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No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, conheça a história de quem deixou a casa para conquistar sua independência

Mato Grosso do Sul, 7 de março de 2025 – Coragem! Uma palavra pequena, mas exigente. Imagina só, mudar o destino de uma família e ser a primeira pessoa a ter um curso técnico e sair da extrema pobreza. Agora, imagina deixar a família e amigos e se mudar para uma cidade distante 2.547 km, viver uma cultura completamente diferente para trabalhar e ter sucesso na área de formação.

Coragem e Jaiane Santos Moreira, de 26 anos, andam lado a lado. Ela nasceu e cresceu na cidade praiana de Entre Rios, na Bahia. De uma família extremamente humilde, como ela mesma menciona, os avós eram analfabetos e ela cresceu sabendo o que queria e não era apenas se casar e ser dona de casa, assim como todas as outras mulheres de sua família. Então, ela mudou seu destino.

Jaiane Santos Moreira.

Sempre estudiosa e curiosa em aprender tudo o que pudesse, Jaiane foi a primeira a ter curso técnico entre os 30 primos. “Alguns começaram, mas nenhum concluiu por motivos pessoais. Eu me formei, mudei de cidade, sai da roça e fui para a cidade ali em Entre Rios mesmo e consegui um emprego em um resort em uma escala 6×1, apenas uma folga na semana. O trabalho era intenso, tive crise de ansiedade, foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar no viveiro da MS Florestal, em Água Clara”.

A vaga de auxiliar de serviços gerais ela viu pela internet e se interessou. “Pensei que o ‘não’ eu já tinha, então corri atrás”.

Formada em técnica agropecuária e com a nova oportunidade à vista, Jaiane estudou, viu as possibilidades de crescer com a nova chance e conseguiu ser efetivada. “Eu nunca tive medo de enfrentar o novo, gosto de desafio, eu falei para minha mãe que eu me mudaria, e ela sempre me apoia em tudo. Trabalhar no viveiro é uma experiência diferente e vai agregar no meu currículo”.

Em Água Clara há um ano, Jaiane iniciou a faculdade de Ciências Contábeis e não tem custo com aluguel, pois a MS Florestal oferta alojamento. “Aqui eu consegui dar um novo começo aos estudos, eu curso faculdade e não tenho essa preocupação se o dinheiro vai dar no fim do mês ou não porque sou amparada”.

Jaiane conta nunca ter tido plano de saúde, o que é ofertado pela empresa. “Eu adoro trabalhar aqui, os benefícios são ótimos, nunca tive plano de saúde e agora tenho, todas as empresas em que já trabalhei só davam folga uma vez na semana e aqui eu trabalho de segunda a sexta-feira, tendo o fim de semana para poder ter vida social e estudar”.

No viveiro da MS Florestal em Água Clara trabalham 147 mulheres de 225 colaboradores, no total.

Segundo a gerente de Recursos Humanos da MS Florestal, Amanda Barrera, histórias como a de Jaiane inspiram outras mulheres. “É isso o que queremos incentivar, mostrar a capacidade delas e encorajá-las. Histórias de superação como a da nossa colaboradora assim como de tantas outras fazem a diferença”.

Sobre a MS Florestal

A MS Florestal é uma empresa sul-mato-grossense que fortalece as atividades de operação florestal do Grupo RGE no Brasil, um conglomerado global com foco na manufatura sustentável de recursos naturais. Especializada na formação de florestas plantadas e na preservação ambiental, além do desenvolvimento econômico e social das comunidades onde atua, a MS Florestal participa de todas as etapas, desde o plantio do eucalipto até a manutenção da floresta. Para mais informações, acesse: www.msflorestal.com

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Liderança, Inovação e Oportunidades: o protagonismo feminino na Eldorado Brasil

Programas incentivam o desenvolvimento de todos os profissionais, incluindo as mulheres, para a capacitação e aprimoramento das habilidades

Atenta aos talentos do time, a Eldorado Brasil Celulose busca, ao formar o quadro de seus colaboradores, promover cada vez mais diversidade e inclusão. A cultura da companhia, com 12 anos de operação, tem em um de seus pilares, a valorização das pessoas. Com foco em oferecer oportunidades que concretizam o crescimento profissional, a indústria conta com a atuação de mulheres em diferentes setores, como o de inovação, de tecnologia, de operações e de sustentabilidade. Além das posições ocupadas, a empresa entende que oferecer possibilidades de ascensão, programas de apoio, específicos às mulheres, e cursos de aperfeiçoamento despertam mais interesse para que elas ocupem cargos e funções, tradicionalmente ocupados por homens.

Ana Carolina Tessarini, gerente de desenvolvimento, atração e seleção da Eldorado Brasil.

 “Empenhadacada vez mais em ter um olhar especial e inclusivo para as mulheres desde o processo seletivo mais estruturado até a fomentação de novas lideranças, a Eldorado ampliou a participação feminina. A exemplo disso, citamos as áreas Florestal, Suprimentos, Transporte e Pesquisa. A Eldorado está preocupada em promover o posicionamento das mulheres e  desenvolve programas específicos para elas, como o de mentoria que deve ser iniciado este ano. Com essas ações e um trabalho constante, estruturamos um ambiente com perspectivas de valorização e conseguimos aumentar o número de mulheres nessas áreas. E mais que isso, a Eldorado prima pelo espaço de fala de cada um e assim se manter atualizada e próxima de cada colaborador”, detalha a gerente de   Desenvolvimento, Atração e Seleção da Eldorado, Ana Carolina Tessarini.

Mulheres no campo

Na área florestal, Agda Maria de Oliveira Silva, de 32 anos, indígena da etnia Guarani Kaiowa, é exemplo de quem aproveita as oportunidades para sonhar, realizar e crescer profissionalmente. Com seis meses que estava atuando como ajudante florestal, demonstrou interesse em fazer o curso de operadora de trator. Concluiu a formação e hoje comanda uma das máquinas em campo.

“Fiquei muito satisfeita com a oportunidade! Me senti bem valorizada enquanto profissional, pessoa e mulher. Algumas pessoas pensam que ser tratorista é uma profissão só para os homens e a gente demonstra que não. A mulher pode estar em qualquer lugar que quiser. E eu continuo sonhando para melhorar aqui dentro da empresa aprendendo mais e mais e quem sabe chegar a dirigir um caminhão pipa?!”, planeja Agda.

Agda Maria, tratorista.

Para encorajar mais mulheres e reforçar a participação igualitária na empresa, em 2024, a Eldorado Brasil criou a primeira turma de tratoristas, composta exclusivamente por mulheres. Formada por oito colaboradoras, o treinamento foi alinhado com o Programa Trilha de Carreira, que impulsiona o desenvolvimento profissional de forma igualitária, fortalecendo a confiança para que elas ocupem quaisquer posições almejadas, seja como tratorista ou em cargos de liderança.

Mulheres nas estradas

Pelas rodovias, com tecnologia e segurança, em caminhões com nove eixos, de até 30 metros de comprimento e com capacidade para o transporte de até 74 toneladas, Letícia Rios de Lima, de 35 anos, é uma das motoristas de tritrem da Eldorado Brasil para o transporte de madeira. Na empresa está há dois anos exercendo a profissão que escolheu há uma década.

“Ser motorista tritrem é uma grande conquista para nós, mulheres, porque estamos ocupando essa vaga que há alguns anos era denominada apenas masculina. Podemos mostrar nossa força para toda sociedade, que damos conta e fazemos bem feito”, orgulha-se Letícia, que complementa, “a Eldorado Brasil é uma empresa que acredita nas mulheres, que trata a todas com igualdade e respeito, além de reconhecer nosso trabalho e esforço. Isso é ser uma empresa de referência!”

Letícia Rios, motorista tritrem na Eldorado Brasil.

Além do reconhecimento, qualificação e bem-estar são constantes. Com frota moderna e sustentável, a tecnologia embarcada nesses veículos, aliada à gestão logística, permite tomadas de decisões rápidas, elevando o desempenho da operação e a disponibilidade dos caminhões e garantindo mais segurança para os condutores.

Mulheres na liderança

Em Santos – SP, Fernanda de Souza Machado é especialista em Segurança Aduaneira e Regulatória, no Terminal EBLog. Na rotina do trabalho, alia resiliência, conhecimento técnico e capacidade de adaptação para lidar com uma estrutura complexa e um ambiente regulatório em constante evolução que exigem sustentabilidade nas operações logísticas, tecnologia e visão estratégica para antecipar e mitigar riscos. Além disso, como mulher, atuando em um ambiente historicamente masculino, um desafio adicional é reforçar a presença feminina em espaços de decisão.

