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MIDR inicia cooperação para fazer projetos com créditos de carbono

Capacitação técnica apoiará projetos voltados à conservação ambiental, reflorestamento e uso de biodigestores, com foco no mercado de carbono e no desenvolvimento regional sustentável

Brasília (DF) – O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Secretaria Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros (SNFI), vai começar uma cooperação técnica para que os empreendimentos beneficiários dos Fundos Regionais possam desenvolver projetos geradores de crédito de carbono. A ideia é identificar e apoiar oportunidades de investimento em projetos relacionados à conservação de florestas, reflorestamento, instalação de biodigestores e práticas agrícolas que promovem o sequestro de carbono.

As atividades referentes à cooperação, como trocas de conhecimento, boas práticas e experiências, acontecerão em parceria com o Banco do Brasil (BB), conforme estabelecido na assinatura de um protocolo de intenções entre o MIDR e a instituição financeira nesta quarta-feira (18).

O protocolo tem como objetivo articular institucionalmente ações e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional sustentável. A iniciativa busca reduzir as desigualdades regionais, melhorar a qualidade de vida da população e promover práticas sustentáveis. Essa articulação ganha ainda mais relevância no atual contexto de retomada do setor industrial brasileiro, que registrou crescimento de 3,1% no ano passado.

O Secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros, Eduardo Tavares, ressaltou que a colaboração com o BB permitirá estudar soluções inovadoras, em especial no mercado de carbono, com impactos positivos para o meio ambiente e a economia local.

“Agendas como essa são transformadoras. Fazer um laboratório com o Banco do Brasil, aprofundar conhecimentos, testar possibilidades com um parceiro que já estrutura operações reais de créditos de carbono, apoiando várias cadeias produtivas, é o que precisamos”, afirmou.

A parceria entre o MIDR e o BB prevê a prospecção de projetos inseridos no escopo dos Fundos de Desenvolvimento Regional e do Fundo Constitucional de Investimento do Centro-Oeste (FCO). Do lado do Banco do Brasil, a parceria reforça a busca por fontes de receita alternativas, por mais regulação e governança no mercado de carbono no país.

“Os créditos de carbono podem ser uma fonte de receita relevante para o Brasil à medida que a nova regulamentação permite gerar créditos em áreas de preservação, reflorestamento e reservas indígenas. Sabemos que há muito interesse nesse sentido”, declarou José Ricardo Sasseron, Vice-Presidente de Negócios, Governo e Sustentabilidade Empresarial do BB.

Sem excluir outras temáticas que podem ser acordadas futuramente, o protocolo de intenções prevê que sejam analisados os seguintes tipos de crédito de carbono:

  • REDD+ (conservação florestal): Projetos em áreas de floresta no bioma amazônico e cerrado, incluindo reserva legal e/ou excedente de vegetação nativa preservados;
  • ALM (carbono no solo): Projetos que financiam a implantação de práticas de plantio direto, recuperação de pastagens, implantação de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), SAFs (Sistemas Agroflorestais), entre outras práticas de melhoria do solo;
  • Biogás: Projetos que financiam a implantação de biodigestores em granjas de suínos ou bovinos confinados;
  • ARR (reflorestamento): Projetos que possuem déficit de reserva legal ou áreas de proteção permanente em suas propriedades.

A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) também estava representada na reunião, com a presença do Expert Financeiro Alejandro Barreneche. A AFD é outra importante parceira da SNFI, participando da estratégia de captação de recursos para os Fundos de Desenvolvimento.

“AFD, como banco de desenvolvimento, tem muitas propostas de metodologias de acompanhamento dos impactos socioambientais, da medida da pegada de carbono. Então, para nós, faz sentido ver como esses dois parceiros estão juntando forças para continuar no mesmo caminho e promover um setor que está se formalizando no Brasil, que é o mercado de carbono”, concluiu.

Desenvolvimento Sustentável

Para regulamentar o mercado de carbono no país, foi instituído em 2024 o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Por convenção, um crédito de carbono corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono não emitida ou removida da atmosfera. Esses créditos são negociados entre empresas e países para compensar suas emissões e cumprir metas de redução de gases do efeito estufa.

Ao impulsionar projetos de crédito de carbono e o desenvolvimento regional sustentável, o MIDR colabora com as medidas de adaptação às mudanças climáticas, e contribui para as discussões na COP 30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O encontro global ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA), reunindo líderes mundiais, representantes de governos, ciência e sociedade civil para debater soluções climáticas — e marcará a primeira vez que a conferência será realizada na Amazônia.

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Veracel: produtividade, respeito a natureza e desenvolvimento regional como aliados de negócio

No sul da Bahia, em uma região onde a Mata Atlântica ainda resiste com toda sua diversidade, uma empresa brasileira mostra que desenvolvimento econômico e proteção ambiental não só podem caminhar juntos — como devem. A Veracel Celulose, prestes a completar 34 anos de operação e com duas décadas completas de operação fabril possui um modelo de inovação sustentável que une tecnologia, conservação, geração de emprego e desenvolvimento social em um contexto econômico de mercado desafiador para a celulose – com pressão internacional, mudanças climáticas, exigências legais e sociais. A experiência da Veracel mostra que é possível crescer com ética, tecnologia e cuidado real com o planeta e as pessoas.

A responsabilidade ambiental começa antes mesmo da floresta ser plantada. No viveiro de mudas da Veracel, tecnologia e ciência se unem para produzir árvores mais fortes e adaptadas ao clima da região. Com técnicas de clonagem e melhoramento genético, a empresa busca maior produtividade com menos impacto e acompanha de perto as variações climáticas e adaptabilidade das mudas de eucalipto que se tornarão as florestas, e a matéria-prima, da empresa.

Um exemplo claro deste trabalho foi a redução de 80% no uso de defensivos agrícolas nos viveiros devido à adoção de controle biológico, com fungos e insetos, que substitui produtos químicos por soluções naturais. Isso protege a saúde do solo, dos trabalhadores e dos ecossistemas ao redor.

Além disso, dos cerca de 200 mil hectares de área da Veracel, metade é dedicada à conservação ambiental, em um modelo de 1 hectare de mata nativa para cada hectare de eucalipto plantado.

Outra frente importante é o modelo de mosaico florestal adotado pela empresa que alterna áreas plantadas com eucalipto e áreas de vegetação nativa preservada. Os platôs são destinados ao plantio, enquanto os vales mantêm a vegetação original. O resultado é um modelo de base florestal eficiente, que protege rios e nascentes e mantem corredores naturais para a fauna e flora, algo que, consequentemente, fortalece o controle biológico de pragas, e diminui o uso de defensivos agrícolas.

A empresa também promove a restauração florestal ativa, com o plantio de cerca de 400 hectares por ano com espécies nativas da Mata Atlântica. Isso reforça a resiliência dos ecossistemas e contribui para a recuperação de uma das florestas mais ameaçadas do planeta.

Recentemente, a companhia anunciou uma parceria inédita com a Biomas, uma empresa de restauração ecológica em larga escala, para a restauração de 1,2 mil hectares de Mata Atlântica em áreas da Veracel. O modelo de negócio prevê que a restauração seja financiada pelos créditos de carbono que serão gerados na área recuperada, uma iniciativa inovadora para uma empresa de base florestal.

“Essa parceria com a Biomas reforça o compromisso da Veracel com a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável no território onde atuamos. Mais do que uma ação compartilhada, estamos aportando um histórico consolidado que nos posiciona como referência em iniciativas de regeneração ecológica e proteção da biodiversidade da Mata Atlântica no Sul da Bahia. Ao destinar áreas próprias para restauração com espécies nativas, reafirmamos nosso papel como protagonistas na promoção de soluções baseadas na natureza e na preservação de ecossistemas de alta relevância ambiental”, afirma Caio Zanardo, diretor-presidente da Veracel.

