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Obra lançada com a fábrica da Suzano em MS ainda não saiu do papel

Maior fábrica de celulose do mundo e avenida que a ligaria ao polo industrial de Ribas do Rio Pardo foram lançadas em maio de 2021; só a Suzano concluiu a obra

Após sete meses do início das operações da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, a maior do mundo atualmente, obras de infraestrutura prometidas para o município seguem travadas.

Lançada em maio de 2021, com investimento programado de R$ 10 milhões, a obra de pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais no acesso ao polo industrial de Ribas, localizado na MS-340, está paralisada e sem previsão de retomada. O Projeto Cerrado, da Suzano, que originou a fábrica na cidade do interior de MS, também foi lançado em maio de 2021. 

O compromisso de pavimentar 2,6 quilômetros da MS-340, do Córrego Barrinha até o trevo localizado na BR-262, rodovia esta que dá acesso à fábrica de celulose da Suzano, foi formalizado com a Suzano e o governo do Estado, por meio da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), em maio de 2021.

A iniciativa melhoraria de forma substancial o acesso urbano interno da cidade, especialmente durante períodos chuvosos, quando as condições adversas neste trecho tornam a área praticamente intransitável. 

O projeto representava um marco na cidade na busca por uma mobilidade mais eficiente e acessível para os moradores de Ribas do Rio Pardo.

Porém, em função da demora na execução da obra pela empresa contratada, parte da drenagem feita foi levada pelas chuvas, trazendo prejuízos para o poder público.

Sem a realização dos serviços prestados e alegando negligência do governo do Estado na fiscalização da obra, o ex-prefeito de Ribas do Rio Pardo João Alfredo Danieze (PT) denunciou a situação, encaminhando um ofício para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) iniciar investigação sobre os motivos que levaram ao não cumprimento das obras.

De acordo com o ofício encaminhado para o MPMS, o fato de a área continuar sem drenagem e sem pavimentação comprometeu a drenagem do Parque Estoril, na região urbana de Ribas do Rio Pardo, o que vem causando prejuízos às pessoas que ali residem.

Ao Correio do Estado, a Agesul informou que as obras na MS-340 previam um projeto mais focado em atender a população local, porém, foi necessário revisar o que foi planejado. Além disso, o lançamento do Projeto Cerrado, em maio de 2021 (a fábrica da Suzano em Ribas) coincidiu com o anúncio da obra. 

“O projeto inicial apresentado pela prefeitura previa a pavimentação urbana para atender a população local e algumas ruas dos bairros vizinhos. No entanto, com a chegada da fábrica da Suzano, a Agesul e o governo do Estado identificaram a necessidade de ampliar a obra para suportar um fluxo maior de veículos, especialmente caminhões”, disse a Agesul.

Por conta desta análise feita pelo governo do Estado, as obras de pavimentação não sairão do papel, pelo menos por ora.

“Diante disso, foi preciso rescindir o contrato original, revisar o projeto e lançar uma nova licitação, que já está em andamento na Agesul”, complementou a agência estadual em nota.

OBRAS EM RODOVIAS
Para garantir a melhoria do acesso, Ribas do Rio Pardo vem recebendo, desde o ano passado, obras em rodovias estaduais, que vão integrar a região e reduzir o trajeto entre as cidades.

Esses investimentos, de acordo com o governo do Estado, chegam a quase R$ 300 milhões, e as obras têm como objetivo qualificar a infraestrutura, melhorar o escoamento e dar segurança ao tráfego local.

Saindo do perímetro urbano de Ribas rumo a Camapuã, o governo do Estado está promovendo a pavimentação de 12,18 km da MS-357, no valor de R$ 32,5 milhões.

O foco principal da parceria estratégica entre o governo do Estado e a Suzano se concentrava na pavimentação asfáltica da MS-340, notadamente no acesso ao Mimoso, em Ribas do Rio Pardo. 

Com a iniciativa, as estradas estaduais não pavimentadas serão recuperadas com arenito e brita graduada, dando melhores condições de tráfego aos veículos.

A obra na MS-338 prevê a pavimentação de 111,5 km, em dois lotes, que, somados, chegam a mais de R$ 250 milhões de investimento.

O primeiro lote sai do entroncamento da BR-060, em Camapuã, e desce pela MS-338, com uma extensão de 45,30 km. Esse trecho, conforme informou o governo do Estado, está com 88% dos trabalhos concluídos, chegando na fase final das atividades. 

O segundo lote é composto por mais 66,26 km de pavimentação, do entroncamento com a MS-245 até a MS-357. Uma parte do percurso já está asfaltada, e o governo realiza obras de terraplanagem.

Informações: Correio do Estado.

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MS Florestal abre vagas para operação no campo e oportunidades para todos os níveis de experiência

Mutirão em Itapura (SP) recruta candidatos interessados no próximo sábado, dia 22

Mato Grosso do Sul, 20 de fevereiro de 2025 – A MS Florestal, empresa genuinamente sul-mato-grossense na área de florestas, está com vagas abertas para auxiliar de serviços gerais, operador(a) de trator, motorista de caminhão pipa e técnico de operações florestais, todas para atuação em Bataguassu (MS). 

Os benefícios para quem trabalha na empresa engloba: plano de saúde, plano odontológico, auxílio farmácia, seguro de vida, transporte fretado, vale alimentação, refeição fornecida pela empresa e alojamento na cidade de Bataguassu. 

Para preencher todas as vagas disponíveis, a MS Florestal realiza no dia 22 de fevereiro um mutirão de recrutamento no município de Itapura. Interessados podem comparecer no Centro da Juventude, localizado na rua Getúlio Vargas, S/N. No local serão realizados todos os testes e exames necessários. Representantes da MS Florestal atenderão os candidatos das 9h até às 13h.

Confira a descrição das vagas a seguir

Auxiliar Serviços Gerais de Campo – Atuar na operação realizando o plantio e irrigação das mudas de eucalipto no interior dos talhões, dentro do padrão de qualidade e segurança. Quando necessário, realizar alguns ajustes na cova de plantio para garantir melhor desenvolvimento das mudas e realizar atividades de desentubetamento e manuseio de caixas de mudas em campo.

