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Nova direção IPEF: foco na consolidação e referência no setor florestal!

Dando sequência ao planejamento estratégico construído nos últimos anos, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF) inicia a renovação de sua liderança institucional voltada à consolidação do papel do Instituto como referência em pesquisa, inovação e cooperação para o setor florestal brasileiro.

Durante a 34ª Assembleia Geral Extraordinária, realizada em abril, Robinson Cannaval Júnior assume oficialmente a Direção Executiva do IPEF, sucedendo o Prof. Dr. José Otávio Brito, que encerra um legado de décadas de contribuição para o fortalecimento da pesquisa florestal no Brasil. Formado em Engenharia Florestal pela ESALQ/USP, Robinson tem mais de 30 anos de experiência no setor, com atuação em áreas como sustentabilidade, operações fabris e florestais, biotecnologia, comércio internacional e inovação, além de especializações em gestão, liderança e estratégia, no Brasil e no exterior.

Entre os principais objetivos da nova gestão estão implementar o plano estratégico revisado e aprovado em 2024, ampliar a geração de valor por meio da sustentabilidade e produtividade florestal, fortalecer a comunicação institucional, atrair novas empresas associadas e aproximar o IPEF de centros de pesquisa e inovação, no Brasil e internacionalmente.

Tivemos também uma transição na presidência do Conselho Deliberativo do IPEF, agora sob comando de Darlon Orlamunder de Souza, da Klabin S.A., que sucede Douglas Seibert Lazaretti, da Suzano. Darlon deseja sucesso à nova gestão e reforça o compromisso com o protagonismo científico do Instituto:

Douglas Seibert, que esteve à frente do Conselho por quatro anos, contribuiu ativamente para a construção do plano estratégico e para o fortalecimento da governança do IPEF e também comenta sobre a continuidade do trabalho que já foi feito:

“Com um olhar voltado à evolução, o IPEF segue fortalecido, alinhado às demandas do setor e comprometido em gerar ainda mais valor por meio da ciência, da cooperação e da inovação florestal.”

Informações: IPEF.

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Biodiversidade é destaque no Relatório de Sustentabilidade da CENIBRA

Certificação inédita, manejo sustentável e espécies emblemáticas evidenciam protagonismo em conservação e transparência na gestão da biodiversidade

Por meio de uma rica biodiversidade, a CENIBRA convida o público a celebrar a vida e o futuro por meio de suas florestas sustentáveis. Esta é a mensagem central do Relatório de Sustentabilidade 2024, recém-lançado pela Empresa, que reafirma seu compromisso com a preservação ambiental, a inovação e o desenvolvimento sustentável.

Nesta edição, um dos grandes destaques é a valorização das árvores emblemáticas presentes nas áreas da CENIBRA, como o imponente jequitibá-rosa de 50 metros descoberto na Fazenda Macedônia. Com ilustrações de espécies nativas como ipê-amarelo, palmeira-juçara, pau-brasil e angico, o relatório reforça o papel da conservação e da educação ambiental como pilares essenciais da atuação da Empresa.

Protagonismo em biodiversidade

A CENIBRA se tornou a primeira empresa do setor florestal no mundo a conquistar a Certificação LIFE de Negócios e Biodiversidade, cuja metodologia avalia de forma quantitativa e qualitativa o desempenho da organização em conservação da biodiversidade. Essa conquista legitima as ações da Empresa e a posiciona como referência global em práticas sustentáveis.

Além disso, a companhia assumiu o compromisso voluntário de relatar as informações de biodiversidade com base no novo caderno GRI 101 – Biodiversidade 2024, antecipando-se à obrigatoriedade prevista para 2026. Essa postura proativa reforça a transparência e a maturidade da gestão da biodiversidade para a CENIBRA.

Produção de celulose aliada à sustentabilidade: a CENIBRA é a primeira empresa florestal do mundo com a Certificação LIFE, reafirmando seu compromisso com a biodiversidade.

Visão de futuro

O relatório também apresenta os avanços do plano estratégico BioSustentação, que agora reúne 60 metas distribuídas em cinco pilares: ambiental, social, governança, inovação e econômico. Em seu primeiro ano, o plano atingiu 15,94% das metas definidas até 2033, demonstrando a efetividade da estratégia.

Entre as ambições pretendidas está a promoção do manejo florestal sustentável, com compromissos de ampliar a conectividade da vegetação nativa e evoluir o programa de gestão da biodiversidade. A criação de corredores ecológicos e a reintrodução de espécies ameaçadas, como o mutum-do-sudeste, são exemplos concretos dessas ações.