“Felizmente, vejo mudanças positivas e mais oportunidades para mulheres assumirem papéis estratégicos no setor. A Eldorado Brasil tem dado abertura para que a presença feminina no setor portuário tenha crescimento, e vejo isso como um avanço fundamental para a diversidade, inovação e competitividade. Aqui, temos um ambiente que valoriza a equidade de gênero e incentiva o protagonismo feminino, permitindo que profissionais mulheres tenham voz ativa na tomada de decisões e na implementação de iniciativas transformadoras. É um privilégio fazer parte dessa mudança e contribuir para que mais mulheres tenham oportunidades de crescer e liderar no setor logístico e portuário”, destaca Fernanda.

Fernanda Machado, especialista em Segurança Aduaneira e Regulatória, no Terminal EBLog.

Mulheres na indústria

A construção e o desenvolvimento da carreira da operadora de painel, no setor de águas, Isabela Cristina da Silva Alves, também reflete as transformações no ambiente industrial, antes dominado majoritariamente por homens. Quando a jovem de 18 anos ingressou na companhia, a presença feminina era tímida, mas hoje, celebra um cenário diferente, com mais mulheres assumindo papéis de liderança, inclusive com uma gestão feminina em seu setor.

“Ver essa evolução e fazer parte de uma gestão que valoriza talentos e promove a diversidade reforça o orgulho que sinto nessa trajetória. Sempre tive gestores que olharam para o meu desenvolvimento e me apoiaram em todas as fases. Hoje, tenho certeza de que é possível ser mãe, ter uma carreira de sucesso e ainda encontrar um ambiente acolhedor e humano”, afirma a mãe do João Pedro, de seis anos, e do Rafael, de três meses.

Durante as duas gestações, Isabela encontrou na empresa um ambiente que respeitou suas necessidades e ofereceu apoio em todas as fases. Na segunda gravidez, a experiência foi ainda mais especial com a inclusão no programa “Gerar Saúde do Bebê”, criado pela Eldorado Brasil em 2022 para oferecer suporte integral às gestantes.  

Isabela Alves, operadora de painel.

“Recebi orientações sobre vacinas, alongamentos para aliviar dores e acompanhamento constante sobre o que eu precisasse. Pouco antes do Rafael nascer, ganhei um kit maternidade lindo, com bolsa, fraldas, toalha, tudo feito com muito carinho. Esse cuidado faz toda a diferença, porque nos sentimos acolhidas e bem orientadas em um momento tão especial da vida”, lembra-se.

Programas de incentivo à presença feminina na Eldorado Brasil

A Eldorado Brasil promove diversos programas que inserem a mulher com a manutenção do direito ao posicionamento e lugar de fala. Dentre essas ações está a Academia da Liderança que é um programa de desenvolvimento, incluindo as mulheres, voltado para a capacitação e aprimoramento das habilidades de liderança dos colaboradores da empresa. O programa reforça o compromisso da companhia com a excelência e a valorização dos seus talentos internos e visa promover uma liderança desenvolvedora e inclusiva.

Outro destaque, implantado em 2024, é o programa Essência, que trabalha grupos minorizados (PCD, mulheres, LGBTQIA+, intergeracional e racial), é voltado à diversidade, equidade e inclusão. A Eldorado mantém um processo de letramento com todos os colaboradores, em todos os grupos de discussões internas da área de desenvolvimento. Entre eles, a capacitação de profissionais de RH, para que realizem entrevistas em Libras. A companhia também possui especialistas em diversidade, equidade e inclusão para que os processos seletivos sejam cada vez mais inclusivos.

“A Eldorado busca não apenas a inclusão, mas também a equidade. Para fomentar essa equidade, os programas oferecem trilhas de desenvolvimento e capacitação, além de todo o letramento para todos os colaboradores sobre esses grupos minorizados”, completa Ana Carolina. 

Eldorado Brasil presenteia colaboradoras no Dia Internacional da Mulher

A Eldorado Brasil prepara anualmente ações específicas para marcar o Dia Internacional da Mulher. Este ano, além do café da manhã especial, oferecido em todas as unidades e para todas as áreas, a empresa presenteia as mulheres com uma palestra sobre Confiança e Autoestima. O objetivo é promover o protagonismo da mulher em todos os níveis no ambiente organizacional.

Sobre a Eldorado Brasil


A Eldorado Brasil Celulose é reconhecida globalmente por sua excelência operacional e seu compromisso com a sustentabilidade, resultado do trabalho de uma equipe qualificada de mais de 5 mil colaboradores. Inovadora no manejo florestal e na fabricação de celulose, produz, em média, 1,8 milhão de toneladas de celulose de alta qualidade por ano, atendendo aos mais exigentes padrões e certificações do mercado internacional. Seu complexo industrial em Três Lagoas (MS) também tem capacidade para gerar energia renovável para abastecer uma cidade de 2,1 milhão de habitantes. Em Santos (SP), opera a EBLog, um dos mais modernos terminais portuários da América Latina, exportando o produto para mais de 40 países. A companhia mantém um forte compromisso com a sustentabilidade, inovação, competitividade e valorização das pessoas.

Informações: Eldorado Brasil.

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Governo de MS realiza ações na Capital e em Inocência para oferecer a empresas do Estado oportunidades de negócio nas obras da Arauco

Empresários, prestadores de serviço e fornecedores de Campo Grande e de Inocência, interessados em oportunidades de negócios que estão surgindo com as obras da fábrica de celulose da Arauco podem participar, nos dias 11 e 13 de março, de evento aberto ao público no qual serão apresentadas todas as necessidades e demandas que serão geradas durante e após o período de construção da indústria.

A ação é promovida pelo Governo do Estado, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) em parceria com a Fiems, com o Sebrae/MS, Prefeitura de Inocência, Arauco e Valmet. “Com a chegada da Arauco a Mato Grosso do Sul, a região de Inocência passa por uma intensa transformação econômica e social. Esses dois eventos serão uma oportunidade fundamental para entender como essa movimentação impactará a economia local e quais são as perspectivas para os negócios na região”, lembra o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

O objetivo é facilitar o ambiente e as oportunidades de negócio entre a Valmet, responsável pelo projeto da Arauco, com as empresas e potenciais fornecedores sul-mato-grossenses “para promover esse adensamento da cadeia produtiva. É o Governo do Estado atuando como indutor do desenvolvimento”, acrescentou.

O primeiro evento será realizado pela Semadesc e Fiems no dia 11 de março (terça-feira), das 14h às 18h, no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande. Para essa data, os interessados podem se inscrever por meio do link  https://bit.ly/fornecedoresvalmet. O segundo evento, promovido pela Semadesc e Sebrae/MS, será realizado no dia 13 de março (próxima quinta-feira), das 8h às 17h30, no município de Inocência. Para essa data, as inscrições podem ser feitas por meio do link https://bit.ly/supplierdayinocencia.

Nos dois eventos, a Valmet, empresa responsável pela construção da nova fábrica de celulose em Inocência, vai apresentar detalhes sobre o Projeto Arauco Sucuriu, destacando as categorias de fornecedores necessárias para a indústria, além do período de duração do projeto e as etapas do processo de contratação. Além disso, também será abordada a necessidade de capacitação das empresas para atender às demandas da indústria com excelência e competitividade.

Informações: Semadesc.

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Mulheres conquistam espaço e ascensão profissional no setor da celulose em Mato Grosso do Sul

Com a chegada dos investimentos bilionários em Mato Grosso do Sul no setor da celulose, as empresas gigantes do setor têm se preparado para oferecer programas, ações e boas condições às mulheres, que conquistaram espaço e ascensão profissional na área industrial. Um reconhecimento merecido a estas profissionais que estão sendo valorizadas no Estado.

Mineira de Governador Valadares, Paloma Vigiane entrou no setor industrial aos 17 anos. Logo se interessou e passou a fazer parte do ramo de celulose. Obstinada e persistente tentou por cinco vezes entrar no Grupo Suzano, empresa que é gigante mundial no setor.

Quando conseguiu entrar, não pensou duas vezes ao aceitar o convite de morar em Ribas do Rio Pardo, onde seria construída a nova fábrica de celulose do grupo. Embarcou neste desafio e viu a unidade nascer do zero, das estacas e terreno vazio, acompanhou de perto a estrutura ser erguida no interior do Mato Grosso do Sul.

“Fui encaminhada para Ribas em 2021, ainda nem tinha começado as obras. A empresa acabara de anunciar o investimento e a construção da fábrica. Gostei da cidade, porque era um lugar tranquilo, bem organizado e do interior, assim como Governador Valadares. Gostei das pessoas, do clima e do lindo pôr do sol”.

Paloma Vigiane durante inauguração da fábrica da Suzano

Ela começou na função de “planejador 2” de nível médio, mas logo mostrou sua garra e empenho e que foram reconhecidos pela empresa. “Acompanhei todo o processo de construção da fábrica, com muito trabalho e dedicação consegui crescer aqui dentro, fruto das oportunidades que a empresa me deu. Agora exerço a função de engenheira de produção sênior”.