A companhia também é responsável pela gestão e proteção da maior reserva privada de Mata Atlântica do Nordeste, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel. São mais de 6 mil hectares protegidos, habitat de espécies raras e ameaçadas de extinção. Além disso, a Veracel protege outras Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVCs), monitoradas constantemente para garantir a integridade da flora e da fauna locais. 

A Estação Veracel também é uma sala de aula viva. Escolas da região participam de visitas e programas de educação ambiental que ensinam, de forma prática, sobre conservação, uso consciente da água, reciclagem e respeito à natureza. Além disso, centros de pesquisa e universidades internacionais fazem estudos em parceria com a reserva.

Outra frente que coloca a sustentabilidade como aliada de negócio são os processos industriais da empresa. A empresa consome cerca de 20 m³ de água por tonelada de celulose, um dos menores índices do setor no mundo. Mais de 99% dos resíduos industriais são reaproveitados, com parte deles transformada em fertilizante para a agricultura familiar e para as próprias florestas da empresa.

A fábrica da Veracel também é autossuficiente em energia desde 2005, utilizando resíduos provenientes da própria produção de celulose para gerar energia limpa. A empresa ainda possui a tecnologia para transformar produtos que existem em abundância no Sul da Bahia e seriam descartados em aterros, como o caroço de açaí e o bagaço de cana-de-açúcar em biomassa alternativa para gerar energia e, consequentemente, negócios para produtores locais. 

No quesito energia limpa, a empresa foi além: em 2023, implantou cinco usinas solares em suas áreas além da fábrica, que geram 1,2 MWp, energia suficiente para abastecer 300 famílias e evitar a emissão de mais de 230 toneladas de CO₂ por ano.

O transporte da celulose também segue o caminho da sustentabilidade. A Veracel utiliza o Terminal Marítimo de Belmonte, escoando a produção por via marítima com barcaças. Cada viagem evita cerca de 384 viagens de caminhão, reduzindo as emissões de CO₂ em mais de 116 toneladas por embarque. E tudo isso com tecnologia de monitoramento 24 horas e programas de proteção à fauna marinha, como botos e tartarugas.

A Veracel também acredita que nenhuma floresta se sustenta sozinha – e nenhuma empresa também. Por isso, investe mais de R$ 10 milhões por ano em projetos sociais que apoiam a agricultura familiar, a pesca artesanal, o empreendedorismo feminino e a valorização de culturas indígenas.

Somente 2024, mais de 1.600 famílias foram beneficiadas, incluindo 34 aldeias indígenas. O apoio vai desde cursos de capacitação e doação de equipamentos até ações estruturantes que geram renda e autonomia. Tudo isso construído com diálogo contínuo e escuta ativa, fortalecendo a licença social para operar da empresa.

Por fim, a Veracel preza pela transparência e lançou recentemente seu Relatório de Sustentabilidade referente ao ano de 2024 em que estes e outros dados podem ser consultados.

Na Veracel, cada muda plantada carrega um propósito. Cada tonelada de celulose exportada leva junto uma história de respeito ao meio ambiente e às comunidades. E cada inovação aplicada reforça o compromisso com um futuro em que produzir mais e melhor significa também proteger e incluir.

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O que a seringueira produz? Conheça mais sobre a árvore amazônica

Na natureza, a seringueira produz látex como mecanismo de defesa contra ferimentos, insetos e microrganismos

seringueira, conhecida cientificamente como Hevea brasiliensis, é uma árvore típica da região amazônica e tem um papel fundamental na produção de borracha natural. O que pouca gente sabe é que o látex tem uma função importante na natureza, e sua produção depende de diversos fatores.

Onde tem seringueira no Brasil?

A seringueira é uma árvore nativa da floresta amazônica, ocorrendo naturalmente em estados como Acre, Amazonas, Rondônia e Pará. Em entrevista à Globo Rural, Paulo explica que a árvore pode atingir até 45 metros de altura e apresentar tronco de até 90 centímetros de diâmetro, geralmente com a base mais larga. A casca é fina, dura e quebradiça, e o látex — branco ou creme — é abundante.

Já as folhas são compostas por três folíolos, com pequenas glândulas visíveis na ponta do pecíolo. Já os frutos, do tipo tricoca, se abrem com força, lançando as sementes pela mata.

Desde que o gênero Hevea foi descrito pela primeira vez pelo naturalista Fusée Aublet, em 1775, muitos pesquisadores vêm se dedicando a compreender melhor essas árvores típicas da Amazônia. Atualmente, esse trabalho continua por meio de pesquisas voltadas à origem e à classificação das espécies, conduzidas pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução do Museu Paraense Emílio Goeldi, em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV). O projeto é coordenado pelo Dr. Santelmo Vasconcelos e conta com a participação do pesquisador Paulo Souza.

O que é o látex da seringueira e por que ele é produzido

De acordo com o pesquisador, o látex é produzido por estruturas internas chamadas laticíferos e atua como uma forma de defesa da planta contra ferimentos e microrganismos.

Segundo Souza, o látex é uma emulsão complexa formada por óleos, resinas, ceras, borracha e outros metabólitos secundários da planta, como mucilagem, carboidratos, ácidos orgânicos, íons minerais, enzimas e alcaloides. Essa substância é liberada quando a árvore sofre algum tipo de injúria — como cortes, mordidas de insetos ou queda de folhas — funcionando como um mecanismo de proteção contra agressões externas.

Qual o lucro de 1 hectare de seringueira?

O lucro por hectare de seringueira no Brasil varia conforme a região, práticas de manejo e condições de mercado. Em São Paulo, por exemplo, o Instituto Agronômico (IAC) desenvolveu clones de seringueira que permitem a produção de látex em menor tempo, com produtividade superior a 2.000 kg por hectare, o que representa um aumento de 40% em relação ao clone mais utilizado anteriormente, o RRIM 600.

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) estima que, com manejo adequado, a rentabilidade anual por hectare de seringueira pode variar de R$ 5.500 a R$ 7.000. Esses valores são influenciados por fatores como custo de implantação, que pode chegar a R$ 17.483,29 por hectare no primeiro ano, e o preço médio do coágulo de borracha, que foi de R$ 2,94/kg na safra de 2016/17.

Quanto tempo vive uma seringueira?

Paulo explica que a extração do látex só é indicada a partir do quinto ano e meio ou sexto ano de vida da planta, quando o tronco atinge uma espessura adequada para a sangria sem comprometer o crescimento. A partir dessa fase, uma seringueira pode continuar sendo produtiva por até 30 anos, dependendo das condições de manejo. “Esse é o tempo médio de vida útil em cultivos comerciais. Após isso, muitas vezes a árvore é destinada ao aproveitamento da madeira”, explica.

Pode comer seringueira?

Embora o látex não seja comestível — por conter substâncias de defesa que podem ser tóxicas ao organismo humano —, algumas partes da árvore têm usos alimentares em contextos específicos. As sementes da seringueira são consumidas por animais como cutias, tartarugas e tracajás, e também por algumas comunidades indígenas, que as cozinham antes do consumo.

Preservação seringueira

O gênero Hevea inclui cerca de 11 espécies, mas é a Hevea brasiliensis que domina os cultivos comerciais. Paulo Souza ressalta, no entanto, que a introdução de novas cultivares em áreas de floresta pode gerar cruzamentos com espécies nativas e ameaçar a diversidade genética do grupo. “Esses híbridos podem comprometer a adaptação das plantas às condições ambientais da Amazônia, por isso é fundamental manter a conservação das populações naturais”, alerta.

A seringueira, conhecida cientificamente como Hevea brasiliensis, é uma árvore típica da região amazônica e tem um papel fundamental na produção de borracha natural. O que pouca gente sabe é que o látex tem uma função importante na natureza — e que a árvore oferece muito mais do que borracha. Com usos que vão da indústria de tintas à medicina regenerativa, a seringueira ainda representa uma importante oportunidade econômica para agricultores e comunidades da floresta.

Informações: Globo Rural.