Outros destaques

Em 2024, a CENIBRA foi reconhecida com o Selo Prata no Prêmio Nacional de Qualidade de Vida e evoluiu sua pontuação na avaliação da EcoVadis, que culminou na classificação ouro desta plataforma global de desempenho sustentável. A Empresa produziu mais de 1 milhão de toneladas de celulose e R$15,5 milhões investidos pelo Instituto CENIBRA para projetos socioambientais.

Para ficar por dentro das novidades, acesse o Relatório de Sustentabilidade 2024, disponível no site oficial da CENIBRA (www.cenibra.com.br), e saiba como a Empresa tem transformado desafios em oportunidades para promover um futuro mais verde, igualitário e inovador.

Sobre a CENIBRA

Constituída em 1973 e localizada no Leste de Minas Gerais, a Celulose Nipo-Brasileira S.A. (CENIBRA) opera com uma unidade industrial no município de Belo Oriente (MG), com duas linhas de produção de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto e capacidade instalada de 1.200.000 toneladas/ano. A Empresa está presente em mais de 80 municípios mineiros, gerando mais de 7 mil empregos diretos. As operações da CENIBRA geram desenvolvimento socioeconômico e preservação ambiental.

A Empresa está conectada a um esforço global pela sustentabilidade por meio de governança forte, investimento social privado em sua área de atuação, conservação da biodiversidade e fornecimento de matéria-prima sustentável para produtos essenciais para a vida das pessoas.

Saiba mais: www.cenibra.com.br

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Reflorestar amplia presença nacional com nova operação no Espírito Santo

Empresa inicia atividades em São Mateus com preparo de solo e adubação e realiza, pela primeira vez, operação com tratores de pneu

A Reflorestar Soluções Florestais dá mais um passo em sua estratégia de crescimento nacional ao iniciar uma nova operação no município de São Mateus, no Espírito Santo. Esta é a primeira vez que a empresa atua no estado com um contrato de longa duração. As atividades já começaram com o preparo de solo utilizando tratores de pneu e, na sequência, será feita a adubação de base e marcação de bacia.

Além de representar a entrada da Reflorestar no Espírito Santo, a operação também inaugura uma nova frente técnica para a empresa, que pela primeira vez utiliza tratores de pneu em suas atividades. São três máquinas de 200 cavalos equipadas com subsoladores, responsáveis pela abertura das caixas de plantio em uma área plana de aproximadamente 1.200 hectares por mês. O contrato prevê cinco anos de atuação, reforçando a capacidade da empresa de oferecer soluções completas para todas as etapas da silvicultura.

“Embora o uso de tratores de pneu seja uma prática comum no mercado, essa operação reforça a nossa capacidade de atuar em toda a cadeia da silvicultura, adaptando nossas soluções às necessidades de cada cliente. Entrar no Espírito Santo com esse modelo de serviço é estratégico e mostra que estamos preparados para enfrentar qualquer desafio”, destaca Paulo Gustavo Souza, gerente de silvicultura da Reflorestar.

Adubação

Na segunda etapa da operação, a Reflorestar dará início à adubação de base e marcação de bacia, fase essencial para garantir o bom desempenho das mudas. O adubo será aplicado diretamente nas caixas abertas durante a subsolagem, permitindo que os nutrientes sejam incorporados ao solo de forma mais eficiente. Essa técnica favorece o enraizamento, acelera o crescimento inicial das plantas e contribui significativamente para a formação de florestas mais produtivas e saudáveis. Serão cerca de 1.200 hectares por mês nesta fase. Para isso, serão utilizados três tratores de 150 cavalos.

Para garantir a excelência na execução das atividades e acompanhar a nova demanda, a empresa está estruturando uma base local robusta. Serão contratados cerca de 35 colaboradores, além da aquisição de tratores, ampliando a frota destinada ao atendimento da operação no Espírito Santo. Essa mobilização reforça o compromisso da Reflorestar com a qualidade dos serviços prestados e com o desenvolvimento regional.

“Acreditamos que essa operação nos trará ainda mais visibilidade no setor. Estamos com uma equipe técnica altamente capacitada, pronta para entregar resultados consistentes e reforçar o posicionamento da Reflorestar como referência em soluções florestais completas”, conclui Paulo Gustavo Souza, gerente de silvicultura da empresa.