Operador Equipamentos e Maquinas I – Operação de tratores e implementos agrícolas, realizando atividades pertinentes ao processo de produção de mudas e formação de florestas, garantindo que as operações sejam executadas seguindo padrões de segurança, qualidade, eficiência e produtividade, atendendo o planejamento operacional.

Motorista de Caminhão Pipa – Transportar cargas diversas, dirigindo veículos leves e caminhões não articulados com segurança, respeitando as leis de trânsito e procedimentos para esta operação, assim como zelar pelas condições gerais do veículo, visando atender as demandas dos processos operacionais.

Técnico de Operações Florestais – Contribuir com as atividades de silvicultura, dando suporte aos supervisores, através do acompanhamento e controle das atividades desenvolvidas no campo, atuando de forma autônoma, visando controle e melhoria contínua dos processos.

Serviço

Mutirão de recrutamento MS Florestal
Data: 22 de fevereiro – sábado
Local: Centro da Juventude, localizado na rua Getúlio Vargas, S/N, Itapura (SP). 
Horário: 9h às 13h. 

Sobre a MS Florestal

A MS Florestal é uma empresa sul-mato-grossense que fortalece as atividades de operação florestal do Grupo RGE no Brasil, um conglomerado global com foco na manufatura sustentável de recursos naturais. Especializada na formação de florestas plantadas e na preservação ambiental, além do desenvolvimento econômico e social das comunidades onde atua, a MS Florestal participa de todas as etapas, desde o plantio do eucalipto até a manutenção da floresta. Para mais informações, acesse: www.msflorestal.com.br

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Escassez de mão de obra qualificada é risco para o Brasil

O setor privado deve atuar em sintonia com o poder público para apontar tendências e atender às novas demandas

*Artigo de Beto Abreu

O debate econômico em torno de juros básicos, agenda fiscal e PIB busca resolver um déficit relevante, além de lidar com um Orçamento público engessado e um crescimento em boa direção, porém limitado. É uma discussão importante. Contudo outros fatores igualmente decisivos para o futuro do Brasil não recebem a devida atenção: a educação e a capacitação da mão de obra.

A qualidade e a disponibilidade da nossa mão de obra não sustentarão um crescimento robusto e continuado. Novos investimentos enfrentam dificuldades para contratar profissionais habilitados. Algumas especialidades técnicas essenciais chegam a ser mais bem remuneradas que carreiras de nível superior, não pela complexidade, mas pela falta de profissionais capacitados.

A produtividade é outro desafio. Segundo o ranking da Organização Internacional do Trabalho de 2023, o Brasil ocupa a 95ª posição entre 189 países em PIB por hora trabalhada. O profissional brasileiro gera, em média, US$ 17 por hora, menos que Argentina (US$ 27), México (US$ 20) e Chile (US$ 29), países em estágio de desenvolvimento semelhante.

Felizmente há esforços para mudar esse cenário. O Sistema S, entidades de classe, ONGs, iniciativa privada e governos específicos têm atuado na capacitação profissional. Em Mato Grosso do Sul, Sesi e Senai se juntaram à Suzano para treinar trabalhadores em Ribas do Rio Pardo, onde investimos mais de R$ 20 bilhões na maior linha única de produção de celulose do mundo.

No mesmo município, com pouco mais de 20 mil habitantes e localizado a cerca de 100 quilômetros de Campo Grande, está em construção um Centro Integrado Sesi Senai. Com previsão de estar pronto neste ano, atenderá a mais de 2,1 mil alunos(as), da educação básica ao ensino profissionalizante, formando talentos para o futuro da região.

Capacitar brasileiros e brasileiras para a nova realidade profissional torna-se ainda mais desafiador diante da crescente demanda por qualificações avançadas. Inteligência artificial, automação e digitalização são competências que se expandem em todos os setores. A disponibilidade de mão de obra capacitada será fator cada vez mais determinante para a competitividade.

Países que buscam ser referência em mão de obra qualificada têm mitigado a escassez investindo na formação e atração de talentos estrangeiros. O Brasil, com uma população numerosa, pode e deve aprimorar sua formação.

Embora o desemprego esteja baixo, a informalidade segue alta: são mais de 40 milhões de pessoas nessas condições, segundo o IBGE. Além disso, há 54 milhões de beneficiários do Bolsa Família, muitos sem emprego formal. É um número expressivo, que deve ser olhado com atenção, pois, no curto prazo, é possível requalificar e recolocar parcela dessa mão de obra, reduzindo a informalidade e tornando os programas sociais um trampolim para novas oportunidades.

Aprimorar a educação básica, introduzindo habilidades necessárias à nova realidade tecnológica, também é crucial. O setor privado deve atuar em sintonia com o poder público para apontar tendências e atender às novas demandas.

Apesar dos avanços pontuais, o Brasil segue estagnado na formação de jovens. No Pisa, aparecemos nas últimas posições entre 81 países, com avanços mínimos entre 2018 e 2022. Em matemática, passamos da 71ª para a 65ª posição; em leitura, da 57ª para a 52ª; e em ciências, da 64ª para a 62ª.

Estamos há anos nessa condição, sem tração no ritmo necessário e correndo o risco de ficarmos para trás na corrida tecnológica e econômica. Acelerar novas diretrizes, políticas e investimentos voltados à educação e à capacitação é condição indispensável para que o Brasil seja mais inclusivo e menos desigual. O avanço tecnológico, diante da escassez de profissionais qualificados, é um alerta crítico para o crescimento do país.


*Beto Abreu é presidente da Suzano.

Artigo publicado em O Globo em 04/02/2025.

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MS – “Vale da Celulose”: uma história de sucesso econômico e alguns alertas preocupantes

*Artigo de Celso Foelkel

Produção resultante do diálogo construtivo via WhatsApp entre: Ari da Silva Medeiros; Celso Foelkel; Clóvis Zimmer; Hans-Jurgen Kleine; José Artêmio Totti & Victório Menegotto.

