dessa operação caíram 3% em relação a 2023, passando de US$ 2,9 bilhões para US$ 2,8 bilhões.

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Tokenização pode movimentar US$ 19 trilhões até 2033. E as florestas plantadas, onde entram nessa história?

*Artigo por Rodrigo de Almeida.

Um estudo recente da Ripple com o BCG trouxe um dado que chama atenção: os ativos reais estão ganhando espaço no ambiente digital e podem movimentar até US$ 19 trilhões até o fim da década.

O agronegócio já começou a testar esse movimento. Mas quando olhamos para o setor de florestas plantadas, vemos uma das maiores oportunidades ainda desconectadas do mercado financeiro.

Florestas plantadas são ativos reais: mensuráveis, duráveis, com produção recorrente. Ainda assim, seguem fora da lógica do mercado financeiro tradicional. Isso está mudando — e rápido.

Estamos construindo uma infraestrutura que conecta esses ativos ao sistema financeiro de forma transparente, com rastreabilidade, governança e liquidez. Sem modismo, sem especulação.

Junho marca o início de uma nova fase. Mas o trabalho já começou. Na ForesToken S.A., estamos focados em estruturar essa base com seriedade. E isso passa por três pilares:

  • Estruturação jurídica dos ativos florestais;
  • Registro em blockchain — como sistema de confiança, e não como moda passageira;
  • Desenvolvimento de mecanismos que tornem o mercado florestal acessível, confiável e integrado com o mundo financeiro.

Sim, estamos criando um sistema. Um software que ajuda produtores e consumidores a estruturarem melhor suas negociações — com dados sólidos e base jurídica clara.

E não, não é mais uma daquelas promessas de criptoativos milagrosos. Aqui, o blockchain é usado na sua essência: como registro confiável, público e auditável.

Se você quer entender mais sobre esse cenário global, recomendo fortemente esse relatório da Ripple com o BCG: https://www.finews.asia/images/download/approaching-tokenization-at-the-tipping-point.pdf


*Rodrigo de Almeida é CEO na Forestoken S.A. e sócio-fundador do Grupo Index.

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Estudo inédito aponta que Minas Gerais tem 15 milhões de hectares com potencial para projetos florestais

Minas Gerais dispõe de 15 milhões de hectares com aptidão para projetos florestais, dos quais 7 milhões podem ser para empreendimentos do tipo brownfield (utilização de florestas já existentes) e 15 milhões para projetos greenfield (novos plantios destinados à instalação de indústrias futuras). Esses dados foram apresentados no estudo inédito divulgado nesta última quinta-feira (10), durante o evento Florestas UAI, realizado pela Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF) — entidade que representa o setor de florestas plantadas no estado.

A pesquisa foi encomendada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e pela Invest Minas, sendo conduzida pelo Grupo Index. Para Adriana Maugeri, presidente da AMIF “este estudo é, sem dúvida, um divisor de águas, pois oferece um direcionamento claro para um crescimento ordenado, sustentável e inclusivo do setor, alcançando diversas regiões, perfis de produtores e segmentos”.

Atualmente, Minas Gerais possui cerca de 2,3 milhões de hectares de florestas plantadas, o que representa aproximadamente 25% da área total de plantações florestais do Brasil, além de 1,3 milhão de hectares de florestas preservadas. Esse setor movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano, gera mais de 300 mil empregos diretos e indiretos, e contribui significativamente para as exportações mineiras com produtos como celulose, papel e carvão vegetal sustentável.
Destaques

Além da grande disponibilidade de área, o estado se destaca por outros fatores que reforçam sua atratividade para investimentos: excelente disponibilidade hídrica, preços competitivos da terra, regime tributário diferenciado, uma cadeia de valor diversificada, e o fato de possuir a maior área plantada de eucalipto do país. A silvicultura está presente em 811 dos 853 municípios mineiros, evidenciando sua capilaridade e importância socioeconômica.

O estudo revela ainda que Minas Gerais oferece um dos melhores Valores de Terra Nua (VTN) do Brasil para fins florestais, com média de R$ 9,8 mil/ha, podendo chegar a R$ 2,8 mil/ha nas regiões mais promissoras — como o Norte, Noroeste e Central do estado. Esse cenário, aliado a um clima favorável, proporciona uma produtividade florestal competitiva, muitas vezes superior à de outros polos já saturados, projetando Minas como o novo destino estratégico para investimentos industriais florestais no Brasil.

Com a recente simplificação do licenciamento ambiental, que diminuiu o tempo para a autorização, e o aumento global da demanda por produtos sustentáveis, Minas se posiciona como protagonista na transição para uma economia verde. “O estudo vem em um momento oportuno e integra o programa Minas Invest+ Florestas, que organiza e centraliza as ações para desburocratizar e atualizar a legislação florestal do estado”, reforça a presidente da AMIF.