Paloma garante que sempre foi respeitada pelos colegas e sabe que não é fácil a mulher chegar em função de gestão em uma grande empresa. “Sabemos que como mulher temos um caminho e um desafio maior, por isso agradeço todo apoio para crescer e ter uma ascensão profissional dentro da empresa, que eu tanto desejava. As mulheres têm cada vez mais buscado mais espaço no setor industrial e meu caso serve de exemplo e incentivo”.

Lembra com orgulho que foi a primeira mulher da família a ter curso superior e agora conseguiu chegar a um cargo de destaque no setor industrial. A satisfação foi anda maior quando foi convidada para discursar na inauguração da fábrica, representando os funcionários da Suzano.

“Foi uma honra e um marco na minha carreira profissional ser escolhida para este evento que foi um acontecimento não apenas nacional, mas mundial. Isto mostra o reconhecimento da empresa com meu trabalho e que sou valorizada como profissional. Espero que tenha cada vez mais mulheres no setor de celulose, que está em plena ascensão. Meu conselho é busquem cada vez mais capacitação e estejam aptas para serem contratadas”.

Isabela Cristina da Silva Alves trabalha na Eldorado Brasil

Ascensão e oportunidade

O ano era 2012. Com apenas 18 anos Isabela Cristina da Silva Alves começou sua carreira ao ingressar no setor industrial pelo programa “Minha Primeira Profissão”, realizado em parceria com o Senai. Ela descobria o universo da celulose ao participar da primeira turma de trainee da Eldorado, empresa que estava construindo sua fábrica em Três Lagoas.

“Era a minha primeira oportunidade no mercado de trabalho e eu nunca tinha entrado em uma fábrica de celulose. Acompanhar todo o processo de construção, montagem de equipamentos, de testes em linhas, foi algo muito agregador e uma experiência única, que se vive raríssimas vezes. Foi uma oportunidade muito grande de desenvolvimento, crescimento que você só poderia adquirir ali e naquele momento. Foi incrível”.

Isabela estava determinada a crescer na empresa e logo se destacou por sua curiosidade e proatividade, buscando aprender sobre a operação dos painéis mesmo antes de assumir essa função. Sua dedicação foi reconhecida pela gestão e, após ocupar o cargo de operadora de área e atuar como ferista, foi promovida a operadora de painel, uma das posições mais almejadas em sua área de atuação.

Isabela conseguiu ascensão profissional

“Antes de ser promovida, eu sempre fui muito interessada e buscava aprender além das minhas funções como operadora de área. Nos momentos livres, eu ia até a sala dos painéis, fazia perguntas e me dedicava a entender a operação. Usei esse tempo para estudar e treinar, aprendendo com operadores mais experientes até ser indicada para um treinamento, que foi maravilhoso para meu crescimento e me tornou ferista. Durante minha primeira gestação já nesse cargo, passei mais tempo nos painéis, ganhando experiência até surgir a oportunidade que esperava”, destaca.

Ela já está na função de operadora de painel no setor de águas da Eldorado há três anos. Alves ressalta que o acolhimento, valorização e flexibilidade, principalmente na época da maternidade, foram questões essenciais para conquistar sua ascensão profissional. Na sua segunda gravidez inclusive participou do programa “Gerar Saúde do Bebê”, que é oferecido pela Eldorado Brasil.

 Quando ingressou na Eldorado, a presença feminina era tímida em áreas operacionais, mas hoje, a colaboradora celebra um cenário diferente, com mais mulheres assumindo papéis de liderança, inclusive tem uma gestão feminina em seu setor. “Sempre tive gestores que olharam para o meu desenvolvimento e me apoiaram em todas as fases. Hoje, tenho certeza de que é possível ser mãe, ter uma carreira de sucesso”.

Programas e ações inclusivas

As grandes empresas de celulose instaladas no Estado estão desenvolvendo programas e ações que busquem incluir e abrir oportunidades às mulheres. O cuidado, preocupação e acolhimento facilita a ascensão profissional e o bom desenvolvimento do público feminino no setor industrial.

A Suzano destacou que investe em iniciativas como programas de mentoria, fortalecimento de lideranças femininas em cargos de supervisão e coordenação, e a criação de um plano de sucessão que priorize a equidade de gênero. Tem meta de alcançar 30% das mulheres em cargos de liderança até o final de 2025. Outro foco é capacitação técnica e ambiente inclusivo em todas as áreas.

Também tem iniciativas especificas para as colaboradas lactantes e gestantes. Entre elas sala de apoio a amamentação, kits de maternidade e amamentação e como complemento oferece licença-maternidade estendida de seis meses, auxílio-creche, acompanhamento com enfermeira obstetra e nutricionista durante os períodos de gestação e puerpério, assim como auxílio para filho PCD (Pessoa com Deficiência).

Nova fábrica de celulose da Suzano Foto Bruno Rezende
Fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo (Foto: Bruno Rezende)

A Eldorado Brasil também faz sua parte, com uma política de valorização e ascensão profissional para as mulheres, dando o devido espaço para ascensão profissional aos cargos de gestão da empresa, para que o público faça parte do crescimento do setor industrial em Mato Grosso do Sul.

Um dos programas de destaque é o “Gerar Saúde do Bebê”, onde a empresa oferece acolhimento, conforto e suporte às gestantes, com acompanhamento integral (gestação). Com mais de 280 mulheres atendidas, sendo 127 colaboradoras e 161 dependentes, o programa conta com uma equipe multidisciplinar que realiza check-ins periódicos, orientações, com monitoramento de enfermeiras especializadas. As funcionárias também ganham kit maternidade.

Fábrica da Eldorado Brasil, em Três Lagoas (Foto: Divulgação/Eldorado)

Já Arauco ainda não abriu sua fábrica em Inocência, mas já tem planos específicos em outras unidades que pretende levar ao Estado. Entre elas estão os treinamentos contínuos com liderança e equipes, para que sejam sensibilizadas sobre a importância da promoção e manutenção de um ambiente inclusivo, assim como o progresso na promoção de equidade das mulheres em diferentes áreas.

A empresa tem planos específicos de recrutamento e desenvolvimento (profissional) para as mulheres. No Projeto Sucuri (Inocência) já na fase de construção da unidade uma parcela de mão de obra feminina e na unidade haverá espaço adequado para salas de amamentação, dormitório exclusivo (mulheres), uniformes femininos operacionais com modelo específico para gestante. Haverá ainda um canal de comunicação para que colaboradoras possam sugerir demandas específicas as suas necessidades.

Empresa Arauco já planeja ações para fábrica em MS (Foto: Divulgação/Arauco)

Informações: GOV/MS.

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Sementes, pessoas e uma longa jornada: por dentro da maior iniciativa de restauração do Cerrado brasileiro

Edital Corredores de Biodiversidade contempla 12 projetos que restaurarão 2.700 hectares nos próximos quatro anos, algo inédito no Cerrado brasileiro. Foco na inclusão social é um dos pilares

“O Cerrado é milagre (e também é pedaço do Planeta que desaparece) […] Quem vai pagar a conta de tanta destruição? ‘Tudo bem, daqui a 100 anos estaremos todos mortos’, disse alguém. Certo, estaremos todos mortos. Mas nossos netos não”. Os versos do poeta cuiabano Nikolaus Behr dão o tom da preocupação sobre a preservação do bioma brasileiro que, segundo a literatura acadêmica, teria começado a ser formar há pelo menos 65 milhões de anos, quando continentes e oceanos adquiririam sua atual configuração — embora as imensas rochas que dariam origem às famosas chapadas tenham se formado há mais de 1 bilhão de anos.

Praticamente intocado por eras, o Cerrado era inicialmente visto como um território bruto e perigoso na história colonial do Brasil, sendo gradualmente ocupado desde a descoberta do ouro no século XVII. Com o tempo, a exploração da terra se intensificou, especialmente a criação de gado, e na década de 1930, a Marcha para o Oeste, sob o governo Getúlio Vargas, decidida a desenvolver e integrar as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, acelerou a ocupação do interior. E sua destruição.

Entre 1985 e 2023, o bioma perdeu 38 milhões de hectares, uma extensão superior ao tamanho do Estado de Goiás, segundo dados do Mapbiomas. Essa devastação reduziu em 27% sua vegetação original, que hoje se vê com quase metade de área (48,3%) alterada pelas mãos humanas. A outra metade, ainda intacta, ocupa 101 milhões de hectares, o que equivale a 8% da vegetação nativa do Brasil. Durante esse período, a pecuária e a produção agrícola, principalmente commodities, se expandiram de maneira expressiva, com aumentos de 62% e 529%, respectivamente.