Capítulo 1: Brasil – Um plano econômico setorial que deu muito certo

No início dos anos 1970’s, a produção total e anual de celulose pelas fábricas brasileiras atingia pouco mais de um milhão de toneladas, enquanto as importações desse item pelo país eram mínimas (0,1 milhão/ano). A produção de papel também era discretíssima (1,2 milhão toneladas/ano e importação de 0,2). Na época, o governo federal do Brasil entendeu que os estímulos oferecidos para a produção de florestas plantadas através de seu PIFR – Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento (lançado em 1966) precisavam encontrar setores de sucesso garantido para absorção das madeiras que já estavam começando a surgir para consumo. Com muita criatividade e avaliações de potencialidades, o setor de celulose e papel foi um dos setores industriais contemplados para um programa nacional de expansão através do 1º PNPC – Programa Nacional de Papel e Celulose, que surgiu em 1974 como parte do 1º PND – Plano Nacional de Desenvolvimento. O PNPC buscou integrar e estimular investimentos de empresas nacionais e internacionais (Suécia, Japão, Estados Unidos etc.) para alavancar o desenvolvimento do setor brasileiro de celulose e papel, tendo importante apoio do BNDE (atual BNDES) com financiamentos favorecidos. Os focos principais foram dois: conquistar a autossuficiência para que o País não mais necessitasse importar esses produtos e gerar um ambicioso excedente para exportação de celulose (e mesmo de papéis), que no final do século XX pudesse representar 20 milhões de toneladas anuais desses produtos. Mesmo com a criação de um programa nacional para se estimular a produção, consumo interno e exportações, tanto de celulose como de papel, as realidades foram diferentes para esses dois tipos de produtos. O setor de celulose acabou conquistando um desenvolvimento admirado no mundo todo, enquanto o setor de papel cresceu em menor escala, com orientação maior aos mercados domésticos. No ano 2000, a produção brasileira de papéis atingia 7 milhões de toneladas, com forte participação de fibras recicladas para fabricação de papéis de embalagens, impressão e sanitários. Já 1 no ano 2022, a produção de todos os tipos de papéis no País chegou a 11 milhões de toneladas, sendo que desse total, 2,5 milhões foram exportadas. As diferenças de comportamento entre as produções de papel e celulose se devem a fatores mercadológicos e logísticos, burocracias tributárias, dimensão de mercados, legislações, incentivos, licenciamentos e taxa de câmbio. Apesar do sucesso do programa e dos desdobramentos que surgiram ao longo de cinco décadas, a ambiciosa meta inicial não foi atingida, mas o Brasil cresceu e muito, tendo se tornado o segundo maior produtor mundial de celulose, alcançando já em 2022 uma produção de 25 milhões de toneladas de celulose, tanto para produção de papéis como para produtos derivados de celulose (polpas para dissolução). Cresceu em menor escala a produção de papéis, mas ainda assim se atingiram níveis de exportações competitivas e significativas de alguns de seus tipos (impressão e embalagens). Agora, é mais do que certo admitir que a produção anual de celulose do País atingirá em curtíssimo tempo mais de 30 milhões de toneladas, sendo que as florestas plantadas de eucalipto continuarão sendo a principal fonte de matéria-prima fibrosa. Já as expectativas para a produção de papel se concentram atualmente no rápido crescimento da produção, do consumo interno e da exportação de papéis sanitários, uma vez que as projeções para os papéis de impressão são menos estimulantes.

Capítulo 2: Mato Grosso do Sul – A nova fronteira celulósica brasileira

A partir de 2005, com a escassez de madeira em estados como São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Paraná e Minas Gerais, o setor de celulose e papel se lembrou das florestas plantadas de eucalipto no estado do Mato Grosso do Sul pela antiga empresa denominada Chamflora (subsidiária da Champion em Três Lagoas), que acontecera durante os anos 1980’s e principalmente 1990’s. O empresa norteamericana International Paper, que recém adquirira a Champion International e consequentemente a Chamflora, tomou a decisão de construir uma planta industrial de papel e celulose justamente no município de Três Lagoas/MS, iniciando assim um novo ciclo econômico e de novas fronteiras geográficas para a produção de C&P no Brasil. Entre negociações envolvendo fábricas e investidores, essa fábrica acabou sendo inicialmente construída pela VCP (Votorantim Celulose e Papel, atualmente Suzano). Surgia assim no Mato Grosso do Sul, poucos anos mais tarde (2009), a primeira linha de fabricação de celulose branqueada de eucalipto para mercado, integrando parte de sua produção para fabricação de papel por uma fábrica interligada da International Paper do Brasil (atualmente Sylvamo). Essa história de crescimento se deve muito à empresa Fibria, que sucedeu a VCP/Aracruz em 2009. A linha de produção de celulose da Fibria em Três Lagoas se demonstrou como uma das mais competitivas da empresa em custos unitários e isso alavancou a ampliação da fábrica (2017) e despertou o interesse de outros atores para atuar na região. A empresa Suzano, que sucedeu a 2 Fibria com a fusão/aquisição em 2018, tem mantido interesse e foco para o crescimento de sua atuação no MS. A oportunidade encontrada pelo setor de produção de celulose em Três Lagoas iniciou todo um processo de expansão desse segmento industrial na região nordeste do estado do Mato Grosso do Sul. Graças aos favorecimentos oferecidos pelos governos municipais e estadual no MS, a partir de 2010, o crescimento de produção de celulose subiu exponencialmente, sendo que em pouco mais de 15 anos a produção aumentou praticamente 8 vezes desde a fábrica original da Fibria em 2009. E as perspectivas são de aumentos ainda maiores em curto espaço de tempo. Em 2028, o estado do MS deterá quase 40% de toda a produção brasileira de celulose, sendo que ao final da década essa participação poderá ser ainda maior em função de dois potenciais novos projetos sendo estudados e anunciados.