Sobre a Reflorestar

Empresa integrante do Grupo Emília Cordeiro, especializada em soluções florestais, incluindo silvicultura, colheita mecanizada, carregamento de madeira e locação de máquinas. Atualmente com operações em Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, ela investe em capacitação técnica e comportamental, gestão integrada e confiabilidade dos equipamentos para oferecer as soluções mais adequadas para cada particularidade dos clientes.

Fundada em 2004 no Vale do Jequitinhonha (sede em Turmalina, MG), originou-se da paixão pelo cuidado com o solo e o meio ambiente. Com 20 anos de atuação, a Reflorestar se consolidou no mercado pela visão inovadora no segmento florestal e pela oferta de serviços de qualidade, atendendo clientes em todo o Brasil. Para mais informações, visite o site da Reflorestar .

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Plano de Manejo Florestal da Eldorado Brasil destaca gestão sustentável das florestas

Documento técnico de 2024 sintetiza as práticas adotadas no manejo florestal

A Eldorado Brasil Celulose, empresa do Grupo J&F, divulgou nesta segunda-feira, 26 de maio, a 14ª Edição do Plano de Manejo FlorestalO documento traz um panorama, de forma clara e transparente, das informações sobre o manejo florestal, reunindo o conjunto de princípios e práticas adotadas pela companhia com o objetivo de promover uma operação florestal economicamente viável, ambientalmente adequada e socialmente benéfica.

Com 12 anos de operação, a Eldorado Brasil atua em áreas que abrangem 11 municípios de Mato Grosso do Sul. Atualmente, as unidades de manejo florestal da Eldorado Brasil têm mais de 436 mil hectares, desse total 96% dessas áreas manejadas são certificadas por instituições  internacionalmente reconhecidas, sendo que 296 mil hectares são destinados ao cultivo de eucalipto, matéria prima para produção de celulose e energia renovável. As áreas destinadas à conservação ambiental totalizam mais de 101 mil hectares, representando 23% da área total da Eldorado, demonstrando, assim, o compromisso com o cumprimento da legislação ambiental e com a preservação de áreas naturais. 

Para manter a alta performance produtiva, a Eldorado Brasil investe e evolui com ações de manejo inovadoras e com o uso de tecnologia avançada em todos os processos, entre eles, o funcionamento do Centro de Tecnologia Florestal (ELDTECH) com pesquisas para o desenvolvimento no manejo de pragas e doenças, solos e nutrição, meteorologia e ecofisiologia florestal, melhoramento genético das mudas, a aplicação de biotecnologia e tecnologia da madeira. Em conjunto, atua ainda com o monitoramento climático e operacional constante, a conectividade, segurança, automação e mecanização nas operações de campo.

Desde o início das atividades até 2024 a remoção de CO2 da atmosfera, pela Eldorado Brasil, ultrapassa os 40 milhões de toneladas. O número é 12 vezes maior do que todas as nossas operações próprias emitiram para o mesmo período. “Nosso objetivo é seguir como referência no setor de celulose com responsabilidade e inovação, promovendo a gestão de nossas florestas de forma que respeite os princípios socioambientais e traga benefícios reais para a comunidade”, afirma Fábio de Paula, gerente de Sustentabilidade da Eldorado Brasil. 

Para assegurar a excelência nas operações em campo e a qualidade do ecossistema florestal, a Eldorado adota  uma gestão social e corporativa com a geração de valores positivos para as comunidades ao entorno de nossas operações e a valorização dos colaboradores com programas de desenvolvimento, engajamento, capacitação profissional e bem-estar.

Acesse o Plano de Manejo Florestal pelo link:  

www.eldoradobrasil.com.br/wp-content/uploads/2025/05/Plano-de-Manejo-2024.pdf

SOBRE A ELDORADO BRASIL

A Eldorado Brasil Celulose, empresa do Grupo J&F, é reconhecida globalmente por sua excelência operacional e seu compromisso com a sustentabilidade, resultado do trabalho de uma equipe qualificada de mais de 5 mil colaboradores. Inovadora no manejo florestal e na fabricação de celulose, produz 1,8 milhão de toneladas de celulose de alta qualidade por ano, atendendo aos mais exigentes padrões e certificações do mercado internacional. Seu complexo industrial em Três Lagoas (MS) também tem capacidade para gerar energia renovável para abastecer uma cidade de 2,1 milhões de habitantes. Em Santos (SP), opera o EBLog, um dos mais modernos terminais portuários da América Latina, exportando o produto para mais de 40 países. A Companhia mantém um forte compromisso com a sustentabilidade, inovação, competitividade e valorização das pessoas.

