PÁGINA BLOG
Featured Image

Ministério da Agricultura regulamenta uso de drones na agricultura

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) regulamentou o uso de drones destinados à aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes. A Portaria nº 298, que define as regras do uso de aeronaves remotamente pilotadas (ARP) na agricultura, passará a valer na próxima sexta-feira (1).A regulamentação visa gerar segurança jurídica para a utilização da tecnologia que vem ganhando cada vez mais espaço nas lavouras do País, mesmo que ainda não tivesse regras especificando seu uso no campo.

Além do registro no Mapa, que será feito de forma automatizada através do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuarios (Sipeagro), os operadores necessitarão possuir profissional qualificado com curso específico, designado como aplicador aeroagrícola remoto, e, em determinados casos, necessitarão também de responsável técnico, engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal, para coordenar as atividades. Já com relação as aeronaves, estas deverão estar devidamente regularizadas junto a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Segundo o ministério, as regras visam a segurança da equipe de trabalho e de terceiros, e englobam ainda distâncias mínimas de zonas sensíveis, a serem respeitadas durante as aplicações, de modo a se evitar problemas ambientais e visando a saúde da população.

Não será permitida, por exemplo, a aplicação aérea de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes em áreas situadas a uma distância mínima de vinte metros de povoações, qualquer que seja – desde áreas urbanas, industriais até casas isoladas. A mesma distância vale também para áreas próximas a mananciais de captação de água, reservas legais e áreas de preservação permanente.

Drones que estejam abastecidos com produtos para aplicação ficam inclusive proibidos mesmo de sobrevoar as áreas povoadas.O operador de drone deverá manter registro dos dados relativos a cada aplicação de agrotóxicos e afins, como data e hora da aplicação, coordenadas geográficas, cultura e área a ser tratada, tipo de atividade, marca comercial, aeronave utilizada, volume e dosagem aplicada, altura do voo e dados meteorológicos.

Regramento de uso da tecnologia deve gerar segurança jurídica

“Como não tinha regulamentação, estava todo mundo pulverizando de qualquer jeito”, afirma o engenheiro e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Instrumentação, Lúcio de Castro Jorge.Ele acredita que a regulamentação “Vai alavancar bastante o mercado de pulverização. Já se fala de 1.500 unidades prestadoras de serviço e empresas operando no campo, e esse número deve crescer bastante ainda. Há mercados dizendo que tem pedido de vendas de 100 unidades por mês, é um mercado bem aquecido”.

Segundo Jorge, as lavouras já contam com um agrônomo que coordena os trabalhos e a própria pulverização feita por avião tripulado tem um responsável técnico. “O adicional agora é o piloto do drone. O que aconteceu que o drone acabou se enquadrando na legislação de aeronave de tripulação”, disse ele, como se uma tivesse servido de base jurídica para a outra.

A principal aplicabilidade para os drones deve ser para a semeação, sendo utilizado para espalhar grãos nas lavouras, e, principalmente, na pulverização de agrotóxicos nas plantações – trabalho que é feito via aeronave tripulada ou mesmo por trabalhadores, a chamada pulverização costal. Neste caso, um drone pode substituir cerca de 17 trabalhadores.

Esse tipo de aeronave ainda tem uma limitação devido à capacidade de bateria. A maioria tem capacidade máxima de voo que varia de 15 a 30 minutos. “Eles vão prestar serviços com operação de catação, identificando onde haja uma ocorrência e fazendo operações localizadas. Não deve ser útil para aplicar em todo o terreno, a não ser em áreas muito adensadas, como as de café, ou em área de morro, com declive”, avalia o pesquisador.

Hoje, um drone padrão, com 17 litros de capacidade, é capaz de percorrer 2 hectares a cada voo. No máximo, chegar a 100 hectares por dia, fazendo diversos voos e revezando baterias recarregáveis.

Empresas querem avançar para drones com capacidade maior que 25kg

Hoje, para operar na agricultura com drones classe 2 (com pesagem de decolagem entre 25 e 150 quilos) e classe 1 (superior a 150kg), é necessária uma Certificação Aeronáutica de Veículo Experimental (Cave). Empresas fabricantes e revendedoras de drone querem mudar isso.“Hoje, 99% dos drones de pulverização são hoje Classe 2. Estamos esperando que a certificação não seja mais experimental, que seja operacional. Hoje, a maioria dos drones que estão voando são ilegais, não tem nem mesmo um Cave”, afirma o Especialista de Produtos da Timber, Bernardo Neutzling.