Atualmente, as plantações ocupam 26 milhões de hectares do Cerrado, com 75% destinados à soja, que representa quase metade da produção brasileira do grão. Porém, a exploração excessiva tem gerado sérios impactos ambientais: erosão e empobrecimento do solo, perda de espécies da flora nativa para o desmatamento, expansão de espécies invasoras, queimadas irresponsáveis e diminuição da qualidade e da quantidade de águas – é no Cerrado que estão as nascentes de grandes bacias hidrográficas do Brasil e da América do Sul – além da fragmentação dos ecossistemas, que afeta a resiliência do bioma e deixam as espécies ainda mais vulneráveis.

Vista aérea de vegetação nativa do Cerrado nativo ao redor de um campo agrícola em Formosa do Rio Preto, na Bahia — Foto: Getty Images
Vista aérea de vegetação nativa do Cerrado nativo ao redor de um campo agrícola em Formosa do Rio Preto, na Bahia — Foto: Getty Images

Diante dos desafios ambientais, iniciativas voltadas para restauração buscam reconectar áreas fragmentadas, promovendo a regeneração da fauna e flora nativas. O Edital Corredores de Biodiversidade, uma parceria entre o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) e a Petrobras, é um exemplo dessa abordagem, com 12 projetos que restaurarão 2.700 hectares nos próximos quatro anos, algo inédito no Cerrado brasileiro. Com um investimento total de R$ 58 milhões, o projeto visa a recuperação do solo, a escolha de espécies apropriadas e o engajamento das comunidades locais, com ações em cinco estados – Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais – e no Distrito Federal.

O Edital faz parte da iniciativa “Floresta Viva” lançada pelo BNDES em 2021, com o objetivo de promover investimentos em restauração ecológica nos biomas brasileiros, combinando recursos do BNDES e de instituições apoiadoras no modelo de financiamento de matchfunding. As instituições apoiadoras incluem empresas, fundações, associações privadas, pessoas jurídicas de direito público e entidades da administração pública indireta. O FUNBIO é o parceiro gestor da iniciativa, sendo responsável pela organização e condução dos processos de seleção, contratação, acompanhamento e monitoramento dos resultados dos projetos de restauração.

“O modelo de matchfunding serve como uma alavanca financeira, ampliando o alcance dos projetos ao atrair mais recursos e consolidando um ecossistema de parcerias para as ações de restauração e conservação”, explica Marcos Cardoso, chefe do Departamento de Meio Ambiente no BNDES. O Floresta Viva já lançou 8 editais com fomento estruturado na ponta, contemplando outros biomas. Este voltado para o Cerrado, em parceria com a Petrobras, é o maior em valor aportado.

“O Edital do Cerrado é parte de um esforço mais amplo da Petrobras para investir em soluções baseadas na natureza, com foco na conservação e restauração”, conta Ana Marcela Di Dea Bergamasco, gerente de Projetos Voluntários de SBN da Petrobras. Outra parceria da empresa com o BNDES dentro do “Floresta Viva” é o edital para recuperação de manguezais, que já tem oito projetos em andamento, desde de 2023.

Para o biólogo Rodolfo Cabral Marçal, gerente de projetos ambientais no FUNBIO, os projetos selecionados pelo edital vão ao encontro da urgente necessidade de corredores ecológicos no país, que facilitem a conectividade entre habitats e promovam a biodiversidade.

A fragmentação ambiental, causada por diversos problemas, faz com que as Unidades de Conservação fiquem isoladas. Precisamos criar habitats seguros para permitir o fluxo de espécies entre elas.

— Rodolfo Marçal, gerente de projetos ambientais no FUNBIO.

Segundo ele, os corredores são facilitadores do fluxo gênico, e não apenas para animais, mas também polinizadores e plantas. “Por exemplo, um polinizador pode visitar uma planta em um fragmento e, em seguida, polinizar outra planta em um fragmento diferente. Isso é fundamental para processos ecológicos e a dispersão de sementes, que são vitais para a regeneração e a saúde dos ecossistemas”, afirma.

Rodolfo Cabral Marçal, biólogo e coordenador de projetos do FUNBIO. — Foto:  Rede Kalunga de Comunicação
Rodolfo Cabral Marçal, biólogo e coordenador de projetos do FUNBIO. — Foto: Rede Kalunga de Comunicação

Viver para restaurar: pessoas no centro da restauração

Além de promover a restauração de áreas degradadas, o Edital “Corredores da Biodiversidade” pretende fortalecer as instituições e organizações comunitárias que já atuam nesse campo e permitir a troca de experiências e técnicas entre elas, promovendo, assim, um aprendizado coletivo. Nesse contexto, no início do mês de fevereiro, as 12 instituições selecionadas, especialistas e organizações apoiadoras se reuniram em Alto Paraíso-GO para trocar experiências, apresentar planos iniciais dos projetos e visitar áreas em restauração no Cerrado sob comando do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para adquirir mais conhecimento e estreitar relações.

Claudomiro, da Cerrado de Pé, e demais restauradores contempledos no Edital em visita técnica na Chapada dos Veadeiros. — Foto: Vitor Saraiva
Claudomiro, da Cerrado de Pé, e demais restauradores contempledos no Edital em visita técnica na Chapada dos Veadeiros. — Foto: Vitor Saraiva

Entre os projetos contemplados pelo edital estão iniciativas como a da Associação Nacional de Fortalecimento da Agrobiodiversidade (Agrobio), que busca fortalecer cadeias produtivas da biodiversidade no cerrado goiano. Marcelo Mendonça, professor da Universidade Federal de Goiás e coordenador da Agrobio, explica que o projeto vai restaurar 200 hectares de áreas, além de implantar indústrias para o fortalecimento das cadeias produtivas regionais no território quilombola Kalunga, nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás, além de comunidades e assentamentos nordeste do estado. Inclusão produtiva e geração de renda nas comunidades locais são, segundo ele, chaves para a sustentabilidade da restauração. “Não se trata de levar para eles, mas de construir com eles a partir dos saberes, dos fazeres, das experiências locais”, afirmou durante apresentação do projeto na UNB Cerrado.

A Angá (Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro) utilizará seres vivos como bioindicadores no projeto “Canastra Viva: restaurando corredores para a biodiversidade”. O pato-mergulhão, considerado o embaixador das águas brasileiras, é uma das aves mais ameaçadas das Américas, sendo afetado pela poluição dos rios, projetos hidrelétricos e o assoreamento das águas. Por sua sensibilidade ambiental, a espécie funciona como um “termômetro” para a saúde dos ecossistemas aquáticos, vivendo apenas em águas limpas. Além disso, é uma “espécie guarda-chuva”, cuja proteção beneficia outras espécies do Cerrado.

Pato-Mergulhão (Mergus octosetaceus), ave criticamente ameaçada, atua como bioindicador ambiental. — Foto: Sávio Freire Bruno/WikimediaCommons
Pato-Mergulhão (Mergus octosetaceus), ave criticamente ameaçada, atua como bioindicador ambiental. — Foto: Sávio Freire Bruno/WikimediaCommons

“Monitorar o aumento da população do pato mergulhão nessas áreas vai nos ajudar a avaliar o sucesso do projeto de restauração ambiental”, diz Poliana Duarte, bióloga da Angá, que visa formar um corredor ecológico entre o Chapadão da Babilônia e o Chapadão da Canastra, promovendo a regeneração ambiental, especialmente ao longo do rio Ribeirão das Posses. Leonardo Gomes Neves, coordenador do projeto, também considera monitorar primatas locais, como o macaco-prego e o bugio. “Os primatas dependem da área florestal para se alimentar, então sua presença é um bom indicador de que a área está melhorando. Além disso, eles são excelentes dispersores de sementes; onde há primatas, há floresta sendo plantada”, afirma.

Representantes das organizações contempladas no edital Corredores da Biodiversidade em encontro no início de fevereiro na UNB Cerrado. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta
Representantes das organizações contempladas no edital Corredores da Biodiversidade em encontro no início de fevereiro na UNB Cerrado. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta

Atento à conectividade entre biomas, o Edital Corredores da Biodiversidade também contemplou projetos de restauração no Pantanal. Entre eles está o Instituto Gaia Pantanal, que propõe uma restauração socioparticipativa no corredor do Jauru, um trecho do rio de mesmo nome no Mato Grosso, que vai desde a foz do rio até a ilha do Tucum, pegando Cerrado e Pantanal. Solange Ikea Castrillon, coordenadora do Instituto, destaca a importância do corredor para manter a umidade no Pantanal. “O Cerrado funciona como uma área de recarga para o Pantanal. Sem essa recarga, não conseguimos manter a umidade e água necessárias para o Pantanal, que é fundamental para preservação da biodiversidade”, diz, ressaltando que a redução do volume de chuvas e as grandes erosões e incêndios têm se agravado.

