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Governo de MS fará ajustes e espera leilão da Rota da Celulose no 1º tri de 2025

O governo do Mato Grosso do Sul informou nesta quinta-feira que espera que o leilão da chamada Rota da Celulose ocorra no primeiro trimestre de 2025, após adiamento do certame que estava previsto para ocorrer no início deste mês.

O adiamento “foi um movimento natural do próprio mercado, em um cenário que não contribuiu devido taxas de juros bastante elevadas, e toda conjuntura em relação aos aspectos macroeconômicos do país”, disse a secretária especial do Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), Eliane Detoni, em comunicado do governo estadual.

A secretária também citou o acúmulo de leilões de infraestrutura rodoviária neste final de ano.

“…assim como a grande oferta com muitos projetos em leilão toda semana, foram quase 5 mil quilômetros de rodovias concessionadas, em investimentos na ordem de 130 bilhões de reais”, citou Detoni.

A Rota da Celulose prevê a concessão de trechos das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395 e trechos das federais BR-262 e BR-267, totalizando 870,3 quilômetros pelo período de 30 anos. A rota passa perto das maiores fábricas de celulose do país, incluindo instalações da Suzano e Eldorado Brasil.

Segundo o governo do Mato Grosso do Sul, após o adiamento do certame do dia 6, o próximo passo é fazer “uma nova avaliação do projeto, para entender se ele vai precisar de eventuais ajustes, com o trabalho de consulta e sondagem do mercado, tendo como objetivo colocar à disposição do mercado ainda no primeiro trimestre de 2025”.

Informações: Portal Terra.

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MPF confirma nulidade de contrato de compra e venda da Eldorado pela Paper

O MPF de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, confirmou, nesta terça-feira (10), a nulidade do contrato de compra e venda da Eldorado Celulose pela Paper Excellence por descumprir uma série de leis brasileiras. As informações são do jornalista Lauro Jardim de O Globo.

Segundo os procuradores do MPF, a Paper não poderia ter a titularidade dos imóveis rurais próprios e arrendados da Eldorado “nem que fosse por um só instante”. Os procuradores Marcelo da Silva e Michel Havrenne assinam a manifestação.

“Para a transferência de tão vasta área do território nacional para uma empresa brasileira equiparada a estrangeira, evidentemente, far-se-ia necessária a aprovação prévia dos entes competentes, mesmo que desconsiderado o vultoso espaço arrendado, cujos contratos também passariam à titularidade de empresa com capital externo. A autorização prévia nunca foi obtida”, escreveram.

Ainda segundo os procuradores, a compra ou arrendamento de imóveis rurais pela Paper, enquadrada como pessoa jurídica brasileira equiparada à estrangeira, “independentemente da forma adotada, é nula de pleno direito”. Para eles, a nulidade do negócio é “absoluta, a qual não comporta convalidação, tampouco pode ser relativizada”.

Nesta mesma ação, o Incra, através de uma nova manifestação da AGU, seguiu o entendimento do MPF, de que a Paper Excellence não requereu as autorizações prévias necessárias para a celebração do contrato, o que leva à nulidade do negócio.

Em nota, a Paper Excellence divulgou “que não tem interesse em ser proprietária de terras em zona rural no País”.

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Veracel reafirma compromisso com os Direitos Humanos e divulga manifesto

Documento foi lançado ontem (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos, e reforça as diretrizes da empresa e seu comprometimento com uma atuação ética e sustentável

Eunápolis, 11 de dezembro de 2024 – A Veracel Celulose, indústria com operação no Sul da Bahia, divulgou seu Manifesto Público de Direitos Humanos, um documento que reflete o compromisso da empresa com a promoção da dignidade humana e a geração de valor compartilhado. Alinhado aos Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos (UNGPs), o manifesto destaca as diretrizes que orientam as ações da companhia, com foco na construção de uma sociedade mais justa, equitativa e sustentável.

O objetivo do documento é reforçar o compromisso da Veracel em adotar práticas que vão além das obrigações legais, abrangendo toda a sua cadeia de suprimentos, parceiros e as comunidades em que a empresa está inserida. A companhia reafirma seu compromisso em promover práticas éticas e sustentáveis, visando o respeito e a proteção dos direitos humanos em todas as suas operações.

“Acreditamos que liderar pelo exemplo é a chave para gerar impactos positivos. Com este manifesto, reforçamos nossa responsabilidade em respeitar e promover os direitos humanos em todas as nossas ações e nas relações com nossos parceiros e comunidades locais. O documento é o registro do compromisso que a companhia já tem com a promoção dos direitos humanos, mas também reflete nosso desejo contínuo de ampliar essas ações”, destaca Luiz Tapia, Diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social da Veracel.

Os cinco pilares do Manifesto da Veracel:

Abrangência: A Veracel promove e protege os direitos humanos em todas as suas operações, respeitando colaboradores, fornecedores, comunidades locais e grupos tradicionais. A empresa se alinha aos Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos (UNGPs) e trabalha ativamente para erradicar práticas como o trabalho forçado, obrigatório e infantil em sua região.

Questões contextuais em Direitos Humanos: A Veracel adota ações proativas para proteger os direitos humanos em contextos operacionais desafiadores. Iniciativas de Investimento Social Privado (ISP) são parte essencial dessa abordagem, com o objetivo de reduzir desigualdades e fortalecer as comunidades onde a empresa atua.

Due Dilligence: A Veracel implementa processos contínuos de due dilligence, com auditorias e avaliações regulares para identificar e mitigar riscos relacionados aos direitos humanos. Fornecedores e parceiros são orientados e auditados, garantindo a conformidade em toda a cadeia de valor.