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Fábricas de celulose e de pellets devem impulsionar plantio de eucalipto no RS

Dois grandes projetos que necessitarão de madeira despontam na Região Sul. Enquanto a CMPC projeta a implementação de uma fábrica de celulose em Barra do Ribeiro, no Centro-Sul do Estado, a Braspell Bioenergia avança nos trâmites para a instalação de uma fábrica de pellets em Pinheiro Machado, no Sul gaúcho. Quando saírem do papel, ambos prometem impulsionar a silvicultura nas respectivas áreas em que estão inseridos.

No caso da CMPC, é esperado um investimento de R$ 24 bilhões na execução do projeto, parte do histórico aporte anunciado pela empresa para o Rio Grande do Sul. Do valor, R$ 4 bilhões serão destinados a operações portuárias, ao plantio florestal de eucaliptos e à hidrovia. A empresa optou por não divulgar qual deverá ser a área plantada.

A CMPC possui atualmente área plantada de eucaliptos em 75 municípios gaúchos. Somando as áreas de conservação, a empresa possui 357 mil hectares no Estado — um crescimento de 10,27% em relação aos dados divulgados na última edição do Mapa Econômico do RS.

O presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Florestas Plantadas (Agaflor), Mathias Almeida, acredita que um município próximo à nova fábrica da CMPC que pode ter a silvicultura ampliada é o de São Lourenço do Sul, na Região Sul do Estado. Atualmente, a cidade possui pouco menos de 2,9 mil hectares de área florestal plantada, sendo a maioria (2,65 mil hectares) voltada ao cultivo de pinus — volume bastante distante dos principais produtores da região.

Outra possibilidade de crescimento em área de plantio florestal, para Almeida, é no município de Canguçu. Embora já figure como o quinto maior produtor da Região Sul, com cerca de 16,3 mil hectares de florestas de eucalipto, pinus e acácia negra, o presidente da Agaflor acredita que o tamanho do município permite a expansão silvícola. A cidade, localizada na Região Sul do Estado, possui uma área de 3.526 quilômetros quadrados, sete vezes maior que a da capital gaúcha, Porto Alegre.

O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Daniel Chies, por sua vez, prefere não prever cidades específicas que possam crescer em área florestal. Porém, confia que os empreendimentos são responsáveis por dar aos produtores a segurança para investir na silvicultura, visto que ele se dá a médio e longo prazo. Esse seria, para ele, o caso da nova fábrica da CMPC. “Com certeza é um projeto que irá estimular empreendedores a analisarem a possibilidade de investimentos em plantios florestais”, avalia.

O outro projeto que promete alavancar a Região Sul, da Braspell, conta com investimento do empresário paulista Luiz Eduardo Batalha e está na etapa final do licenciamento necessário para a sua instalação. Anunciada em 2021 com um aporteestimado em R$ 1,4 bilhão, a fábrica planeja utilizar cilindros de madeira compactada para geração de energia a partir da queima de biomassa.

No projeto, é estimado o plantio de 45 mil hectares de florestas para o fornecimento da matéria-prima. As espécies não foram especificadas. No entanto, o empresário espera que outros fornecedores se juntem ao projeto. “Temos parceiros produtores de eucalipto, de pinus, de acácia negra, e vai ser um projeto muito grande”, explica Batalha. É possível que até 90 mil hectares de florestas plantadas a um raio de 60 quilômetros da fábrica possam ofertar madeira para a produção de pellets.

Almeida concorda com a previsão: “Eles já tem uma boa parte das florestas para começar a rodar o projeto deles mapeada. Eu acho que se realmente sair do papel, o que eu acho que vai andar, vai ser um boom para aquela região. Principalmente, se a gente considerar a silvicultura em áreas marginais que não iriam para a soja ou áreas das propriedades que tenham 50, 100 hectares para diversificar a fonte de renda”, avalia.

Chies diz esperar fortemente que o projeto seja executado. Entretanto, acredita que a escala estipulada pela Braspell possa ser um desafio para a sua implementação. Principalmente, devido à necessidade de base florestal. Conforme explica, a madeira da região fornece matéria-prima para fábricas de celulose e indústrias do ramo moveleiro.

Maiores áreas plantadas nas Regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste

Eucalipto, pinus e acácia negra

  1. Piratini (40.157 hectares)
  2. Butiá (18.422 hectares)
  3. São José do Norte (18.414 hectares)
  4. Canguçu (16.352 hectares)

Fonte: Ageflor, 2023

Produtores florestais buscam mudanças legislativas para ampliar áreas de plantio

Apesar dos avanços em projetos que podem alavancar a silvicultura gaúcha, Chies chama atenção para a estagnação das áreas florestais plantadas no Rio Grande do Sul. Segundo ele, após um crescimento intenso no princípio dos anos 2000, o Estado não foi capaz de alavancar o setor na mesma proporção que outros entes federativos. A problemática, explica, estaria relacionada a entraves na legislação, que começaram a ser alterados recentemente.

No nível federal, a mudança chegou em junho de 2024, quando foi sancionada a Lei 14.876. Aprovada no mês anterior pelo Congresso Nacional, a normativa exclui a silvicultura da lista de práticas poluidoras e prejudiciais ao meio ambiente e torna-se isenta da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, devida ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A legislação, no entanto, ainda não foi capaz de suscitar um efeito prático na produção gaúcha, avalia Chies. “Foi feita essa correção e, a nível federal, trouxe uma segurança jurídica de que a atividade é de baixo potencial poluidor e, portanto, deve ser tratada dessa maneira pelas normativas que a regem. Mas até isso refletir no nível do Rio Grande do Sul vai levar um tempo. Acho que é um desafio agora fazer esta equalização das normas federais com as estaduais”, analisa.

No nível estadual, o debate tem sido feito em torno de uma nova análise do Zoneamento Ambiental para a Silvicultura. Em 2023, o Conselho do Meio Ambiente (Consema) aprovou por unanimidade a revisão dos critérios de disponibilidade hídrica para aprovar novas áreas de plantio. Com isso, foi quadruplicada a quantidade permitida de hectares para plantio em cada unidade de paisagem natural por bacia hidrográfica.

Apesar da mudança, os produtores ainda esperam a avaliação de outras possíveis alterações no zoneamento pelo Consema. “Ficou ainda de se avaliar de maneira mais detalhada uma outra norma, que é a condição de tamanho e distância entre plantios florestais. Se eu tivesse um plantio florestal de grande porte, não poderia plantar outro de grande porte próximo a ele no zoneamento. Isso trazia entraves porque não são todas as regiões do Estado que são interessantes para a indústria de base florestal”, considera.

Tanto a alteração aprovada quanto a que está na pauta do Consema têm trazido intensas discussões entre os produtores florestais e o movimento ambientalista. Enquanto estes afirmam que a flexibilização das normativas do zoneamento favorece a monocultura de espécies exógenas (como o pinus e o eucalipto) em detrimento da degradação do bioma pampa, os silvicultores defendem que o plantio florestal colabora com a sustentabilidade em certos fatores, entre eles a fixação dos estoques de carbono no solo.

Informações: Jornal do Comércio.

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Onde está a silvicultura no Brasil? Confira os principais estados produtores

A silvicultura, ciência voltada ao cultivo e manejo responsável de florestas, ganha cada vez mais espaço no território brasileiro.

Em 2023, o setor registrou 10,2 milhões de hectares de florestas plantadas, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Esse número representa um crescimento de 3% em relação ao ano anterior, sinalizando a expansão contínua dessa atividade essencial para a economia verde nacional.

Entre as espécies cultivadas, o eucalipto se consolida como líder absoluto. Originário da Oceania, o eucalipto se adaptou com eficiência ao clima brasileiro e ocupa atualmente 76% de toda a área de silvicultura no país — o equivalente a 7,8 milhões de hectares.

Já o pinus, apesar de representar uma área menor, possui relevância estratégica, com cerca de 1,9 milhão de hectares (19% do total). O restante do espaço é ocupado por outras espécies, como acácia, teca, seringueira e araucária, segundo dados do relatório da Ibá.