A Timber representa a fabricante XAG na América Latina, revende os equipamentos da empresa chinesa e esteve exibindo drones voltados para uso agrícola durante a 44ª Expointer.Se o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trouxe segurança jurídica para o uso dos drones na agricultura, ainda falta instruções modernas para o tipo de equipamentos que podem ser utilizados. Segundo Neutzling, existe uma pressão das fabricantes junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para flexibilizar o uso de drones de maior porte no campo.“Eles (Anac) têm um jogo de cintura deles e entendem que a área está em mudança”, afirmou ele, dizendo que espera que logo haja flexibilização para que drones de maior porte possam ser utilizados mais fácil e recorrentemente.

“Se eu posso comprar um drone maior, não tem porque eu comprar um menor que se adeque a regulamentação. E essa regulamentação da Anac precisa ser mudada, porque os drones estão cada vez aumentando o volume de tanque. Eu posso, no mesmo, drone carregar um tanque de 20 ou 10 litros. Só que o de 10L é legal perante a Anac, e o de 20L não é. Mesmo assim, as pessoas continuam operando com o de 20L, porque é muito mais benéfico e vantajoso”, explica ele.

A principal atuação da Timber é no setor florestal. Nesta área, a empresa “já tem frente operacionalizas com drones e já trocou equipes inteiras por equipes de aeronaves remotas”, relatou Neutzling. “Hoje, no florestal, já não tem mais nada de teste, de parecer semioperacional. É uma realidade que já está se modificando”, disse, prevendo que a tendência é de que, na agricultura, se siga o mesmo caminho.Para ele, o uso de drones na agricultura “é um caminho sem volta”. O Mapa e a Anac devem, cada vez mais, seguir com medidas de flexibilização do uso dessa tecnologia no campo e, com elas, este mercado será mais aquecido conforme aumente a compreensão de seu uso pelas lavouras do País.

Fonte: Jornal do Comércio

Featured Image

Descritores de araucária recém-publicados possibilitam a proteção de cultivares

Descritores reúnem características morfológicas que servem para descrever as cultivares e evidenciar suas diferenças

Descritores reúnem características morfológicas que servem para evidenciar as diferenças entre as cultivares..É a primeira publicação no mundo de descritores de Araucaria angustifolia, espécie encontrada também no Paraguai e Argentina.Espécie está ameaçada de extinção e pesquisadores pretendem incentivar sua conservação pelo uso.Publicação pode incentivar desenvolvimento de materiais genéticos diferenciados da espécie florestal Araucaria angustifolia.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) acaba de publicar os descritores mínimos da espécie florestal Araucaria angustifolia, bem como as instruções para execução dos testes de distinguibilidade, homogeneidade e estabilidade (DHE) de cultivares da espécie e híbridos da espécie com outras do gênero Araucaria. Isso significa que, a partir de agora, produtores e empresas interessados em trabalhar com melhoramento genético de araucária poderão proteger as novas cultivares que desenvolverem.

“Para a araucária, isso representa um passo muito importante”, explica o pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas (PR), que esteve à frente do grupo que elaborou esses descritores mínimos. “Cremos que essa publicação incentivará produtores rurais e empresas a fazer novos plantios de araucária e, consequentemente, ajudará a retirá-la da lista de espécies ameaçadas de extinção”, acredita.

Por que os descritores são importantes?

Os descritores reúnem diversas características morfológicas que servem para descrever as cultivares e evidenciar suas diferenças. Com isso, interessados em seu cultivo vão ter mais segurança a respeito do material que estão adquirindo e plantando, e quem desenvolve novas cultivares terá a garantia de sua proteção. “A araucária pode ser cultivada tanto para produção de pinhão quanto de madeira e saber o que a cultivar proporciona é importante para o produtor”, explica Wendling.

Segundo Ricardo Zanatta Machado, Coordenador do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), do Mapa, a vantagem da proteção é que o titular passa a ter direito exclusivo de exploração comercial do material propagativo da cultivar, ficando essa atividade vedada a terceiros sem a sua autorização. “Isso, de certa forma, ajuda as empresas e instituições que desenvolvem novas cultivares a reaverem parte do capital investido, incentivando-as a aportar novos investimentos em pesquisa, que culminarão no desenvolvimento contínuo de novas cultivares para o benefício de toda a sociedade: o chamado ciclo virtuoso da inovação”, detalha. 

