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Pesquisa revela 60 novas espécies de insetos no Brasil

Os psilídeos, conhecidos popularmente como “piolhos-de-planta saltadores”, desempenham papéis importantes nos ecossistemas

Uma pesquisa recente realizada pela Embrapa, em parceria com cientistas internacionais, identificou 60 novas espécies de insetos em diversos biomas do Brasil, como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado.

O estudo, publicado na revista Zootaxa, amplia o conhecimento sobre esse grupo de insetos e destaca a importância de ações voltadas à conservação da biodiversidade.

Novas espécies de insetos

Novas espécies de insetos
Foto: Divulgação/Embrapa

Os psilídeos, conhecidos popularmente como “piolhos-de-planta saltadores”, desempenham papéis importantes nos ecossistemas. Algumas espécies são utilizadas para o controle de plantas invasoras, enquanto outras podem servir como indicadores da qualidade ambiental ou até serem incluídas em listas de espécies ameaçadas.

Com as novas descobertas, o Brasil se consolida como um dos principais focos de diversidade dessa família de insetos na América do Sul.

O estudo, que se estendeu por mais de dez anos, envolveu a coleta de amostras em cerca de 50 unidades de conservação espalhadas por 15 estados brasileiros, entre 2011 e 2021.

A pesquisa utilizou técnicas avançadas de identificação, como sequenciamento genético e análise detalhada da morfologia dos insetos. A equipe conseguiu identificar uma nova espécie de Klyveria e 59 novas espécies de Melanastera, o que revela uma biodiversidade muito mais rica do que se imaginava.

Insetos no Brasil
Foto: Divulgação/Embrapa

Os psilídeos são insetos pertencentes à superfamília Psylloidea (Hemiptera), que inclui sete famílias e mais de 4.000 espécies descritas mundialmente. Muitas vezes confundidos com pulgões, os psilídeos se diferenciam por suas patas adaptadas para saltar e pelo exoesqueleto mais robusto, rico em quitina, o que lhes confere maior resistência.

Algumas espécies desses insetos, como o psilídeo da erva-mate (Gyropsylla spegazziniana), são pragas nativas, enquanto outras, como Diaphorina citri e Ctenarytaina spatulata, foram introduzidas no país nos últimos anos.

A descoberta dessas novas espécies sublinha o potencial ainda pouco explorado da biodiversidade brasileira e ressalta a necessidade de investimentos em pesquisa e conservação.

A pesquisadora Dalva Queiroz, da Embrapa Florestas, destaca que cada nova espécie descoberta contribui para uma compreensão mais aprofundada dos ecossistemas e da importância de proteger o patrimônio natural do Brasil.

Informações: AGRO2.

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Dia de Campo CV apresentou resultados da ILPF com eucalipto

Evento reuniu cerca de 250 participantes na Fazenda Campina, em Caiuá (SP)

No dia 13 março, a Fazenda Campina, localizada no município de Caiuá (SP), foi palco da 10ª edição do Dia de Campo Nelore Mocho CV, um evento que evidenciou os resultados da implementação do sistema agrossilvipastoril ILPF com eucalipto. Cerca de 250 participantes receberam orientações técnicas para otimizar a produção por meio de manejos corretos, sem a necessidade de expansão de áreas.

O encontro, organizado pela Embrapa e Rede ILPF, reuniu um público diversificado, incluindo produtores rurais, pesquisadores, técnicos e estudantes de Ciências Agrárias. Também esteve presente o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai. Em seu pronunciamento, ele destacou a importância da ILPF para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e para a ampliação da capacidade do setor em produzir alimentos para a população.

Em pouco mais de uma década, a Fazenda Campina elevou seu padrão produtivo ao adotar, inicialmente, a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e, posteriormente, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), com a inclusão do componente florestal. A propriedade optou pelo eucalipto devido ao seu rápido crescimento, complementando outras espécies arbóreas que, embora de crescimento mais lento, produzem madeira nobre de alto valor agregado.

O dia de campo destacou a importância da ILPF no sistema agrossilvipastoril estabelecido há uma década em uma área de 60 hectares, demonstrando a viabilidade e os benefícios desse sistema, os diversos arranjos (linhas simples, duplas, triplas e quádruplas) e diferentes genótipos de eucalipto.

Iniciando com uma palestra do presidente do Conselho de Administração da Cocamar, Luiz Lourenço, o encontro destacou a importância das parcerias para a expansão dos sistemas ILPF. Em seguida, os participantes foram divididos em grupos para visitar três estações temáticas, distribuídas em diferentes áreas da fazenda.

Nas estações, foram abordados temas como “Cultivares forrageiras e recuperação de pastagens em sistema ILPF”, “Alternativas de mercado e produção de madeira em sistema ILPF” e “Bem-estar animal e conforto térmico em sistema ILPF”, apresentados por empresas parceiras do Grupo Nelore Mocho CV.

Luiz Adriano Maia Cordeiro, pesquisador da Embrapa Cerrados, destacou a excelente organização do evento, que contou com o forte apoio das empresas parceiras da Rede ILPF. Ele também enfatizou a importância da abordagem sobre o componente florestal nos sistemas de integração. “Para a Embrapa, foi gratificante acompanhar o processo de implementação dos sistemas ILP e ILPF na Fazenda Campina, onde observamos uma evolução notável na produtividade vegetal e animal”, afirma.