Onde estão as maiores áreas de florestas plantadas

O cultivo de florestas plantadas se concentra em cinco Estados que, juntos, somam 69% de toda a área nacional destinada à silvicultura: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Veja a distribuição por Estado:

A silvicultura é ainda mais forte em municípios específicos. No Paraná, por exemplo, General Carneiro, Telêmaco Borba e Cruz Machado se destacam na produção de madeira e lenha. Em Minas Gerais, cidades como João Pinheiro e Itamarandiba lideram no plantio de eucalipto. Já Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, são referência na produção de celulose.

Outros polos relevantes incluem Itararé (SP), com forte presença de eucalipto e pinus; Encruzilhada do Sul (RS), que impulsiona os números gaúchos; Caravelas (BA), importante centro do sul baiano; e São Mateus (ES), que se consolida como um dos principais produtores do Estado.

Brasil é referência global no setor florestal

A indústria brasileira de árvores cultivadas é um pilar estratégico na economia nacional e nas exportações. O país é líder mundial nas vendas de celulose e o segundo maior produtor, atrás apenas dos Estados Unidos. O mercado internacional de árvores plantadas movimenta cerca de US$ 12,7 bilhões ao ano, com destaque para as exportações direcionadas à China e à Europa.

Outros dados chamam a atenção:

  • A maioria dos plantios pertence a produtores independentes, embora empresas de papel e celulose também tenham participação significativa;
  • O Sudeste é o principal polo de eucalipto, com Minas Gerais abrigando 63% da área plantada da região;
  • O Sul, por sua vez, lidera na produção de pinus, concentrando 89% da área total brasileira; O Brasil planta diariamente cerca de 1,8 milhão de árvores em áreas previamente degradadas;
  • Nos últimos 10 anos, a área de eucalipto cresceu 41% no país;
  • Algumas regiões, como Ceará, Amazonas e Acre, ainda possuem baixíssima participação na silvicultura nacional.

Uma indústria presente no dia a dia

A madeira oriunda das florestas plantadas serve como base para a produção de quase cinco mil tipos de bioprodutos. Desde papel, móveis e celulose até bioenergia, essa cadeia produtiva é um dos exemplos mais consistentes de economia circular no Brasil.

O futuro da silvicultura é promissor e sustentável. Com expansão constante, manejo técnico eficiente e foco na recuperação de áreas degradadas, o setor florestal brasileiro caminha para consolidar-se como modelo mundial de desenvolvimento ambientalmente responsável.

Informações: Compre Rural.

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Inédito no Brasil: Reflorestar lança operação de roçada mecanizada para áreas de alta declividade

Nova tecnologia substitui trabalho manual em terrenos de até 45° de inclinação, marcando avanço histórico para a silvicultura nacional

A Reflorestar Soluções Florestais acaba de superar um dos maiores desafios da silvicultura brasileira. Pela primeira vez no país, entra em operação um equipamento de roçada mecanizada capaz de atuar com eficiência em áreas de alta declividade frontal, terrenos até então acessíveis apenas a operações manuais.

A inovação começou a operar neste mês na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, e posiciona a empresa como pioneira em mais um processo de mecanização florestal em áreas complexas.

Com capacidade para atuar em inclinações de até 45° frontal e 28° lateral, o equipamento PT-175, da fabricante FAE, realiza em média 5 hectares de roçada por turno, mesmo em vegetação densa e terrenos acidentados.

“É um avanço significativo para as operações de roçada nas entrelinhas, onde há alta infestação de mato e áreas desafiadoras. Estamos retirando trabalhadores de zonas de risco e substituindo pelo uso de tecnologia que garante segurança, produtividade e qualidade”, explica Paulo Gustavo Souza, gerente de Silvicultura da Reflorestar.

Além de executar a roçada entre as linhas de plantio com precisão, a máquina oferece um ambiente extremamente seguro e confortável para o operador. A cabine é equipada com sistema de pressurização que impede a entrada de poeira, água e insetos, além de possuir bancos com sistema de ar e aquecimento, semelhantes aos de veículos leves de alto padrão.

“Essa máquina substitui o esforço de até 40 pessoas que antes faziama roçada manualmente em condições desafiadoras, com o uso de equipamentos cortantes e exposição a barrancos e riscos naturais. Agora, tudo isso é feito com segurança por um único operador”, destaca o gerente.

Tecnologia sob medida para terrenos complexos

Antes de trazer o equipamento ao Brasil, a Reflorestar realizou um estudo detalhado sobre sua capacidade operacional. A equipe técnica visitou a fábrica da FAE, na Itália, e acompanhou operações em terrenos chilenos e italianos.

“Fizemos questão de entender a PT-175 a fundo, do funcionamento à manutenção, para garantir que o cliente tenha uma solução eficiente, segura e com alta performance”, afirma Igor Dutra de Souza, diretor florestal da Reflorestar.

A nova frente mecanizada integra o contrato da Reflorestar com a Suzano, no Vale do Paraíba, e atuará de forma contínua na região. A Roder Equipamentos, representante oficial da FAE no Brasil, viabilizou a chegada do equipamento ao país.

Com a roçada mecanizada, a Reflorestar amplia ainda mais seu portfólio de mecanização de atividades silviculturais, que já inclui preparo de solo, irrigação e plantio com escavadeira hidráulica.

Com esse novo marco, a Reflorestar reafirma sua liderança em inovação e mostra, mais uma vez, que mecanizar com inteligência e sustentabilidade é possível. “A roçada mecanizada reforça o nosso compromisso com a inovação e com a missão de mecanizar toda a cadeiaflorestal, mesmo em situações extremamente desafiadoras”, conclui o diretor florestal.

Sobre a Reflorestar

Empresa integrante do Grupo Emília Cordeiro, especializada em soluções florestais, incluindo silvicultura, colheita mecanizada, carregamento de madeira e locação de máquinas. Atualmente com operações em Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, ela investe em capacitação técnica e comportamental, gestão integrada e confiabilidade dos equipamentos para oferecer as soluções mais adequadas para cada particularidade dos clientes.

Fundada em 2004 no Vale do Jequitinhonha (sede em Turmalina, MG), originou-se da paixão pelo cuidado com o solo e o meio ambiente. Com 20 anos de atuação, a Reflorestar se consolidou no mercado pela visão inovadora no segmento florestal e pela oferta de serviços de qualidade, atendendo clientes em todo o Brasil. Para mais informações, visite o site da Reflorestar .

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Suzano está com três processos seletivos abertos em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (MS)

As inscrições estão abertas para todas as pessoas interessadas, sem distinção de gênero, origem, etnia, deficiência ou orientação sexual, na Plataforma de Oportunidades da empresa

A Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, está com três processos seletivos abertos para atender suas demandas em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (MS). As inscrições podem ser feitas por todas as pessoas interessadas, sem distinção de gênero, origem, etnia, deficiência ou orientação sexual, na Plataforma de Oportunidades da empresa (https://suzano.gupy.io/).