O diagnóstico recomenda a criação de políticas públicas focadas em quatro eixos: melhorias logísticas, aumento da produtividade florestal com apoio técnico e pesquisa, capacitação de mão de obra especializada, e ampliação dos benefícios fiscais para atrair novos investimentos. Posiciona Minas Gerais como uma das regiões mais promissoras para a indústria florestal no Brasil, destacando não apenas sua estrutura produtiva, mas também seu potencial competitivo no cenário nacional e internacional.

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Exclusiva – IBAMA cancela produtos à base de sulfluramida – Decisão não terá impactos no mercado de iscas formicidas

O IBAMA publicou na última quinta feira (03/04) o Comunicado nº 22927367/2025 informando que, em 30 dias (03/05), vai cancelar todos os registros de produtos à base de sulfluramida para uso não agrícola (controle ambiental). A decisão do instituto tem repercutido, principalmente nos bastidores do setor florestal e empresas de iscas formicidas, que questionam até onde a decisão poderia afetar as plantações, a qualidade das árvores e o mercado do segmento.

A publicação, ainda estabelece que o esgotamento de estoque dos produtos a base de sulfluramida poderá ser realizado em até 60 (sessenta) dias, sendo todos os prazos contados a partir da publicação do referido comunicado.

O comunicado não afeta os registros para uso agrícola (florestas plantadas e outros cultivos), que seguem válidos pelo MAPA.

Buscando trazer mais esclarecimentos sobre o tema, o Mais Floresta falou com renomadas empresas brasileiras especializadas em iscas formicidas, que no geral, ressaltam que a ação do IBAMA não irá alterar questões de mercado, bem como também não afetará o setor florestal e sua cadeia produtiva.  

Para Luiz Eugênio Pedro de Freitas, diretor presidente da Dinagro, e presidente da ABRAISCA (Associação Brasileira das Empresas Fabricantes de Iscas Inseticidas), o instituto está correto na decisão: “O comunicado não causará impactos no setor florestal, pois trata-se dos registros efetuados no IBAMA para uso em florestas naturais e ambientes hídricos. O IBAMA está correto pois a autorização da convenção é para uso na agricultura, desde a decisão de 2009.

Sobre possíveis impactos no mercado, Luiz ressalta: “Não trará nenhum prejuízo ao segmento, pelo motivos acima, algumas empresas da ABRAISCA já haviam solicitado o arquivamento espontâneo”.

Sobre um posicionamento da ABRAISCA, Luiz Eugênio informa que ainda não houve tempo hábil na agenda dos associados para discussão sobre o tema.

Ao Mais Floresta, Adriano Moraes, gerente comercial da Unibras Agro Química Ltda, informou por meio de nota:

“O comunicado não afeta os registros dos produtos para uso agrícola (florestas plantadas e outros cultivos), que seguem válidos pelo MAPA.

Importante saber que o produto Isca Formicida ATTA MEX-S que consta no referido comunicado trata-se de um produto NA, “Não Agrícola”.

O IBAMA publicou nesta quinta feira (03/04) o Comunicado nº 22927367/2025 informando que em 30 dias (03/05), vai cancelar todos os registros de produtos à base de sulfluramida para uso NÃO AGRÍCOLA (controle ambiental).

A própria UNIBRÁS já havia solicitado o cancelamento do registro NA e o nosso produto envolvido é: Isca Formicida Atta Mex-S-NA, com nº de registro 2758.”

Clique no link, e confira a publicação na íntegra no Diário Oficial da União: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/servlet/INPDFViewer?jornal=530&pagina=107&data=03/04/2025&captchafield=firstAccess

Escrito por: redação Mais Floresta.

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Professor Laércio Couto, uma grande perda para a silvicultura

Dr. Laércio Couto é um dos grandes nomes da área de silvicultura, agrossilvicultura e plantações de eucaliptos para produção de biomassa energética no Brasil. É reconhecido nacional e internacionalmente por seus trabalhos de ensino, pesquisa e consultoria nas áreas acima citadas.

Professor Laércio, como gosta de ser chamado, nasceu em abril de 1945 em uma pequena cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, Tocantins. Descende de portugueses por parte do pai, Argemiro Couto e dos índios Coroados por parte da mãe, Maria Soares Queiroz Couto. Esse primogênito de uma família de sete filhos e duas filhas, herdou do pai que era carpinteiro e marceneiro, o gosto pelo trabalho com a madeira e o respeito pelas árvores nativas que a produziam. De sua mãe herdou o gosto pela natureza e a atração herdada de seus antepassados pelas florestas, pela flora e pela fauna silvestre.