O titular da Nelore Mocho CV, Carlos Viacava, explica que é motivo de grande orgulho ver a propriedade se transformar ao longo de uma década, desde a implementação da ILP até a adoção da ILPF com eucalipto. “A floresta é importante para o bem-estar e, consequentemente, para melhor desempenho dos animais. Por isso, acreditamos que a integração lavoura-pecuária-floresta é o futuro da produção sustentável, e o evento foi uma prova disso”, ressalta.

“Agradecemos a todos que estiveram presentes, e aos nossos parceiros, que tornaram este dia inesquecível. Estamos ansiosos para continuar compartilhando nossos resultados e contribuindo para o desenvolvimento da pecuária brasileira”, finaliza Viacava.

O evento contou com as parcerias da Embrapa, Rede ILPF, Cocamar, John Deere, Unoeste, SOESP, Bradesco, Minerva Foods, Suzano, Syngenta e Timac Agro.

Informações: Notícias Agrícolas.

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Primeira colhedora de erva-mate no Brasil e os desafios no Rio Grande do Sul

Foi demonstrado nesta terça, 19, em Espumoso/RS, em Tarde de Campo na propriedade “Ervais do Futuro” de Ilo dos Santos, com a presença de parcerias, técnicos e produtores rurais. A região do Alto Uruguai também se fez presente através do Engº Agrº Valdir Zonin, supervisor regional da EMATER/RS-Ascar que também representou a ASPEMATE e do empresário Loreni Galon da Associação INDUMATE.

Projeto esse, com a finalidade de atender aos mercados do chá-mate e erva-mate para chimarrão, conta com as parcerias técnicas da Embrapa Florestas, Emater e Equipe Técnica da propriedade, além das parcerias do município. A produção própria é cultivada com 10 materiais genéticos da Embrapa, em sistemas adensados 0,50 m x 0,30m (para chás) e no sistema convencional 3,0m x 1,5m para o mercado convencional. Todo o cultivo possui irrigação por gotejamento.

Essa inovação tecnológica da colheita mecanizada já é bem difundida nos ervais da Argentina, no entanto é a primeira máquina a colher erva-mate em território brasileiro. “Traz benefícios como a rapidez na colheita, redução da mão de obra (tarefa) que hoje é escassa e de elevado custo em nossa região do Alto Uruguai. Por outro lado, são máquinas de alto custo, já que são importadas e com taxas e impostos de importação bastante elevados. Ainda não temos tecnologia gaúcha ou brasileira para colhedoras de erva-mate”, pontua Valdir Zonin.

Para o futuro da erva-mate gaúcha e no Alto Uruguai tem três grandes desafios:

1º – melhorar a organização do sistema da colheita, fazendo com que aumente a oferta de equipes de tarefa, as quais estejam organizadas no sentido de atender a demanda dos produtores, bem como as demandas legais sociais, trabalhistas, etc.;

2º – em caso de não atendermos a este primeiro desafio, nos resta o segundo, que é aperfeiçoar tecnologias gaúchas, ou de SC e PR, no sentido de adaptarmos tratores agrícolas traçados com plataformas de colheita de erva-mate, reduzindo seus custos, principalmente o de importação;

3º – na região, a colheita predominante é terceirizada, ou seja, o produtor vende a erva-mate não para a indústria, mas sim para o “atravessador”, o qual possui transporte e suas equipes de tarefa. Porém, em muitos casos, a margem de intermediação acaba sendo grande demais e o produtor recebendo muito pouco. Isto faz com que muitos ervais sejam erradicados e substituídos por culturas como a soja.  Isso não é bom para a cadeia produtiva, nem para as economias locais, reduzindo um ciclo importante que envolve: semente, mudas, plantios, tratos culturais, tarefa de colheita, transporte, indústria e comércio.

Informações: Jornal Bom Dia.

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Medir a área basal dos troncos ajuda a melhorar o manejo de sistemas silvipastoris

Um estudo publicado na revista internacional Agroforestry Systems por pesquisadores da Embrapa destaca a área basal das árvores como um indicador estratégico para o manejo de componentes florestais em sistemas silvipastoris. A pesquisa ressalta a importância e os desafios dos sistemas integrados, fornecendo insights sobre como otimizar a densidade de árvores para maximizar a produção de madeira e pastagem, além de promover benefícios ambientais e bem-estar animal.

A área basal, que mede a ocupação florestal por meio da quantificação da área da seção transversal dos troncos das árvores por hectare, é uma métrica central para equilibrar a produção agrícola e a sustentabilidade na combinação de árvores e pastagem. De acordo com o primeiro autor do artigo, o pesquisador José Ricardo Pezzopane, da Embrapa Pecuária Sudeste, uma área basal bem gerenciada pode melhorar significativamente a produtividade da pastagem e das árvores, além de proporcionar benefícios ecológicos.

Os resultados de diversos experimentos em longo prazo mostraram que existe uma relação entre a transmissão da luz pelas árvores e a produção do pasto, assim como uma relação entre a área basal das árvores e a transmissão de luz, indicando a área basal ideal para a uma produção equilibrada no sistema silvipastoril.