Em Ribas do Rio Pardo, está aberta uma oportunidade para Analista de Suprimentos Pleno – Materiais de Manutenção, Reparo e Operações Industriais Para participar os(as) candidatos(as) devem ter Ensino Superior completo e disponibilidade para atuar no modelo híbrido, com quatro dias presenciais por semana em qualquer unidade fabril da Suzano. É necessário ter sólida experiência em gestão de categorias, negociação e construção de estratégias voltadas para materiais industriais. Vivência no desenvolvimento de fornecedores no setor automotivo é considerado um diferencial. Além disso, é obrigatório o domínio do Pacote Office e inglês avançado. As inscrições seguem até o dia 22 de junho e podem ser feitas pelo link: https://suzano.gupy.io/jobs/9339326?jobBoardSource=gupy_public_page

Também há uma oportunidade para Soldador(a) – Oficina Florestal. Interessados(as) precisam ter Ensino Fundamental completo, curso de solda e experiência comprovada em soldas MIG, TIG e eletrodo. As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de julho pelo link: https://suzano.gupy.io/jobs/9093264?jobBoardSource=gupy_public_page

Já em Três Lagoas, há um processo seletivo para a vaga de Operador(a) Abastecimento Madeira II – Logística Florestal. Os(as) interessados(as) devem ter Ensino Fundamental completo, experiência comprovada como Operador(a) de Grua ou Operador(a) de Máquinas Florestais – Forwarder -, além de possuir CNH categoria B. É importante ter disponibilidade para atuar em turnos e escalas, bem como residir em Três Lagoas (MS). As inscrições para esta vaga seguem até o dia 26 de junho e podem ser feitas pelo link: https://suzano.gupy.io/jobs/9356343?jobBoardSource=gupy_public_page

Mais detalhes sobre os processos seletivos, assim como os benefícios oferecidos pela empresa, estão disponíveis na Plataforma de Oportunidades da Suzano (https://suzano.gupy.io/). A Suzano reforça que todos os processos seletivos são gratuitos, sem a cobrança de qualquer valor para garantir a participação, e que as vagas oficiais estão abertas a todas as pessoas interessadas. Na página, candidatos e candidatas também poderão acessar todas as vagas abertas em Mato Grosso do Sul e em outras unidades da Suzano no Brasil, além de se cadastrar no Banco de Talentos da empresa.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores fabricantes de papéis da América Latina e líder no segmento de papel higiênico no Brasil. A companhia adota as melhores práticas de inovação e sustentabilidade para desenvolver produtos e soluções a partir de matéria-prima renovável. Os produtos da Suzano estão presentes na vida de mais de 2 bilhões de pessoas, cerca de 25% da população mundial, e incluem celulose; itens para higiene pessoal como papel higiênico e guardanapos; papéis para embalagens, copos e canudos; papéis para imprimir e escrever, entre outros produtos desenvolvidos para atender à crescente necessidade do planeta por itens mais sustentáveis. Entre suas marcas no Brasil estão Neve®, Pólen®, Suzano Report®, Mimmo®, entre outras. Com sede no Brasil e operações na América Latina, América do Norte, Europa e Ásia, a empresa tem mais de 100 anos de história e ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em:suzano.com.br.

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Reflorestamento com mudas cobre solo acima da meta em MT, mas diversidade ainda é baixa

Uma avaliação feita após oito anos de instalação de diferentes estratégias de restauração de reserva legal na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), mostrou que em áreas com plantio de mudas a cobertura do solo pelas copas já superou os indicadores determinados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT) para aferir o êxito na revegetação. Porém, no que diz respeito à quantidade de regenerantes e a diversidade de espécies, o cenário observado ainda é insuficiente.

A Sema-MT estabelece três parâmetros que devem ser alcançados em até 20 anos para avaliação de sucesso na recomposição florestal em áreas com mais de quatro módulos fiscais. O primeiro é a cobertura do solo gerada pela copa das árvores com mais de dois metros de altura, que deve ser superior a 80% com espécies nativas. O segundo é a densidade de regenerantes com o mínimo de 3 mil indivíduos por hectare. O terceiro diz respeito à riqueza da diversidade, com ao menos 20 espécies diferentes entre os indivíduos regenerantes.

O pesquisador da Embrapa Florestas (PR) Ingo Isernhagen (foto à direita) ressalta que a avaliação foi feita faltando 12 anos para o prazo final para atingir os parâmetros. Porém, os dados já são indicadores importantes considerando-se que se trata de uma área experimental:

“Este é o único experimento com esse nível de monitoramento e com essa idade que tenho conhecimento em Mato Grosso. É importante termos esses parâmetros para se pensar em possíveis intervenções para contribuir para o alcance dos indicadores definidos pela Sema. Mas não quer dizer que se deixarmos de mexer não vai acontecer nada”, avalia o pesquisador.

Aprimorando parâmetros ambientais

Tanto a legislação brasileira que trata sobre a proteção da vegetação nativa, conhecida como Novo Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 12.651/2012), quanto o Decreto Estadual nº 1.491/2018 que aborda os Programas de Regularização Ambiental (PRA) definidos após análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR) são recentes. No caso de Mato Grosso, os parâmetros adotados pela Sema se basearam nos poucos estudos existentes até então, alguns deles em outros biomas. Dessa forma, resultados da pesquisa conduzida na Embrapa Agrossilvipastoril podem contribuir para melhorias nos parâmetros adotados.

Foto: Gabriel Faria (experimento de recomposição de reserva legal na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, MT)

“Nosso estudo vem somar ao que a Sema vem recebendo de relatórios das áreas já em recuperação. É mais um tijolinho do conhecimento. É um lugar em que conseguimos analisar com mais critérios, de forma mais controlada, o caminhar desse processo de construção no alcance dos indicadores. É salutar que a Sema avalie agora ou daqui a alguns anos e faça alguma adequação que seja necessária”, sugere Isernhagen.

O estudo completo pode ser conferido na publicação “Avaliação de indicadores de monitoramento em experimento de recomposição florestal de Reserva Legal na Amazônia Meridional, médio norte do Mato Grosso”, disponível para download aqui.

Como foram feitos os experimentos

Os ensaios sobre restauração de reserva legal da Embrapa Agrossilvipastoril foram instalados em 2012 com o objetivo de gerar informações sobre as diferentes técnicas de adequação ambiental para a região médio-norte de Mato Grosso, considerando a possibilidade de uso econômico das áreas com produção de bens madeireiros e não madeireiros.

Foram feitos tratamentos utilizando plantio de mudas, plantio direto de sementes ou semeadura à lanço e ainda a regeneração natural por meio do isolamento da área. Foram usadas espécies nativas com diferentes propósitos, tanto considerando serviços ecossistêmicos quanto produção de frutos, essências e madeira. Conforme permite a lei, em um dos tratamentos com mudas também foi usado o eucalipto, que é uma espécie exótica, sendo uma fonte de renda a médio prazo que poderia compensar gastos com a recuperação da área.  Na avaliação feita aos oito anos conforme parâmetros da Sema-MT só os tratamentos com plantio de mudas foram acompanhados.

Foto: Gabriel Faria (retirada de toras de eucalipto plantado em um dos tratamentos com plantio de mudas)

Os diferentes métodos utilizados

Para se definir a área de cobertura do solo pela copa foram usados diferentes métodos, como forma de comparar os resultados de cada um deles. Além do método recomendado pela Sema, com observação a cada metro em uma parcela de 25m x 2m, foi utilizado o densiômetro de copa e quatro aplicativos gratuitos para esse fim: GLAMA Aplication, Canopy Capture, Canopy App e Canopy Cover Free. A leitura do densiômetro é subjetiva, por isso recomenda-se que uma mesma pessoa faça a avaliação de todos os talhões como forma de manter um padrão. Já os aplicativos utilizam a câmera do celular para calcular a área coberta.

“A percepção em campo é que, de forma geral, a aplicação dos métodos de detecção de cobertura de copa arbórea com o uso dos aplicativos, embora rápida, mostrou-se bastante sensível às variações de luminosidade geradas, por exemplo, pela passagem de nuvens e mesmo a movimentação das copas das árvores”, explica Ingo Isernhagen justificando o alto desvio padrão encontrado na leitura dos aplicativos.

Para todos os tratamentos avaliados, o aplicativo GLAMA e o protocolo Sema foram os que apresentaram os maiores valores de cobertura de copa.

Entre os tratamentos avaliados, aquele que teve menor percentual de cobertura de copa foi justamente aquele com eucalipto. Isso ocorreu tanto pela retirada de árvores no primeiro desbaste feito, quanto pela mortalidade de alguns indivíduos devido ao ataque de formigas.

Regenerantes

A avaliação aos oito anos mostrou que a área experimental da Embrapa Agrossilvipastoril ainda está longe de atingir o indicador estipulado pela Sema-MT aos 20 anos no que diz respeito aos regenerantes. O tratamento que teve maior número de regenerantes teve 1.083 indivíduos por hectare, enquanto o que teve menor número só foram encontrados 483 indivíduos em um hectare.

