O Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) lançou na data de ontem (08/05), durante o “V Congresso Brasileiro de Eucalipto” – realizado em Vitória do Espírito Santo -, o Plano de Desenvolvimento Florestal Capixaba (MADEIRAES) elaborado em parceria com a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (Seag).

“A partir de um diagnóstico minucioso do setor de base florestal (2021/2022) foi elaborado o MADEIRA-ES com o objetivo de desenvolver as ações necessárias e estratégias para superação dos desafios e delinear as atribuições das diferentes instituições/empresas do setor que compõe a cadeia produtiva florestal madeireira de forma dialogada e pactuada”, informou Gilmar Dadalto, Presidente do Cedagro.

“O Espírito Santo é particularmente favorecido para o desenvolvimento da atividade florestal econômica. Em função da localização geográfica estratégica, infraestrutura e condições agroclimáticas, junto ao desenvolvimento tecnológico, o estado apresenta vantagens competitivas importantes para o desenvolvimento de atividades de base florestal”, completou Pedro Galvêas, pesquisador da Embrapa/Incaper e coordenador geral do MADEIRA-ES.

O setor de base florestal capixaba contempla atividades desde a produção até o consumo de madeira por segmentos como a indústria de celulose, de painéis reconstituídos (MDF), moveleira, as unidades de desdobro para a produção de madeira serrada, a siderurgia, a agropecuária, a acomodação e arrumação de cargas, a construção civil, as residências e comércios, entre outros.

“Para compreender a grandiosidade e pujança socioeconômica e ambiental, é preciso conhecer os números desse setor: geram mais de 66 mil postos de trabalho, resultando em uma renda superior a R$ 1 bilhão anuais. O PIB do setor florestal corresponde a 7,89% do total do Espírito Santo e cerca de 26% do agronegócio capixaba. Além disso, esse setor representa aproximadamente 50% de toda a exportação de produtos do agro capixaba. Os tributos gerados anualmente correspondem a aproximadamente 7% do total arrecadado pelo Espírito Santo”, informa Dadalto.

De acordo com as informações levantadas pela instituição em 2021/2022, o setor florestal promove grande preservação ambiental. A cada 100 hectares (ha) de área com eucalipto, outros 54 ha são preservados. De modo geral, 34% da área total das empresas de base florestal são ocupadas por florestas naturais preservadas. Ao considerar apenas os últimos 10 anos, somam 15.850 ha as iniciativas de restauração florestal concretas.

Com tudo diagnosticado, o Cedagro elaborou em 2023/2024 o MADEIRA-ES que contém os desafios, as propostas de soluções e a governança do plano. Os principais desafios referem-se a falta de matéria prima florestal para atender aos diferentes segmentos, em quantidade e qualidade; necessidade de adequação da legislação florestal; restrição na logística de transporte, especialmente na Região Serrana; elevados custos de operações florestais nas áreas declivosas; baixa disponibilidade de mudas com qualidade genética entre outros.

Um dos principais gargalos identificados é que a área estadual ocupada por eucalipto (264.298,73 ha) e pinus (1.823,40 ha) é insuficiente para suprir a demanda dos diferentes segmentos consumidores, dimensionada em 13.363.906,41 m³ de madeira por ano, pois seriam necessários 425.602,00 ha de plantios (417.675ha de eucalipto e 7.927 ha de pinus). Assim, o déficit total de madeira, considerando oferta e demanda no Espírito Santo, é de 159.481 ha. Também existe escassez de área plantada de madeira nativa, principalmente para atender aos segmentos moveleiro e construção civil. Convém ressaltar que o Estado possui cerca de 367 mil ha de áreas degradadas, especialmente em pasto.

Com a implantação do MADEIRA-ES pretende-se garantir o suprimento de madeira em quantidade e qualidade aos diversos segmentos consumidores, melhorar o clima de negócios visando ampliação dos empreendimentos florestais já existentes e atrair novos negócios e investidores para o setor. Além disso, busca-se estimular a produção rural, industrial e comercial e ampliar a renda e empregos nos diferentes elos da corrente produtiva florestal, o que consequentemente aumentaria a arrecadação estadual e ampliaria o número de pessoas beneficiadas nos programas sociais das empresas de base florestal.

“Atingindo todas as metas vamos também conseguir reduzir os níveis de pobreza, recuperar o solo agrícola degradado, especialmente ocupado com pastagem e, ampliar a cobertura florestal natural”, frisou Dadalto.