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Exclusivo – Senta que lá vem história: a criação do curso de Engenharia Florestal no Brasil

*Artigo de Cícero Ramos.

Você já parou para pensar por que foi criado o curso de Engenharia Florestal no Brasil? Por que uma graduação tão específica? Será que outras formações já existentes não poderiam suprir essas demandas?

A resposta está na complexidade dos ecossistemas florestais, que não podem ser plenamente atendidos por abordagens generalistas. As florestas exigem precisão em cada intervenção: demandam conhecimento técnico, visão clara do presente e compromisso com o futuro.

A história da Engenharia Florestal no Brasil está profundamente ligada à necessidade urgente de gerenciar nossos recursos florestais de forma sustentável, especialmente diante da intensa exploração das florestas brasileiras ao longo do século XX. Era preciso agir com responsabilidade e, para isso, era essencial formar profissionais capacitados para compreender, manejar e conservar os ecossistemas florestais.

Foi nesse contexto que, em 1960, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da FAO/SF, o governo brasileiro criou o primeiro curso de Engenharia Florestal do país, em Viçosa (MG). Enquanto países vizinhos já formavam profissionais especializados, o Brasil demorou a reconhecer a importância de formar profissionais capacitados para gerir suas florestas de maneira sustentável.

Em 2025, celebramos 65 anos dessa conquista — e mais do que comemorar, é hora de reconhecer sua importância histórica.

Para compreender plenamente essa trajetória, precisamos voltar no tempo. A escassez gera a invenção, e foi a partir da escassez de madeira que surgiu a ideia do manejo florestal sustentável, com o objetivo de conservar as florestas.

Na Saxônia do século XVII, a madeira era um recurso estratégico, essencial para a mineração e a economia local. No entanto, a exploração descontrolada levou ao risco de esgotamento, exigindo soluções urgentes.

Foi nesse cenário que Hans Carl von Carlowitz (1645–1714), membro de uma família com tradição em silvicultura e que trabalhou como diretor de mineração em Freiberg, apresentou uma proposta inovadora em sua obra Sylvicultura oeconomica, publicada em 1713. No livro, defendeu o uso sustentável das florestas, argumentando que a extração de madeira deveria ser limitada à capacidade de regeneração da floresta, ou seja, não se deve derrubar o estoque de árvores maduras da floresta até que se observe que há crescimento suficiente no local. Carlowitz fundamentou seus argumentos no conceito de “bem comum”, tanto para a comunidade quanto para as gerações futuras, introduzindo, assim, a ideia de sustentabilidade.

Quase um século depois, em 1811, Heinrich Cotta, seguidor das ideias de Carlowitz, fundou a Academia Florestal de Tharandt, na Saxônia, dando início aos estudos acadêmicos em ciências florestais.

Embora países como a Alemanha adotaram técnicas de silvicultura e gestão florestal sustentável desde o século XIX, o Brasil, apesar de abrigar a maior floresta tropical do mundo, seguia explorando seus recursos de forma empírica, sem amparo técnico ou formação especializada.

A primeira tentativa de ensino superior voltado à silvicultura ocorreu em 1875, com a fundação da Escola Agrícola da Bahia, que oferecia cursos para formar Silvicultores, Agrônomos, Engenheiros Agrícolas e Veterinários. No entanto, não existem registros concretos de que essa iniciativa tenha efetivamente formado Silvicultores e a exploração das matas nativas no Brasil continuou sendo realizada de maneira empírica, sem o embasamento técnico necessário.

No Brasil, a conscientização sobre a deficiência do ensino florestal começou a ganhar força nas primeiras décadas do século XX. Em 1929, o agrônomo silvicultor Paulo Ferreira de Souza chamou atenção para a realidade do ensino da Silvicultura no país. Na época, ensino da ciência florestal se limitava à disciplina ou abordagens de Silvicultura, em cursos de Agronomia, sem maiores ênfases.

A situação começou a mudar de forma mais concreta a partir de 1948, quando foi realizada a primeira Conferência Latino-americana de Florestas e Produtos Florestais no Brasil que recomendou a criação de escolas florestais, de grau universitário, para a formação de engenheiros florestais, capazes de realizarem trabalhos de direção, de política florestal, de administrações, etc.