A perda de Laércio Couto causou grande comoção em seus colegas, ex-alunos, profissionais atuantes e entusiastas da silvicultura.

Passou toda sua infância e juventude em Tocantins, entre irmãos, parentes e amigos, estudando e se divertindo naqueles folguedos comuns em uma cidade pequena do interior de Minas, antes do advento da televisão, computadores e vídeo games. Pescaria, religião e futebol eram suas atividades preferidas e tinha como hobby, colecionar selos, figurinhas, tampinhas de garrafas, maços vazios de cigarros, papéis de balas, etc…

Em 1964, ingressou na Escola Superior de Florestas da Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, ao lado de mais 20 colegas, primeira turma daquela nova escola dirigida na época pelo saudoso Dr. Arlindo de Paula Gonçalves, que pode ser considerado um dos ícones da Engenharia Florestal no Brasil. Graduou-se em 1967, tendo sido o primeiro colocado de sua turma que naquela época tinha sido reduzida para onze formandos. Recebeu na época duas propostas de emprego, uma para trabalhar na CEPLAC, Bahia, com o Dr. Paulo Alvim e outra para trabalhar na Prado & Cunha Ltda no município de Buri em São Paulo. Optou pelo trabalho em Buri, pois desejava colocar em prática os conhecimentos adquiridos na escola, na área de silvicultura. Naquela cidade, implantou viveiros e plantações de Pinus que posteriormente foram utilizados pela PLANEBRAS para a produção de resina e de madeira serrada. Em Buri fez grandes amizades com a população local, tornando-se bastante popular na cidade por ter-se tornado um zagueiro do time local de futebol, o Bandeirantes Futebol Clube. Em 1970, casou-se com Maria José Margarido Fonseca, a Fia, com quem teve um filho e duas filhas.

Em 1972, deixou Buri e se mudou para Itararé, ainda no estado de São Paulo, onde foi trabalhar na PLANTAR, que tinha reflorestamentos com Pinus em Itapeva, Itaberá, Sengés e Ibaiti no Paraná. Em 1974, mudou-se para a Praia do Forte na Bahia onde foi implantar um reflorestamento com Pinus e administrar uma plantação de côco onde hoje está localizado o Ecoresort Praia do Forte. Uma vez terminado o projeto da PLANTAR na Bahia, foi trabalhar na Jari em Almeirim no Pará onde atuou no reflorestamento com Pinus e Gmelina arborea. Logo a seguir, foi convidado pelo Presidente da SIF – Sociedade de Investigações Florestais, Professor Mauro Silva Reis, para ir atuar como assistente de pesquisa na entidade, no atual Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, no inicio de 1975.

Ainda no mesmo ano, 1975, foi aceito para fazer o mestrado em Ciência Florestal no DEF/UFV e convidado para ser professor auxiliar de ensino na área de manejo florestal pelo Professor Antônio Bartolomeu do Vale, que se tornou seu orientador. Em 1977, terminou o mestrado, quando estudou a influência do espaçamento inicial no crescimento de Eucalyptus em plantações florestais no Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Seguiu então para o Canadá, onde foi fazer o doutorado na Universidade de Toronto sob a orientação do Professor Jagdish Chandra Nautiyal, um economista florestal de renome internacional. O tema de sua tese, defendida em dezembro de 1982 foi sobre “the timber production function of Eucalyptus grandis in Brazil”. Desta maneira, os primeiros contatos do Professor Laércio com o Eucalyptus foram realizados a partir de 1975 por ocasião de suas atividades como assistente da SIF, estudante de mestrado na UFV, como professor no DEF e posteriormente como estudante de doutorado na Universidade de Toronto, no Canadá.

Ao retornar para o Brasil, após o termino do seu doutorado no Canadá, o Professor Laércio Couto se dedicou a implementar no DEF três áreas principais: a agrossilvicultura, a silvicultura e o planejamento florestal com a utilização de simulação em microcomputadores. Assumiu o ensino da silvicultura em nível de graduação no DEF, criou a disciplina em nível de pós-graduação na área de agrossilvicultura e iniciou a orientação de uma série de estudantes de mestrado e doutorado nas áreas acima mencionadas. Durante toda a sua vida acadêmica, orientou 26 teses de mestrado e doutorado, a maior parte na área de agrossilvicultura com Eucalyptus.