Capítulo 3: “Vale da Celulose” – Um sucesso empresarial e uma preocupação inquietante

O MS é um estado brasileiro jovem e dinâmico, cujos governantes (atual e predecessores) apostaram na simplicidade administrativa e na busca de investimentos para a fortaleza maior do estado: o agronegócio. Em termos de culturas anuais e produtos derivados da zootecnia, a área ocupada pelo agronegócio com soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, trigo e carnes chega a atingir quase 8 milhões de hectares. Esse crescimento tem sido conseguido em um ritmo até certo ponto alucinante, difícil de ser encontrado em outros estados brasileiros. Outro setor com crescimento muito rápido tem sido o da silvicultura, com quase 1,5 milhões de hectares de florestas plantadas, principalmente com eucaliptos. O estímulo a todo esse crescimento tem sido conseguido com menos burocracia, mais dinamismo e garantias de credibilidade aos investidores. O estado encontrou em treze municípios de sua região nordeste um local ideal para que a silvicultura ocupasse terras de baixos preços, topografias que permitem intensa mecanização e escoamento da produção via ferroviária, fluvial e rodoviária. Os municípios que vêm sendo alvo dos investimentos em plantações florestais e construção concomitante de fábricas de celulose/papel ficam próximos à capital do estado (Campo Grande) e possuem uma área total de aproximadamente 8 milhões de hectares. Como vantagem adicional, fazem parte da bacia hidrográfica do grande e majestoso Rio Paraná, sendo que diversas dessas municipalidades margeiam esse rio. Em função do crescimento rápido e das potencialidades da região, ela foi denominada de “Vale da Celulose”, abrangendo os seguintes municípios: Três Lagoas, Selvíria, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo, Água Clara, Inocência, Bataguassu, Paranaíba, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina, Cassilândia, Aparecida do Taboado e Anaurilândia. Admitindo o potencial de crescimento na produção de celulose para os próximos anos, a região vai necessitar de aproximadamente 2 milhões de hectares (ou ainda mais) de plantações de eucaliptos para abastecer todas as atuais e possivelmente 3 novas unidades produtivas. Isso corresponderá a 20% de toda a área geográfica do “Vale da Celulose” sendo ocupada pelas efetivas plantações florestais de eucalipto, lembrando ainda que as fábricas de celulose devem também destinar áreas para garantir a qualidade ambiental das plantações em formato de mosaicos sustentáveis. Muito possivelmente, as áreas geográficas de algumas dessas cidades terão acima de 50 a 60% com ocupações pela silvicultura. Ou seja, uma concentração geográfica inusitada e preocupante para uma concentração genética igualmente inquietante em função de ser matéria-prima florestal de um único gênero de árvores e adicionalmente, de clones. Além disso, essa mesma região continuará a ter áreas ocupadas por outras atividades produtivas dos atuais produtos do agronegócio. Apesar do regime de chuvas e da qualidade dos solos representarem deficiências a serem gerenciadas e enfrentadas, o setor brasileiro de C&P tem aceitado esses desafios em função da rapidez decisória para liberação dos empreendimentos florestais e industriais, bem como por incentivos atrativos oferecidos pelo estado e municípios. Em resumo: além de uma produção já elevada no momento (cerca de 8 milhões de toneladas de celulose e papel), diversos megaprojetos de novas empresas ou duplicações de linhas existentes estão em construção e outros, em processos de avaliação e estudos de liberação.

Capítulo 4: Algumas verdades inconvenientes

Não existem dúvidas de que as empresas que estão hoje atuando ou interessadas em atuar no “Vale da Celulose” do MS são empresas responsáveis e dotadas de excelentes qualidades e desempenhos florestais e industriais, bem como de comprovadas responsabilidades socioambientais. Todas possuem certificações de manejo florestal sustentável e de adequação dos seus sistemas de gestão ambiental de acordo com os mais rígidos critérios disponíveis. Também temos certeza de que as fábricas de celulose e/ou papel serão construídas no estado-da-arte tecnológico. Ainda que isso tudo seja verdadeiro e que se somem a isso, todos os esforços que as empresas colocarão para o sucesso de seus negócios e de suas operações florestais e industriais, existem algumas verdades inquestionáveis que nos levam, a colocar alguns sinais de alerta para que essas operações possam se consolidar dentro de requisitos de segurança socioambiental e de sucesso empresarial. O objetivo desse artigo de opinião é o de oferecer alguns pontos para reflexão (e ações subsequentes) por parte de todos os atores envolvidos nesse processo de crescimento da base florestal plantada e da produção de celulose no “Vale da Celulose” do estado do Mato Grosso do Sul. Nosso objetivo é o de estimular a que tanto as empresas produtoras de florestas e de celulose/papel, como comunidades e governos se estruturem e tomem ações de monitoramento e de prevenção para algumas fragilidades trazidas por esse modelo de 4 crescimento rápido e concentrado. Tudo isso acontecendo em uma região de dimensões restritas em relação à velocidade desse crescimento.

Alertas a serem gerenciados com muita dedicação e de forma integrada e transparente: “O problema de um pode subitamente virar o problema de todos”

1. Excessiva concentração geográfica de uma base genética restrita de mesmo tipo de vegetal clonado, oferecendo como consequência um aumento de riscos de ataques de pragas e doenças. É inquestionável que a base genética dos clones de eucalipto é muito restrita e necessita tanto de atenção, de adequado manejo e distribuição espacial, bem como de uma diversificação maior com a utilização de outras espécies ou gêneros, seja para produção de celulose ou geração de energia (Corymbia, Acacia, Mimosa, Bambusa, por exemplo). Não existem estudos claros e tampouco legislação pertinente em relação a concentrações geográficas e genéticas de um mesmo gênero florestal e de seus clones com genomas iguais ou muito próximos. Como recomendação adicional, sugere-se ênfase em estudos científicos para melhorar as distribuições de florestas clonais de eucaliptos dentro de cada e entre as empresas atuando na mesma área geográfica.

2. Conflitos pelo uso da água, resultantes de: chuvas escassas, alterações climáticas, outros tipos de usuários do agronegócio e comunidades etc.

3. Riscos de surgimento e com propagação de difícil controle de mega incêndios florestais em função das proximidades das florestas.