Além disso, para que as cultivares possam ser protegidas, devem atender a critérios técnicos que são avaliados por meio de testes de campo, e as diretrizes de DHE tem por finalidade estabelecer as regras para condução desses testes, bem como as características que deverão ser avaliadas, a fim de padronizar as avaliações entre os diferentes obtentores e possibilitar a comparação entre plantas.

Os pedidos de proteçãoCom a publicação das diretrizes, já é possível depositar pedidos de proteção de uma cultivar de araucária, que entra em vigor a partir da data da concessão do Certificado Provisório de Proteção, pelo prazo de 18 anos. Para atender ao requisito de “novidade”, estabelecido no Art. 3º da Lei 9.456/1997, a cultivar não poderá ter sido oferecida à venda no Brasil há mais de 12 meses em relação à data do pedido de proteção e, observado o prazo de comercialização no País, não poderá ter sido oferecida à venda ou comercializada em outros países, no prazo de seis anos. 

Interesse dos produtores rurais

Nos últimos anos, o interesse pela araucária tem sido crescente, segundo conta o pesquisador da Embrapa. No entanto, os produtores rurais ainda se sentem desamparados por falta de informações técnicas e segurança jurídica para estabelecerem plantios comerciais. A proteção de novas cultivares pode ser um passo para aumentar o interesse pelo seu plantio. “A conservação pelo uso vai tanto favorecer produtores rurais interessados na araucária quanto ajudar em sua conservação, pois mais produtores podem se sentir incentivados a plantar”, completa Wendling. Um dos passos importantes para que isso aconteça é a segurança jurídica e a proteção de cultivares faz parte disso. “Isso vai estimular também uma cadeia em torno da araucária, com viveiros produzindo e comercializando mudas de cultivares registradas e protegidas”, prevê.

O trabalho de desenvolvimento dos descritores foi uma iniciativa da Embrapa Florestas, com apoio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de Santa Catarina campus de Curitibanos (UFSC), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

As diretrizes DHE

A tabela de descritores da araucária apresenta 23 itens a serem analisados como tipo de floração, ciclo até a maturidade do pinhão, altura da planta, diâmetro do tronco, características das acículas, pinhões (no caso de plantas femininas) e estróbilos (plantas masculinas), quantidade e inserção de verticilos, entre outros. Para chegar à lista final, os pesquisadores observaram, mediram e analisaram mais de 200 plantas de jardins clonais e pomares da Embrapa e de plantios de produtores parceiros. 

A definição dos descritores levou dois anos e envolveu intenso trabalho de ajustes, refinamentos e checagem em campo dos descritores propostos, obtenção de fotografias e elaboração de ilustrações que servem de base para a análise, além de reuniões virtuais.

Marco histórico

Coube ao SNPC a formatação do documento final levando em consideração as orientações da União Internacional para Proteção das Novas Obtenções Vegetais (UPOV) para elaboração de diretrizes de DHE. A diretriz de DHE de araucária é a primeira a ser publicada entre os países membros da UPOV. Com esse trabalho, o Brasil passa a ser referência na cooperação com outros países que venham a apresentar interesse em proteger cultivares da espécie.

“A publicação dos descritores pode ser considerada um marco histórico muito importante para o setor florestal brasileiro”, atesta o pesquisador. Entre as espécies florestais cultivadas no Brasil, além da araucária, possuem descritores o cedro australiano, a seringueira, a erva-mate, além de algumas espécies de eucalipto e de pinus.

O formulário de solicitação de proteção está disponível site do Mapa

Featured Image

Estudo com técnica fotônica apresenta dados inéditos sobre carbono no solo

No momento em que os olhos do planeta estão voltados para as discussões sobre preservação do meio ambiente e emissão de gases de efeito estufa, pesquisadores da Embrapa em São Carlos (SP) trazem uma importante contribuição para detectar o carbono no solo. 

Os cientistas concluíram que a Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (LIFS, na sigla em inglês) – uma técnica da fotônica -, aplicada em sistemas de produção como a integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF), é capaz de avaliar com precisão, de forma limpa e rápida, o grau de estabilidade química do carbono retido no solo. O conceito de fotônica é bastante amplo e considera toda técnica que usa ou manipula fótons (veja quadro).