Em 1989, assumiu a Chefia do Departamento de Engenharia Florestal da UFV e a Diretoria Administrativa da Sociedade de Investigações Florestais (www.sif.org.br), quando procurou aumentar o número de empresas associadas da entidade e expandiu os contatos internacionais do DEF e da SIF. Em 1993, deixou a UFV para um período de 18 meses de treinamento em nível de pós doutorado na Colorado State University, tendo como contraparte o Professor David Ray Betters com o qual implementou um projeto de cooperação internacional na área florestal e ambiental, patrocinado pela USIA, que levou aos Estados Unidos vários professores da UFV e à UFV vários professores da CSU. Publicou na época mais de 20 trabalhos relacionados com o seu treinamento na CSU, na área de silvicultura e agrossilvicultura com plantações de curta rotação, principalmente Eucalyptus. Proferiu varias palestras nos Estados Unidos e no México tratando desse assunto, com o apoio da pesquisadora Lynn L. Wright do Oak Ridge National Laboratory – ORNL que tinha o suporte financeiro do Department of Energy – DOE, dos Estados Unidos da América do Norte. O seu trabalho mais importante na época foi uma publicação sobre os impactos técnicos, sociais e ambientais das florestas de curta rotação de Eucalyptus no Brazil.

Em 1994, iniciou um trabalho de suporte técnico para a Gutchess International Incorporated – GII, visando implantar no Brasil uma serraria que utilizasse o Eucalyptus como matéria prima para produção de madeira serrada de alto valor agregado. Este trabalho culminou com a parceria entre a GII e a Aracruz Celulose para o surgimento da empresa Aracruz Produtos Sólidos de Madeira, resultando na instalação da serraria hoje existente no município de Posto da Mata ao sul da Bahia. Hoje, esta serraria pertence à Weyerhaeuser e à Aracruz e produz madeira serrada de Eucalyptus, conhecida como LYPTUS, um novo conceito de madeira nobre, que é comercializada dentro do Brasil e também exportada para os Estados Unidos e Europa.

Em 1996, assumiu a Diretoria Científica da SIF que na época contava com 10 associadas, instituindo um trabalho de expansão e consolidação da entidade, deixando-a em 2002 com mais de 80 empresas participantes e co-participantes. Paralelamente, assumiu a Presidência do Centro Mineiro para Conservação da Natureza – CMCN cooperando na expansão para se tornar o Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável – CBCN (www.cbcn.org.br) com trabalhos executados na área florestal e ambiental para empresas privadas e prefeituras municipais.

Laércio tem sido um dos principais pesquisadores, orientadores de alunos de mestrado e doutorado e professores da agrossilvicultura no Brasil a partir da década de 80. Por essas razões, dedicou-se para a criação, a partir de 2001, da Sociedade Brasileira de Agrossilvicultura (www.sbag.org.br), da qual é o atual presidente, visando agregar e difundir os conhecimentos e o estado da arte existentes no Brasil nesta importante área do conhecimento.

Em 2002, foi indicado como Brazilian Team Leader do Task 30 da IEA Bioenergy (www.iea.org), pelo Ministério de Minas e Energia, quando promoveu um evento conjunto na cidade de Belo Horizonte na área de energia a partir da biomassa florestal
(http://www.fao.org/forestry/webview/media?mediaId=4581&langId=1). Foi ainda solicitado a criar e ser o presidente da Rede Nacional de Biomassa para Energia – RENABIO pelos Engenheiros do MME, Marcelo Khaled Poppe e Manoel Nogueira. A RENABIO (www.renabio.org.br), com sede em Viçosa, Minas Gerais é hoje uma referencia nacional e internacional na área de biomassa para energia, principalmente na área florestal.

Aposentou-se como Professor Titular na área e Silvicultura pelo Departamento de Engenharia Florestal da UFV, terminou a orientação dos seus últimos estudantes de pós graduação, como Professor Voluntário da UFV. Uma vez terminados sua missão e seu contrato, mudou-se para a cidade de Itu, São Paulo onde também residem o seu filho Luciano e sua família. Seu filho Luciano, bem como suas outras duas filhas, Juliana e Michelle são todos formados em engenharia florestal pela Universidade Federal de Viçosa. Ao contrário do que a maior parte dos amigos pode pensar, nunca houve qualquer pressão por parte do Professor Laércio para que seus filhos seguissem a carreira do pai. Foi uma coisa que aconteceu naturalmente. Afinal de contas na família ainda existem vários outros membros que são Engenheiros Florestais, uma carreira intimamente associada à família Couto.

Hoje, o Dr. Laércio Couto é Professor Adjunto da Faculdade de Florestas da Universidade de Toronto e Professor Associado da Universidade Federal do Mato Grosso e da Universidade Federal Rural do Pará, Consultor adhoc do CNPq, Embrapa, Finep e Capes, membro do Conselho Consultivo do CAMESA – Consortium for the Advancing of the Sustainability of Ecosystems in the Americas, presidente do CBCN, da RENABIO, da SBAG, e consultor florestal de diversas empresas que atuam nas suas áreas de especialidade.