Professora da Universidade do Estado de Mato Grosso, Solange enfatiza a importância da parceria com a universidade para mobilizar a sociedade, implementar projetos de restauração e capacitar as comunidades, promovendo práticas de restauração e produção de mudas nativas, fortalecendo a conscientização ambiental e a cultura de regeneração. Os saberes tradicionais dos comunitários são igualmente chaves no processo. Uma parceria emblemática no Instituto Gaia é com Seu Zé Aparecido, que já plantou um milhão de mudas em mais de 120 nascentes na bacia hidrográfica do Jaú.

Instituto Gaia — Foto: Reprodução/Instagram
Instituto Gaia — Foto: Reprodução/Instagram

Nessa mesma lógica de conectividade, o Instituto Taquari Vivo vai, por meio do projeto “Caminhos das Nascentes”, atuar numa área crítica para conexão entre os biomas do Cerrado e do Pantanal. A bacia do Alto Taquari, com área de aproximadamente 80.000 km², é vital para a conexão entre os biomas do Cerrado e do Pantanal, sendo o Rio Taquari o principal responsável pela hidrologia da região. No entanto, a bacia enfrenta desafios como mudanças no uso do solo, alterações climáticas e degradação, o que impacta negativamente os leitos dos rios, a dinâmica das inundações e a biodiversidade local. Para agravar, a presença de mais de 5.000 moçorocas ativas, resultantes da erosão do solo, afeta a produtividade agrícola e a qualidade da água, tornando a bacia uma área crítica para ações de restauração e conservação.

Projeto "Caminhos das Nascentes", do Instituto Taquari Vivo, busca combater erosão e assoreamento que castigam Pantanal e Cerrado. — Foto: Divulgação
Projeto “Caminhos das Nascentes”, do Instituto Taquari Vivo, busca combater erosão e assoreamento que castigam Pantanal e Cerrado. — Foto: Divulgação

“A gente pretende reduzir esses processos erosivos através da recuperação ambiental e recuperação do solo por meio de terraceamento, bacias de contenção, curvas de nível e restauração de 378 hectares em duas unidades de conservação, o Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, nos municípios de Costa Rica e Alcinópolis, no Mato Grosso do Sul, e no Monumento Natural Serra do Bom Jardim, em Alcinópolis”, diz Letícia Koutchin Reis, coordenadora do projeto. No processo, o projeto visa fortalecer a colaboração entre produtores rurais e órgãos ambientais, promover boas práticas de manejo por meio de workshops e materiais informativos sobre conservação do solo, adquirir 100.000 mudas nativas e mais de 8 toneladas de sementes para replantio, e estabelecer o “Espaço Floresta Viva” para apoiar estudos e pesquisas em conservação e turismo na região.

O caminho das sementes: da coleta à restauração

Sementes expostas no armazém da Cerrado de Pé. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta
Sementes expostas no armazém da Cerrado de Pé. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta

O Cerrado é caracterizado por uma diversidade de tipos de vegetação. Dessa forma, os projetos de restauração ecológica precisam abranger todos os estratos da paisagem do bioma, incorporando não apenas árvores, mas também arbustos, ervas e gramíneas. Criada há mais de duas décadas, a Rede de Sementes do Cerrado tem atuado para a aumentar a disponibilidade de sementes de plantas nativas, com o objetivo de promover a preservação e a valorização do bioma de forma socialmente inclusiva.

“Um dos nossos pilares é a restauração de base comunitária, onde as pessoas são protagonistas, coletando suas sementes e restaurando seus territórios. Onde tudo é feito e liderado por assentados na reforma agrária, por geraizeiros [comunidades de agricultores familiares], por quilombolas e agricultures solidários”, explica Natanna Hoorstmann.

Além do protagonismo comunitário, a Rede se estrutura em outros dois pilares principais: técnica adequada e processos de formação contínua para as comunidades. Capacitações são fornecidas em diversas áreas, como a restauração ecológica, gestão administrativa e financeira, e técnicas de coleta de sementes. Contemplada no Edital Corredores da Biodiversidade, Rede de Sementes vai restaurar áreas emquatro corredores de biodiversidade no Parque Estadual de Terra Ronca, Chapada dos Veadeiros, Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Serra do Espinhaço e a APA Peruaçu.

Segundo Natanna, o projeto pretende criar áreas de referência para a restauração produtiva em assentamentos, onde a vegetação nativa seja restaurada de forma a permitir a produção de alimentos e outros produtos de maneira sustentável. Exercendo sua missão, a Rede também fornecerá sementes para outros projetos de restauração contemplados no Edital.

Dezenas de sementes nativas do Cerrado: diversidade é chave para a paisagem do bioma. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta
Dezenas de sementes nativas do Cerrado: diversidade é chave para a paisagem do bioma. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta

“Coletar tantas sementes quanto estrelas do céu”

Entre as organizações e grupos que integram a rede coleta de sementes nativas está a Cerrado de Pé, associação de coletores de sementes da Chapada dos Veadeiros, fundada em 2009. Começou com uma pequena experiência de restauração e, com o tempo, cresceu para envolver 240 famílias e realizar a coleta de até 30 toneladas de sementes por ano. A ação surgiu em resposta aos incêndios que devastaram o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e teve como foco inicial restauração das áreas queimadas. A associação também se fortaleceu com o apoio de parceiros como o Sebrae, que contribuíram para sua formalização em 2017.

“Não tem como a gente falar de conservação e de restauração sem envolver as comunidades”, afirma Claudomiro de Almeida Cortes, fundador e diretor de restauração da Cerrado de Pé. Ele ressalta o papel das mulheres, que são a maioria entre os coletores, e dos territórios tradicionais no trabalho da associação, que passou de uma ação local para uma atuação mais ampla, atingindo diversos municípios. Além da coleta e restauração, a associação trabalha no cultivo, plantio e armazenamento de sementes nativas.

Cintia Oliveira, presidente da Cerrado de Pé no armazém de sementes nativas. — Foto: Vitor Saraiva
Cintia Oliveira, presidente da Cerrado de Pé no armazém de sementes nativas. — Foto: Vitor Saraiva

Nossa meta é coletar e plantar sementes de cerrado na mesma quantidade de estrelas do céu”, sublinha Cíntia de Oliveira, presidente da associação.

— Cíntia de Oliveira Silva Carvalho, presidente da associação Cerrado de Pé.

Para Cíntia de Oliveira Silva Carvalho, presidente da associação Cerrado de Pé, coletar sementes nativas é vital não apenas para o presente, mas também para as futuras gerações. “Coletar, para mim, significa vida. Vida para a gente hoje. Vida para nossos filhos, netos e bisnetos amanhã, para a flora e fauna do Cerrado”. Ressalta ainda como a restauração do bioma é crucial para garantir a disponibilidade de água e a preservação do meio ambiente, especialmente diante do desmatamento e da degradação das nascentes. “Se a gente não cuidar, não teremos mais Cerrado”.

Teste de fogo e capins exóticos pelo caminho

Placa indicando área em processo de restauração no Parque. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta
Placa indicando área em processo de restauração no Parque. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta

Restaurar o Cerrado não é uma tarefa fácil. Por diversos fatores, tanto ecológicos quanto sociais e econômicos. A degradação do solo, que é ácido e pobre em nutrientes, e a conversão das áreas em monoculturas agrícolas complicam o processo. Além disso, a presença de espécies exóticas invasoras, como a dominante braquiária, dificulta a recuperação da vegetação nativa. A restauração exige altos investimentos e adaptação ao clima sazonal, com períodos secos intensos e efeitos cada vez mais intensos da emergência climática. Outro obstáculo é a resistência de proprietários rurais a realizar a restauração – só no Cerrado, há 38,6 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas, o que torna a restauração um desafio complexo e demorado.

Para entender um pouco mais esses desafios e aumentar a troca de expertises, o grupo de restauradores contemplados pelo edital “Corredores da Biodiversidade” saiu à campo. Em visita ao Parque Chapada dos Veadeiros, foi possível acompanhar algumas iniciativas de restauração do ICMBio em parceria com a Cerrado de Pé e com outras organizações de pesquisa que atuam na região.

Alexandre Bonessa Sampaio, coordenador do ICMBio, comemorou a iniciativa do edital. “É a realização de um sonho que a gente vem construindo desde lá de trás. Termos uma iniciativa dessa envergadura é uma grande oportunidade para focar na restauração ecológica do Cerrado, que não tem recebido o mesmo nível de atenção e recursos que a Amazônia”, comentou o engenheiro florestal chamado por muitos apenas de “Xandão” dada à vasta e generosa atuação no bioma.