4. Crescimento populacional desequilibrado ou fora de controle nas comunidades (e suas consequências).

5. Enorme crescimento na utilização das malhas viárias (estradas, rios, e etc).

6. Escassez na oferta de recursos humanos em termos de qualificação profissional para as empresas. Em resumo, já está mais do que na hora de se iniciarem as ações mitigadoras e os planejamentos proativos para um futuro imediato.

“Boa sorte e sucessos nas medidas que vierem a adotar graças a projetos integrados, compartilhados e com muita transparência entre os atores envolvidos e nas comunicações com as partes interessadas da sociedade.”


*Prof. Celso Foelkel é gerador e compartilhador de conhecimentos sobre aspectos tecnológicos do setor de celulose e papel e florestas plantadas. Websites: https://www.eucalyptus.com.br/ e https://www.celso-foelkel.com.br/.

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Exclusiva – Evento da USP debaterá sobre as novas fábricas kraft na América do Sul

O Symposium on Wood Quality, Pulping and Energy – SWQPE 2025 está com inscrições abertas no site oficial da FEALQ, vagas são limitadas; saiba mais

Nos dias 18 e 19 de março de 2025, o Anfiteatro do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) recebe o 2025 SWQPE – Symposium on Wood Quality, Pulping and Energy em Piracicaba-SP. O evento reúne especialistas, professores e ex-professores da USP para debater inovações e perspectivas no setor de celulose, papel, bioprodutos e biorrefinaria.

O Laboratório de Química, Celulose e Energia (LQCE), referência nacional em qualidade da madeira, polpação química e energia há mais de 60 anos – saiba mais sobre o laboratório clicando aqui – é realizador do evento.  A correalização do simpósio fica por conta do Primatera, fundo patrimonial dedicado ao setor florestal e biomateriais. 

O painel 2 da programação do evento trará palestras que abordarão as novas fábricas kraft na América do Sul, bem como sessões voltadas para apresentação de soluções industriais inovadoras com a presença das empresas Valmet, Bracell, CMPC, Paracel, Klabin e Suzano.

Participação de professor da KTH Royal Institute of Technology

O simpósio contará com a participação remota do professor Gunnar Henriksson da KTH Royal Institute of Technology (Suécia) que abordará sobre os mecanismos de polpação kraft e possíveis caminhos a seguir.

Último dia para submissão de trabalhos

As inscrições para o simpósio já estão abertas e podem ser realizadas no site oficial do evento. Interessados em apresentar seus trabalhos têm até o dia 21 de fevereiro de 2025 para submeter resumos. Mais informações podem ser encontradas no site oficial ou pelo e-mail swqpe2025@gmail.com

Serviço:

  • Evento: 2025 SWQPE – Symposium on Wood Quality, Pulping and Energy
  • Data: 18 e 19 de março de 2025
  • Local: anfiteatro do Departamento de Ciências Florestais – ESALQ/USP, Piracicaba/SP
  • Inscrições: disponíveis no site oficial da FEALQ
  • Contato: swqpe2025@gmail.com

Sobre o Primatera

O Primatera é um fundo patrimonial dedicado a fomentar o conhecimento nas áreas de recursos florestais e biomateriais. Sua missão é promover o desenvolvimento de pessoas. Além disso, o Primatera busca fortalecer a ligação entre a academia e empresas globais, contribuindo para a inovação e responsabilidade social nas áreas de biomassa, papel e celulose, bioenergia, biorrefinaria e bioprodutos. Saiba mais para apoiar aqui

Créditos da reportagem: Primatera.

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BNDES lança programa de R$ 1 bi para impulsionar investimento em florestas nativas

RIO – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou na última quinta-feira, 12, o “BNDES Florestas Crédito”, programa com dotação de R$ 1 bilhão para estimular investimentos privados no setor florestal de espécies nativas do País. A dotação de R$ 1 bilhão é composta por R$ 456 milhões do Fundo Clima e R$ 544 milhões de recursos próprios, pelas linhas tradicionais do banco, como o BNDES FINEM Meio Ambiente. O programa já está disponível na modalidade direta e pode ser acessado por empresas de todos os portes.

Para acessar o programa as empresas precisam atuar em alguma dessas iniciativas: manejo florestal sustentável; recomposição da cobertura vegetal; concessão de floresta; plantio de espécies nativas e sistemas agroflorestais; apoio à cadeia produtiva de produtos madeireiros e não madeireiros de espécies nativas; e aquisição de máquinas e serviços associados a essas atividades.

A taxa de juros aplicada, no caso do Fundo Clima, é de 1% ao ano e mais encargos e spread (a diferença entre o preço da compra e o preço da venda de uma transação financeira), no limite de 2,5% ao ano. O prazo do financiamento é de no máximo 300 meses com 96 meses de carência, o que será negociado caso a caso. As operações terão teto de R$ 100 milhões, com participação do BNDES de até 100% dos itens financiáveis. A precificação de risco dos projetos seguirá o regulamento padrão do BNDES.

Operações anteriores

Em 2024, o BNDES já fez duas grandes operações de financiamento no setor, com as empresas re.green e Mombak, no valor somado de R$ 347 milhões, para reflorestamento de áreas em torno de 30 mil hectares, informou o banco em nota. Os dois projetos atuam em territórios com grande pressão de desmatamento e degradação na Amazônia, conhecido como Arco do Desmatamento.

Durante a COP 28, no final do ano passado, o governo brasileiro lançou uma iniciativa para transformar o Arco do Desmatamento em Arco da Restauração, por meio da recuperação de 24 milhões de hectares de floresta nativa até 2050, podendo remover cerca de 1,65 bilhão de toneladas de gás carbônico da atmosfera em 30 anos.

Informações: Estadão.

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Identificação da madeira pauta reunião do setor florestal com o Indea

Comercialização segura de espécies florestais nativas de Mato Grosso passa pela correta identificação da madeira. Em busca de alinhamentos técnicos para evitar divergências no reconhecimento das espécies botânicas comercializadas pelo setor de base florestal, o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasius, e o diretor técnico do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), Renan Tomazele, junto com as suas respectivas equipes, se reuniram na manhã desta segunda-feira, 17, na sede do Indea, em Cuiabá.