No que diz respeito à riqueza da diversidade, os dois tratamentos com melhor desempenho possuem dez espécies e o pior desempenho possui apenas cinco espécies.

Esses resultados parciais levam à discussão sobre possíveis intervenções na área, como podas de árvores para maior entrada de luz no sub-bosque, plantio de novas mudas ou semeadura.

“Estamos articulando com potenciais parceiros em busca da viabilização de recursos para insumos e mão-de-obra que possibilitem fazer as intervenções para termos cenários com e sem intervenção ao longo do tempo”, explica Diego Alves Antônio, engenheiro florestal e analista da Embrapa.

Há ainda a possibilidade de os oito anos da avaliação serem pouco tempo para a evolução desses indicadores. Isernhagen lembra que nos próximos anos haverá morte de árvores de ciclo mais curto, como embaúbas, abrindo clareiras e que a serrapilheira depositada seguirá melhorando as condições químicas e físicas do solo. Há também a tendência de maior circulação de animais dispersores de sementes com o bosque formado.

“Nosso objetivo é trazer contribuições para os produtores que precisam recuperar suas áreas, quer seja apenas para atingir os parâmetros exigidos pela Sema, quer seja para obter renda com a exploração econômica de madeira, frutos e essências produzidas na área recuperada”, declara Isernhagen.

Além dos três parâmetros determinados pela Sema-MT, também está sendo avaliado no experimento o aporte de carbono no solo. Uma pesquisa futura, realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), irá avaliar o estoque de carbono na biomassa das árvores.

Restauração em rede

Há décadas a Embrapa imprime esforços visando à restauração de ambientes degradados, que geraram dezenas de projetos para este fim. Em um trabalho recente do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), iniciado em 2024, e intitulado Florestas Produtivas, a Embrapa Florestas tem contribuído por meio dos Sistemas Agroflorestais de Referência e sua viabilidade financeira, que visam à mitigação da fome e mudanças climáticas. Esses sistemas agroflorestais estão sendo adaptados às realidades locais e começaram a ser implantados primeiramente no Bioma Amazônia, em assentamentos no Pará e no Maranhão, e seguirão pelo Cerrado, Mata Atlântica, e demais biomas, integrando ações.

Outra ação importante a ser realizada pela Embrapa para recuperar ecossistemas degradados, aliando conservação ambiental e produção agrícola sustentável consistirá no resgate de projetos bem-sucedidos antigos que foram, no entanto, descontinuados com o passar do tempo. Ambos enfatizam a necessidade de viabilidade econômica e inclusão social, garantindo que as soluções sejam aplicáveis em larga escala. Com a organização desses dados e sua disponibilização em rede, será possível integrar as diversas tecnologias já criadas pela Embrapa.

“Estamos chamando este trabalho de restauração produtiva e vamos começar com três estados, Pará, Maranhão e Mato Grosso, para, justamente, em Unidades de Referência Tecnológica (URTs) restaurar áreas degradadas com viés de produção, e utilizar vários métodos e tecnologias já consagrados, pela Embrapa. Com boa gestão, terão produção elevada, mantendo o solo conservado, água limpa, evitando erosão, que vão agregar mais valor e renda àquela propriedade, com a comercialização dos seus produtos. Estes vão gerar as informações com coeficientes técnicos e indicadores financeiros que gerarão subsídios para auxiliar políticas públicas, e assim para ganhar escala. Esse é o viés social, que envolve mais famílias”, explica Marcelo Arco-Verde, chefe-geral da Embrapa Florestas.

Buscando articular pesquisadores e iniciativas como estas, surgiu há menos de um ano o RestauraBio, uma rede colaborativa dentro da Embrapa, que atua no mapeamento de projetos antigos e na estruturação de novos, como as Unidades de Referência Tecnológica (URTs). “A rede é uma facilitadora, integrando projetos como Florestas Produtivas e o resgate de dados antigos. Sua governança ainda está em construção, mas seu papel é vital para evitar a fragmentação do conhecimento”, frisa Arco-Verde.

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O agronegócio pode ser uma solução para a agenda climática?

Especialistas garantem que país pode ajudar a frear o aquecimento global se ocupar áreas degradadas com agropecuária sustentável

Há quem acredite ainda que agropecuária e meio ambiente ficam em lados opostos quando o assunto é desenvolvimento, mas para que o planeta não continue aquecendo e sofrendo cada vez mais por causa das mudanças climáticas, é fundamental entender que os dois setores precisam estar de mãos dadas. Por sinal, tanto ambientalistas quanto líderes do agronegócio hoje entendem que a produção de alimentos pode muito bem deixar de ser apontada como vilã ambiental, para se tornar a maior aliada na luta para a redução na emissão de gás carbônico na atmosfera. 

Federações e associações ligadas à agropecuária devem levar para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – Conferência das Partes (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA), as mais diferentes pesquisas, projetos e soluções que mostram como é possível produzir alimentos de maneira escalonada e sustentável, retendo o carbono no solo e limpando um ar tomado por gases produzidos pelas mais diferentes queimas – veículos, indústria, queimadas etc. Afinal, todas as plantas realizam fotossíntese e podem reter carbono em suas raízes e caule durante o processo natural, a partir do gás carbônico absorvido por elas. 

Especialistas explicam que, investindo na ampliação de práticas sustentáveis para agricultores e pecuaristas e todo o país, o Brasil garante melhor rentabilidade para a produção de alimentos e maior resiliência do solo, possibilitando uma maior sobrevivência do cultivo em relação às mudanças climáticas, como chuvas intensas ou estiagem mais forte do que era registrado anteriormente. 

Thais Ferraz, diretora programática do Instituto Clima e Sociedade (iCS), organização filantrópica que apoia projetos de enfrentamento às mudanças climáticas, afirma que o Brasil tem toda a condição de aumentar a quantidade de alimento produzido sem abrir mão de requisitos de sustentabilidade – especialmente se ocupar de forma inteligente os mais de 100 milhões de hectares de áreas degradadas, sem precisar expandir áreas de plantio ou pastagem para onde hoje existe vegetação nativa. 

“Essas áreas podem ser recuperadas com práticas muito mais sustentáveis. Isso pode ampliar o volume de produção do Brasil e já com critérios de sustentabilidade, podendo  agregar ainda mais valor para esse tipo de transação comercial”, afirma Thais, para quem o Brasil pode muito bem liderar um debate internacional sobre a importância da agropecuária para a agenda climática. “Também não se pode esquecer do papel fundamental que o agro tem na garantia do controle do desmatamento, que ainda é o principal impacto em termos de emissões na matriz brasileira”.

De acordo com Kamyla Borges, líder em agricultura sustentável do iCS, uma estimativa da Universidade Federal de Goiás (UFG) indica que o Brasil possui cerca de 179 milhões de hectares de pastagens, sendo que cerca de 60% apresentam algum nível de degradação (108 milhões de hectares). Minas é o estado com maior área degradada (17,2 milhões de hectares), seguido de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.  

A especialista indica que essas áreas podem ser transformadas em áreas sustentáveis e mais produtivas para a pecuária “desde que realizada com uma boa estrutura de manejo, que tenha uma profissionalização, um pasto bem cuidado, que tenha adoção de práticas como rotação das áreas de pastoreio por parte do gado”. 

“Esse rebanho precisa de suplementação com ração, uma boa qualidade vacinal, algum melhoramento genético. Ou seja, um conjunto de cuidados que indicam que essa pecuária está caminhando para uma estrutura de manejo adequada e um manejo que olha também os aspectos de sustentabilidade, como, por exemplo, a redução de metano e assim por diante”, explica Kamyla Borges.

Embora o país já detenha muito conhecimento sobre soluções sustentáveis e tecnológicas para os 108 milhões de áreas degradadas, colocá-lo em prática demanda planejamento. Por isso, o iCS, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e outras entidades se uniram para desenvolver um Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis, publicado no ano passado. 