O engenheiro florestal e coordenador do ICMBio Alexandre Sampaio ("Xandão") e Claudomiro, diretor de restauração da Cerrado de Pé. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta
O engenheiro florestal e coordenador do ICMBio Alexandre Sampaio (“Xandão”) e Claudomiro, diretor de restauração da Cerrado de Pé. — Foto: Vanessa Oliveira/Um Só Planeta

Os principais desafios enfrentados pelo ICMBio na implementação de projetos de restauração, segundo ele, incluem a falta de recursos orçamentários próprios, a complexidade fundiária que dificulta a regularização de terras, a dificuldade em lidar com a grande escala necessária para a restauração, problemas nas normativas e processos burocráticos que complicam a execução, além da necessidade de uma maior integração e coordenação entre instituições e parceiros.

Outro ponto crítico para o especialista, e que os projetos contemplados pelo Edital também buscam endereçar, é o engajamento contínuo das comunidades locais para garantir a continuidade dos projetos. Sampaio enfatiza que a verdadeira mudança na conservação ambiental vem do engajamento da sociedade, e que, ao incluir as pessoas no processo de restauração é possível gerar benefícios sociais e econômicos que ajudam a combater as causas profundas da degradação ambiental. Muitas das áreas em restauração dentro do Parque da Chapada dos Veadeiros contam com as mãos e os saberes de comunitários.

A restauração é uma ferramenta de conservação da sociobiodiversidade. É aí que a gente tem chance de mudança.

— Alexandre Sampaio (“Xandão”), engenheiro florestal e coordenador do ICMBio.

Visita técnica a áreas de restauração do ICMBio na Chapada dos Veadeiros: troca de experiência para auxiliar projetos do edital Corredores da Biodiversidade, da iniciativa "Floresta Viva". — Foto: Vitor Saraiva
Visita técnica a áreas de restauração do ICMBio na Chapada dos Veadeiros: troca de experiência para auxiliar projetos do edital Corredores da Biodiversidade, da iniciativa “Floresta Viva”. — Foto: Vitor Saraiva

Na visita técnica, foi possível acompanhar o processo de restauração de uma área de vegetação nativa que foi alterada, inicialmente utilizada para cultivo de arroz e pastagem com capins exóticos, como a braquiária (Brachiaria decumbens). A vegetação original da região era formada por cerrados mais densos nas encostas e campos úmidos, com uma flora diversificada. O processo de restauração capitaneado por Claudomiro, da Cerrado de Pé, começou com o controle da vegetação exótica, usando fogo e gradeamento para preparar o solo. Em seguida, foi aplicada uma niveladora para triturar os torrões de palha e raízes, visando destruir a onipresente braquiária e preparar o solo para o plantio.

Após dois anos de preparação, o solo foi tratado com herbicidas para eliminar o banco de sementes da braquiária, que pode persistir por anos. O plantio foi feito em 2021, com uma mistura de sementes de capim e arbustos, com algumas árvores. Embora o projeto tenha obtido bons resultados em apenas dois anos, o processo de restauração requer um período mais longo, de pelo menos 5 anos. A vegetação nativa está voltando, mas a área ainda enfrenta desafios, como a competição com gramíneas invasoras.

A situação do solo, alterada pela calagem – processo de aplicação de calcário no solo, com o objetivo de corrigir sua acidez – e presença das gramas exóticas, demandam um manejo contínuo. Em outras áreas do Parque é possível avistar áreas de restauração mais maduras, com 11 anos, por exemplo, bem avançados e com fitofisionomia diversas. Em muitas delas, foram utilizadas também plantas nativas no combate às invasoras. É caso do “amargoso”, que embora não seja uma solução definitiva, atrapalha o crescimento da braquiária.

Nativa da África, a braquiária foi trazida ao Brasil nos anos 1960 e modificada pela Embrapa para servir de pastagem. Além de reduzir a biodiversidade e dificultar o crescimento das nativas, essas plantas são altamente regenerativas, difíceis de controlar e resistentes a incêndios, que estão cada vez mais frequentes com a alta do termômetro. “As áreas queimadas em anos consecutivos (2017, 2019, 2020, 2021) enfrentam um ciclo de degradação, onde as matas, especialmente as úmidas, são invadidas por espécies exóticas invasoras. Isso cria um sistema de retroalimentação, onde o fogo e as invasões se intensificam mutuamente, dificultando a recuperação das áreas”, contou Nayara Stacheski, analista ambiental e chefe do Parque Nacional.

Parque Nacional Chapada dos Veadeiros: parque tem cerca de 300 hectares de área em restauração. — Foto: Tales Emanuel
Parque Nacional Chapada dos Veadeiros: parque tem cerca de 300 hectares de área em restauração. — Foto: Tales Emanuel

Mas o balanço geral, segundo ela tem sido positivo. Atualmente, há cerca de 300 hectares em restauração no parque. “Saímos de um crença de que era impossível restaurar Cerrado”, celebra. Durante o encontro com os restauradores contemplados no edital, o uso do fogo na restauração também foi abordado como uma estratégia importante, mas que deve ser manejada com cuidado. O fogo, inclusive, desempenha papel importante na germinação de sementes no Cerrado, que dependem dele para sair do estado de “dormência”. Implementar estratégias de manejo do fogo, incluindo treinamento de equipes e planejamento cuidadoso para minimizar o risco de incêndios em áreas vulneráveis (as degradadas com excesso de capim, por exemplo), e que comprometam os esforços de restauração é chave nesse processo.

Transbordando de experiências na Chapada, os projetos aprovados no edital Corredores da Biodiversidade, agora terão um período de planejamento de seis meses, durante o qual deverão elaborar detalhadamente seus planos de ação e enviar para aprovação. A expectativa é que, a partir do início da estação chuvosa, em outubro ou novembro, as atividades de plantio e semeadura comecem. O cronograma prevê dois anos para a implementação das ações, seguidos por dois anos adicionais para manutenção e monitoramento das áreas restauradas. Durante esse período, haverá encontros anuais para avaliar o progresso dos projetos e discutir os resultados.

Rodolfo Marçal, coordenador da iniciativa no FUNBIO, lembra que a restauração é um compromisso com o futuro, onde cada semente plantada é uma esperança renovada para a biodiversidade e para as próximas gerações, mas é preciso dar urgência à ação. “Estamos trocando a roda enquanto o carro está pegando fogo”, compara. Em 2024, o bioma perdeu 9,7 milhões de hectares em queimadas, sendo 85% (8,2 milhões de hectares) em vegetação nativa, um aumento de 47% em relação à média dos últimos 6 anos. Com sua história de milhões de anos, o Cerrado não é apenas um legado do passado, mas um tesouro do presente que exige vigilância constante e compromisso coletivo para que, como bradam os versos do poeta, não se perca para sempre.

Informações: Um Só Planeta.

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CMPC terá uma das plantas mais sustentáveis do país no setor de celulose

Investimento de 2,75 bilhões de reais modernizará a unidade de Guaíba, reduzindo resíduos e melhorando a produtividade em 18%

Grandes projetos aproximam a indústria de celulose às práticas de sustentabilidade e à bioeconomia. Um exemplo é o projeto BioCMPC, um conjunto de 31 ações ligadas à sustentabilidade, que contará com a modernização da Unidade Industrial em Guaíba, transformando-a em uma das mais sustentáveis do Brasil no setor de celulose e papel.

O projeto foi elaborado visando os 3 Cs da empresa: criar soluções inovadoras a partir da celulose; conviver com as comunidades vizinhas promovendo iniciativas sociais voltadas para educação, geração de renda e qualidade de vida; e conservar os recursos naturais, praticando a gestão ambiental adequada em todos os processos produtivos.

“Queremos influenciar positivamente toda a sociedade e mostrar que é possível investir em competitividade nos negócios, ao mesmo tempo que se promove desenvolvimento social e ações de ESG”, afirma Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC no Brasil.

Benefícios para o entorno

O projeto, iniciado em setembro de 2021, conta com o investimento de 2,75 bilhões de reais e trará contribuições em produtividade e sustentabilidade para a unidade de Guaíba, gerando um ganho de 18% na performance industrial.

O resultado promete melhores índices ambientais em pelo menos cinco quesitos: gestão de resíduos, tratamento de efluentes, emissões atmosféricas, sistemas de tratamento de gases e gestão ambiental.

Além de trazer benefícios ao meio ambiente, a iniciativa aquecerá a economia. Isso porque ela deve criar 7.500 novos postos de trabalho durante a obra. A empresa também vai impulsionar um programa de educação ambiental que será compartilhado com a rede pública de ensino.

Unidade industrial da CMPC: empresa produz, por ano, cerca de 1,9 milhão de toneladas de celulose (Fabiano Panizzi/Divulgação).