Blasius defendeu o estreitamento do diálogo com o Indea e ressaltou a importância do setor de base florestal para o desenvolvimento econômico sustentável de Mato Grosso.

Foto: Divulgação

“Trabalhamos para construir alguns procedimentos, evoluir e melhorar a identificação botânica, buscando sempre minimizar erros que possam resultar em apreensões de produtos florestais, muitas são as lacunas entre o licenciamento até o transporte desses produtos, há também implicações pelas metodologias utilizadas na coleta a campo e a de fiscalização. Iremos externar esse assunto também com a Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) e Ministério Público Estadual (MPE), destacando a necessidade de realizar um projeto de capacitação de parataxonomistas, a fim de garantir o registro adequado das espécies já coletadas em campo atualizando os herbários. É importante que o setor privado e os órgãos estaduais trabalhem em sincronia para melhorar essa cadeia produtiva que gera tantos empregos”, argumentou o presidente do Cipem.

Na pauta, ficou alinhado que o interessado, deverá enviar amostra ao Indea contendo detalhes como: casca, flores, frutos e outras características observadas no local da coleta da árvore de origem. Além disso, com a localização registrada, será possível avaliar a ocorrência da espécie para a montagem do processo no Sistema Estadual de Produção e Gestão de Documentos Digitais (Sigadoc).

No futuro, quando houver a identificação botânica em um herbário, será possível comprovar a espécie com precisão, permitindo, quem sabe, incluí-la formalmente no processo. Dessa forma, o empresário florestal poderá despachar suas cargas de madeira com mais segurança para os mercados consumidores, reduzindo o risco de interrupções nos postos de fiscalização do Indea. “O objetivo da reunião foi alinhar tecnicamente isso e abrir o diálogo naqueles pontos que a gente ainda tem alguma dificuldade de avançar”, explica Tomazele.

Conforme explicou o engenheiro florestal e coordenador de Defesa de Tecnologia Florestal do Indea, Marcos Antônio Couto Campos, o órgão atua na certificação da madeira e identificação botânica através da macroscopia “Em muitas espécies, identificamos o gênero. Para aquelas espécies que já estão regulamentadas com decretos e portarias, a gente identifica a espécie botânica. Muitas vezes, trabalhamos com a identificação do objeto. Então, alertamos aos engenheiros florestais e ao pessoal de levantamento de campo que realizem esse estudo botânico. Então, nosso trabalho na fiscalização acaba sendo desdobramento da qualidade do serviço no setor de base. Lógico, há necessidade de ajustes e melhorias do banco de dados de informações do Indea, que tentamos fazer através de nossos boletins técnicos, estudos comparando herbários e xilotecas existentes no país, com outros bancos de dados, revisão do Decreto no 571/2011, para ampliar a identificação em nível de espécie, como também a capacitação do setor privado”, detalha.

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Silvicultura de Passo Fundo (RS) se aproxima do fim do ciclo de produção

Silvicultura enfrenta desafios com pouca expansão no RS

O Boletim Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na última quinta-feira (13), revelou que a taxa de expansão da silvicultura na região de Passo Fundo está reduzida, refletindo uma estagnação no aumento das áreas destinadas ao plantio de florestas. O estudo aponta que, nas últimas décadas, a implantação de novos plantios praticamente foi interrompida, o que limita a base produtiva a bosques estabelecidos entre os anos de 2000 e 2010. Esses plantios estão em fase avançada de maturação, chegando ao fim do ciclo produtivo, que varia de 15 a 20 anos para espécies de rápido crescimento, como Eucalyptus spp. e Pinus spp.. O quadro indica que, nos próximos ciclos econômicos, haverá redução estrutural na disponibilidade de matéria-prima.

O preço da madeira para serraria na região de Passo Fundo foi registrado em R$ 300,00/m³, enquanto o preço da lenha entregue na indústria ficou em R$ 120,00/st.

Em outras áreas, como em Frederico Westphalen, os cultivos de eucalipto continuam com ações de controle de formigas, inços e adubação. As florestas de eucalipto com 2 a 3 anos de idade estão passando por poda, e as de 6 a 7 anos recebem raleio para otimizar o crescimento das árvores.

Informações: AgroLink.

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Nova iniciativa pode destravar mercado de carbono regulado no Brasil

Um relatório inédito do ICC Brasil e WayCarbon lançado recentemente dá subsídio técnico para o governo federal no desenvolvimento de políticas públicas e aponta caminhos para o uso de créditos de carbono

O fim de 2024 foi marcado pela conquista da tão esperada aprovação do mercado de carbono regulado pelo Senado brasileiro, o que já estava em discussão há pelo menos 10 anos. Ainda com muitas indefinições sobre mecanismos e instrumentos, a estimativa é que este comece a comercializar créditos apenas em 2030. Até lá, as expectativas são altas: o setor pode atingir um valor de US$ 50 bilhões até o final da década e o Brasil pode ter posição de liderança pela sua abundância em soluções verdes, segundo a consultoria McKinsey. 

Pensando em alavancar e destravar aspectos da lei, uma iniciativa fruto da parceria do ICC Brasil (Câmara de Comércio Internacional) e da WayCarbon trabalha desde 2023 para coletar e fornecer subsídios técnicos ao governo federal na elaboração dos próximos passos, por meio da análise de um ‘framework’ do mercado nacional. Com financiamento da UK PACT Brasil, o primeiro relatório foi lançado na quinta-feira (13) e aponta caminhos para a utilização de créditos de carbono, além de garantir a adoção de padrões robustos e alinhados com as melhores práticas internacionais. A análise considerou os sistemas de comércio adotados na Califórnia (EUA), Coreia do Sul e China

Entre as principais recomendações do relatório, estão a definição de critérios rigorosos para a aceitação de créditos de carbono no Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), priorizando projetos nacionais e setores estratégicos. Além disso, sugere a adoção de padrões de certificação reconhecidos internacionalmente, como VCS e Gold Standard, para garantir a confiabilidade dos créditos.