O documento faz um mapeamento das áreas degradadas a partir de critérios técnicos, jurídicos e climáticos. “Tentou-se fazer algumas avaliações econômicas na perspectiva de avaliar, por exemplo, quais áreas estão bem servidas com frigoríficos. Então, se no raio de 100 km houver frigorífico, isso é um indicativo positivo, econômico de que aquela área tem um bom potencial para a pecuária”, exemplifica Kamyla.

De acordo com Antônio de Salvo, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), o Brasil pode mostrar ao mundo que possui soluções sustentáveis ao produzir culturas de grande importância comercial, como soja, milho, café, cana de açúcar e eucalipto – além da pecuária bovina. 

“Se existe alguém que pode barrar as mudanças climáticas no mundo e se existe alguma atividade que é a principal responsável para atenuar isso é a agricultura brasileira. Porque nós estamos fazendo isso 365 dias por ano, diferentemente da Europa ou dos Estados Unidos, que produzem num curto período e depois lidam com neve”, afirma o presidente da Faemg. “Nós alimentamos 1 bilhão de pessoas e ainda limpamos o ar”.

Segundo Daniel Trento, coordenador executivo do Grupo de Trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a COP30, o debate sobre a agropecuária passou a ter maior relevância na Conferência das Partes em 2023, quando a COP28 foi realizada em Glasgow, na Escócia. 

Agora, o Brasil poderá protagonizar um debate relevante sobre ampliação da agricultura sustentável. A Embrapa, por exemplo, vai levar para a COP30 os resultados de suas pesquisas sobre agricultura de baixo carbono,  lavoura-pecuária-floresta (ILPF), plantio direto, bioinsumos, sistemas florestais na Amazônia, entre outros.

“Boa parte das tecnologias hoje utilizadas na produção agropecuária são com base em ciência, vem com base em muita pesquisa da Embrapa, de institutos de pesquisa e universidades. Isso já chega no produtor e tem feito a diferença”, afirma Trento, garantindo que muitos projetos de adaptação e mitigação já vêm colocados em prática nos últimos anos.

Questão de sobrevivência

Seguir por um caminho sustentável é uma questão também de sobrevivência para o setor agropecuário, justamente por ser o mais afetado pelas mudanças climáticas (como excesso ou falta de chuvas), de acordo com Gabrielle Ferreira Pires, líder do Grupo de Pesquisas em Climatologia Aplicada da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

“Por um lado, a gente precisa se adaptar a esse clima, por isso é importante estar atento às questões climáticas e ao rumo que as coisas estão tomando, segundo a ciência. E, por outro, existem as oportunidades relacionadas a contribuir para a mitigação das mudanças climáticas”, diz a professora.Cultivo de soja combinado com eucalipto em Mato Grosso. Foto: Gabriel Faria / Divulgação

Para que a agropecuária possa, ao mesmo tempo, se preparar para o pior e ainda contribuir para mitigação do aquecimento global é preciso pensar em três pilares, de acordo com a especialista: adaptação, mitigação e economia. “Então o que seria a adaptação climática? É considerar que a gente tem um clima adverso e a gente vai continuar dentro nas próximas décadas e a gente precisa se adaptar a essa situação. Muitas decisões precisam ser tomadas no sentido de adaptar os sistemas produtivos. Já a mitigação seria buscar diminuir as emissões de gases de efeito estufa, ou seja, diminuir, reduzir, zerar e até remover o carbono da atmosfera. Mas também tem que ter um pilar econômico, precisa fazer sentido para o produtor, ele precisa ter uma segurança econômica”, conclui.

Para que as adaptações possam ser feitas com sucesso, pesquisas são realizadas em diversas universidades públicas do país. Na meteorologia agrícola da UFV, por exemplo, estão sendo realizadas pesquisas sobre efeitos do desmatamento, múltiplas safras, efeitos das mudanças climáticas no solo, entre outros.

Plantio direto é uma boa solução

Existem várias técnicas para tornar uma propriedade mais sustentável tanto para o meio ambiente quanto para o bolso do produtor, como combinar pastagem para pecuária com o plantio de eucalipto ou promover rotações de culturas. Uma das principais tecnologias empregadas em sistemas sustentáveis, tanto para pequenos quanto grandes cultivos, é a do plantio direto – que consiste em não revolver o solo com arado e aproveitar a matéria orgânica de produções anteriores para retenção do carbono no solo – e reter carbono significa menos gás carbônico na atmosfera e, consequentemente, menos efeito estufa. 

“Quando você tem sistemas que são bem manejados, quando se mantém essa matéria orgânica, a gente pode considerar como carbono neutro ou até com um balanço negativo de carbono, ou seja, está sequestrando mais carbono do que jogando ele para a atmosfera”, explica José Mário Lobo, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

De acordo com o especialista, os microorganismos no solo geram uma “cola” natural que não retém somente o carbono, mas também a água da chuva, que depois será escoada naturalmente para o lençol freático. “E a gente tenta minimizar outros componentes que podem gerar distúrbios, que são os pesticidas, e diminuir a dependência de insumos externos. Hoje o Brasil é muito dependente da importação de fertilizantes de potássio, nitrogênio e fósforo. Para se ter uma ideia, em 2020, 96% dos nitrogenados eram importados”, argumenta Lobo, apontando ainda que as propriedades que adotam esse sistema agrícola são mais resilientes sobre as mudanças climáticas – ou seja, suportam mais os efeitos das temperaturas altas, das chuvas escassas ou das tempestades. 

Aos poucos, essa técnica vai chegando aos produtores. Em 2021, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) deu início ao projeto Construindo Solos Saudáveis, levando o plantio direto para unidades demonstrativas em diversas partes do estado. 

Uma delas é a propriedade do Daniel Capella, de 45 anos, em Itatiaiuçu, na região metropolitana de Belo Horizonte. No fim do ano passado, ele cultivou diversas hortaliças, como alface, quiabo, repolho, vagem e mostarda, usando a técnica ensinada pela Emater. Primeiro ele plantou sementes de leguminosas e usou as plantas para gerar uma “palhada” – a matéria orgânica que deixou o solo poroso e perfeito para semear as hortaliças.Daniel Capella (à esquerda) recebe capacitação de técnico da Emater-MG. Foto: Rafael Soal/Emater-MG

“Estou fazendo a primeira colheita e posso adiantar que a densidade dos repolhos foi muito maior, ou seja, ficou mais pesado. Como o repolho a gente vende no quilo, foi um benefício muito grande para a gente”, relata Capella, acrescentando que percebeu também uma grande economia na hora de adubar o solo no processo. “Usei muito menos esterco”.

O que falta para todo mundo adotar a sustentabilidade?

Se as tecnologias sustentáveis oferecem ao produtor muitos ganhos econômicos, por que todos os agricultores e pecuaristas brasileiros ainda não aderiram às soluções sustentáveis? Para José Mário Lobo, é preciso engajar especialmente os grandes produtores, fazer chegar a eles esse conhecimento. “A gente precisa de capacitação, principalmente de técnicos que podem dar assistência para esses produtores e orientar na adoção dessas práticas. Isso depende de política pública, de mobilizar federações, associações e cooperativas de agricultores”, opina. 

Segundo ele, é preciso acabar com o antigo pensamento que coloca agro e meio ambiente em lados opostos. “As mudanças climáticas estão mostrando para os produtores que se eles não mudarem os modelos mentais, eles vão aumentar a vulnerabilidade em relação aos aos eventos extremos que estão acontecendo por causa das mudanças climáticas”.

Para Kamyla Borges, do iCS, é preciso engajar os produtores através de incentivos econômicos, como o recém-lançado Caminho Verde, um programa nacional de conversão e recuperação de pastagens degradadas. A ideia é que, no final da linha, cheguem ao produtor rural linhas de financiamento atrativas. Para que o produtor possa converter a sua pastagem num uso mais produtivo, sustentável, ou melhorar a qualidade da sua atividade pecuária”, diz a especialista, lembrando que no Plano Safra já existe uma linha de financiamento voltada para recuperação de pastagens. 