Reparação: A companhia mantém um Mecanismo de Queixas e Reclamações (MQR) acessível, garantindo que denúncias sejam tratadas de forma justa e protegida contra retaliações. 

Evolução contínua: O respeito aos direitos humanos é um princípio fundamental em sua governança, com o objetivo de garantir o desenvolvimento sustentável para todas as partes interessadas.”Com uma governança sólida e práticas responsáveis, seguiremos garantindo um ambiente seguro, inclusivo e livre de discriminação, tanto para as pessoas diretamente envolvidas em nossas operações quanto para as comunidades em que estamos inseridos, colaborando ativamente para a erradicação de práticas nocivas em nossa região e contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária”, finaliza Tapia.
Para acessar a carta completa acesse aqui.

Sobre a Veracel

A Veracel Celulose é uma empresa de bioeconomia brasileira que integra operações florestais, industriais e de logística, que resultam em uma produção anual média de 1,1 milhão de toneladas de celulose, gerando mais de 3,2 mil empregos próprios e de terceiros, na região da Costa do Descobrimento, sul da Bahia e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Além da geração de empregos, renda e tributos, a Veracel é protagonista em iniciativas socioambientais no território e a única empresa do setor a manter um hectare de preservação ambiental para cada hectare de plantio de eucalipto destinado para a sua operação. A consultoria Great Place to Work (GPTW) validou a Veracel como uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil pelo 7º ano consecutivo e a terceira melhor da Bahia em 2024.

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Soja perde espaço, enquanto celulose avança no ranking de exportações de MS

Juntas, soja e celulose somaram 56,68% da receita total em 2023 e 57,31% em 2024, segundo o MDIC

A soja se mantém no acumulado de janeiro a novembro de 2024 como o principal produto exportado por Mato Grosso do Sul, mas, na comparação com o mesmo período de 2023, perdeu participação relativa frente ao total da receita do estado. Em contrapartida, a celulose, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), ampliou seu protagonismo no ranking sul-mato-grossense.

Em 2023, a soja representava 41,83% da receita total com exportações do estado, com um valor de US$ 3,833 bilhões. Em 2024, esse percentual caiu para 31,23%, com receita de US$ 2,834 bilhões. Por outro lado, a celulose ampliou sua participação de 14,85% (US$ 1,360 bilhão) em 2023 para 26,08% (US$ 2,367 bilhões) em 2024.

Em 11 meses do ano passado, o estado exportou US$ 9,848 bilhões, e, no mesmo intervalo deste ano, US$ 9,298 bilhões, o que representa uma redução de aproximadamente 5,6% nessas operações. Juntas, soja e celulose somaram 56,68% da receita total em 2023 e 57,31% em 2024.

Ranking dos 10 principais produtos exportados

2023

  • Soja: US$ 3,833 bilhões (41,83%)
  • Celulose: US$ 1,360 bilhão (14,85%)
  • Milho em grão: US$ 855,403 milhões (9,34%)
  • Açúcar: US$ 790,836 milhões (8,64%)
  • Carnes desossadas e congeladas de bovino: US$ 607,378 milhões (6,63%)
  • Bagaços e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja: US$ 413,971 milhões (4,52%)
  • Pedaços e miudezas congelados comestíveis de galos/galinhas: US$ 268,154 milhões (2,93%)
  • Farinhas e pellets da extração do óleo de soja: US$ 265,880 milhões (2,90%)
  • Carnes desossadas frescas ou refrigeradas de bovino: US$ 216,594 milhões (2,37%)

Dos dez produtos, nove pertencem ao setor agroindustrial, totalizando US$ 9,520 bilhões, o equivalente a 96,88% do total exportado pelo estado em 2023.2024

  • Soja: US$ 2,834 bilhões (31,23%)
  • Celulose: US$ 2,367 bilhões (26,08%)
  • Açúcar: US$ 799,950 milhões (8,81%)
  • Carnes desossadas e congeladas de bovino: US$ 767,606 milhões (8,46%)
  • Bagaços e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja: US$ 404,384 milhões (4,45%)
  • Carnes desossadas frescas ou refrigeradas de bovino: US$ 356,791 milhões (3,93%)
  • Farinhas e pellets da extração do óleo de soja: US$ 263,060 milhões (2,90%)
  • Milho em grão: US$ 204,064 milhões (2,25%)
  • Pedaços e miudezas congelados comestíveis de galos/galinhas: US$ 189,717 milhões (2,09%)

A China se manteve como o principal destino das exportações sul-mato-grossenses, ampliando sua participação de 40,20% (US$ 3,959 bilhões) em 2023 para 46,35% (US$ 4,309 bilhões) em 2024.

Principais destinos das exportações 2023

  • China: US$ 3,959 bilhões (40,20%)
  • Argentina: US$ 1,084 bilhão (11,01%)
  • Estados Unidos: US$ 467,627 milhões (4,75%)
  • Holanda: US$ 317,430 milhões (3,22%)
  • Japão: US$ 300,412 milhões (3,05%)

2024

  • China: US$ 4,309 bilhões (46,35%)
  • Estados Unidos: US$ 616,068 milhões (6,62%)
  • Holanda: US$ 444,642 milhões (4,78%)
  • Indonésia: US$ 265,511 milhões (2,86%)
  • Itália: US$ 249,423 milhões (2,68%)

Informações: Folha de Campo Grande.

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Suzano pode dobrar a produção da maior fábrica de celulose do mundo em MS

Durante inauguração do Projeto Cerrado, executivo da indústria explicou que o layout da megafábrica foi pensado para duas plantas industriais com a mesma capacidade produtiva

A megafábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo começou a operar em julho deste ano, mas foi oficialmente inaugurada na quinta-feira (05/12) com a presença do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O denominado Projeto Cerrado é atualmente a maior planta industrial de celulose linha única do mundo e tem capacidade para dobrar de tamanho nos próximos anos.