De todas as suas atividades, o Professor Laércio tem um grande orgulho de ter dado sua contribuição para o estabelecimento da serraria da Aracruz no Sul da Bahia, que constituiu um marco no uso da madeira do Eucalyptus para produtos sólidos de madeira. Alem disso, ele tem um grande orgulho por ter introduzido muito fortemente no Brasil o ensino formal da Agrossilvicultura, em nível de graduação e pós-graduação e de ter escolhido principalmente o Eucalyptus como o componente florestal do sistema agro-florestal, na maioria dos seus estudos.

Atualmente, o Professor Laércio Couto, procura aliar estudos sobre florestas adensadas de Eucalyptus com agrossilvicultura e com produção de biomassa energética renovável no Brasil, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do País. Culturas como mandioca, mamona, soja, girassol, milho, sorgo, capim elefante e outras, fazem parte do elenco de componentes agrícolas e forrageiras que o Professor Laércio procura combinar com o Eucalyptus na busca de soluções socioeconômicas e ambientalmente corretas para suprir o Brasil e o mundo com energia renovável e alimentos.

O Professor Laércio orgulha-se também não só de ter sido um formador de Engenheiros Florestais, mas principalmente um formador de entusiasmados cidadãos e cidadãs, a quem procurou transmitir não só os conhecimentos técnicos, mas também os conceitos de cidadania e de compartilhamento para que nossa sociedade possa ter um desenvolvimento mais harmonioso e integrado. Laércio sempre valoriza bastante o seu networking com ex-alunos, ex-colegas, amigos de empresas e instituições nacionais e internacionais. Prova evidente de seu network é a ampla cooperação que possui com inúmeros acadêmicos e pessoal da iniciativa privada. Seus inúmeros trabalhos de pesquisa com diversificado número de co-autores é uma demonstração dessa grande rede de geração e difusão de conhecimentos que ele ajudou a criar.

Suas principais áreas de “expertise” são portanto as seguintes:
• agrossilvicultura;
• biomassa energética;
• conservação da natureza e desenvolvimento sustentável;
• silvicultura geral.


Publicação original em: https://www.eucalyptus.com.br/newspt_set07.html#nove / Os Amigos dos Eucalyptus – Por: Celso Foelkel.

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Área de florestas plantadas em MS é a que mais cresce no país

De acordo com levantamento do IBGE, Mato Grosso do Sul abriga os quatro maiores municípios produtores de eucalipto do país: Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, Brasilândia e Água Clara; o Estado alcança 1,5 milhão de hectares de florestas plantadas

Mato Grosso do Sul está crescendo economicamente em vários ramos. Antigamente quando se comentavam do Estado todos pensavam exclusivamente em agropecuária e agricultura, mas com a chegada das gigantes da celulose o cenário mudou e MS já é conhecido mundialmente por ser um grande exportador do setor e ocupando o segundo lugar nacional no ranking quando o assunto é floresta plantada. Atualmente o Estado possui uma área de 1,5 milhão de florestas plantadas, com previsão de considerável expansão para os próximos anos para atender novos megaempreendimentos do setor.

MUNICÍPIO PIONEIRO

No estado, Três Lagoas foi a pioneira em floresta plantada de eucalipto a empresa, Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda, subsidiária da IP chegou ao município em 1988, onde investiu em vastas extensões de área para plantio de eucalipto. Decorridos alguns anos a empresa tornou-se referência em tecnologia, modelo de gestão, inovadora em desenvolvimento operacional, qualidade de florestas e mão-de-obra especializada

Em 2006, a Chanflora já possuía cerca de 100 mil hectares, sendo aproximadamente 75 mil hectares plantáveis e 25 mil hectares destinados às áreas de reserva legal e de preservação permanente. Em 2005, a empresa plantou mais de 20 mil hectares na região, sendo 7 mil hectares em parcerias com proprietários rurais. Para atender essa demanda, a empresa tinha um quadro de 1.288 colaboradores diretos, entre próprios e terceirizados, que trabalham nas florestas e escritórios da subsidiária da International Paper.

INSTALAÇÃO DA VCP

Foi esse ativo florestal, a matéria prima da celulose, além das isenções de impostos e a logística que atraíram os diretores do grupo Votorantim que em fevereiro de 2007 investiram na construção da VCP (Votorantim Celulose e Papel).  Decorridos alguns anos, a VCP comprou a empresa Aracruz Celulose e nessa negociação foi criada a Fibria Celulose e em janeiro de 2019, foi anunciada e fusão da Fibria com a Suzano que construiu a segunda linha da fábrica.