A discussão sobre a necessidade de uma formação florestal mais robusta intensificou-se durante o I Congresso Florestal Brasileiro, organizado pelo Instituto Nacional do Pinho em 1953. Nesse fórum, diversas pautas foram abordadas, e o engenheiro agrônomo Lycio Grein de Castro Vellozo apresentou a questão da “Deficiência do Ensino Superior da Silvicultura no Brasil”. Ele destacou que no programa de Horticultura e Silvicultura, do 3° ano dos cursos de agronomia, era praticamente impossível de ser ministrado em sua totalidade, em virtude da exiguidade de tempo no ano letivo – o qual, sem dúvida, reflete no deficiência dos conhecimentos que deve possuir o agrônomo recém-formado, para enfrentar os problemas práticos de sua profissão.

Dois anos depois, em 1955, o engenheiro agrônomo Batista Benito Calzavara, em sua publicação “Notas sobre Silvicultura”, chamou a atenção para o fato de que apenas duas instituições no país ofereciam disciplinas autônomas de silvicultura, ministradas ao longo de um ano: a Escola de Agricultura de Viçosa, em Minas Gerais, e a Escola de Agronomia do Nordeste. Calzavara criticou essa abordagem fragmentada, considerando inadequado condensar em uma única matéria assuntos tão variados e cruciais. Sua análise reforçava a urgência de um ensino mais robusto e especializado, que pudesse verdadeiramente capacitar os profissionais para enfrentar as complexidades inerentes ao setor florestal.

 Em 1956, o agrônomo silvicultor David de Azambuja lançou a obra “Problemas florestais brasileiros”, editada pelo Serviço Florestal. O livro compilava dados de uma apresentação feita à Comissão de Recursos Naturais da Câmara Federal, revelando um cenário preocupante: em 1955, o Brasil contava com apenas 20 Engenheiros Agrônomos Silvicultores. A carência de técnicos qualificados e a ausência de um programa estruturado de pesquisa florestal eram evidentes. Azambuja propôs, como solução, a criação de estações experimentais florestais distribuídas pelas diferentes regiões brasileiras e mencionou o curso de Tecnologia da Madeira, recém-criado no Instituto Tecnológico de São Paulo, como um passo importante para o fortalecimento do setor.

Essas vozes criaram um coro por mudança, nações vizinhas como Venezuela, Colômbia, Chile e Argentina davam passos largos na formação de engenheiros florestais, deixando claro que o Brasil precisava agir.

A virada aconteceu em 1960 com a criação da Escola Nacional de Florestas em Viçosa-MG, com apoio direto da FAO. Ali nascia oficialmente o curso de Engenharia Florestal no Brasil — um marco fundamental para o desenvolvimento técnico, científico e institucional da área florestal no país (Decreto nº 48.247 de 30 de maio de 1960).

Antes disso, a pesquisa dos recursos florestais eram conduzidos por agrônomos silvicultores, uma vez que a formação de graduação padrão não contemplava o aprofundamento necessário em ciências florestais. Importante notar que a carreira de agrônomo silvicultor era formalmente reconhecida dentro da estrutura do Ministério da Agricultura.

É fundamental reconhecer as contribuições significativas de Helládio do Amaral Melo, atuante em Piracicaba (SP), e Arlindo de Paula Gonçalves, em Viçosa (MG). Ambos exerceram papéis cruciais no processo de estabelecimento e fortalecimento da Engenharia Florestal como campo de estudo e profissão no Brasil.

A FAO teve papel decisivo ao identificar a deficiência no ensino florestal em nível global. Como resultado, a educação profissional e a formação técnica tornaram-se prioridades no programa da Divisão de Silvicultura e Produtos Florestais, conforme detalhado a seguir:

Escolas florestais (FAO,1962a)

Várias instituições de treinamento e escolas florestais com status universitário foram criadas ou auxiliadas pela Latin-American Advisory Group on Research and Training (EPTA), por exemplo, Chile, Libéria e Costa Rica. Mais são esperadas para surgir por meio de projetos do Fundo Especial agora em estágio avançado de preparação, por exemplo, Argentina, Brasil, Irã e Sudão.

Notícias de Pessoal (FAO,1962b)

Uma escola nacional de silvicultura em nível universitário será estabelecida em Viçosa, no estado de Minas Gerais, e operará em estreita coordenação com a Universidade Rural de Minas Gerais. Uma organização de pesquisa florestal também será criada. Ambas ficarão sob a autoridade de um conselho técnico especial que servirá como órgão de planejamento e coordenação para a educação e pesquisa florestal para todo o Brasil.

A organização de pesquisa administrará uma estação de pesquisa florestal estabelecida nas proximidades da escola e dirigirá outras duas estações experimentais administradas pelo Serviço Florestal Federal na região amazônica e na região do pinheiro-do-paraná.