O valor da área basal para manter o equilíbrio de todos os componentes do sistema foi de 8 m2 por hectare, permitindo a produção de pastagem em níveis semelhantes ao sistema a pleno sol. O crescimento das árvores também foi otimizado com essa área basal. Esse fato pode contribuir para a conservação do solo, aumento da biodiversidade e sequestro de carbono, essenciais para a mitigação das mudanças climáticas, tão presentes em todo o mundo, afetando todo tipo de vida na terra.

Segundo Pezzopane, há ainda benefícios para o bem-estar animal. “O gado em áreas com uma densidade de árvores equilibrada apresentou melhor ganho de peso e de indicadores de saúde devido à redução do estresse térmico e a um ambiente mais confortável”, explica.

A pesquisa oferece diretrizes práticas para agricultores e gestores florestais, sugerindo o monitoramento contínuo da área basal e a adaptação das práticas de manejo às condições específicas de cada local. O pesquisador Valdemir Laura, da Embrapa Gado de Corte (MS) um dos coautores do artigo, reforça que, mesmo alterando o número de árvores por hectare ou a espécie de eucalipto, o valor da área basal não muda, é uma referência segura. Os dados de longo prazo são essenciais para entender as dinâmicas desses sistemas e garantir a sustentabilidade.

No artigo, os pesquisadores defendem que políticas públicas devem incentivar essas práticas de manejo que promovam o uso sustentável das propriedades rurais. “Deve-se incluir subsídios para a implementação de monitoramento da área basal e outras práticas, além de programas de educação e capacitação para pecuaristas e gestores florestais”, recomenda Pezzopane.

Sistemas silvipastoris

Foto: Gisele Rosso

Integrar árvores e pastagem em um mesmo espaço oferece uma série de benefícios econômicos, ecológicos e sociais. Os produtores conseguem melhorar a produtividade agropecuária ao proporcionar sombra e abrigo para o gado, além de conservarem o solo, a biodiversidade e a água. Outra vantagem é o sequestro de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. O estudo ainda está alinhado às metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, como a meta 13, de combate às mudanças no clima.

Desafios

Um dos principais desafios que o agropecuarista vai enfrentar é manter o equilíbrio da densidade de árvores com a produtividade da pastagem. “Se a densidade de árvores for muito alta, pode haver competição excessiva por recursos como luz, água e nutrientes, reduzindo a produtividade da pastagem. Por outro lado, uma densidade muito baixa pode não fornecer benefícios suficientes para o solo e ao microclima”, detalha Pezzopane.

Para solucionar esse desafio, a área basal é apresentada como um indicador essencial e uma ferramenta de manejo para o produtor maximizar a produção tanto de madeira quanto de pastagem, mantendo a conservação do solo, a biodiversidade e o sequestro de carbono.

Isso resolve também a prática do desbaste, que é a retirada de árvores a fim de evitar a competição entre as árvores, geralmente realizada a partir do sexto ano de plantio. Entretanto, o uso de mão-de-obra especializada dificulta a sua adoção, assim como a finalidade final das árvores para compensar o investimento.

Metodologia

Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Canchim sede da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), área de Mata Atlântica, e na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS), no Cerrado, com sistemas silvipastoris com árvores dos gêneros Eucalyptus e Corymbia, com diferentes práticas de manejo e condições ambientais. Isso permitiu uma análise abrangente e comparativa dos efeitos da área basal em diferentes contextos.

Os experimentos englobam medições de produção de forragem e transmissão de radiação solar pelas árvores em sistemas silvipastoris com densidades de árvores que variaram de 83 a 357 árvores por hectare. Diferentes espécies foram utilizadas para avaliar a aplicabilidade geral dos resultados, incluindo materiais clonais de eucalipto Urograndis e de Corymbia citriodora, comuns em sistemas silvipastoris.

Os locais foram escolhidos com base na representatividade das principais regiões silvipastoris, variando em clima, tipo de solo e práticas agrícolas. A coleta de dados foi realizada periodicamente no decorrer dos experimentos, abrangendo sistemas silvipastoris com até nove anos de coleta de dados.

Foto: José Pezzopane

Resultados

Há uma área basal ideal para a manutenção produtiva das pastagens no sistema silvipastoril, no qual a densidade de árvores maximiza a produção de madeira sem comprometer a produtividade da pastagem. Quando a área basal ultrapassa um certo limite, a competição por recursos como luz, água e nutrientes se intensificava, resultando em um crescimento reduzido das árvores e da pastagem.

Nesse trabalho, considerando dados de pesquisas em conjunto dos experimentos de São Carlos e Campo Grande, o valor da área basal obtido para essa maximização da produção do sistema foi de 8 m2 por hectare. Esse valor está associado à transmissão de radiação solar pelas árvores na faixa de 70%, o que permite produção de pastagem em níveis semelhantes ao sistema a pleno sol.

O crescimento das árvores, medindo-se altura, diâmetro do tronco e volume de madeira, foi positivamente correlacionado com uma área basal otimizada. A produtividade da pastagem foi significativamente influenciada pela densidade de árvores.

Nos experimentos que contém maior quantidade de árvores por hectare e consequentemente maior valor de área basal mostraram efeito negativo na produção de pastagem. Isso ocorreu em São Carlos e Campo Grande com densidade maiores que 333 árvores por hectare e antes de se fazer o desbaste. Por outro lado, quando realizado o desbaste, com diminuição da densidade de árvores e uma basal intermediária, ocorreu a maior produção de biomassa da pastagem. A qualidade da forragem, medida pelo conteúdo de nutrientes e digestibilidade, também foi afetada pela área basal. Pastagens em áreas com uma densidade de árvores bem equilibrada mostraram melhor qualidade nutricional.