Diante da boa logística, estrutura e incentivos fiscais que Três Lagoas e o Estado ofereciam, em 15 de junho de 2010, foi lançada a pedra fundamental da Eldorado Brasil e em 12 de dezembro de 2012, a fábrica foi inaugurada com uma linha e existindo a possibilidade de ter a segunda linha.

REFERÊNCIA MUNDIAL

Devido a esses investimentos o Mato Grosso do Sul tornou-se exemplo mundial quando o assunto é celulose. Com já dito acima, Três Lagoas, pioneira no setor no Estado, abriga duas indústrias e acabou se tornando ‘a professora’ de Ribas do Rio Pardo e Inocência que, em breve, também terão fábricas operando. Agora, mais uma fábrica vai se instalar na região já conhecida como ‘Vale da Celulose’. Uma da Bracell também será construída em Água Clara aumentando ainda mais a economia do Estado.

RANKING

A produção de celulose representa 1,3% do PIB Nacional e 6,9% do PIB Industrial. Com receitas acima de US$ 100 bilhões, é uma das maiores fontes de exportação do Brasil, o qual é o maior exportador global de celulose e tem a sua produção baseada em áreas de florestas plantadas.

Embora o Brasil seja o maior exportador de celulose do mundo, ele ocupa a segunda posição em termos de produção global, ficando atrás dos Estados Unidos. Nessa jornada, a indústria de árvores cultivadas, que se pauta em um modelo de bioeconomia em larga escala, atua em uma lógica integradora, sistêmica e circular, da árvore ao pós-uso do produto, gerando uma gama de benefícios climáticos.

Este setor inaugura uma fábrica a cada ano e meio, na contramão da precoce e acelerada desindustrialização nacional. Com isso, amplia consistentemente a oferta de empregos diretos e indiretos em diversas localidades no Brasil, a maioria delas com baixo dinamismo econômico antes da chegada das empresas desse segmento.

POSTOS DE TRABALHO

Em 2023, foram criados 33,4 mil novos postos de trabalho, somando um total de 2,69 milhões empregos diretos e indiretos gerados pelo setor. Já em 2024, ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 10 milhões de hectares de árvores cultivadas, um crescimento de 3% em comparação ao ano anterior.

O principal eixo de ampliação de áreas de cultivo foi no estado do Mato Grosso do Sul, em terras já antropizadas, transformadas em plantações florestais. Com isso, o setor recupera pastos de baixa produtividade com uma nova ocupação, que remove carbono da atmosfera e é manejada de forma sustentável, entregando benefícios para o ambiente e valor compartilhado para a sociedade.

MS EM SEGUNDO LUGAR

De acordo com o IBA (Instituto Brasileiro de Atuária) os plantios de eucalipto estão localizados, principalmente, nas regiões sudeste e centro-oeste do país, com destaque para Minas Gerais (29%), Mato Grosso do Sul (15%) e São Paulo (13%). A indústria de árvores cultivadas brasileira tem um comércio internacional de US$ 12,7 bilhões e segue como a maior exportadora de celulose do mundo, ficando no patamar acima de 18 milhões de toneladas enviadas ao exterior.

O setor planta 1,8 milhão de árvores por dia, dando origem a uma crescente gama de produtos de fonte renovável, como livros, cadernos, roupas, celulose, papéis, embalagens, papel higiênico, fraldas, painéis de madeira, pisos laminados, entre muitos outros. Esses produtos estão presentes na rotina de todos os brasileiros e substituem, com muitas vantagens, aqueles feitos a partir de fontes fósseis.

IMPACTO POSITIVO

A sustentação e continuidade dos negócios no setor de árvores cultivadas são fortemente influenciadas pelas partes interessadas e comunidades impactadas por suas operações.

O setor trabalha em conjunto com a comunidade em prol de um impacto positivo e da geração de valor compartilhado, repercutindo em desenvolvimento para os cidadãos. Para isso, estabelece relacionamentos, dialoga para escutar demandas e percepções, mapeia oportunidades de melhoria; e investe em projetos de desenvolvimento socioeconômico.

Em 2023, 88% das empresas pesquisadas pela Ibá indicaram possuir projetos ou programas voltados para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais. Os investimentos nesses projetos totalizaram aproximadamente R$ 39,5 milhões e impactaram diretamente 918 mil pessoas, englobando diversas áreas, como educação, ecoturismo, cultura, apicultura, qualidade de vida e bem-estar, saúde, preservação e recuperação ambiental, empreendedorismo, diversidade e inclusão, reciclagem e esportes.

Com informações: Perfil News | Imagem: divulgação.