O curso escolar completo cobrirá um período de cinco anos, sendo os dois primeiros anos ocupados com as mesmas matérias básicas ensinadas nas escolas brasileiras de agricultura. Os três anos seguintes serão dedicados inteiramente à silvicultura, com o último ano reservado para estudos especializados.

O recrutamento será feito a partir de duas fontes:

(a) alunos que tenham concluído o ensino médio e tenham sido aprovados em um exame especial em matemática, física, química e biologia: os candidatos aprovados farão o curso completo de cinco anos;

(b) alunos que, após o ensino médio, tenham feito um curso de treinamento que os isente dos dois primeiros anos do curso na escola florestal e que tenham sido aprovados em um exame especial: os alunos desta categoria farão apenas os três últimos anos do curso da escola florestal.

Inicialmente, o objetivo será formar aproximadamente 30 formandos por ano, que é a estimativa do número de pessoas que poderão ser empregadas ou encontrar emprego fora do serviço público.

Algumas atividades da divisão de silvicultura e produtos florestais, 1962-63- FUNDO ESPECIAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: PROJETOS FLORESTAIS ATUAIS (FAO,1963)

1. Argentina – Forestry and watershed management training institute.

2. Brazil – National forestry school.

3. Chile – Institute for development of forest resources and industries.

4. Ecuador – Preinvestment studies for forestry development.

5. Guatemala – Preinvestment survey on forest development.

6. Honduras – Survey of pine forests.

7. Mexico – National forest inventory.

8. Peru – Forestry research and training.

9. Venezuela – Preinvestment study on forestry development.

10. Morocco – Rural economic preinvestment project for the Western Rif.

11. Nigeria – Forestry department, University College, Ibadan.

12. Greece – Preinvestment survey of selected forest areas.

13. Turkey – Preinvestment survey of Antalya region.

14. Turkey – Poplar research institute.

15. Iran – Forestry and range department and forest rangers’ school.

16. Jordan – Forestry development studies and research.

17. Lebanon – Forestry education, training and research.

18. Sudan – Forestry research and education center.

19. Burma – Forest research institute.

20. Ceylon – Preinvestment study on forest industries development.

21. India – Preinvestment study of forest resources.

22. Pakistan – National forestry research and training program.

23. Thailand – Paper pulp materials survey.

Comissão Florestal da América Latina (FAO,1965)

A silvicultura e as indústrias florestais estavam praticamente em sua infância na América Latina há apenas 20 anos. Desde então, houve um desenvolvimento substancial, e a Comissão Florestal Latino-Americana, reunida para sua nona sessão em Curitiba, Brasil, em novembro de 1964, considerou que as Nações-membros poderiam se orgulhar dos avanços que ocorreram nos últimos anos, conforme descrito nos relatórios nacionais de progresso submetidos à reunião e suplementados por declarações de delegados.

No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que as florestas da região sejam utilizadas da melhor forma possível. O desenvolvimento futuro deve ser cuidadosamente planejado. Ajuda nesse sentido é uma das funções do grupo consultivo regional FAO/ECLA sobre desenvolvimento da indústria florestal, e a ajuda por meio de projetos do Fundo Especial atingiu um volume considerável. Ao discutir as perspectivas para o futuro, a comissão demonstrou interesse particular nas atividades do novo programa conjunto FAO/BIRD, que deve facilitar a identificação e preparação de projetos para estabelecimento de plantações e desenvolvimento da indústria que seriam aceitáveis para o Banco Internacional ou suas afiliadas, a Agência Internacional de Desenvolvimento e a Corporação Financeira Internacional.

Curitiba, capital do Estado do Paraná, foi selecionada pelo Governo do Brasil como o local para a sessão porque é o centro da área de pinheiros do Paraná e de um complexo de indústrias florestais, e o local da nova Escola Nacional de Silvicultura estabelecida na Universidade Federal com a ajuda do Fundo Especial das Nações Unidas e da FAO. Por esta última razão, a reunião foi aberta pelo Ministro da Educação do Brasil.

Os países que tiveram delegações presentes foram Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, República Dominicana, França (Guiana e Antilhas), Guatemala, México, Holanda (Suriname), Paraguai, Peru, Trinidad e Tobago, Reino Unido (Honduras Britânicas e Guiana), Estados Unidos da América, Uruguai e Venezuela.