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Embrapa lança Ater+ Digital da ILPF; saiba mais

Para esclarecer ainda mais sobre a estratégia de produção chamada Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), suas particularidades regionais e fornecer informações e apoio ao produtor específicas para a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), a Embrapa desenvolveu o Ater + Digital da ILPF.

O espaço é projetado para apoiar produtores, extensionistas rurais e o público em geral interessado nesse tema. O Ater+ Digital da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é um canal de informações e de conteúdo sobre ILPF.

Mais conhecimento ao alcance e na palma da mão

Muitos dos conteúdos apresentados no canal podem ser compartilhados, o que amplia a rede de conhecimento e informação sobre o tema. Então, compartilhe o conteúdo e contribua com a promoção da ILPF no país.

Conheça o canal Ater+ Digital da ILPF clicando no link:

https://www.atermaisdigital.cnptia.embrapa.br/web/ilpf
 


 

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Embrapa Agrossilvipastoril lança plataforma de ILPF para apoio à extensão rural

A Embrapa Agrossilvipastoril apresenta, na sexta-feira (30/08), a plataforma Ater+ Digital de ILPF. Esta é uma iniciativa que integra o projeto nacional Ater+ Digital voltado ao apoio às atividades de extensão rural no Brasil. O ato de lançamento está programado para as 15h, no auditório do centro de pesquisa, compondo a programação de encerramento da Caravana ILPF em Mato Grosso.

O ambiente digital pode ser acessado em https://www.atermaisdigital.cnptia.embrapa.br/web/ilpf. Inicialmente chamado de HUB ILPF, ele disponibiliza informações técnicas sobre sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. O conteúdo reunido busca apoiar os profissionais de assistência técnica e produtores rurais no planejamento, implantação e na condução desses sistemas de integração nas diferentes regiões do país. A construção se deu por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) celebrado junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no fim de 2022.

“Foram dezoito meses de trabalho até se chegar à fase de lançamento do HUB ILPF e ao produto que entregamos à sociedade. Uma ação que envolveu diferentes etapas, a começar pela curadoria de conteúdo técnico-científico junto às bases de dados e pesquisas da Embrapa, a organização e concepção do projeto, a posterior construção e adaptação de material para uma linguagem compreensível aos diferentes públicos, até, propriamente, chegarmos ao ato de elaboração e montagem do ambiente virtual”, explicou Laurimar Vendrusculo, chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril e coordenadora geral do projeto.

O trabalho reúne um vasto acervo com conteúdo e informações em diferentes formatos sobre os sistemas produtivos. Vão desde textos, vídeos, podcasts, publicações temáticas, espaço com soluções para o produtor e o técnico, além de conteúdo multimídia em formato webstory.

O Ater+ Digital de ILPF foi organizado para apresentar uma sequência de informações e conteúdos por agrupamentos. Por exemplo, “Integração-Lavoura-Pecuária (ILP)”, sendo possível encontrar “Estratégias de uso” e “Como começar a ILP”; “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)”, indo de “Conduções e Ajustes” até “Como começar a ILPF”. Na parte de “Manejo” estão reunidos trabalhos técnicos, textos, vídeos e áudios sobre “Plantas Daninhas”, “Pragas e Doenças” relativos aos componentes animal, vegetal e florestal, “Sanidade Animal”, além de “Pastagem”. Também há uma série de conteúdos regionalizados sobre as recomendações para as cinco regiões brasileiras. A plataforma também traz “Avaliação Econômica” em ILPF, apresentando aos leitores pontos importantes sobre o que levar em conta para realizar a avaliação econômica na ILPF. Outros conteúdos também são disponibilizados: cursos, ferramentas para uso no dia a dia no campo, seção de perguntas e respostas e muito mais.

Para assegurar o êxito quanto ao uso e navegação por parte do usuário, a plataforma de Ater+ Digital de ILPF passou por testes conduzidos pelo Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Agrossilvipastoril junto a parceiros institucionais da empresa, como a UFMT campus de Sinop, e o Grupo de Estudo em Pecuária Integrada (Gepi), bem como profissionais de assistência técnica e extensão rural pública e privada de Mato Grosso e de outros estados, que aceitaram participar da avaliação de usabilidade.

O jornalista Gabriel Faria, supervisor do projeto, destaca a importância dos testes para garantir que todo o ambiente virtual seja experienciado da forma mais real possível. “Os testes realizados se mostraram positivos para verificarmos a percepção de diferentes agentes, técnicos e profissionais que, no dia a dia, terão a plataforma como uma ferramenta de apoio em suas atividades. O feedback do público também nos indicou pontos de melhoria e ajustes que já foram feitos antes da disponibilização ao público”, destacou Gabriel.

O trabalho de construção da plataforma ATER + Digital de ILPF foi executado pelo jornalista e bolsista de apoio à inovação Leandro Nascimento.

Assistência Técnica

Além do tema ILPF, o projeto Ater + Digital também já disponibilizou conteúdo de Apicultura, Caprinos e Ovinos, Feijão, Feijão-Caupi, Mudanças Climáticas, Nutrição e Saúde e Sistemas Agroflorestais. A organização dessas páginas, com informações em linguagem objetiva e simples, envolve equipes de diferentes Unidades da Embrapa e instituições parceiras. Hubs com conteúdo sobre outras cadeias produtivas já estão em desenvolvimento, com previsão de lançamento ainda este ano.
 