No estudo, a técnica permitiu detectar que o índice de humificação (formação de húmus) da matéria orgânica do solo (MOS) é 36% maior em camadas mais profundas do solo no sistema ILPF do que em áreas de floresta nativa, referências consideradas para a pesquisa. Tanto o estoque de MOS quanto a biomassa das árvores aumentam sob esse sistema integrado e sequestram mais carbono, o que torna o modelo de cultivo, com diferentes combinações, uma prática sustentável e uma forte aliada na descarbonização da agricultura brasileira.

O estudo poderá auxiliar no entendimento de mecanismos de acúmulos e de estabilização de carbono em solos tropicais. Seus resultados são relevantes para o iminente estabelecimento do mercado global de créditos de carbono no solo, com pagamentos diretos aos produtores rurais pelo serviço ambiental. 

Uma projeção da WayCarbon, consultora com foco exclusivo em sustentabilidade e mudança do clima, junto com o ICC Brasil, braço local da Câmara Internacional de Comércio, aponta que o País pode gerar entre 493 milhões e 100 bilhões de dólares em crédito de carbono até 2030.

O tema é uma das pautas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, que acontece até 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.

Aplicação inédita da técnica

Essa é a primeira vez que a técnica Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (LIFS – veja quadro) é empregada para detectar o grau de humificação da matéria orgânica do solo em sistemas integrados e com trincheiras de até um metro de profundidade. Tradicionalmente o grau de humificação da MOS é determinado por processos químicos demorados e custosos. Só em etapa posterior as substâncias húmicas extraídas do solo são analisadas por técnicas espectroscópicas. 

A vantagem da LIFS é não precisar fazer extrações químicas dos solos, somente preparar uma pastilha e medir. A técnica fotônica vem, assim, se destacando como uma ferramenta ambientalmente sustentável, porque permite avaliar a qualidade e estabilidade da matéria orgânica com maior facilidade e rapidez que os métodos convencionais. 

O estudo, com experimentos de campo de longo prazo, envolveu pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP) e Embrapa Pecuária Sudeste (SP), além da pós-doutoranda em química Amanda Maria Tadini, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que observou o índice de humificação da matéria orgânica do solo na ILPF 36% maior do que sob florestas nativas.  

Sistemas influenciam estoques de MOS 

A matéria orgânica do solo é composta por resíduos vegetais e animais contendo carbono em sua estrutura. Na superfície ou incorporada ao solo, a MOS tem vários estágios de decomposição. O último e mais estável é o húmus, capaz de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo, além de fornecer nutrientes e melhorar o seu potencial produtivo. 

Por todos os atributos, seja na ciclagem de nutrientes, na retenção de água ou no controle térmico, a MOS é considerada um indicativo importante da fertilidade do solo e desempenha papel fundamental na sustentabilidade dos sistemas agrícolas. Assim, os diferentes manejos adotados na agricultura influenciam diretamente os estoques de carbono, que podem ser diminuídos, mantidos ou aumentados em relação à vegetação nativa.

Para Tadini, que foi supervisionada pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação Ladislau Martin Neto (foto acima), conhecer a composição química e molecular da MOS e o carbono presente em sua estrutura podem viabilizar o aprimoramento de técnicas agrícolas mais sustentáveis e de menor impacto nas propriedades do solo. 

“Estudos que avaliem as características estruturais da matéria orgânica  também são fundamentais para entender a ciclagem de nutrientes e sua deposição no solo”, avalia a doutora com dupla titulação em Química Analítica e Inorgânica pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade de Toulon (França).

Em 2019, Tadini também realizou pós-doutorado de um ano na Universidade Old Dominion, Norfolk, Virginia (EUA), onde obteve experiência em diversas técnicas analíticas avançadas para auxiliar na caracterização detalhada da MOS nos sistemas integrados.

Impacto na agricultura de baixo carbono

A pesquisa, realizada com o apoio financeiro da Fapesp, teve o objetivo de analisar o índice de humificação da MOS em diferentes sistemas. 

No experimento em campo, Amanda Tadini (foto à esquerda) avaliou o grau de humificação de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), integração lavoura-pecuaria (ILP), integração pecuária-floresta (IPF), além de comparar os resultados com as áreas de referência, pastagem intensiva, pastagem extensiva e floresta nativa (FN).