Comissão Florestal da América Latina (FAO,1968)

Ao rever o estado da silvicultura na região, a comissão registrou progresso considerável desde sua última sessão no Brasil em 1964. Ainda havia muito a ser feito para incorporar o setor florestal – em um grau compatível com suas potencialidades – nos planos governamentais para o progresso socioeconômico. O planejamento havia se tornado a ordem do dia na América Latina e, em vista dos esforços em direção à integração econômica, era de grande importância que os governos tivessem planos florestais de médio e longo prazo e uma definição clara de sua política florestal. Em países com populações densas e de baixa renda, as vantagens sociais do desenvolvimento florestal devem ter prioridade sobre outros objetivos.

Notícias do mundo-Brasil (FAO,1969)

Estima-se que, há 500 anos, as florestas do Brasil cobriam 83 % do seu território. Em 1962, restava menos da metade de suas florestas. Cerca de 36 milhões de quilômetros quadrados de floresta (uma área quase igual à de todo o subcontinente indiano) foram derrubados ou destruídos pelo fogo. Os valiosos povoamentos de pinheiros do Paraná no sul do Brasil foram intensamente superexplorados e, consequentemente, estão ameaçados de extinção. Essa devastação reflete uma inclinação a considerar a silvicultura apenas em termos de desmatamento, e a madeira meramente como um subproduto natural.

Não é de se estranhar, portanto, que, embora possua os maiores recursos florestais do mundo, o Brasil não tivesse escola de engenharia florestal em 1960 e houvesse uma balança comercial desfavorável em produtos florestais.

A situação era tal que o Governo foi instado a agir. O primeiro passo foi criar uma escola de silvicultura capaz de fornecer uma produção regular de especialistas florestais de altos padrões profissionais em administração, ensino e pesquisa. Em 1960, o Governo, portanto, buscou a ajuda do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e, como resultado, um projeto FAO/SF para o estabelecimento de tal escola foi aprovado e tornou-se operacional em fevereiro de 1962. A contribuição do PNUD foi de $ 1 474 000, enquanto o Governo contribuiu com $ 882 872.

O projeto começou em Viçosa, no estado de Minas Gerais, mas mudou-se para Curitiba, no estado do Paraná, em 1963, onde a escola formou um novo corpo docente na Universidade Federal.

Em 1º de janeiro de 1969, 76 alunos obtiveram o diploma de engenheiro florestal, uma nova qualificação no Brasil, e agora estão todos trabalhando para o governo e outras agências florestais. A cada ano, mais 35 a 50 alunos se qualificarão em um futuro próximo, e o número deve aumentar para 70. Uma agência separada de pesquisa florestal também foi estabelecida na Universidade Federal do Paraná em Curitiba. A Universidade Rural de Viçosa aproveitou o período em que o projeto estava localizado lá para iniciar uma escola florestal própria. Esta escola formou 20 engenheiros florestais em 1968 e 1969, e a Universidade Estadual de São Paulo está planejando iniciar uma escola florestal em nível universitário com um currículo de cinco anos. Uma produção anual de pelo menos 250 técnicos florestais (guardas florestais) é necessária para acompanhar essa expansão no ensino superior florestal.

As estações de pesquisa em Santarém, Curuá, Viçosa e Rio Negro que estão anexadas ao projeto FAO/Fundo Especial fizeram experimentos importantes em seleção de espécies, métodos de plantio, regeneração natural, extração e conversão. Elas também fizeram inventários florestais e realizaram estudos sobre os usos econômicos de produtos florestais.

Enquanto o projeto estava em operação, a imagem pública da silvicultura e sua importância para o país melhoraram muito. O Governo Brasileiro aprovou uma legislação dando substanciais concessões fiscais para replantio e para melhorar o manejo florestal, e a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia está fornecendo suporte financeiro para o desenvolvimento de recursos madeireiros na bacia amazônica. As várias agências governamentais que lidam com silvicultura e produtos florestais foram amalgamadas em um Serviço Florestal.

O projeto ajudou o Governo a formar um núcleo de especialistas florestais brasileiros que já estão ajudando a executar e controlar planos de políticas de longo e médio prazo.

Como um segundo passo, problemas específicos estão sendo enfrentados, particularmente na Amazônia, onde há grande escopo para o desenvolvimento da floresta e da indústria florestal. Uma solicitação de projeto elaborada para auxiliar no atendimento dessas necessidades está sob consideração e, se aceita, será de grande assistência ao Governo.