Para navegar pelos Hubs do projeto Ater+ Digital é possível acessar o site https://www.atermaisdigital.cnptia.embrapa.br/  tanto por dispositivos móveis ou pelo próprio computador. Há, ainda, um canal exclusivo no WhatsApp para compartilhamento de informações e novidades sobre os hubs. Para participar, clique aqui.

Parcerias

A construção dos primeiros hubs temáticos, já disponíveis, envolveu a participação de equipes das Unidades Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Agroindústria de Alimentos, Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Caprinos e Ovinos, Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Meio-Norte.

Também participam da iniciativa o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura e Pecuária, Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária (Asbraer) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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Manhã de Campo na Embrapa apresenta pesquisas de ILPF para o bioma Pampa

O projeto conta com a participação das Unidades da Embrapa Pecuária Sul, Clima Temperado, Trigo, Agrobiologia e Meio Ambiente

A Embrapa e a Associação de Agricultores da Região da Campanha (Agricampanha) promovem no próximo dia 17 uma Manhã de Campo sobre o Projeto Integra Pampa.

O evento será realizado nos campos experimentais da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), com início às 8 horas – acesso pela BR 293, próximo a Polícia Rodoviária Federal.

O projeto Integra Pampa tem como objetivo principal avaliar os melhores arranjos para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no bioma Pampa, a partir de diferentes desenhos envolvendo a produção de grãos, carne e madeira.

Os experimentos estão sendo realizados em uma área de pouco mais de 300 hectares e posteriormente serão validados em unidades de referência tecnológica e unidades demonstrativas em áreas de associados da Agricampanha.

O projeto conta com a participação das Unidades da Embrapa Pecuária Sul, Clima Temperado, Trigo, Agrobiologia e Meio Ambiente.

Para o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Naylor Perez, coordenador do projeto, um dos grandes diferenciais da iniciativa é a possibilidade de realizar experimentos de campo de ILPF em uma escala compatível com empreendimentos comerciais.

Na programação está prevista a apresentação de resultados desde o início do projeto, como o uso de diferentes cultivares de grãos e forrageiras, produção agrícola e pecuária nesse tipo de sistema, entre outros temas.

Confira a programação:

8h – Inscrições e Café

8h30 às 10h30 – Estações

Estação 1: Avaliação de genótipos de trigo e controle de plantas daninhas em sistema de integração Lavoura-Pecuária;

Estação 2: Ensaios com soja em sistema de integração Lavoura-Pecuária;

Estação 3: Produção animal em sistema de integração Lavoura-Pecuária;

Estação 4: Sistema agrícola: a palavra do produtor;

Estação 5: Perspectivas da meteorologia para a próxima safra.

Mercado Pecuário

Quer mais análises sobre o mercado do boi gordo? Acompanhe o programa Mercado Pecuáriotoda quarta-feira no DBO Play. Apesentado pela jornalista Juliana Camargo, o programa é uma referência para o pecuarista que quer se manter atualizado sobre os principais assuntos que cercam o setor.

E-DBO

Chegou o e-DBO, o novo canal de conteúdo digital da DBO, tradicional referência jornalística em pecuária de corte do Brasil. Confira uma série de e-books sobre temas essenciais para a gestão e desenvolvimento das  fazendas, produzidos a partir de coletâneas de reportagens de cunho técnico publicadas na Revista DBO e de conteúdos exclusivos elaborados especialmente para esse canal.

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Embrapa termina primeiro ciclo do maior experimento brasileiro em sistemas ILPF

Pesquisa que demorou 12 anos aponta benefícios do ILPF na produção de gado e madeira

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agrossilvipastoril terminaram o primeiro ciclo do que é considerado o maior experimento brasileiro em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Após 12 anos, o estudo aponta as potencialidades da adoção do sistema ILPF, especialmente, na criação de gado e produção de madeira. 

O experimento foi feito em Sinop (MT) em uma área de 72 hectares. A área foi dividida em  diferentes tipos de integração, além de uma parte só com monoculturas. A estimativa é que nesses anos de experiência o espaço gere 3,568,33 metros cúbicos de madeira, que poderão ser vendidas a um valor de R$ 514 mil.  

Quem esteve à frente dos estudos foi o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Maurel Behling. Segundo ele, pesquisas anteriores sobre o sistema acabavam sendo contestadas por não seguirem todas as orientações dos métodos científicos. O experimento conduzido por ele e a equipe se diferencia por seguir todos esses critérios. 

“Já existiam muitas experiências com ILPF, mas elas tinham algumas limitações com relação ao respaldo científico. O experimento que tocamos foi feito dentro do rigor estatístico para poder respaldar esses resultados encontrados anteriormente”, enfatiza Behling ao Agro Estadão. 

Terminado o primeiro ciclo com a colheita das árvores, a intenção da Embrapa é continuar com os experimentos, porém com mescla de outra variedade para o cultivo florestal, a teca. Essa árvore tem mais valor no mercado devido ao uso em móveis, porém tem outros aspectos como a diminuição da sombra no período seco e o tempo de maturação, que pode ultrapassar os 20 anos.  