Para assegurar a integridade e os benefícios socioambientais dos projetos, há a proposta de criação de mecanismos de monitoramento e verificação.

O relatório apoia diretamente o trabalho da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) no levantamento de subsídios para a tomada de decisão sobre aspectos da regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE).

Rodrigo Rollemberg, Secretário de economia verde, descarbonização e bioindústria na MDIC, disse à EXAME que a criação das estruturas institucionais necessárias para a operacionalização e implementação do sistema é o primeiro passo.Neste sentido, uma das recomendações em destaque é a inclusão de créditos compensatórios offsets (de origem no mercado voluntário) dentro do regulado.  

Este é o primeiro relatório fruto da iniciativa, com o objetivo de levantar informações sobre como estes créditos são gerados no mercado. Um segundo está previsto e deve ser publicado ainda no primeiro semestre de 2025, trazendo como foco a infraestrutura e os registros das compensações.

“As atividades garantem que a construção do mercado de carbono seja baseada em um processo participativo e alinhado às melhores práticas, permitindo um ambiente regulatório mais eficiente e funcional”, destacou Rollemberg. 

Gabriela Dorlhiac, diretora executiva da ICC Brasil, destacou que a regulação já era uma demanda forte do setor privado nos últimos anos e que definir as regras não é algo trivial. “Buscamos não apenas apoiar tecnicamente o governo nessa jornada, mas criar essas pontes de diálogo e cooperação público-privada a fim de acelerar a descarbonização da economia”, disse à EXAME. 

Henrique Pereira, COO da WayCarbon, complementa que o documento faz uma avaliação de outros mercados internacionais com o olhar de integridade, entendendo quais projetos são considerados mais robustos e relevantes. “Isso com o olhar da tecnologia para o contexto do Brasil — um país rico em biomassa, renováveis, etanol e mais — e também pensando em volume e custos“, destacou. 

Por fim, o estudo também enfatiza a necessidade de um engajamento contínuo entre governo, setor privado e sociedade civil para o sucesso da regulamentação. 

O que está em jogo

Na prática, há alguns instrumentos primordiais que estabelecem o mercado de carbono brasileiro. O primeiro deverá definir quais empresas vão ter que reportar suas emissões em inventários e comunicá-las no âmbito federal. Aquelas que ultrapassarem as 20 mil toneladas de C02 por ano vão ser obrigadas a compensar, por exemplo.

Em seguida, entra o mais importante: o chamado plano de alocação. Este ainda precisa estabelecer três regras: uma meta de tempo para a redução das emissões brasileiras, quais empresas deverão participar obrigatoriamente, e em terceiro, em qual proporção cada setor vai contribuir.

Além do volume reportado no inventário, o custo da redução da pegada de carbono por algumas indústrias deverá ser considerado, explicou Henrique Pereira, em entrevista à EXAME. 

“O objetivo do instrumento de mercado é o custo-efetividade. Ao permitir que os agentes regulados comparem custos relativos de redução, ou seja, o valor de reduzir internamente em comparação ao do carbono no mercado, espera-se atingir a meta da maneira mais barata”, disse.Além das empresas obrigadas a reduzir pela lei, o governo também pode optar por aceitar créditos de outras que estão investindo, por exemplo, em reflorestamento ou outros projetos de baixo carbono – esses são chamados de “offsets”, de origem no mercado voluntário

Segundo Henrique, a aceitação de créditos offsets é importante por dois motivos. Primeiro, pois setores como o químico e o siderúrgico, que demandam altos investimentos em infraestrutura e tecnologia, podem encontrar nos offsets uma forma de reduzir o custo efetivo de sua participação no sistema de emissões ao comprar créditos gerados por outros projetos sustentáveis.

Em segundo, por incluir setores não regulados no mercado de carbono, como é o caso do próprio agronegócio, e que ao mesmo tempo podem trazer benefícios ambientais, seja por meio de reflorestamento, conservação de biomas ou energia renovável.

“A lógica é trazer eficiência para o setor industrial. No regulado, o governo não quer saber o que você está fazendo, é mais sobre ter uma meta limite de emissões“, ressaltou Henrique. Enquanto a companhia que for ‘ultrapassar’ este teto poderá optar por comprar créditos no mercado, a que tiver uma ‘sobra’ poderá vender.

No mercado regulado de carbono, os preços dos créditos variam conforme a região e a dinâmica de oferta e procura. No Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia, por exemplo, os preços são significativamente mais altos do que no mercado voluntário. Em fevereiro de 2025, os contratos futuros estavam sendo negociados a aproximadamente € 76,59 por crédito (R$ 460,77).

No Brasil, estes valores ainda não foram definidos, devido às brechas que ainda precisam ser regulamentadas na lei. Mas transações significativas já aconteceram no país: a exemplo do estado do Pará, que vendeu créditos de carbono a US$15 (R$ 86,55), valor acima da média do mercado voluntário.

Impacto na meta climática brasileira

A nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) divulgada pelo governo brasileiro durante a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP29) em Baku, no Azerbaijão, estabeleceu a meta climática de redução entre 59% e 67% das emissões até 2035 – em relação aos níveis de 2005.

A peça-chave para seu cumprimento é alcançar o desmatamento zero, mas o mercado de carbono também pode impulsionar o país de forma mais eficiente e estruturada para agir na mitigação em indústrias altamente emissoras e ao trazer mais projetos verdes.

“Com o compromisso do Código Florestal de zerar o desmatamento ilegal, nós já chegaríamos lá. O plano de energia reduz emissões, mas contribui pouco, assim como outras indústrias”, ressaltou Henrique. 

Práticas internacionais

O relatório destaca que há hoje em torno de 30 mercados de carbono regulados no mundo. Entre os analisados, a China aceita créditos offsets, mas apenas de projetos nacionais.

Já a Europa, maior mercado global regulado, abrange cerca de 40% das emissões totais de gases de efeito estufa da União Europeia e desde 2020, deixou de aceitar os offsets. 