Durante o evento de inauguração, o vice-presidente executivo de operações de celulose, engenharia e energia da Suzano, Aires Galhardo, afirmou com exclusividade ao Correio do Estado que toda a estrutura da indústria de Ribas foi pensada para abrigar uma segunda linha.

“Essa planta, o desenho dela e de como a gente posicionou os equipamentos, é um layout para duas plantas. Então, ela foi desenhada para duas plantas. Mas obviamente, quando a gente for fazer uma expansão, temos que fazer uma [ampliação da] base florestal antes, e as condições do mercado tem de estar adequadas para poder fazer isso”, explica.

Galhardo ressalta que, no momento, a expansão ainda não é discutida, porque o foco é estabilizar a unidade fabril recém-inaugurada. Hoje, a capacidade de produção da fábrica é de 2,55 milhões de toneladas de celulose anuais. Com uma nova planta, a Suzano passaria a produzir 5 milhões de toneladas anuais somente em Ribas do Rio Pardo.

“A gente precisa de mais ou menos 300 mil hectares de floresta plantada total para abastecer essa planta, dá uns 50 mil hectares por ano. A gente precisaria dobrar isso para o mesmo volume. [A fábrica] foi desenhada para isso, mas depende de condições de mercado. Mais à frente, se o mercado demandar mais celulose e entendermos que tem as condições para fazer, vamos fazer”, finaliza.

O governador Eduardo Riedel participou da inauguração da megafábrica e pontuou que já tem diversos investimentos, projetos em andamento e planos de expansão para os próximos anos no setor da celulose em Mato Grosso do Sul.

“O setor de papel e celulose, de florestas plantadas, tem uma capacidade de gerar emprego de qualidade. Também tem a capacidade de ajudar no processo de investimento em infraestrutura e todas as consequências de um crescimento dessa ordem, que impõe ao Estado ações importantes, como educação, saúde e segurança pública nos municípios que sofrem esse tipo de impacto positivo”, finaliza Riedel.

EVENTO

Além do presidente da República e do governador de Mato Grosso do Sul, o evento contou com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Também estiveram presentes os ministros Renan Filho (Transportes), Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados), representantes da Suzano, como David Feffer (presidente do Conselho de Administração) e Beto Abreu (CEO), e outras autoridades municipais e estaduais.

O presidente da empresa, Beto Abreu, destacou que, durante a construção da fábrica, passaram pela região 45 mil trabalhadores.

“É uma fábrica que emprega 3 mil pessoas, entre a parte florestal e a parte industrial. Gerou 10 mil empregos durante o tempo que ficou em construção, e esse é um processo dinâmico. Então, com certeza, mensalmente, nós vamos ter vagas sendo abertas nas mais diversas áreas para a população”, afirmou durante o evento.

A fábrica começou a ser construída ainda em 2021 e está instalada a cerca de 10 quilômetros da cidade de Ribas do Rio Pardo. Segundo o presidente do conselho administrativo da Suzano, Davi Feffer, os R$ 22 bilhões investidos na região são o maior investimento ao longo dos 100 anos de história da Suzano.

Além da importância econômica, ele destacou a relevância ambiental do projeto, pois 1,2 milhão de árvores são plantadas por dia na região.

Foram R$ 22,2 bilhões investidos, sendo R$ 15,9 bilhões destinados à construção da fábrica e R$ 6,3 bilhões a iniciativas como a formação da base de plantio e a estrutura logística para escoamento. A indústria consolida o Vale da Celulose.

Informações: Notícias do Cerrado | Imagem: Mais Floresta.

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O papel da silvicultura na sustentabilidade ambiental e econômica no Brasil

Artigo por Renato Zanetti*

A silvicultura, atividade voltada ao manejo e cultivo de florestas plantadas, é muito mais do que uma prática econômica. Trata-se de um dos setores produtivos que mais cresce no país e que serve como base para a produção de matérias-primas essenciais. Entre elas estão bens de consumo renováveis, como papel, celulose e madeira, além de produtos inovadores, como bioplásticos e substitutos de derivados de petróleo. Além disso, as florestas desempenham um papel ambiental estratégico, contribuindo para a captura de carbono, a redução de emissões de gases de efeito estufa e a preservação da biodiversidade.

O Brasil lidera a produtividade florestal global graças à combinação do clima favorável, manejo eficiente e investimentos em tecnologia. Contudo, no Dia da Silvicultura, celebrado no último 7 de dezembro, precisamos refletir sobre um dos principais desafios do setor no cenário atual: a baixa disponibilidade de profissionais capacitados para ocupar as diversas posições disponíveis.

Apesar de sua relevância para a economia e a sustentabilidade, a silvicultura enfrenta dificuldades para preencher vagas em todos os níveis, desde funções operacionais até posições de liderança. Esse cenário exige atenção e investimento na formação e atração de talentos para que o setor continue contribuindo de forma plena para o desenvolvimento do país em prol de uma economia mais verde e sustentável.

Na Bracell, buscamos enfrentar essa questão promovendo o desenvolvimento das pessoas. Atuamos em larga escala na formação de florestas e na produção de celulose kraft, solúvel e especial em estados como São Paulo, Bahia e Mato Grosso do Sul, empregando milhares de profissionais e praticando um manejo florestal alinhado aos mais altos padrões de sustentabilidade. Entretanto, ainda temos vagas abertas que representam oportunidades para quem deseja ingressar ou crescer nesse setor promissor.