Ganhos para a pecuária

A pesquisa mostrou um aumento de produtividade significativo para a pecuária. Com o sombreamento, o bem estar dos animais foi elevado e isso impactou diretamente no ganho de peso. “Enquanto a média de [ganho de peso] em Mato Grosso na época em que foi concebido o experimento era de quatro arrobas por hectare ano e, nacional, em torno de cinco arrobas por hectare ano, com as integrações conseguimos chegar a até 42 arrobas por hectare ano”, conta o pesquisador. 

Além disso, outros resultados foram confirmados pela pesquisa como:

  • Precocidade no ciclo reprodutivo (quanto mais cedo as fêmeas amadurecem, mas rápido é o ciclo pecuário); 
  • Redução no consumo de água por parte dos bovinos;
  • Melhor peso dos bezerros no período de desmame;
  • Possibilidade de alcançar mercados que exigem carne de baixo carbono.

Outras vantagens

O experimento também constatou outros benefícios com a adoção do sistema ILPF. Um dos destaques que Behling aponta é a minimização dos riscos da atividade agropecuária. Além de ser um sistema de produção mais resilientes às situações cada vez mais frequentes de estiagem, essa forma permite ao produtor diferentes formas de renda. 

“Um ponto interessante é que quando a gente faz essas integrações, o produtor minimiza os riscos diante dessas incertezas, porque aí ele diversifica as suas atividades e receitas e traz uma maior segurança”, acrescentou.

Behling também elencou mais pontos de vantagem do ILPF:

  • Aumento da taxa de infiltração da água no solo;
  • Menor perda de nutrientes;
  • Aumento dos estoques de carbono, seja pela parte aérea das árvores (galhos, folhas e caule) seja pela enterrada (raízes).

Cuidados com implementação da integração lavoura-floresta

Apesar dos bons resultados para o sistema que integra pecuária e floresta, na integração lavoura-floresta o manejo pode ser o diferencial. A pesquisa confirmou o que a cartilha do sistema ILPF preconiza, no qual o momento ideal para a entrada da cultura de grãos é o período inicial, até dois a três anos. 

Porém, como observa Behling, as sombras influenciam posteriormente. “Não tem ganho [de produtividade], como a gente vê na pecuária, porque, realmente, tem o impacto da sombra, que para os grãos é mais expressivo”, afirma o pesquisador. 

Ele também cita um exemplo de quando é possível reincorporar a lavoura dentro do sistema. Quando o pasto precisa passar por algum tipo de reforma, é possível utilizar o espaço para a plantação de algum grão. Porém, para que a lavoura tenha uma produtividade dentro dos padrões normais, um manejo florestal, com a poda das copas, é necessário. 

“Na lavoura, com manejo adequado, o que a gente consegue é retomar patamares [de produtividade] semelhantes à cultura a pleno sol”, complementa.

“Não tem uma receita de bolo”

O pesquisador destaca ainda que esse sistema tem crescido no Brasil, e um reflexo disso é que já não é tão complicado encontrar profissionais com a expertise para fazer o acompanhamento técnico ou implementação do sistema ILPF. Porém, ele lembra que cada propriedade tem suas particularidades e o modelo precisa ser adaptado para essas condições.

“Não tem uma receita de bolo. É preciso ver as características da propriedade antes de fazer uma definição”, diz Behling. “Além disso, a primeira pergunta que tem que ser respondida é qual a finalidade da parte florestal, o mercado que vai ser atendido. Porque isso está atrelado a como essa madeira vai ser colhida lá no final”, orienta. 

Isso também vai impactar a escolha da espécie florestal para ser utilizada. No eucalipto, por exemplo, quando destinado para biomassa de caldeiras ou para celulose, o ciclo de corte é de seis a sete anos. Já se for para uso moveleiro, exige mais tempo, 12 anos no mínimo. Além disso, uma alternativa para pequenos produtores é o uso de algumas espécies que não sejam cortadas posteriormente, mas que gerem uma receita anual, como o pequi e o baru, no Cerrado.

Informações: Agro Estadão.

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Sinop: Embrapa divulga resultados após 12 anos de pesquisa em sistemas lavoura-pecuária-floresta

A Embrapa Agrossilvipastoril está fechando o primeiro ciclo de 12 anos do maior experimento do mundo com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), em Sinop (MT). As pesquisas trouxeram resultados que ajudam a fazer recomendações sobre uso do componente arbóreo nesses sistemas produtivos.

Segundo levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a estratégia de uso das árvores em sistemas de integração varia entre as propriedades, conforme o interesse do produtor. Fatores como destinação da madeira, mercado consumidor, forma de colheita, uso das árvores como adição ou substituição de renda, características da propriedade, entre outros, devem ser avaliados. Porém, a tomada de decisão deve ser baseada em fundamentos técnicos como os obtidos na pesquisa.

O trabalho utilizou o eucalipto (clone H13), uma vez que é uma espécie com crescimento rápido, com técnicas silviculturais desenvolvidas e com múltiplos usos. As árvores foram testadas em sistema de integração lavoura-floresta (ILF), integração pecuária-floresta (IPF) e ILPF, além da monocultura utilizada como testemunha. O plantio ocorreu inicialmente em renques de três linhas distantes 30 metros entre si e, após intervenções, alguns dos tratamentos tiveram as linhas externas suprimidas e ficaram como linhas simples espaçadas em 37 metros.