Redução dos gases de efeito estufa

A planta de Guaíba, que já é referência mundial em economia circular, reciclando 100% dos resíduos sólidos oriundos do processo industrial, prevê agora, com as novas medidas do BioCMPC, diminuir consideravelmente o volume de material gerado e eliminar 100% os resíduos de cinzas.

A empresa espera ainda, com a revisão do sistema de coleta de gases, fazer com que a CMPC no Brasil tenha o melhor sistema de tratamento de gases do setor no país – e um dos melhores do mundo.

“Além das nossas florestas que já sequestram milhares de toneladas de carbono, eliminaremos uma fonte de energia não renovável e vamos instalar uma nova caldeira de recuperação para produção de energia 100% limpa”, afirma Harger. “No século 21 a sociedade espera que as empresas não gerem problemas e ainda ajudem a sociedade a superar seus próprios desafios. E é isso que estamos fazendo.”

Arte/Exame.

Informações: Exame.

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Da China à FS Fueling Sustainability, Bambu Vai de Casas a Caldeiras e Abre Mercado no Agro

Como a milenar planta asiática está entrando em projetos no Brasil, um mercado global que movimenta US$ 68 bilhões por ano

Era a virada do milênio, ano 2000, quando Guilherme Korte, recém-formado em jornalismo, recebeu uma proposta para ser repórter internacional na China. Sem hesitar, como em todo começo de carreira, ele aceitou cobrir a economia chinesa, mas outra pauta chamou sua atenção chegando lá: a utilização do bambu na indústria.

O bambu (Bambusa vulgaris) é uma planta da família das gramíneas, de origem asiática, e historicamente plantado de forma abundante naquele país. “Apesar de ser um material de uso milenar, culturalmente integrado à sociedade, o uso do bambu como elemento estrutural e industrial era uma novidade na época, na China. Então, comecei a escrever muito sobre isso”, conta Korte em entrevista exclusiva à Forbes. Depois de quatro anos ele voltou para o Brasil, mas não para o jornalismo.

O contato com o bambu na China fez Korte se lembrar dos tempos que viveu em Mato Grosso, nos anos 1980, e acompanhou o desenvolvimento da atividade agrícola na região. Então, pensou: “por que não se dedicar à produção da planta?”.

Guilherme Korte fundou a Abrafibras em 2014. Imagem: divulgação.

“Como eu já tinha tido esse contato com o agro antes, voltei para o Brasil e comecei a fazer pesquisas sobre a produção de bambu. Viajei para 20 países, estudei e fundei a Abrafibras”, diz. Abrafibras significa Associação Brasileira da Industria e dos Produtores de Bambu e de Fibras Naturais, entidade fundada por ele em 2014, em São Paulo.

Como nasce uma associação para o bambu

“O governo precisava de uma entidade para acompanhar os gastos com estudos sobre o bambu. Então, criei a associação”, afirma Korte. Ele também cuida de um viveiro de bambu em uma propriedade de sete hectares em Tatuí, na mesma linha.

A iniciativa do jornalista tem um fundamento econômico. O bambu hoje atrai setores da indústria, especialmente a construção civil, no segmento de residências sustentáveis, decoração e a indústria de papel e embalagens. Não fica de fora o setor de bioenergia, que precisa de fontes renováveis, como a FS Fueling Sustainability, antiga FS Bioenergia, biorrefinaria mato-grossense que produz etanol, farelo, óleo e energia elétrica, fundada em 2017, e que faz parte do Agro100, ranking que lista as maiores empresas do setor com balanços publicados.

E aqui vai um fato curioso: as primeiras fábricas de papel no Brasil, em 1950, utilizavam o bambu como matéria-prima por causa da escassez de florestas homogêneas de pinheiros, árvores comuns no hemisfério Norte utilizadas para esse fim. Mas, logo a agroindústria do eucalipto começou a ganhar mais força.

Detalhes de cultivo de bambu, floresta que pode ser explorada por 50 anos. Imagem: divulgação.

De volta aos dias atuais, o mercado global de bambu movimenta cerca de US$ 68 bilhões (R$ 400 bilhões na cotação atual) por ano, segundo a Organização Internacional de Bambu e Rattan (INBAR), entidade chinesa fundada em 1997, dedicada à promoção do uso sustentável do bambu para o desenvolvimento sustentável.

De olho no Brasil, em 2024, as importações de produtos de bambu do país aumentaram 30% em relação a 2023, ultrapassando US$ 42 milhões (R$ 247 milhões), segundo dados o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços pela consultoria do Centro Brasileiro Inovação e Sustentabilidade (CEBIS).

Bambu vira fonte de energia na FS Bioenergia

Com mais de 200 milhões de anos e algo em torno de 1.300 espécies identificadas, o bambu ocupa 3% das florestas globais. O Brasil possui 230 variedades da planta, e abriga a segunda maior floresta nativa de bambu do mundo, de até 4,5 milhões de hectares, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Apesar de não haver dados oficiais exatos sobre a área de bambu cultivada no país, Korte afirma que são 80 mil hectares, sendo 50 mil hectares de plantios recentes. Os números devem ser atualizados em breve, já que a segunda publicação da Embrapa sobre a planta está em preparação e deve ser lançada em meados de 2025. O livro é uma continuação da obra “Bambus no Brasil: da biologia à tecnologia”, publicada em 2017.

Segundo Korte, para fins de produção energética, o bambu vem sendo cultivado nos estados do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Bahia e Paraná. É uma nova forma de aproveitamento, além da construção civil. Não por acaso, 12 mil já foram plantados para serem utilizados nas usinas de geração de energia de biomassa da FS Fueling Sustainability, primeira usina de etanol 100% de milho do Brasil. A empreitada do bambu começou em 2019, em Diamantino, a 200 km de Lucas do Rio Verde, onde está a sede da empresa, e teve investimento inicial de R$ 170 milhões.

A empresa começou arrendando 3 mil hectares de terras com algum tipo de degradação. “Foi um experimento inicial, mas ficamos muito animados com os resultados. O bambu é forte, resistente e não sofre ataques de pragas como o eucalipto”, diz Daniel Lopes, vice-presidente executivo de sustentabilidade e novos negócios da FS Fueling Sustainability.

Depois da colheita, o bambu vai para um armazém que recebe todas as outras biomassas que a empresa utiliza para gerar energia, como caroço de algodão e de açaí, bagaço de cana e casca de arroz. “Misturamos cerca de 50% de eucalipto, 20% de bambu e 30% de outros resíduos na caldeira, queimamos e o vapor gerado cozinha o milho e seca os grãos”, diz ele. Em usinas nos Estados Unidos, por exemplo, esse processo é feito com gás natural, combustível fóssil nocivo ao meio ambiente.

Daniel Lopes é vice-presidente executivo de sustentabilidade e novos negócios da FS Fueling Sustainability. Imagem: divulgação – FS Bioenergia.

Apesar do eucalipto ser a matéria-prima principal da queima, para Lopes, depender somente da árvore pode ser um desafio para o crescimento da produção do etanol de milho. “Se não plantamos eucalipto há 6 anos, não teremos biomassa disponível para gerar vapor. Aí entra o bambu com o seu ciclo curto, de três anos no primeiro corte, e depois dois nos anos subsequentes”, diz ele. O bambu também se destaca por perder 50% da sua umidade em 15 dias, enquanto o eucalipto leva 120 dias.

Outro fator que chamou atenção de Daniel foi o crescimento da planta antes e depois dos cortes. “O bambu não para, é quase que uma praga porque você corta e ele cresce mais forte”, brinca. O custo menor também foi considerado, já que da produção à colheita, a espécie asiática gera uma economia de 10%, comparada ao eucalipto. Vale lembrar que a planta não exige um solo específico para cultivo e necessita apenas de quantidades de chuvas acima de 1.200 milímetros anuais.

Por enquanto, para a FS Fueling Sustainability, os 12 mil hectares plantados de bambu, que tem duração média de 50 anos, são suficientes para fomentar de 25% a 30% da matriz de biomassa. Por isso, não há planos de expansão para a receita adotada, que por ora está equilibrada. No entanto, a empresa quer se tornar a primeira usina a produzir etanol de milho carbono negativo, e manter a geração de energia de biomassa a partir do bambu é um começo promissor.

O cultivo do bambu vai crescer no Brasil
Quanto ao potencial do bambu para a indústria, não será necessário esperar a virada do próximo milênio para que ele seja reconhecido. O plano estratégico para o setor no Brasil prevê um aumento de 20% na área de cultivo até 2026 e a meta de alcançar 12 milhões de hectares sob manejo sustentável até 2035, segundo dados da INBAR.