Minha própria trajetória é um exemplo de como a silvicultura pode nos apresentar oportunidades ímpares. Fiz a transição vindo de outro segmento do agronegócio e encontrei aqui um campo dinâmico, desafiador e de grande crescimento, que combina inovação tecnológica, impacto ambiental positivo e desenvolvimento social. É inspirador ver histórias de pessoas que começam em posições operacionais e, com dedicação e qualificação, ascendem a posições de maior responsabilidade, contribuindo para o fortalecimento do setor.

No Dia Nacional da Silvicultura, além de celebrarmos as conquistas, é fundamental olharmos para o futuro. O setor só poderá atingir todo o seu potencial se enfrentarmos o desafio da qualificação de mão de obra através da capacitação, inovação e tecnologia, reforçando o compromisso com práticas inovadoras e sustentáveis. A silvicultura é um dos pilares para a construção de um Brasil mais equilibrado, onde o crescimento econômico caminha de mãos dadas com a preservação ambiental e o desenvolvimento social.


Renato Zanetti é diretor de Operação Florestal da Bracell.

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Exclusiva – Nova portaria do Mapa visa desburocratizar regras para operações aeroagrícolas com drones e tripulados

A Portaria substituirá as atuais normas vigentes, e está disponível para consulta pública; saiba mais detalhes

Recentemente o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria SDA nº 1.187  que estabelece os requisitos e procedimentos para o registro dos operadores aeroagrícolas e para o credenciamento das entidades de ensino as diretrizes para os cursos de aviação agrícola, as exigências relativas ao planejamento operacional e registro de informações e as regras para execução das operações aeroagrícolas.  A Portaria estará disponível para consulta pública até domingo (15/12) – prazo que deverá ser prorrogado até janeiro de 2025 –, permitindo que interessados contribuam com sugestões para aprimorar as normas.

A proposta de revisão substituirá as normativas atuais — a Instrução Normativa Mapa nº 2/2008 (para aeronaves tripuladas) e a Portaria nº 298/2021 (para drones), e estará em conformidade com o novo Decreto da Aviação Agrícola, que deve ser publicado em breve, e com a Lei 14.515/2022, conhecida como Lei do Autocontrole.

Imagem: divulgação.

Uellen Lisoski Duarte Colatto, auditora fiscal federal agropecuária (AFFA)/chefe da Divisão de Aviação Agrícola no MAPA, esclarece sobre como a nova regulamentação para operações aeroagrícolas com drones e tripulados poderá contribuir para estes seguimentos, bem como para o agro no país: “Na maioria das vezes, a agricultura precisa que o tratamento fitossanitário ocorra com agilidade. A aviação agrícola é capaz de entrar na área afetada mais rapidamente, quando pensamos em toda a logística de operação. Além disso, a aviação agrícola, através do uso de aeronaves não tripuladas (drones), consegue aplicar em pequenas áreas afetadas, economizando água e insumos. A tecnologia utilizada na aviação agrícola evoluiu muito nos últimos anos e esperamos, com a nova regulamentação, garantir o uso dessa tecnologia a favor da agricultura, garantindo a proteção de nossas lavouras e, principalmente, a proteção da flora e da fauna brasileira e a saúde de nossa população. Outro ponto importante é que a nova regulamentação traz mais informações de como e onde estão ocorrendo as pulverizações e isso traz mais segurança para todos nós, uma vez que teremos o conhecimento de como as operações estão sendo realizadas e se estão sendo realizadas dentro das normas técnicas adequadas”.

Sobre as motivações que levaram à revisão de regras, visando uma nova regulamentação para os segmentos, Uellen informa: “Antes de iniciarmos a atualização das normas, foi necessário realizar, obrigatoriamente, uma OFICINA DE ANÁLISE DE IMPACTO REGULATÓRIO, com o objetivo de verificar se realmente se fazia necessária a atualização regulamentar e quais seriam os pontos principais que levariam a essa atualização. Essa oficina ocorreu com a participação de diversos segmentos do setor aeroagrícola, bem como com a presença de outros órgãos que regulamentam e fiscalizam o setor”.  

E explica: “Como resultado da oficina, levantamos que a atualização normativa seria importante para modernizar e adequar a legislação frente à evolução natural da tecnologia de aviação agrícola no País, otimizar a fiscalização da aviação agrícola realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, simplificar requisitos (administrativos e operacionais), estabelecer com clareza as competências desta Pasta na regulação e fiscalização da aviação agrícola, promovendo a coordenação, orientação e supervisão das ações dos Órgãos envolvidos e harmonizar os procedimentos no âmbito da Secretaria de Defesa Agropecuária, área técnica competente deste Órgão​. Além disso, a atualização normativa vem para regulamentar a Lei nº 14.515, de 29 de dezembro de 2022 (Lei do Autocontrole), incorporando as inovações trazidas, para adequação do setor a essa nova legislação”.

Em relação a desburocratização, a auditora destacou que: “Com a nova legislação, esperamos modernizar o registro e a fiscalização dos operadores, através de sistemas que estão sendo desenvolvidos e que contemplam o uso de Inteligência Artificial e cruzamento de dados com outros órgãos regulamentadores, evitando, assim, o aporte de informações e documentos desnecessários por parte dos usuários. Pretendemos diminuir o uso de “papel”, digitalizando todas as informações, além de aumentar a transparência das informações para a sociedade em geral”.

As contribuições para a consulta pública poderão ser enviadas por meio do Sistema de Monitoramento de Atos Normativos (Sisman) da Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA/MAPA, por meio do link https://sistemasweb.agricultura.gov.br/sisman/ dentro do período indicado, com a deliberação final ocorrendo após a consolidação das sugestões. Para ter acesso, o usuário deverá efetuar cadastro prévio no Sistema de Solicitação de Acesso do MAPA, por meio do link https://sistemasweb.agricultura.gov.br/solicita.