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Balança comercial de árvores cultivadas tem alta de 22% nos nove primeiros meses de 2024

Vendas externas de painel de madeira (+41%) e celulose (+29,5%) são destaques no período

São Paulo, novembro de 2024 – As exportações do setor brasileiro de árvores cultivadas registraram um crescimento de 20,7% em valor de janeiro a setembro de 2024, em comparação ao mesmo período no ano passado. Destaque para alta de 47,2% nas vendas para a Europa e de 32,7% para a Ásia/Oceania, de acordo com o Boletim Mosaico, produzido pela Ibá (Indústria Brasileira de Árvores). A China, principal compradora dos produtos florestais brasileiros, teve alta de 12,5%. A balança comercial no período fechou com saldo positivo de US$ 10,7 bilhões, alta de 22,2%.

As exportações de painéis de madeira foram destaque no período, com alta de 41% (US$ 316,6 milhões) frente aos nove primeiros meses do ano passado. Líder na cesta de produtos florestais, a celulose teve crescimento de 29,5% (US$ 7,8 bilhões). Houve ainda incremento nas vendas para o exterior de compensados (+18,4% – US$ 594,5 milhões) e papel (+5,9% – US$ 1,885 bilhão) —este último puxado pelos papeis para embalagem.

Em termos de produção, o Brasil registrou 18,7 milhões de toneladas de celulose entre janeiro e setembro de 2024, alta de 3,6% na comparação sazonal. No mesmo período de comparação, a produção de papel chegou em 8,6 milhões de toneladas ao final de setembro, alta de 6,1% puxada também por embalagens.

O setor de árvores cultivadas é, atualmente, relevante item da pauta de exportação brasileira, com 3,8% de participação no total de exportações do país nos noves primeiros meses de 2024, além de ser o quarto item de exportações do pujante agro brasileiro. No período, sua participação foi de 7,7% do total vendido ao exterior pelo agronegócio.

Mercados

O principal mercado comprador de produtos florestais brasileiros segue sendo a China, o maior destino da celulose nacional, à frente de Europa e América do Norte. O gigante asiático comprou US$ 3,3 bilhões (+12,5%), sendo 95,7% do montante em celulose. Nos nove primeiros meses de 2024, a China aumentou a compra dos dois principais produtos da pauta de exportação na comparação sazonal: celulose (+12,8%) e papel (+137,3%).

Mas a Europa, segundo maior destino, teve a maior variação no período, com crescimento de 47,2% nas exportações do setor (US$ 2,9 bilhões). As vendas de celulose para o continente tiveram forte alta de 60,1% na comparação com 2023. Já a América do Norte (US$ 2,6 bilhões) incrementou em 19% suas compras.

“A Europa está com um grande apetite pelos produtos florestais brasileiros, com crescimento próximo de 50% neste ano. Essa força nas vendas mostra que o compromisso histórico com a sustentabilidade do setor no Brasil atende aos requisitos mais exigentes do mundo de sustentabilidade. Somos um exemplo de bioeconomia em larga escala”, afirma Paulo Hartung, presidente da Ibá. O boletim Mosaico também destaca crescimento acima de dois dígitos da China e América do Norte, dois mercados consolidados para nossos produtos, mas que também aumentam cada vez mais suas compras.

Sobre a Ibá

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) é a associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, junto a seus principais públicos de interesse. Lançada em abril de 2014, representa 49 empresas e nove entidades estaduais de produtos originários do cultivo de árvores plantadas – painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel, florestas energéticas e biomassa -, além dos produtores independentes de árvores plantadas e investidores institucionais. Saiba mais em www.iba.org

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Pesquisa financiada pela Fundect avalia contribuição das florestas plantadas na redução das emissões de CO2

A engenheira agrônoma Larissa Pereira Ribeiro Teodoro participa de uma pesquisa inédita financiada pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e que revela a contribuição que florestas plantadas de eucalipto podem dar para que Mato Grosso do Sul alcance a meta de ser carbono neutro até 2030. O estudo  também confirma que a diversidade microbiológica do solo não é afetada pela cultura.

Este resultado gerou um artigo, que projetou o Mato Grosso do Sul em uma das revistas científicas mais importantes da Europa.

“Após dois anos de estudo, novamente se comprovou que a cultura de eucalipto emitiu menos CO2, quando comparado aos outros usos também avaliados e de forma similar à mata nativa. Isto é um resultado muito importante quando a gente pensa em termos de estratégias econômicas, que aliam economia e sustentabilidade para o Estado”, afirma a pesquisadora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), campus de Chapadão do Sul.

Outra informação importante indicada pelo estudo que a doutora em Genética e Melhoramento participa diz respeito à diversidade microbiológica do solo.