O estudo levantou a hipótese de que a matéria orgânica do solo estava preservando uma quantidade maior de formas químicas estáveis ​​- tempo de vida mais longo no solo -, como cadeias aromáticas que levam à estabilização do carbono e seu acúmulo em camadas mais profundas, entre 40 e 100 cm, em sistemas de produção integrados do que em área de vegetação nativa. Uma das conclusões do estudo confirmou essa hipótese inicial.

ABC+Sistemas como ILP, IPF, ILPF e plantio direto, além de outras tecnologias sustentáveis, estão incluídas no rol de soluções do Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, o ABC+, para o período de 2020-2030.O ABC+, lançado em outubro e apresentado durante a COP26, pretende reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas na agricultura. 

“Usamos, então, a LIFS e constatamos que essa espectroscopia é uma técnica eficaz para avaliar o índice de humificação da MOS em amostras praticamente intactas sob os diferentes sistemas agrícolas. Em todos eles, a humificação da MOS foi maior em camadas mais profundas quando comparado à floresta nativa”, observou a pesquisadora. 

O físico Ladislau Martin Neto diz que o sistema ILPF, com diferentes combinações, destaca-se principalmente na agricultura de baixo carbono no Brasil uma vez que o solo sob esse modelo pode sequestrar mais carbono na forma de MOS.

“Esses sistemas são um sumidouro essencial de carbono, auxiliando nas estratégias de mitigação para reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs)”, afirma o pesquisador, ex-presidente da Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS, na sigla em inglês).

Martin Neto diz ainda que em regiões tropicais, por exemplo, as características químicas da MOS sob manejo conservacionista do solo, como plantio direto e ILPF, ainda são raramente avaliadas de uma forma mais detalhada.

Desafios de solos tropicais

Estudo publicadoO estudo Evaluation of soil organic matter from integrated production systems using laser-induced fluorescence spectroscopy faz parte do volume 211 da revista científica americana Soil&TillageResearcheditora Elsevier, de julho de 2021.O artigo é assinado por  Amanda Tadini, pelos pesquisadores da Embrapa Instrumentação Ladislau Martin Neto e Débora Milori, por  Alfredo Xavier e também  pelos pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste  Patrícia P. A. Oliveira, José R. Pezzopane e Alberto C. C. Bernadi. 

O estudo ainda possibilitou identificar, de forma inédita, uma correlação positiva entre o grau de humificação da matéria orgânica do solo, detectado por LIFS, e a capacidade de troca catiônica dos solos (importante indicador de fertilidade do solo) de todos os sistemas integrados, confirmando a melhora da estabilidade química dos compostos da matéria orgânica em maiores profundidades.

“Entender o comportamento da MOS nesses solos agrícolas, predominantemente brasileiros, pode representar uma ferramenta essencial para melhor compreensão da dinâmica do carbono do solo”, diz Martin Neto. Segundo ele, em regiões tropicais, a dinâmica da matéria orgânica do solo e a importância da reatividade são ampliadas e resultam em alguns desafios de especificidade. 

Por sua vez, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste José Pezzopane afirma que áreas agrícolas como os sistemas integrados apresentam uma produção de biomassa anual relevante, com quantidades significativamente maiores de resíduos acima e abaixo do solo do que uma floresta nativa. “Observamos isso, especialmente, em áreas com restrições de condições químicas e de fertilidade dos solos originais, em regiões de Cerrado ou em áreas de transição Mata Atlântica/Cerrado, como no caso do experimento de campo realizado.”

 Mais de 860 amostras avaliadasAs amostras de latossolo vermelho-amarelo para avaliação do teor de humificação da matéria orgânica do solo foram coletadas entre fevereiro e abril de 2016, em área experimental da Embrapa Pecuária Sudeste, cinco anos após a implementação dos sistemas integrados.“Os dados de teor de carbono do solo obtidos pela análise elementar mostram uma diminuição desses valores de acordo com a profundidade em todos os sistemas de produção integrados em áreas de referência com vegetação nativa. Destacam-se maiores teores do elemento químico no solo nas camadas de zero a 20 cm”, diz Amanda Maria Tadini. Segundo Tadini, no Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf – veja quadro no fim desta matéria), a Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser foi aplicada em 864 amostras intactas de solos, sem quaisquer fracionamentos químico ou físico, utilizando “pastilhas” de solos das diferentes profundidades.Além de os sistemas ILPF e IPF apresentarem valores maiores de humificação em relação à floresta nativa, o teor de carbonoem camadas mais profundas, segundo Tadini, variou de 1,0 a 1,5%, o que demonstra maior acúmulo desse elemento em profundidade nos sistemas integrados quando comparado à floresta nativa, variando de 0,5 a 1,0%.