Ponto de vista de operadores & setor florestal

Na agricultura moderna, os drones consolidaram-se como equipamentos indispensáveis, permitindo economia de tempo e redução de custos em tarefas específicas, além de oferecer precisão e eficiência com redução na mão de obra. Sua eficácia é amplificada com a introdução da Internet das Coisas (IoT), onde sensores conectados geram dados em tempo real sobre clima, solo e saúde das plantações e rebanhos.

Imagem: divulgação.

No setor florestal os drones passam a ter cada vez mais relevância para as seguintes atividades:

  • Monitoramento de incêndios florestais;
  • Inventário florestal;
  • Coleta de dados topográficos;
  • Avaliação de sobrevivência do plantio;
  • Uso e cobertura do solo;
  • Mapeamento aéreo de florestas e reservas aquáticas;
  • Monitoramento de ecossistemas;
  • Identificação de espécies florestais;
  • Monitoramento de infestação de formigas cortadeiras;
  • Estimativa de volume de madeira.

Para Ramiro Leal, diretor executivo da Agtech Academy: “A nova regulamentação unifica as regras para aeronaves tripuladas e drones, criando um marco regulatório mais moderno e coerente, em linha com as melhores práticas internacionais. As novas normas reforçam os requisitos de segurança para aeronaves tripuladas, com foco na manutenção preventiva, treinamento de pilotos e procedimentos de voo, contribuindo para reduzir o número de acidentes e aumentar a segurança das operações. Além de definir de forma mais assertiva a obrigatoriedade do Coordenador de Aviação (CCAA) como responsável pelas empresas e pulverizações, esse é um marco importante para a classe visto que tornará os responsáveis como peça-chave das empresas de pulverização aérea”.

Ramiro explica: “A regulamentação define requisitos mínimos para os cursos, garantindo que a formação dos profissionais atenda aos padrões de segurança e qualidade exigidos para a operação de drones e aeronaves. A simplificação dos processos de credenciamento e a flexibilização dos métodos de ensino contribuem para agilizar a formação e habilitação dos profissionais, permitindo que eles ingressem no mercado de trabalho mais rapidamente. A partir da nova legislação a avaliação do profissional será realizada pelo próprio MAPA, e as escolas credenciadoras serão responsáveis por preparar o profissional para a avaliação e consequentemente para as operações de pulverização, profissionais mais bem capacitados contribuem para aumentar a segurança das operações aéreas, reduzindo o risco de acidentes e incidentes”.

E pontua: “Existem diversos pontos benéficos com a nova regulamentação, entre eles: Oportunidades de mercado: a regulamentação abre um leque de oportunidades para operadores de drones, permitindo a atuação em um mercado em expansão com alta demanda por serviços aeroagrícola; Tecnologia e inovação: A regulamentação acompanha as evoluções tecnológicas, permitindo o uso de drones mais avançados e abrindo espaço para a inovação no setor; Modernização: a regulamentação atualiza as normas para o setor, alinhando-as às melhores práticas internacionais e às novas tecnologias; e Geração de empregos: a regulamentação impulsiona o crescimento do setor aeroagrícola, gerando novas oportunidades de emprego e renda. E finaliza: “Em suma, a nova regulamentação para operações aeroagrícolas com drones e aeronaves tripuladas representa um passo importante para a modernização e o desenvolvimento do setor, trazendo benefícios para operadores, produtores rurais, meio ambiente e a economia como um todo”.

André Veiga, fundador e CEO da ALSV Drone Florestal enfatiza: “A nova regulamentação vai unificar duas normativas e uma portaria, uma “Lei” que unifica varias só tende a facilitar, pois hoje existem dúvidas de diversas empresas sobre o que prevalece: Normativa 298? Portaria 710? Essa nova portaria claramente revoga as anteriores e unifica tudo, mas deixando bem claras as regras para drones de ‘asa rotativa x’, ‘asa fixa x’, e  aviação tripulada. Isso traz segurança e transparência, mais segurança jurídica, e segurança de operar com regras mais claras. As atuais são boas, mas considero as novas melhores”.

André acrescenta: “Já nos cursos e capacitações, acredito que haverá mais exigências. O tempo de formação deverá aumentar, porém com regras claras, mais rígidas, mas mais claras. Considerando a responsabilidade envolvida na atividade, entendo como algo positivo. Lembrando que, não bastam regras claras, as fiscalizações terão que ser mais frequentes, EM CAMPO, não dependerem somente de denúncias. O mercado está crescendo muito e com esse crescimento entram players bons e ruins, os bons não podem pagar pelos ruins”.

Thamylon Dias, especialista em drones agrícolas, na Drone Experts detalha que: “A nova regulamentação vem para consolidar o uso drones e outras aeronaves na aplicação aeroagrícola, seja na agricultura, ou no setor florestal. Isso traz muito mais segurança e regras, mas bem estabelecidas para o uso desse tipo de equipamento na aplicação de defensivos químicos, até mesmo no combate a incêndios florestais onde essas aeronaves podem ser utilizadas. E traz algumas novas regras, trazendo novos atores na utilização, porque quando a regra anterior foi criada, não existia drone, não existia as demandas que existem hoje. Então essa consulta pública que está finalizando neste início de semana, vem para escutar o mercado, o usuário e o cliente final. Então como toda regulamentação, ela profissionaliza o mercado e traz mais segurança para quem recebe esse tipo de serviço”.