Mas Kamyla faz um alerta: o recurso ofertado tem realmente que ser usado para a recuperação ambiental da propriedade, para que não haja perpetuação do problema. “Um estudo recente da Agroícone sobre pastagens degradadas mostra que, a concessão do crédito está indo para a aquisição de gado e para áreas com um alto nível de degradação das pastagens. Então, assim, os bancos e o Plano Safra não estão enxergando de fato a finalidade desse crédito, porque não faz sentido você conceder crédito para aquisição de mais bois, se esse gado vai estar localizado numa pastagem ruim”.

Já o presidente da Faemg, Antônio de Salvo, afirma que os produtores não querem ter propriedades degradadas, mas muitas vezes não se sentem confiantes o suficiente para tomar empréstimo para investir em melhorias nas pastagens. Para ele, os governos precisam fazer os investimentos certos, para que os produtores se sintam incentivados a fazer o mesmo. “Como posso investir, se não sei se a BR-381 vai ser duplicada e vai trazer o que eu preciso para a minha região? Como posso ter confiança em investimento se eu não tenho confiança no que o governo faz, por que ele gasta mais do que arrecada?”, questiona.

Para Daniel Trento, da Embrapa, o  produtor rural é muito pragmático em suas escolhas e isso deve ser levado em conta ao se apresentar propostas a ele. “Essas práticas têm que ter viabilidade e fazer sentido para o seu dia a dia. Incentivos econômicos reais, como acesso a crédito, pagamento por serviços ambientais (PSA), prêmios por produção sustentável e valorização no mercado externo, entre outros mecanismos, são exemplos de como isso é possível”, explica Trento.

O especialista da Embrapa reforça que é fundamental o país investir em assistência técnica e capacitação continuada, porque muitos agricultores ainda desconhecem boa parte das tecnologias. Além disso, deve-se oferecer reconhecimento e valorização social. “Mostrar que quem produz de forma sustentável é protagonista da solução climática, e não vilão. Isso inclui dar visibilidade aos bons exemplos e integrar os produtores aos fóruns de decisão climática. Para isso, ter uma estratégia de comunicação eficaz é essencial, deve-se traduzir os conceitos da agenda climática para a linguagem do campo e mostrar ganhos concretos de produtividade, rentabilidade e resiliência”, completa.

Ações em Minas

Destaque nacional na geração de energia limpa, especialmente solar, Minas também tem investido estrategicamente no setor agropecuário para cumprir a meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. Entre os planos estão a aceleração da implementação do Plano ABC+, que prevê não só a recuperação de pastagens, mas também a adoção de tecnologias como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas agroflorestais; o fomento à suplementação alimentar do rebanho, melhoria genética e manejo de dejetos, que são práticas reconhecidas por reduzir significativamente as emissões de metano entérico; e o estímulo à geração de créditos de carbono no setor agropecuário.

“O agro pode e deve ser parte da solução (para os efeitos do aquecimento global), conciliando produção, geração de renda e sustentabilidade climática”, afirma a secretária de Meio Ambiente, Marília Carvalho de Melo, que vai apresentar o que o estado tem feito durante a COP30.

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Imprimir importa: os consumidores preferem o papel para aprender, confiar e viver no dia a dia

Apesar do crescimento contínuo das plataformas digitais, uma nova pesquisa mostra que os consumidores continuam a valorizar a mídia impressa, principalmente quando se trata de compreensão, confiança e aprendizado. A Pesquisa Trend Tracker 2025, realizada pela Toluna para Two Sides, um dos maiores e mais abrangentes estudos da indústria de impressão e papel, revela uma valorização consistente e resiliente da impressão na vida cotidiana.

A pandemia de Covid-19 trouxe grandes interrupções no consumo de mídia impressa, remodelando a forma como os consumidores interagiam com notícias e conteúdo impresso. Embora o mundo digital possa oferecer praticidade e velocidade, a pesquisa destaca que a preferência pela leitura impressa se recuperou desde a pandemia e é o formato preferido para livros, revistas e documentos importantes. De fato, 61% dos consumidores brasileiros e 72% dos argentinos preferem livros impressos. Em se tratando de revistas impressas a preferência é de 32% (Brasil) e 41% (Argentina) e quanto a catálogos comerciais, a pesquisa mostrou que 19% (Brasil) e 20% (Argentina) tendem a escolher as versões impressas.

A impressão ainda é preferida onde é mais importante. Quando se trata de comunicações essenciais, como informações médicas, demonstrações financeiras e documentos legais, os consumidores escolhem consistentemente o impresso em vez do digital por sua segurança, clareza, confiabilidade e permanência:

  • 53% (BR) e 48% (AR) preferem bulas e receituários impressos
  • 46% (BR) e 46% (AR) preferem receber exames e relatórios médicos e hospitalares impressos
  • 84% (BR) e 81% (AR) querem ter o direito de escolher se receberão seus extratos e contas impressas ou no formato digital

As descobertas deste ano refletem um comportamento mais consciente do consumidor em relação a requisitos de sustentabilidade, ainda que não se perceba grandes variações dos indicadores quando comparados aos resultados anteriores. Embora as ferramentas digitais sejam valiosas, as pessoas reconhecem cada vez mais os pontos fortes únicos da impressão, especialmente onde a compreensão, a memória e a confiança são críticas.”  diz Fabio Mortara, presidente de Two Sides América Latina.

O papel da impressão no aprendizado e na compreensão

Além dos documentos cotidianos, a impressão continua a desempenhar um papel vital na educação e no consumo de notícias. A pesquisa descobriu que:

  • 65% (BR) e 57% (AR) acreditam que os alunos aprendem melhor usando materiais impressos do que digitais
  • 38% (BR) e 39% (AR) estão preocupados com o desaparecimento dos jornais impressos
  • 60% (BR) e 65% (AR) estão preocupados com os prejuízos à saúde decorrentes do uso excessivo de dispositivos eletrônicos.

Em uma época em que as pessoas dedicam tempo demais às telas já se percebe um desejo crescente de se desconectar e ampliar a experiência com o tangível. O impresso oferece uma experiência física que o digital simplesmente não pode replicar – sem pop-ups, sem distrações, apenas uma maneira mais imersiva e calma de consumir informações.

A mídia impressa não é apenas relevante, é mais sustentável do que a maioria das pessoas pensa. Livros impressos, jornais, revistas, correspondência publicitária e outras peças de comunicação em papel são recicláveis, biodegradáveis e sua matéria-prima é renovável – árvores cultivadas e fibras recicladas. Frequentemente vemos apelos ambientais quanto à maior sustentabilidade das mídias digitais, no entanto estas têm impactos ambientais muito elevados, que costumam ser completamente negligenciados.

Mortara continua: “A pesquisa Trend Tracker 2025 de Two Sides deixa uma coisa clara: mesmo com a constante evolução da tecnologia, o impresso continua sendo confiável, valorizado e essencial na vida moderna. Do aprendizado e alfabetização à tranquilidade jurídica, o papel ainda se destaca onde mais importa.”

Um resumo do título contendo algumas das principais descobertas está disponível publicamente para visualização e download aqui: https://twosides.info/trend-tracker-2025.

Os dados completos da pesquisa, divididos por país, idade e sexo, estão disponíveis apenas para membros de Two Sides ou disponíveis para compra.

Para saber mais sobre a campanha ou como se tornar um membro, visite twosides.org.br.

FIM

O que é Two Sides?

Fundada em 2008, Two Sides é uma iniciativa global, sem fins lucrativos que divulga os atributos únicos, sustentáveis e atraentes do papel e das embalagens de papel, bem como esclarece equívocos comuns sobre seus impactos ambientais. Two Sides é uma colaboração de empresas de celulose, papel, embalagens, gráficas, editoras, jornais e revistas e opera na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Papel, cartão e papelão são recicláveis biodegradáveis e provêm de florestas cultivadas.

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