Ao longo dos 12 anos os sistemas integrados produziram entre 87 m³ e 114 m³ de madeira por hectare (ha). Os volumes variaram conforme o número de árvores conduzidas até o fim do experimento. Entretanto, quanto mais árvores, maior o impacto sobre a produção de grãos e forragem dentro do sistema produtivo. “Quando falamos em sistemas de integração, temos que pensar na produtividade de todo o sistema. Se eu aumento o número de árvores, terei redução na produção da lavoura e da pecuária. Sendo assim, o maior número de árvores tem que fazer sentido na avaliação global”, explica o pesquisador Maurel Behling, através da assessoria.

A área testemunha, com monocultura de eucalipto, produziu 350 m³/ha ao longo dos 12 anos, ficando dentro da média de incremento anual do H13 em áreas de silvicultura em Mato Grosso, que é de 32 m³/ha. Os dados de crescimento em altura, diâmetro à altura do peito (DAP) e volume de madeira medidos ao longo dos anos indicaram que os sistemas integrados proporcionam o chamado efeito bordadura. É o efeito causado nas árvores externas da monocultura por receberem mais luz, água e nutrientes que aquelas do interior e por terem menor competição com árvores vizinhas. Na ILPF esse efeito foi observado nos renques de linhas triplas, com a árvore do meio tendo menor DAP, assim como as árvores do tratamento só com eucalipto.

O efeito bordadura foi ainda mais acentuado na avaliação de biomassa e de acúmulo de carbono nas árvores. O sistema ILPF, que inicialmente teve renques triplos e passou a ter renque simples após corte das linhas laterais, foi o que mais acumulou carbono, passando dos 30 kg/ano por indivíduo. O valor se diferenciou estatisticamente dos demais e ficou bem acima dos cerca de 20 kg/ano por árvore na monocultura.

“Além de favorecer o ganho em volume das árvores, com maior potencial para aproveitamento na serraria, há uma maior taxa de acúmulo de carbono nas árvores na ILPF. É um carbono que teoricamente terá um ciclo de vida maior do que aquele usado como biomassa”, destaca Behling.

O pesquisador lembra ainda que o carbono não fica somente estocado na madeira. As árvores no sistema produtivo ainda deixam grande volume de carbono na área em forma de folhas, galhos, serrapilheira e matéria orgânica “Cerca de 10 toneladas de resíduos por hectare que permanecem são originárias da área útil com árvores. Isso sem considerar tocos e raízes que em média representam 20% da biomassa total da árvore”, informa o pesquisador.

Behling enfatiza que os resultados obtidos neste experimento, somadas às experiências de produtores em Unidades de Referência Tecnológica em Mato Grosso, dão subsídios para a tomada de decisão no planejamento de sistemas ILPF. De acordo com ele, se o objetivo é adicionar renda ou melhorar o conforto térmico para o gado, os sistemas com linha simples são mais indicados. Já se o produtor quer um modelo com maior número de árvores e que sua venda compense as perdas de produção na lavoura e pecuária, é possível fazer renques de múltiplas linhas.

A análise do mercado que consumirá a madeira é outro fator primordial no planejamento do sistema. A madeira conduzida para serraria tem maior valor agregado, mas depende de haver estrutura de processamento. Na região médio-norte de Mato Grosso, por exemplo, o surgimento recente de usinas de etanol de milho mudou o cenário em relação a 2011, quando o experimento foi iniciado. Atualmente a demanda por biomassa para as caldeiras é grande e tende a ser ainda maior nos próximos anos com a inauguração de novas plantas. “No caso da madeira serrada de eucalipto, ainda não é uma realidade na região, mas já existe demanda para a madeira tratada para mourões de cerca, postes e construção civil”, acrescentou o pesquisador.

O primeiro ciclo do experimento de ILPF com foco na pecuária de corte e produção de grãos está sendo finalizado com o corte raso dos eucaliptos após 12 anos. Em todo o experimento ainda restam 3.666 árvores ocupando uma área de 43 hectares, sendo 3 ha com monocultura e 40 ha com IPF, ILF ou ILPF. Dados preliminares indicam um volume total a ser colhido de 3.568,33 m³ de madeira. Considerando o valor de 100 reais por metro estéreo, são quase 514 mil reais. Se a venda fosse para serraria, o valor seria ainda maior. Deve-se lembrar que, além da madeira, a área também produziu carne e grãos.

A Embrapa destaca que, com o fim do ciclo, um novo trabalho já deverá começar no próximo período chuvoso. Desta vez, além do eucalipto, será usada a teca como componente arbóreo do sistema. Também será testado o consórcio com as duas espécies, uma vez que a teca perde suas folhas no período seco, reduzindo a sombra para os animais. A ideia é que o eucalipto contribua para manutenção do conforto térmico e com o escalonamento de receitas obtidas com as árvores.