O especialista também informa que: “Quanto aos cursos, as novas sugestões trazem regras mais claras e mais rigorosas para as empresas que pretendem fornecer essas capacitações, proporcionando assim o maior rigor às entidades de ensino, porque estavam havendo muitas instituições entregando conteúdo de baixa qualidade, com valores baixos e duvidosos. Então haverá um ‘filtro’ no mercado de escolas que habilitam operadores aeroagrícolas remotos, o que é muito bom para as empresas sérias do ramo. Entre as novidades, algo que é similar ao que é feito para obter uma CNH, o aluno fará as aulas junto a uma instituição de ensino, e a prova será aplicada pelo próprio Mapa. Então não tem como facilitar a vida de alunos, vender certificado, por exemplo. Então quem vai aplicar aprova será a própria instituição fiscalizadora”.

William Shimith, engenheiro florestal na Bracell Celulose, frisa: “A regulamentação trará para o setor florestal garantias sobre as operações existentes, e que poderão ainda existir em algumas empresas de base florestal, assegurando que se tenham respaldos jurídicos, técnicos e ambientais sobre os temas relacionados às operações com drones e tripulados. Atualmente o drone é amplamente utilizado na silvicultura na operação de pulverização, trazendo economia e sustentabilidade para essa operação se comparado a outras operações mecanizadas. No controle de pragas e doenças florestais, também tem se destacado como uma ferramenta muito eficaz e dinâmica, com o predicado da agilidade operacional em diversas fases da floresta”.

William ainda enfatiza que: “A nova regulamentação representa a consolidação das operações com drones e tripulados no setor florestal, garantindo confiabilidade e investimentos das indústrias de base florestal. Contudo as certificações florestais que garantem o manejo florestal sustentável passarão a interpretar essa regulamentação como uma nova ferramenta para basear seus critérios de avaliação”.

E lembra: “Há muitos desafios relacionados em se tratando de operações desta natureza em grandes empresas do setor florestal, desde a jornada de trabalho – no que tange a inflexibilidades na CLT –, também na experiência da liderança e no operacional, mudanças no planejamento em curto prazo, capacitação de pessoas, gestão na manutenção das aeronaves e equipamentos e desafios climáticos”.

Confira a Portaria na íntegra aqui:

https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-sda/mapa-n-1.187-de-10-de-outubro-de-2024-589773088

Escrito por: redação Mais Floresta.

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Suzano ocupa área equivalente a 857 mil campos de futebol para produzir celulose

Quando a fábrica estiver operando com 100% de sua capacidade, produzirá 2,55 milhões de toneladas de celulose

Com 600 mil hectares de eucalipto plantados no Mato Grosso do Sul, a Suzano inaugura hoje a maior fábrica de celulose do mundo em linha única, o que significa fechar todo o processo, desde o plantio da semente, até o corte da madeira e a produção da celulose final. Localizada em Ribas do Rio Pardo, a 98 Km de Campo Grande, foi necessária área corresponde a 857.143 campos de futebol. Uma parte dela – 143 mil hectares (o mesmo que 204.286 campos de futebol) são de área preservada.

Todo esse eucalipto vai produzir, quando a fábrica estiver operando com 100% de sua capacidade, 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. As operações começaram de forma experimental em julho de 2024, mas não foi informado quantas toneladas já foram produzidas até o momento.

A construção da Suzano em Ribas do Rio Pardo foi anunciada em maio de 2021 e, no pico da obra, mais de 10 mil empregos diretos foram criados. Com o início das operações, há cerca de 3 mil trabalhadores entre colaboradores próprios e terceirizados, sendo mil no setor industrial e dois mil no florestal e logístico.

A nova unidade também ampliou a capacidade de produção da companhia em Mato Grosso Sul, que tem três fábricas da empresa em operação e agora, juntas, chegam a 5,8 milhões de toneladas de celulose anuais.

Mas além dos números de produção, a presença da indústria em Ribas levou benefícios também à população, com qualificação de mão de obra local, incluindo cerca de 1,3 mil pessoas capacitadas para as operações industriais, florestais e logísticas, além de 300 pessoas para o mercado de trabalho local nos setores de comércio e serviços, em parceria com o Senai e o Senac.

Houve, ainda, investimento de R$ 300 milhões em um amplo conjunto de iniciativas, incluindo a construção de unidades de moradia e centro médico, melhorias na infraestrutura local e apoio a projetos sociais. Ao todo, são 21 projetos nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social, habitação e segurança pública.

As principais entregas incluem a ampliação do Hospital Municipal e as construções de uma ESF (Estratégia de Saúde da Família), de uma Casa de Acolhimento, de uma Delegacia de Polícia Civil e de uma Unidade Operacional da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Em cumprimento ao PBA (Plano Básico Ambiental), a empresa realizou investimentos como a ampliação do Hospital Municipal Dr. José Maria Marques Domingues, entregue à Prefeitura de Ribas do Rio Pardo em agosto de 2023. Foram R$ 12 milhões em investimentos para a implantação de 30 novos leitos, sendo 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 20 leitos de enfermaria, além de novas salas de preparação de medicação, farmácia e banheiros.

Além disso, no final de 2023, a Suzano entregou um ônibus com dois consultórios totalmente equipados para consultas médicas que atuam na prevenção e tratamento dos cidadãos que vivem em comunidades mais afastadas do centro urbano do município. Já em janeiro deste ano, a empresa formalizou a entrega à Prefeitura de uma unidade de ESF (Estratégia de Saúde da Família) no bairro Estoril II, com investimento total de R$ 3,3 milhões.

Informações: Campo Grande News.