Nos EUA, onde a posse de Trump coloca em xeque políticas de combate à crise climática, não existe um mercado nacional, apenas estaduais. O mais abrangente foi implementado em 2012 na Califórnia e abrange geração de energia, manufatura e distribuição de combustíveis. 

Coreia do Sul adotou o mercado em 2015, e hoje lidera como segundo maior do mundo, contemplando 70% das emissões nacionais. 

Informações: Exame.

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Armac avança no mercado florestal com nova operação em um dos principais polos do Brasil

Companhia expande e diversifica atuação em serviços especializados e locação no Centro-Oeste

Barueri, 18 de fevereiro de 2025 – A Armac, referência nacional na prestação de serviços especializados e complexos e locação de equipamentos, iniciou, neste mês, uma nova operação florestal no Mato Grosso do Sul. O acordo marca o avanço da empresa no setor após a consolidação e estruturação de uma área exclusiva para atender às demandas deste mercado.

A companhia irá atender em Três Lagoas (MS), um dos principais polos florestais do País na atualidade, com construção e manutenção de vias e estradas florestais e todo apoio referente a esse serviço, como construção de pontes, bueiros, ‘mata-burros’ etc. A Armac já é presença importante no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com quatro estruturas de manutenção nestes dois estados, que apoiam e dão suporte logístico para todas as operações nas regiões que estão no entorno. Além disso, a empresa tem o maior complexo de manutenção da América Latina, no interior paulista, com mais de 300 mil m².

“Operações na região de Três Lagoas são importantes para todo o setor florestal brasileiro. O mercado reúne boa parte das empresas do segmento em um raio de cerca de 300 km desta área”, afirma Bruno Damazo, gerente sênior da Unidade de Negócios Florestais da Armac. Engenheiro florestal formado pela USP, tem mais 15 anos de experiência no setor e assumiu a cadeira na empresa há seis meses.

Mais três estruturas da Armac no estado de São Paulo estão próximas deste núcleo, uma delas em Araçatuba, distante apenas 170 km de Três Lagoas. “É fundamental um suporte de manutenção próximo, para atender com agilidade e eficiência e manter os equipamentos rodando para garantir alta produtividade às operações florestais”, analisa Damazo.

Experiência em serviços especializados e portfólio multimarcas

A entrada em um mercado importante logo no início do ano faz parte da estratégia de uma empresa com um portfólio de soluções para diversas fases importantes das operações florestais. Com especialistas nas equipes comerciais e operacionais (mecânicos, operadores e encarregados), a companhia oferece ao segmento os serviços de abertura e manutenção de vias e estradas, movimentação de eucalipto, toras de madeira e cavaco (biomassa proveniente dos resíduos de madeira), preparo de solo, carregamento e descarregamento de caminhões e combate a incêndios florestais.

Com mais de três anos de experiência em importantes operações florestais no Brasil, como em Guaíba e Pinheiro Machado, ambas no Rio Grande do Sul, a Armac fechou 2024 atuando em 13 grandes projetos do setor, espalhados por cinco estados, mobilizando mais de 100 equipamentos e 125 colaboradores. O mercado está em expansão no Brasil: só no ano passado, foram plantadas mais de 10,2 milhões de hectares de florestas em todo o País, segundo o relatório da IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores).

“Estamos prontos para atender um setor que se mostra cada vez mais importante para a economia brasileira. Temos expertise para trabalhar com excelência e segurança em todo o mercado florestal, com serviços essenciais para o bom funcionamento das operações. Trabalhar em APPs (áreas de preservação permanente) exige conhecimento técnico e uma frota de equipamentos em excelentes condições e com a manutenção em dia”, salienta Damazo.

A companhia coloca à disposição do segmento a maior frota de equipamentos multimarcas do Brasil, com mais de 11,2 mil ativos em Linha Amarela (escavadeiras, retroescavadeiras, pás-carregadeiras, rolos compactadores, motoniveladoras, tratores de esteira, linha de compactos, entre outros) e os principais implementos para operações florestais, além de caminhões e empilhadeiras. A frota de caminhões conta com basculantes, de 14, 16 e 20m³, caminhões-pipas de 20 mil litros, modelos muncks, de 25, 33 e 45 toneladas, e comboios, de 6 e 10 mil litros. 

Sobre a Armac

Fundada há 30 anos, a Armac é referência na prestação de serviços especializados e complexos e na locação de equipamentos. Com mais de 11,2 mil ativos de Linha Amarela, caminhões, empilhadeiras e plataformas elevatórias, apoia setores estratégicos da economia brasileira, em operações de mineração, siderurgia, portos e terminais ferroviários, fertilizantes, florestais, agroindústria, indústria, infraestrutura e construção. 

A empresa se destaca pela excelência operacional, eficiência em produtividade e compromisso com a segurança. Conta com uma equipe de mais de 6 mil colaboradores, entre eles mais de mil mecânicos e 2,8 mil operadores e motoristas. Com cerca de 200 operações de longo prazo em todo o Brasil, movimenta anualmente mais de 140 milhões de toneladas de materiais, entre minérios, fertilizantes, biomassa, açúcar, sal, grãos, enxofre, metais, madeira, produtos industrializados, alimentos, bebidas, peças automotivas, entre outros.

Com um complexo de manutenção de 300 mil m² em Vargem Grande Paulista (SP), o maior da América Latina, e um estoque de R$ 65 milhões em peças e componentes, é referência em serviços de manutenção, com 30 estruturas próprias em todo País, entre oficinas, filiais e apoio logístico. Além disso, a companhia possui lojas de seminovos Cotia (SP), Betim (MG), Rondonópolis (MT), Feira de Santana (BA) e, em breve, São José dos Pinhais (PR), além de outras unidades que serão abertas ao longo de 2025.

Listada no Novo Mercado da B3, a companhia adota as melhores práticas de governança corporativa e continua expandindo suas operações para apoiar as pessoas que constroem o Brasil.

Saiba mais na página de notícias: www.armac.com.br/noticias

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