“Muitos defendem que culturas agrícolas podem afetar e diminuir a diversidade microbiológica do solo. O que seria algo extremamente maléfico para o meio ambiente, até porque os microrganismos fazem parte de todo esse balanço de carbono. Porém, foi observado [na cultura de eucaliptos] que a diversidade é muito similar a áreas que nunca sofreram antropização como a uma mata nativa. Ou seja, sem ação humana sobre a natureza”.

A pesquisadora ainda enfatiza a importância da preservação de áreas nativas.

“A vegetação nativa é de extrema relevância para a biodiversidade e também para alcançarmos as metas de neutralidade de carbono. Nossos resultados visam contribuir para criar estratégias mais sustentáveis dentro do setor agropecuário e florestal, substituindo sistemas de produção com maior emissão de carbono, como pastagens degradadas, ou aumentar as áreas em sistemas de integração pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta. Todos caminhos promissores”.

O projeto

O projeto, financiado pela Fundect é liderado pelos professores Paulo Teodoro, da UFMS, e Carlos Antonio Silva Junior, da Unemat/Sinop (Universidade do Estado de Mato Grosso).

Muito elogiado por especialistas, o estudo foi divulgado no periódico Journal of Cleaner Production, que é publicado pela editora holandesa Elsevier, especializada em conteúdo científico e sustentável, técnico e médico. O artigo científico na revista projetou Mato Grosso do Sul como sendo pioneiro em elaboração de estratégias de mitigação de gases de efeito estufa.

Recentemente, Larissa Ribeiro recebeu um prêmio Fundação Bunge, considerado um dos mais prestigiados reconhecimentos de mérito científico do Brasil na área de agropecuária. Ela venceu na categoria Juventude. A premiação foi conquistada pelo trabalho da pesquisadora em diversos projetos, incluindo o intitulado ‘Predição do fluxo de CO2 e desempenho fisiológico de soja utilizando aprendizagem de máquina e sensor hiperespectral’, desenvolvido com o apoio da Fundect.

Veja neste link o artigo (em inglês) publicado na revista científica.

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Primeira colhedora de erva-mate no Brasil e os desafios no Rio Grande do Sul

Foi demonstrado nesta terça, 19, em Espumoso/RS, em Tarde de Campo na propriedade “Ervais do Futuro” de Ilo dos Santos, com a presença de parcerias, técnicos e produtores rurais. A região do Alto Uruguai também se fez presente através do Engº Agrº Valdir Zonin, supervisor regional da EMATER/RS-Ascar que também representou a ASPEMATE e do empresário Loreni Galon da Associação INDUMATE.

Projeto esse, com a finalidade de atender aos mercados do chá-mate e erva-mate para chimarrão, conta com as parcerias técnicas da Embrapa Florestas, Emater e Equipe Técnica da propriedade, além das parcerias do município. A produção própria é cultivada com 10 materiais genéticos da Embrapa, em sistemas adensados 0,50 m x 0,30m (para chás) e no sistema convencional 3,0m x 1,5m para o mercado convencional. Todo o cultivo possui irrigação por gotejamento.

Essa inovação tecnológica da colheita mecanizada já é bem difundida nos ervais da Argentina, no entanto é a primeira máquina a colher erva-mate em território brasileiro. “Traz benefícios como a rapidez na colheita, redução da mão de obra (tarefa) que hoje é escassa e de elevado custo em nossa região do Alto Uruguai. Por outro lado, são máquinas de alto custo, já que são importadas e com taxas e impostos de importação bastante elevados. Ainda não temos tecnologia gaúcha ou brasileira para colhedoras de erva-mate”, pontua Valdir Zonin.

Para o futuro da erva-mate gaúcha e no Alto Uruguai tem três grandes desafios:

1º – melhorar a organização do sistema da colheita, fazendo com que aumente a oferta de equipes de tarefa, as quais estejam organizadas no sentido de atender a demanda dos produtores, bem como as demandas legais sociais, trabalhistas, etc.;

2º – em caso de não atendermos a este primeiro desafio, nos resta o segundo, que é aperfeiçoar tecnologias gaúchas, ou de SC e PR, no sentido de adaptarmos tratores agrícolas traçados com plataformas de colheita de erva-mate, reduzindo seus custos, principalmente o de importação;

3º – na região, a colheita predominante é terceirizada, ou seja, o produtor vende a erva-mate não para a indústria, mas sim para o “atravessador”, o qual possui transporte e suas equipes de tarefa. Porém, em muitos casos, a margem de intermediação acaba sendo grande demais e o produtor recebendo muito pouco. Isto faz com que muitos ervais sejam erradicados e substituídos por culturas como a soja.  Isso não é bom para a cadeia produtiva, nem para as economias locais, reduzindo um ciclo importante que envolve: semente, mudas, plantios, tratos culturais, tarefa de colheita, transporte, indústria e comércio.

Informações: Jornal Bom Dia.

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