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Brasil tem média de 95 milhões de hectares à espera de ações de restauração e pagamento por serviços ambientais, revela estudo da UFMG

O Brasil tem, em média, 95 milhões de hectares à espera de ações de restauração e de pagamento por serviços ambientais. Desses, cerca de 74 milhões de hectares aguardam pagamento referente ao excedente de vegetação nativa preservada em Reservas Legais. Já uma média de 21 milhões de hectares em Reserva Legal (RL) e em Área de Preservação Permanente (APP) é o déficit que carece de ações de recuperação. Esses e outros dados são apresentados na terceira edição do Panorama do Código Florestal, do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG.

A pesquisa considerou valores processados por duas bases de dados diferentes, providas pelo Imaflora e pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Dessa forma, os 74 milhões aguardando pagamento se referem à média entre 68 e 81 milhões, respectivamente, dados do Imaflora e do SFB. Já os 21 milhões em busca de ações de recuperação são formados pela média entre 19,3 e 22,6 milhões, respectivamente, dados do Imaflora e do SFB. Os valores diferem pelo tratamento das sobreposições, cujos detalhes podem ser verificados na página 27 do Panorama do Código Florestal.

O estudo mostrou ainda que, das áreas que precisam de ações, algo entre 16 milhões e 19 milhões de hectares correspondem a RL (porcentagem de cobertura nativa que cada propriedade deve conservar) e de 3 milhões a 3,4 milhões a Área de Preservação Permanente (APP), que são áreas ao redor de cursos d’água, prioritárias para a restauração e preservação dos recursos hídricos. 

Realizada com tecnologia desenvolvida pela Universidade, a pesquisa calculou os requisitos do Código Florestal e, como resultado, o nível de conformidade para cada um dos mais de 7 milhões de imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) – ferramenta que reúne informações das propriedades rurais, compondo uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e de combate ao desmatamento, para o cumprimento do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). 

O estudo aponta ainda que, após 2008, 26% do desmatamento em imóveis rurais ocorreu em APP ou em propriedades com Reserva Legal abaixo da porcentagem mínima estabelecida pelo Código Florestal, cujo percentual varia conforme o bioma e o tipo de vegetação. Os estados com maior índice foram, respectivamente: Rondônia, Acre, Pará, Roraima e Amazonas, todos dentro da Amazônia Legal, região que preocupa a equipe de cientistas por causa do crescimento de registros do CAR sobrepostos a terras públicas sem destinação.

Registros sobrepostos

O crescimento dos registros sobrepostos a outras categorias fundiárias, em especial às terras públicas sem destinação, foi um dado alarmante para os pesquisadores. Na Amazônia Legal, área mais crítica, as sobreposições desse tipo aumentaram de 12,4% para 18,3% no último ano, sendo 13.433 registros sobrepostos a unidades de conservação, 2.360 a terras indígenas e 206.495 a terras públicas sem destinação. 

O estudo relaciona a sobreposição à ineficiência e ao uso indevido do Cadastro Ambiental Rural que permitem, segundo os pesquisadores, declarações fraudulentas, muitas vezes usadas para esconder desmatamento ilegal, déficits de reserva legal ou mesmo para grilagem de terras, sobretudo de unidades de conservação, terras indígenas ou de povos e comunidades tradicionais e, principalmente, de terras públicas sem destinação. Os estados com mais registros sobrepostos a áreas protegidas são, primeiramente, o Pará, seguido de Rondônia, Amazonas, Roraima e Tocantis.

“Em 2024, após 12 anos da revisão do Código Florestal, quase nada avançou, principalmente quanto ao uso do CAR como instrumento principal para o cumprimento do Código Florestal. Esse período tem sido marcado por contratempos e limitações. A alteração legislativa afrouxou exigências relacionadas à conservação ambiental e flexibilizou medidas de fiscalização, incluindo a concessão de anistia a desmatadores ilegais, cancelamento massivo de autos de infrações e a redução da necessidade de recuperação de vegetação nativa”, revela Britaldo Soares Filho, coordenador do estudo. 

Deficiências do CAR 

A Instrução normativa nº 2 de 2014 do Ministério do Meio Ambiente detalha os requisitos técnicos do Cadastro Ambiental Rural, que dá início ao prazo de um ano, prorrogável por mais um, para inscrição no CAR, contado a partir de maio de 2014. Apesar de a data ter sido prorrogada diversas vezes, o registro permanece aberto e chegou, em novembro de 2024, a mais de 7,3 milhões, número impulsionado pela obrigação a partir de 31 de dezembro de 2017 (Art. 78-A) para acesso ao crédito agrícola, exigências cartoriais, mas também, segundo os pesquisadores, devido ao uso fraudulento para grilagem de terra.

O registro no CAR, primeiro passo para a regularização, é um processo de autodeclaração por meio do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) ou sistema estadual equivalente. No entanto, devido à predominância do processo manual baseado na interpretação visual, a análise e a validação dos registros têm enfrentado atrasos significativos, com apenas 1,8% (dos 7,3 milhões) com análise concluída até o momento. 

O estudo aponta que o software que sustenta a operacionalização atual está inadequado para lidar com as demandas de cadastro e monitoramento do uso da terra de um país com as dimensões do Brasil. “Trata-se de um software obsoleto, com interface pouco amigável, que opera offline sem integração de base de dados cartográficos, e limitado ao uso de imagens de satélite de qualidade inferior a outras de livre acesso disponíveis atualmente. Além disso, é um software proprietário, com código fonte fechado e indisponível. Os estados e o governo federal são incapazes de atualizá-lo, muito menos integrá-lo a outros sistemas federais. Apesar de o Brasil dispor de tecnologia e inteligência territorial gratuitas por parte de Instituições, a exemplo do modelo desenvolvido pelo CSR/UFMG, essa verificação abrangente ainda não é feita pelo Sistema atual”, afirma Britaldo Soares Filho.