Boas práticas levam a acúmulo de carbono

O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Alberto Bernardi (foto à esquerda), especialista em fertilidade de solos, reforça que os estudos, após cinco anos de implantação do sistema ILPF, mostraram resultados bem interessantes.

“Trabalhos desenvolvidos na Embrapa Pecuária Sudeste já mostravam que a quantidade de carbono era maior nos solos em sistemas integrados. No entanto, esse estudo possibilitou demonstrar melhor a dinâmica da matéria orgânica e determinar os motivos de esses sistemas acumularem mais carbono e de o elemento químico permanecer no solo por mais tempo. Por meio de métodos sofisticados, a pesquisa comprova uma matéria orgânica de maior qualidade e mais estável, garantindo vantagens ambientais dos sistemas integrados”, ressalta Bernardi,  que também é coordenador da Rede de Sistemas Integrados Lavoura-Pecuária da Aliança Global de Pesquisa em Gases do Efeito Estufa na Agropecuária (Global Research Alliance em inglês, GRA) e da Comissão de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS)

O pesquisador acredita que a principal razão para os resultados é a produção de biomassa muito alta. “Quanto mais matéria orgânica no solo, mais eficiente ele é biologicamente e quimicamente e, também, fisicamente mais estruturado. A matéria orgânica é a chave para o bom funcionamento do solo, permitindo maiores produtividade, recarga dos aquíferos, carbono e biodiversidade”, explica Bernardi.

Além disso, ele lembra que são importantes as boas práticas de manejo, como a aplicação de calagem e fertilizantes e a adoção do plantio direto, evitando processos de erosão e permitindo aumento no teor de MOS em comparação, por exemplo, com áreas de preparo convencional.

Martin Neto, cocoordenador do Grupo de Pesquisa em Terras Cultiváveis da Aliança Global de Pesquisa em Gases do Efeito Estufa na Agropecuária desde fevereiro de 2012, ainda acrescenta que a possibilidade de aumentar o conteúdo de matéria orgânica no solo e, consequentemente, sequestrar carbono é uma das importantes estratégias globais para descarbonização da economia.

“É importante também para o estabelecimento do mercado global de créditos de carbono no solo. No fim de setembro a tonelada de CO2 equivalente sequestrado atingiu valores em torno de US$ 70,00, um aumento de 90% desde janeiro deste ano, de acordo com dados da instituição europeia Ember”, lembra o pesquisador.

Para Alberto Bernardi, a ILPF é uma tendência e as pesquisas indicam caminhos aos produtores para, no futuro, comercializarem créditos de carbono.

Os sistemas de integração da Embrapa Pecuária Sudeste, onde foram realizados os estudos, são mantidos com apoio da Rede ILPF

Ciência do século XXIConsiderada uma das principais ciências do século XXI, a fotônica, numa visão bastante simplificada, é a ciência da geração, emissão, transmissão, modulação, processamento, amplificação e detecção da luz. Atualmente o conceito é bastante amplo e considera toda técnica que usa ou manipula fótons, como ondas de rádio, por exemplo.O uso de técnicas como a LIFS, baseadas principalmente na emissão de fluorescência de compostos aromáticos presentes no solo, tem se destacado por permitir uma avaliação mais rápida da qualidade e estabilidade da matéria orgânica do solo (MOS). Essa técnica pode ser aplicada em praticamente amostras inteiras de solo sem pré-tratamento trabalhoso.A LIFS tem como princípio a interação entre a amostra de solo e um laser com emissão na região do azul ou violeta, o que resulta na fluorescência de alguns grupos funcionais da matéria orgânica. O sistema LIFS para solos, desenvolvido e patenteado pela Embrapa Instrumentação,  conta com um laser com emissão no espectro visível, que é direcionado por uma fibra óptica para uma pastilha de amostra de solo. A pastilha absorve o laser e por meio do fenômeno de fluorescência, que depende da composição e características da matéria orgânica do solo, reemite radiação luminosa, detecta e quantifica-o com o uso de um miniespectrômetro acoplado a um microcomputador.