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Plantio Direto e integração lavoura-pecuária aumentam diversidade microbiana do solo e protegem as plantas

Resultados da avaliação da microbiota em campos do Cerrado sob Sistema Plantio Direto (SPD) e em integração lavoura-pecuária (ILP) apontaram benefícios na composição de fungos e bactérias do solo

Pesquisas da Embrapa realizadas em campo experimental e lavoura comercial avaliaram a microbiota em solo do Cerrado sob Sistema Plantio Direto (SPD) durante cinco anos e em integração lavoura-pecuária (ILP), após 15 anos de implantação do sistema. Os resultados em áreas diferentes apontaram mudanças benéficas na composição de fungos e bactérias do solo, com funções importantes associadas ao controle biológico natural de doenças. Em um estudo conduzido na Fazenda Capivara da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás (GO), foi observado que a diversidade de fungos aumentou na ILP, quando comparada com o ambiente de referência que foi uma área de floresta nativa vizinha. Isso posiciona mais uma vez a ILP como uma das tecnologias capazes de melhorar a saúde do solo não apenas por ajudar a preservar microrganismos que lá vivem, mas também por incentivar o aumento dessa biodiversidade.

O estudo ocorreu em uma área subdividida em dez parcelas, seis em sequeiro e quatro quadrantes irrigados por pivô central, abrangendo cerca de 95 hectares. O local, que já estava sob cultivo em plantio direto, foi incorporado à ILP com rotação entre as culturas do arroz, milho, soja e capim; ou ainda em consórcio entre milho e capim no chamado Sistema Santa Fé.

A equipe de pesquisa coletou, por dois anos seguidos, amostras do solo próximo às raízes, as quais foram submetidas a procedimento de extração de DNA para análise molecular. O foco foi a obtenção do material genético de fungos e de bactérias para se entender a estrutura dessas populações e sua resposta ao manejo da áreas de integração sob sequeiro e sob irrigação por pivô central. Também fez parte do estudo avaliar as populações de fungos que habitam o solo e atacam as raízes; e de nematoides nestas áreas, procurando entender as cadeias alimentares que ajudam a evitar que essas populações saiam do controle e causem perdas às culturas.

Os resultados dessas análises em laboratório passaram por análise de dados e, após a avaliação de especialistas, mostraram que fungos e bactérias respondem de forma diferente pelo sistema ILP. Foi possível constatar aumento da diversidade de fungos de solo, o que não foi detectado em relação às bactérias. Para o caso de fungos de solo benéficos, de acordo o pesquisador da Embrapa Murillo Lobo Júnior, os dados evidenciam que o manejo ILP, seja sequeiro ou irrigado, aumentou também a diversidade fúngica em comparação com a vegetação nativa.

“Os resultados revelaram uma maior diversidade de fungos em parcelas de integração lavoura e pecuária em comparação com a floresta nativa adjacente, demonstrando a capacidade de resposta desses microrganismos à rotação de plantas e de cultivos; e à umidade do solo. Em contraste, as bactérias não responderam em termos de diversidade à rotação de culturas anuais com pastagem, com alterações menos discerníveis”, declara Lobo. Segundo o pesquisador, uma hipótese para tal constatação é a de que as bactérias sofrem menos influência da rotação de culturas e da pastagem; e que outros elementos, como a umidade do solo, diferente em sequeiro da sob irrigação, interferem significativamente nesses resultados.

Lobo acrescentou que as análises constataram ainda muitas diferenças entre espécies de fungos em ambos os ambientes: ILP e vegetação nativa do Cerrado, ou seja, após muitos anos de manejo, as espécie que estavam na vegetação nativa eram bem diferentes das presentes em ILP. Isso aponta que o ambiente agrícola com práticas sustentáveis modifica ao longo do tempo as espécies que compõe os agroecossistemas. 

Presença de fungos benéficos e agricultura regenerativa

Em outra investigação, foi conduzido um ensaio de cinco anos de duração em Planaltina (DF), para avaliar o efeito de plantas de cobertura implementadas na segunda safra, no outono, sobre a diversidade de microrganismos do solo e sua relação com fungos de solo causadores de doenças. Este ensaio foi conduzido em pesquisa colaborativa com a Associação Brasileira de Consultores de Feijão (ABC Feijão). A partir dos resultados obtidos, cinco anos não aumentaram a diversidade de fungos e de bactérias no solo, porém as plantas de cobertura mudaram os gêneros de microrganismos mais frequentes no solo, vários deles ligados à supressividade de fungos de solo causadores de doenças. Além disso, um outro ponto destacado por Lobo é que as redes de microrganismos formadas ao redor das raízes mudaram, de acordo com as plantas de cobertura cultivadas.

Esse tipo de pesquisa traz discussões de temas atuais como a agricultura regenerativa, que busca manter a qualidade e a vida no solo para a produção de alimentos. “Nós passamos a entender melhor as funções de alguns microrganismos que são incentivados com o manejo correto, e que deixam um efeito benéfico que se estende ao feijão sob irrigação no inverno até a soja, conduzida na primavera e verão”, comenta Lobo.

Conforme o pesquisador, estudos como o realizado levantam dados que ainda são escassos sobre sistemas como o plantio direto sobre a palha e a ILP e podem incentivar a disseminação dessas tecnologias. “Entendendo como o Sistema Plantio Direto e suas várias formas de condução incentivam a comunidade microbiana do solo, conseguimos informações que podem aumentar a adoção ou melhoria dos sistemas, com benefícios para a atividade em relação ao manejo tradicional com pouca diversidade das lavouras. O ideal é que esses efeitos benéficos sejam entendidos também em outras áreas, para aperfeiçoar os serviços no agroecossistema que as plantas de cobertura proporcionam”, complementa.

Informações: Embrapa.

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