“Nesse aspecto, boa parte dos casos de sobreposição do CAR a outros imóveis, bem como o cancelamento de registros fraudulentos, poderia ser resolvida. Essa falta de progresso impacta negativamente a implementação de outros mecanismos-chave para ajudar os proprietários rurais a alcançarem a conformidade legal, tal como o Programa de Regularização Ambiental (PRA), o Mercado de Cota de Reserva Ambiental (CRA), além de mecanismos financeiros de pagamentos por serviços ambientais ou mesmo a rastreabilidade agrícola, uma exigência cada vez maior de mercados internacionais”, reforça.

O estudo completo está disponível em https://csr.ufmg.br/radiografia_do_cf/wp-content/uploads/2024/12/policy_brief_pt_3ed.pdf.

Sobre o CSR/UFMG

O Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG desenvolve pesquisas em análise e modelagem de sistemas ambientais, que incluem suas aplicações no desenho e na avaliação de políticas públicas. As pesquisas consistem na modelagem ambiental, em especial o desenvolvimento de modelos de simulação de mudanças no uso e cobertura do solo, rentabilidade agrícola e florestal, dinâmica urbana, fogo florestal, regime fluvial e balanço de carbono. As aplicações desses modelos envolvem valoração de serviços ecossistêmicos, desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis, planejamento territorial e desenho de políticas públicas, bem como a avaliação prévia dos impactos dessas políticas. Saiba mais no site do CSR.

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Reunião esta semana em Brasília deve ser decisiva para a Rota da Celulose

Governador Eduardo Riedel deve se reunir com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para discutir mudanças no projeto

O governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou que deve se reunir amanhã com o ministro dos Transportes, Renan Filho, em Brasília (DF), para tratar sobre alterações no edital de leilão da Rota da Celulose, que fracassou na semana passada.

O pacote de rodovias é formado por trechos da BR-262 (entre Campo Grande e Três Lagoas) e da BR-267 (entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu), além da MS-040, da MS-338 e da MS-395, e tem a previsão de investimento de R$ 8,8 bilhões em 30 anos de concessão. Ao todo, são 870,4 quilômetros.

O encontro deve ser decisivo para a concorrência, já que, segundo fontes do Correio do Estado, quando nenhum investidor se interessou pelo certame, o ministro teria pedido que o governo do Estado suavizasse a pedida pelo conjunto de rodovias localizadas na região leste de Mato Grosso do Sul.

Neste primeiro momento, porém, ainda segundo fontes da reportagem, o governador teria se negado a flexibilizar o edital. No entanto, já no fim da semana passada, Riedel adotou um tom conciliador para o assunto.

“Como a causa de não ter aparecido investidor nesse programa tem natureza de diversas origens, nós vamos ver o melhor momento e também minha conversa com o ministro Renan. Como é um projeto do governo do Estado e do governo federal, nós vamos sentar na próxima terça-feira [amanhã] e discutir ponto a ponto”, declarou Riedel durante a inauguração da fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo.

“A secretária Eliane [Detoni] está conversando com o mercado, entendendo também as motivações de não terem vindo, para a gente reposicionar, dentro do projeto, o que é adequado para Mato Grosso do Sul, para a competitividade das empresas, e ir novamente a mercado e definir com o governo federal a melhor estratégia para isso”, completou o governador.

Segundo apurado pelo Correio do Estado, a reunião entre a titular do Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), Eliane Detoni, e todos os potenciais investidores no pacote de rodovias ocorreu na semana passada.
LEILÃO

A Rota da Celulose deveria ter recebido as propostas de investidores interessados no projeto na segunda-feira passada, porém, ninguém se interessou pelas cinco rodovias que compõem o pacote e o projeto foi retirado do leilão, que estava marcado para acontecer na sexta-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

Como a concorrência acabou deserta, o governo do Estado analisa o projeto para possíveis mudanças. Segundo nota do Executivo estadual, a previsão é de que ele esteja novamente à disposição do mercado ainda no primeiro trimestre de 2025.

Matéria publicada na semana passada pelo Correio do Estado mostrou que um dos motivos para o certame ter ficado deserto poderia ser o grande número de outros lotes que foram a leilão e que podem ter despertado maior interesse dos investidores. 

Entre os projetos ofertados está a Rota Verde, entre Rio Verde, Goiânia e Itumbiara, em Goiás, que deverá ir a leilão no dia 12. Na mesma data, tem previsão de ocorrer o leilão das Rodovias Integradas do Paraná, que inclui trechos estaduais e da BR-369.

PROJETO

Além de atender a grandes empresas ligadas ao mercado da celulose que estão instaladas nessa região, o pacote também concede quase todos os caminhos de Mato Grosso do Sul para o estado de São Paulo.

No projeto apresentado, a previsão de investimento nas rodovias era de R$ 5,8 bilhões em obras de longo prazo e R$ 3 bilhões em ações de manutenção pelo período de 30 anos, totalizando R$ 8,8 bilhões, além de outorga mínima de R$ 74 milhões

O estudo de viabilidade técnica, concluído em agosto deste ano, apontou que o pedágio nos 870,4 km deverá variar de R$ 4,70 a R$ 15,20, podendo ficar até 20% mais barato.

Dos quase 900 km de rodovias do pacote, apenas 116 km serão duplicados. Além disso, deverão ser feitos 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de vias marginais e 82 km de dispositivos em nível.

Saiba

Em setembro, o Correio do Estado apurou que uma das empresas interessadas na Rota da Celulose seria a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo. Na concessão, porém, o interesse não foi concretizado.

Informações: Correio do Estado.

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