Fotônica avalia com precisão matéria orgânica do solo em ILPF

 Estudo integra LanafO resultado obtido pelo estudo reflete a base estabelecida pela Embrapa Instrumentação em quase 20 anos de pesquisas em fotônica. O conhecimento altamente especializado levou o Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf), coordenado pelos pesquisadores Débora Milori e Ladislau Martin Neto, único nessa linha, a integrar o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Como atua em ambiente colaborativo, conecta competências de centros de pesquisa da Embrapa e instituições públicas para fortalecer o ecossistema de inovação em fotônica, estratégico para o aumento da competitividade do País.

Fonte: Rede ILPF

Featured Image

A madeira é um material de construção que nos permite brincar livremente com as ideias

Existem muitas maneiras de erguer um edifício. Cada um deles constitui um desafio em si mesmo. Uma olhada em alguns aspectos pode demonstrar o quão complexas são as tarefas de construção hoje: começando com os interesses do cliente e as idéias do arquiteto para as demandas de estática e design para questões de serviços de construção, uma utilização sustentável, bem como ecologia e reciclando.

Com as respostas a essas e outras perguntas, cada projeto de construção evolui para uma solução muito especial, comparável a um protótipo. De nossa longa experiência com construção em madeira maciça, sabemos, no entanto, que a individualidade e os padrões testados e comprovados são compatíveis. As soluções de construção da binderholz são uma prova viva disso mesmo.

Com componentes estruturais e conceitos de construção, sempre contamos com soluções padrão testadas, certificadas e orientadas para a prática, que podem ser integradas de forma flexível no planejamento e execução de um projeto de construção. O resultado são soluções de qualidade premium, customizadas e particularmente econômicas, que estão totalmente em conformidade com nosso lema de “Componentes padrão são melhores do que um edifício padrão”.

Um belo exemplo é o Mercado Municipal da cidade de Braga em Portugal.

Originalmente construído na década de 1950, o Mercado Municipal de Braga, localizado na periferia do centro da cidade, apresenta o estilo do antigo regime de Portugal. O foco principal da conversão foi reformar o edifício existente, preservando seus elementos principais ao adicionar uma cobertura e uma nova ala. Após a reconstrução das instalações sanitárias e instalação de uma praça de alimentação, sistema de depósito de resíduos e infra-estrutura logística, o mercado chegou agora na 21 st século.

binderholz Painéis de madeira maciça de 3 camadas sobre construção de ferro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
A atmosfera única dentro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
A fachada foi revestida com painéis de madeira maciça de 3 camadas © binderholz
A aparência calorosa da madeira com qualidade visual © binderholz
A atmosfera única dentro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
binderholz Painéis de madeira maciça de 3 camadas sobre construção de ferro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
binderholz Painéis de madeira maciça de 3 camadas sobre construção de ferro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
A atmosfera única dentro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
A fachada foi revestida com painéis de madeira maciça de 3 camadas © binderholz
A aparência calorosa da madeira com qualidade visual © binderholz
A atmosfera única dentro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
binderholz Painéis de madeira maciça de 3 camadas sobre construção de ferro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA
binderholz Painéis de madeira maciça de 3 camadas sobre construção de ferro © FG + SG |  FOTOGRAFIA DE ARQUITETURA

Combinando construção de aço e madeira sólida

O edifício inovador foi construído usando um método de construção híbrido envolvendo vigas de aço e elementos de madeira. Um modelo BIM da autoria dos arquitectos Luis Santos e Apto-Arquitectura permite uma interacção precisa entre os vários materiais de construção.

Para dar conta do aspecto da sustentabilidade, a construção em aço foi complementada com madeira. 7.000 m² de painéis de madeira maciça de 3 camadas, montados diretamente na construção de aço, são responsáveis ​​pela atmosfera única do interior. A fachada foi revestida com 1.300 m² de painéis de madeira maciça de 3 camadas , conferindo ao edifício um ar de construção em madeira maciça e tradicional, aliada ao estilo moderno. A aparência calorosa da madeira visível de qualidade torna os quartos particularmente aconchegantes.

Um bom conceito faz um ótimo projeto

Com o novo Mercado, os clientes conseguiram preservar a função original do edifício, aliar a tradição com elementos modernos, integrar conforto e funcionalidade mantendo o aspecto comercial.

O Mercado convida o visitante a ficar, maravilha-se com a sua arquitetura única e reúne a variedade de produtos, serviços e elementos culturais que oferece.

