A Quiron, startup de monitoramento de florestas fundada em Santa Catarina, cresce a passos mais largos no mundo do que no próprio Brasil. Este ano, a empresa comemora a marca de 3 milhões de hectares de florestas monitorados globalmente e espera atingir os 30 milhões no ano que vem.
A maior parte das extensões de terra acompanhadas hoje estão em países estrangeiros. São mais de 54 mil hectares em Portugal e 165 mil em Marrocos, 450 mil nos EUA e mais de 2 milhões de hectares na Espanha. No Brasil são 470 mil hectares monitorados.
Em 2021, o faturamento da startup deve chegar a R$ 700 mil. Este foi o primeiro ano de operação comercial da Quiron, que se manteve em fase de desenvolvimento de produtos de 2018 até dezembro de 2020.
Diogo Machado, sócio-fundador e diretor de mercado da Quiron, afirma que as empresas e governos estrangeiros já entenderam a necessidade de monitorar mais de perto suas florestas, o que no Brasil é realidade entre o setor privado.
“Acredito que as principais empresas do segmento florestal e também os governos entenderam a necessidade de evoluir sua abordagem para o sensoriamento remoto, colocando a tecnologia espacial como um insumo cada vez mais estratégico. As empresas e governos estrangeiros já entenderam isso, aqui no Brasil as grandes também”, diz.
No país onde nasceu, a startup espera avançar sobre todos os Estados da federação. Hoje, a Quiron atende clientes em oito deles (SP, MT, MS, AM, MA, ES, SC e PR), de um total de 26. Em termos de biomas, já está presente em todos os cinco (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal).
No exterior, os mercados foco da expansão da Quiron são os EUA, Austrália e Europa. No continente europeu, a startup abriu recentemente um escritório em Fundão, em Portugal, há pouco mais de 260 km da capital Lisboa. A escolha por Fundão foi estratégica e se pautou na centralidade do município no território português, na quantidade de contratos já fechados pela startup no país e nas oportunidades de fomento que Portugal oferece.
Em termos globais, atualmente, a empresa atende 20 clientes, sendo 14 privados e seis governamentais.
Tecnologia a serviço das florestas
A Quiron auxilia nos desafios do setor florestal de forma remota prestando diferentes serviços, entre eles a predição de incêndios, monitoramento de pragas e doenças, mapeamento de solo e contagem de árvores.
Batizada Flareless, a solução de predição do risco de incêndios florestais contempla mais de 12 variáveis e entrega predições para sete dias com até 10 metros de resolução, a partir de dados de satélites analisados semanalmente.
Já a solução Mapper faz o mapeamento da cobertura e uso do solo, incluindo colheita e desmatamento, e estima os recursos florestais por meio da contagem remota de árvores nas diferentes áreas.
A Diagnosis, por fim, é uma tecnologia de monitoramento de pragas e doenças. Usando dados de satélite, essa solução permite analisar o histórico de ocorrências, perfil genético e manejo das florestas de forma remota.
Além desses, um novo serviço, o Discover, está prestes a ser lançado pela Quiron, a fim de aumentar a gama de iniciativas que consolidam resultados no setor florestal, com análises 100% remotas de qualquer lugar do mundo.
Em março de 2021, a startup recebeu aporte de R$ 750 mil de investidores da organização sem fins lucrativos Anjos do Brasil. Assim, aumentou seu time de cinco para 15 pessoas, o que permitiu o crescimento acelerado da área de monitoramento neste seu primeiro ano de operação.
“Esse número de 3 milhões de hectares monitorados é muito interessante porque, apesar de termos iniciado as atividades em 2018, ficamos até o final de 2020 trabalhando de uma forma pré-operacional, testando e validando soluções. Fomos, de fato, ao mercado no início de 2021 e em 10 meses já atingimos essa marca. Esse número vem para confirmar a capacidade de escala que nós temos”, afirma Gil Pletsch, CEO da Quiron, em nota. A Quiron foi fundada em 2018 em Lages (SC).
Fonte: AgTechGarage