Comissão Florestal Latino-Americana (FAO,1971)

Foi expressada satisfação com o progresso feito durante os últimos três anos em questões de política florestal, legislação, desenvolvimento institucional e planejamento de desenvolvimento. A Comissão sentiu que o Seminário da FAO de 1968 sobre Desenvolvimento Florestal, Reforma Agrária e Colonização realizado em Brasília, a primeira reunião florestal a ter ocorrido na nova capital do Brasil, deu um impulso considerável à incorporação do setor florestal no planejamento de desenvolvimento de áreas rurais. A Comissão observou com satisfação a melhoria do status dos serviços florestais na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Cuba. Duas novas faculdades florestais em nível universitário foram estabelecidas (na Bolívia e Honduras), bem como quatro escolas florestais de nível médio (na Colômbia, República Dominicana, Honduras e Peru). As instalações de treinamento no nível médio eram, no entanto, ainda em geral inadequadas para as necessidades da região.

A sustentabilidade não é apenas um princípio da Engenharia Florestal — ela é sua razão de existir. A profissão nasceu com um propósito claro: garantir que as florestas possam continuar oferecendo seus recursos às gerações presentes e futuras, de forma equilibrada, inteligente e responsável.

A madeira e outros produtos florestais são indispensáveis para a humanidade. No entanto, diferentemente de outros recursos, sua produção exige tempo, conhecimento e planejamento. Com o crescimento populacional e a demanda crescente por matérias-primas renováveis, a necessidade de gerir as florestas de forma sustentável se tornou ainda mais urgente.

O conhecimento dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento e o ordenamento territorial e ambiental do Brasil — e é exatamente nesse contexto que a Engenharia Florestal assume um papel central. Antes da consolidação dessa profissão, a exploração das florestas brasileiras ocorria de forma empírica, desprovida de critérios técnicos. A engenharia florestal contribuiu para os avanços no Código Florestal de 1965, que aperfeiçoou o Código de 1934. Entre os avanços, destaca-se a proibição da exploração empírica das florestas primitivas da região amazônica, que passaram a exigir planos técnicos de condução e manejo florestal — uma das poucas formas de uso econômico do solo que preserva a floresta em pé.

O manejo florestal sustentável é uma das ferramentas mais eficazes para combater o desmatamento ilegal. Ele permite a geração de renda com a extração responsável de produtos florestais, mantém os serviços ecossistêmicos e contribui diretamente para o desenvolvimento social e econômico, especialmente na região amazônica.

A criação do curso de Engenharia Florestal não foi um ponto final — foi o ponto de partida. Desde então, novas escolas surgiram, e a pesquisa florestal conquistou reconhecimento junto ao setor florestal, o melhoramento genético, o controle fitossanitário, o aperfeiçoamento das práticas silviculturais e adoção de técnicas de plantio mais eficientes possibilitaram aumento nos índices de produção. No entanto, os desafios permanecem. O desmatamento ilegal, as mudanças climáticas exigem, cada vez mais, uma atuação técnica, ética e comprometida.

A missão da Engenharia Florestal é clara: promover o equilíbrio entre conservação e desenvolvimento, entre floresta e sociedade. E isso só é possível com profissionais preparados, ciência aplicada e políticas públicas que valorizem o conhecimento técnico como ferramenta de transformação.


*Cícero Ramos é engenheiro florestal e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais.

Fonte de pesquisa:

A ciência florestal de Hans Carl von Carlowitz e a origem da sustentabilidade 2020.  Disponível em: http://www.centralflorestal.com.br/2020/05/a-ciencia-florestal-de-hans-carl-von.html

CALZAVARA, B. B. Notas sobre silvicultura, INSTITUTO AGRONOMICO DO NORTE.

Belém, PA, v. 2, n. 2, p. 46-49, dez. 1955. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/978202?mode=simple

DECRETO Nº 5.957, DE 23 DE JUNHO DE 1875. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-5957-23-junho-1875-550048-publicacaooriginal-65657-pe.html

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FAO – The Food and Agriculture Organization of the United Nations – An International Review of Forestry and Forest Products – Unasylva Number 100 Vol. 25, 1971. Disponível em: https://openknowledge.fao.org/server/api/core/bitstreams/40b32ff9-de60-4325-ae8a-0c28fa2b4b3c/content/b3350e00.htm#Contents

VELLOZO, L.G. de C., A Deficiência do Ensino Superior da Silvicultura no Brasil, in Anais do 1º Congresso Florestal Brasileiro, 1954. Disponível em: https://www.celso-foelkel.com.br/artigos/1953_1_Congresso+Florestal+Brasileiro.pdf

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