Trabalho complexo

Apesar da complexidade do projeto de conversão, o trabalho foi concluído em um curto espaço de tempo. Graças a uma construção de telhado temporária usada durante a construção, o mercado poderia permanecer aberto, permitindo que comerciantes e clientes continuassem trabalhando até que o novo mercado fosse concluído.

Assista ao vídeo: https://youtu.be/lqp3u3zH_Rc

Fonte: Binderholz

Featured Image

Suzano obtém aprovação para eucalipto tolerante a herbicida

Suzano (SUZB3) informa que teve aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) o uso comercial do novo eucalipto geneticamente modificado da companhia tolerante a herbicida, segundo documento apresentado no dia 12 de novembro.

A nova tecnologia foi desenvolvida pela FuturaGene, subsidiária integral da Suzano.

O novo eucalipto confere a característica de tolerância ao herbicida glifosato, amplamente utilizado no setor florestal, há mais de 30 anos, durante as etapas inicias de plantio do eucalipto.

A expectativa é que a redução dos danos a árvores jovens por meio do eucalipto tolerante a herbicida melhore a produtividade no campo, em um momento no qual a demanda global por produtos renováveis, a exemplo da madeira, tem crescido de maneira significativa.

A tecnologia foi avaliada e aprovada pela CTNBio após realização de amplos testes e um processo de avaliação de risco por diversos anos, a fim de garantir que as plantas modificadas não apresentem nenhum risco à saúde humana e animal ou ao meio ambiente.

Fonte: Suzano

Featured Image

Eldorado Brasil amplia frota de caminhões e gera novos empregos no MS

Alta tecnologia e baixa emissão de poluentes são diferenciais dos veículos

A Eldorado Brasil Celulose não para de modernizar sua frota para o transporte de madeira e de biomassa. Além de adquirir 17 novos caminhões Volvo FH540, a companhia está com 100% de seus veículos c om tecnologia embarcada para auxiliar seus condutores e garantir segurança nas estradas. Com a aquisição dos veículos, a frota passa para 132 caminhões e abre vagas para 51 novos motoristas.

“Os investimentos em caminhões de última geração acompanham nosso objetivo de ter uma operação com baixa emissão de gases poluentes e segurança nas rodovias”, avalia, Marcius Braga, diretor da transportadora, na Eldorado Brasil.

A empresa é dedicada à excelência dos resultados operacionais e dá todo suporte para os seus motoristas, seja no apoio humano, com capacitações ou com a tecnologia aplicada aos caminhões. A rotina do transporte da madeira até a fábrica para a produção de celulose ou da biomassa para a transformação em energia passa por etapas rigorosas de controle.

Além de Três Lagoas, mais seis cidades de Mato Grosso do Sul estão na rota de atuação das operações florestais e do transporte: Água Clara, Inocência, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Bataguassu e Selvíria.

Tecnologia Embarcada

Com a permanente renovação e ampliação da frota a consequência é uma oferta de veículos com alta tecnologia e performance e ainda baixa emissão de poluentes. Todos os caminhões possuem a tecnologia SCR (em inglês Selective Catalyct Reduction ou Redução Catalítica Seletiva) atendendo a legislação brasileira- PROCONVE P7- que equivale ao programa da Europa Euro 5.

Os caminhões possuem monitoramento via GPS/GPRS que permite comunicação do motorista e de várias informações, como consumo de combustível, performance do powertrain e condução segura, através da telemetria em tempo real com uma Torre de Controle, além do sistema de IA de controle e detecção de fadiga.

“Continuamos investindo fortemente em treinamentos, conscientização e tecnologia com intuito de garantirmos a segurança de todos que trafegam pelas rodovias on de operamos.”, explicou Marcius Braga.

Vagas

Venha fazer parte deste time, para as vagas de motoristas é necessário ter habilitação categoria “E”, treinamento de cargas indivisíveis e experiência com carreta. Além de salário, a Transportadora Eldorado oferece um conjunto de benefícios. As vagas estão disponibilizadas no portal www.eldoradobrasil.com.br em Trabalhe Conosco. Toda o processo é feito de forma online.

Fonte: Eldorado Brasil

Foto: Eldorado Brasil

Anúncios aleatórios

+55 67 99227-8719
contato@maisfloresta.com.br

Copyright 2023 - Mais Floresta © Todos os direitos Reservados
Desenvolvimento: Agência W3S