Para Korte, a produção da espécie asiática no Brasil deve crescer nos próximos anos, impulsionada pela mecanização da colheita, o custo de produção mais barato e as inúmeras possibilidades de uso. “O Brasil é considerado o país com maior potencial de fornecimento de fibra de bambu. Na China, a produção ainda é muito manual. Desse jeito, vamos exportar para lá”, afirma.

Korte já deu o primeiro passo. Em dezembro, ele enviou para a China amostras genômicas de oito espécies de bambu para serem estudadas em um projeto de substituição de plástico naquele país. Esse passo é importante, mas ele ressalta que o foco precisa ser, primeiro, o mercado interno, principalmente para atender o setor de energia de biomassa e de construção sustentável.

Segundo Korte, esse é um caminho sem volta. “Em função do desenvolvimento de tecnologia na colheita, há cada vez mais empresas interessadas nessa matéria-prima. O bambu vai deslanchar”, afirma.

Informações: Forbes.

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Brasil contará com US$ 247 milhões para restauração florestal e soluções baseadas na natureza

Desse montante, US$ 100 milhões serão direcionados ao setor privado para financiar projetos de restauração na Amazônia e no cerrado

O Brasil contará com um total de US$ 247 milhões em investimentos para
promover a restauração orestal e ampliar o uso de soluções baseadas na natureza
no país. O Plano de Investimento do Programa Natureza, Povos e Clima (NPC) dos
Fundos de Investimento Climático ( Climate Investment Funds – CIF) foi aprovado
na quinta-feira, 27/2, durante reunião do Comitê do Fundo.

O plano prevê US$ 47 milhões em recursos reembolsáveis do CIF, combinados com
US$ 100 milhões do Fundo Clima, via Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), e US$ 100 milhões do Banco Mundial, que serão
direcionados ao setor privado para nanciar projetos de restauração na Amazônia e
no cerrado.

O Programa NPC do CIF apoia o desenvolvimento de soluções baseadas na
natureza para o enfrentamento das mudanças climáticas, promovendo a
restauração de ecossistemas e o fortalecimento da resiliência das populações
rurais. Com um orçamento global de US$ 400 milhões, o programa reconhece aprograma reconhece a interdependência entre o uso da terra, a crise climática e os meios de subsistência
das comunidades, incentivando países a implementarem projetos que combinam mitigação e adaptação de forma integrada.

A Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, no papel de
ponto focal do CIF no Brasil, coordenou a elaboração do Plano de Investimento
brasileiro e a articulação entre os atores envolvidos. O desenvolvimento do plano
foi liderado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), como ponto focal técnico do NPC
Brasil, e contou com a participação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do
Clima (MMA), BNDES, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).

O plano brasileiro será implementado pelo BNDES, que concederá crédito ao setor
privado para impulsionar investimentos em restauração orestal e cadeias
produtivas sustentáveis. O objetivo é transformar áreas degradadas da bacia do
Tocantins-Araguaia, conhecida como Arco do Desmatamento, em um novo Arco
da Restauração, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito
estufa, recuperação da vegetação nativa e criação de novas oportunidades
econômicas.

O Plano prevê a restauração de 54 mil hectares de orestas, com impacto estimado
na redução de até 7,75 milhões de toneladas de CO₂ e a geração de até 21 mil
empregos diretos e indiretos.

O subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério
da Fazenda, Ivan Oliveira, celebrou a aprovação do Plano de Investimento e
destacou sua importância para o avanço da restauração florestal no Brasil.

“A restauração de ecossistemas degradados é uma das estratégias fundamentais
para enfrentarmos a crise climática e fortalecer a resiliência dos territórios e das
comunidades. Com esse plano, estamos viabilizando um modelo inovador de
nanciamento, que reduz o custo do capital, aumenta a escala e incentiva o setor
privado a atuar como protagonista na recuperação ambiental do país”, armou.

O NPC Brasil é o primeiro Plano de Investimento aprovado no âmbito do Fundo
Climático Estratégico (SCF) do CIF com 100% de foco no setor privado. Esse modelo
inovador utiliza nanciamento misto ( blended nance ) para alavancar
investimentos em restauração e incentivar a participação de empresas em
iniciativas de recuperação ambiental. Além de reduzir custos nanceiros para os
tomadores de crédito, o programa fomentará o desenvolvimento de cadeias produtivas ligadas à restauração, gerando empregos e renda para comunidades

Adicionalmente, pela primeira vez, o CIF direcionará recursos para investimentos
na Amazônia brasileira, ampliando sua atuação no país e alinhando-se às políticas
nacionais, como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg).

A versão aprovada pelo Fundo passou por consulta pública, garantindo um
processo inclusivo e colaborativo nesta iniciativa fundamental para o avanço das
soluções baseadas na natureza no Brasil.

Com a aprovação do Plano de Investimento, o Brasil tem agora um prazo de 18
meses para desenvolver o plano de implementação e detalhar os projetos que
serão desenvolvidos no âmbito do NPC.

Informações: Agora MT.

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Expedição de papelão ondulado totaliza 335.067 toneladas em janeiro de 2025

O Boletim Estatístico Mensal da EMPAPEL aponta que o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO)
caiu 1,2% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, para 149,2 pontos
(2005=100).

Em termos de volume, a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado alcançou
de 335.067 toneladas no mês.

Por dia útil, o volume de expedição foi de 12.887 toneladas, uma queda de 1,2% na comparação
interanual, em que janeiro de 2025 registrou a mesma quantidade de dias que em 2024 (26 dias
úteis).

Nos dados livres de influência sazonal, o Boletim Mensal de janeiro registrou queda de 0,3% no
IBPO, para 153,9 pontos, equivalentes a 344.740 toneladas.

Informações: EMPAPEL / Imagem: divulgação.

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Fábrica de celulose garante investimentos de R$ 85 mi para o município de Inocência (MS)

A Arauco anunciou um investimento de R$ 85 milhões dentro do Plano Estratégico Socioambiental (PES), um modelo de governança compartilhada que une a iniciativa privada, a sociedade civil e autoridades municipais e estaduais. O objetivo é garantir um desenvolvimento planejado e transparente para Inocência com melhorias estruturais em diversas áreas essenciais.

O PES está organizado em nove eixos estratégicos: Saúde, Segurança Pública, Assistência Social, Educação, Economia, Trabalho e Renda, Transporte, Saneamento, Habitação e Ordenamento Territorial e Conservação Ambiental. Cada setor receberá investimentos e ações planejadas em conjunto com a administração municipal e estadual.

Saúde

No setor da saúde, os recursos serão utilizados na construção de um novo Hospital Municipal, com 20 leitos e 2.450 m² de área construída. Além disso, haverá capacitação de profissionais de emergência e implantação da Área Vermelha para atendimentos emergenciais no hospital já existente.

Segurança Pública

A Arauco também investirá na construção das novas sedes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, além da aquisição de novas viaturas para as forças de segurança do município.

Assistência Social

Na Assistência Social, estão previstos investimentos na ampliação do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e na construção de um novo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Também será criada uma Casa de Passagem para acolhimento temporário de população em situação de vulnerabilidade.

Educação
A companhia destinará 100 bolsas de estudo para alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede privada, além de financiar cursos de capacitação para professores. A Escola Olivalto Elias da Silva será reformada e ampliada, e serão adquiridos um micro-ônibus escolar e equipamentos para laboratórios educacionais.

Economia, Trabalho e Renda
A Arauco será responsável pela estruturação de capacitação profissional para moradores de Inocência, criando oportunidades de emprego na futura fábrica e em empresas parceiras. O Senai já formou cerca de 100 trabalhadores em cursos técnicos. Outra parceria é com o Sebrae/MS, que capacita empreendedores locais por meio do programa “Conexão Arauco”.

Saneamento e Habitação

O investimento na infraestrutura sanitária incluirá estudos sobre gestão de resíduos sólidos e melhorias no sistema de esgoto da cidade. Em habitação, a empresa apoiará a construção de moradias para colaboradores, além de intermediar a adesão do município a programas habitacionais federais e estaduais.

Ordenamento Territorial e Conservação Ambiental

A Arauco também apoiará o planejamento urbano do município, colaborando na elaboração do Plano Diretor e revitalizando o Parque do Povo. Além disso, será instalada uma estação meteorológica para monitoramento ambiental.

O impacto do Projeto Sucuriú

O Projeto Sucuriú, que marca a entrada da Arauco no setor de celulose no Brasil, tem um investimento total de US$ 4,6 bilhões e prevê a geração de mais de 14 mil empregos durante a construção da fábrica. Após o início das operações, serão cerca de 6 mil postos de trabalho permanentes. O projeto ainda incluirá a geração de energia sustentável, com capacidade de produção de 400 megawatts (MW), dos quais 200 MW serão comercializados para o sistema elétrico nacional.

Informações: RCN67.

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