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Oportunidade: MS Florestal promove mutirão para captação de currículos em Itapura (SP)

Evento ocorre no próximo sábado, dia 15, no Centro de Juventude do município

Mato Grosso do Sul, 10 de março de 2025 – A MS Florestal, empresa genuinamente sul-mato-grossense na área especializada de florestas plantadas, fará uma ação de recrutamento e seleção, no dia 15 de março, sábado, em Itapura (SP) para captação de currículos nos cargos de auxiliar serviço de campo, motoristas, operadores, técnicos de operações e supervisores.

O mutirão acontece no Centro da Juventude, localizado na Rua Getúlio Vargas, das 9h até às 13h, horário local. A oportunidade é para trabalhar em Bataguassu (MS) na operação de plantio e irrigação, dentro do padrão de qualidade e segurança da companhia.

Os benefícios para quem trabalha na empresa são os seguintes: plano de saúde, plano odontológico, wellhub, auxílio farmácia, seguro de vida, transporte fretado, vale alimentação, refeição fornecida pela empresa.

Sobre a MS Florestal

A MS Florestal é uma empresa sul-mato-grossense que fortalece as atividades de operação florestal do Grupo RGE no Brasil, um conglomerado global com foco na manufatura sustentável de recursos naturais. Especializada na formação de florestas plantadas e na preservação ambiental, além do desenvolvimento econômico e social das comunidades onde atua, a MS Florestal participa de todas as etapas, desde o plantio do eucalipto até a manutenção da floresta. Para mais informações, acesse: www.msflorestal.com

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Eldorado Brasil está com mais de 50 vagas de emprego abertas para ajudante florestal em Selvíria e Inocência (MS)

Os interessados podem participar das entrevistas a partir desta terça-feira (11)

A Eldorado Brasil Celulose está com mais de 50 vagas de emprego abertas para a função de ajudante florestal nas cidades de Selvíria e Inocência, na região leste de Mato Grosso do Sul. Durante os dias 11, 12, 13 e 14 de março será realizada uma série de entrevistas com os interessados em ocupar os cargos. A agenda começa nesta terça-feira, em Inocência, a partir das 8 horas, no escritório de silvicultura da Eldorado. Na quarta-feira, dia 12 de março, as entrevistas serão em Castilho – SP, a partir das 8h (horário local), na quinta-feira, dia 13 de março, às 9 horas, a equipe de Recursos Humanos estará em Selvíria, e na sexta-feira, dia 14, às 8 horas, em Três Lagoas, no Senai.

Para concorrer a uma das vagas é necessário levar documentos pessoais, carteira de vacinação e currículo.

Importante: a seleção em Três Lagoas será para atuação em Inocência e os candidatos aprovados terão transporte diariamente.

Vaga

Ajudante florestal: responsável em executar trabalhos na área florestal desde o início do processo de formação de florestas, tais como: plantio, irrigação, replantio, combate a formigas, aplicação de herbicida, adubação, roçada, capina, manejo de mudas, dentre outras.

Requisitos: Ensino fundamental incompleto, vivência em atividades de campo e disponibilidade para alojar.

Locais de seleção:

Inocência – MS Dia: 11 de março – quarta-feira
Local: escritório de silvicultura da Eldorado
Endereço: Avenida Três Lagoas, 536B
Horário: 8h

Castilho – SP
Dia: 12 de março – quarta-feira
Local: Secretaria da Agricultura
Endereço: Anel Viário Sebastião Antônio da Silca, 50, Bairro Alvorada
Horário: 8h (horário local)

Selvíria- MS
Dia: 13 de março – quinta-feira
Local: escritório de Silvicultura da Eldorado em Selvíria
Rua Vereador José Antônio Trindade, 1570
Horário: 9h

Três Lagoas – MS
Dia: 14 de março – sexta-feira Local: Senai
R. José Amílcar Congro Bastos, 1313 – Vila Nova
Horário: 8h

A Eldorado Brasil

A Eldorado Brasil Celulose é reconhecida globalmente por sua excelência operacional e seu compromisso com a sustentabilidade, resultado do trabalho de uma equipe qualificada de mais de 5 mil colaboradores. Inovadora no manejo florestal e na fabricação de celulose, produz, em média, 1,8 milhão de toneladas de celulose de alta qualidade por ano, atendendo aos mais exigentes padrões e certificações do mercado internacional. Seu complexo industrial em Três Lagoas (MS) também tem capacidade para gerar energia renovável para abastecer uma cidade de 2,1 milhão de habitantes. Em Santos (SP), opera a EBLog, um dos mais modernos terminais portuários da América Latina, exportando o produto para mais de 40 países. A companhia mantém um forte compromisso com a sustentabilidade, inovação, competitividade e valorização das pessoas.

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Créditos de carbono sem dono: o impasse da titularidade da terra

*Artigo de Luiz Ugeda.

Não adianta se preocupar com as peças do xadrez se não se conhece as regras do tabuleiro. No mercado de créditos de carbono, avanços tecnológicos permitem medir a captura de CO₂ com alta precisão, mas essa sofisticação de nada vale se não há clareza sobre a titularidade das terras onde as florestas estão localizadas. Sem uma base jurídica sólida, qualquer tentativa de comercialização desses créditos se torna um risco.

O mercado de créditos de carbono tem sido impulsionado por avanços tecnológicos que buscam medir com precisão a captura de CO₂ pelas florestas. Sensores ultrassensíveis, inteligência artificial e modelagem molecular são algumas das técnicas utilizadas para quantificar o estoque de carbono em cada árvore. No entanto, há um problema que nenhuma dessas inovações consegue resolver: a indefinição sobre a titularidade da terra onde essas árvores estão plantadas.

O direito de vender créditos de carbono não se resume à comprovação da captura de CO₂. É imprescindível que haja clareza sobre quem detém a propriedade da área florestal, já que, sem essa definição, não há segurança jurídica para as transações. Empresas e fundos interessados em adquirir esses ativos ambientais enfrentam riscos elevados quando a posse do território é incerta ou contestada.

A questão fundiária é particularmente complexa em países onde a governança da terra apresenta fragilidades. Em muitas regiões da Amazônia, por exemplo, há sobreposição de títulos, registros imprecisos e ocupações informais. Isso significa que, mesmo que uma floresta seja rigorosamente monitorada em termos de captura de carbono, o crédito correspondente pode estar vinculado a uma propriedade cuja titularidade não é incontroversa.

Além da insegurança jurídica, a ausência de definição clara sobre a propriedade da terra pode gerar conflitos socioambientais. Comunidades indígenas e populações tradicionais frequentemente reivindicam direitos sobre territórios utilizados para a venda de créditos de carbono por empresas privadas. Sem um marco regulatório sólido, esses conflitos podem se agravar, colocando em risco a viabilidade de projetos de conservação.

Organismos internacionais e investidores exigem garantias antes de ingressar no mercado de carbono. Um dos critérios fundamentais para a certificação de projetos de carbono florestal é a comprovação de que a terra tem um titular legítimo e que este possui o direito de explorar economicamente o sequestro de carbono. A falta dessa comprovação inviabiliza negócios e afugenta potenciais compradores.

O problema não se restringe a países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, por exemplo, disputas sobre direitos de uso da terra e sobre propriedade de árvores plantadas em áreas privadas têm gerado litígios envolvendo créditos de carbono. Em alguns casos, há divergências sobre se o proprietário da terra é o único detentor dos direitos sobre o carbono sequestrado pelas árvores ou se arrendatários e concessionários podem reivindicar participação.

Para que o mercado de carbono avance, é necessário investir tanto na regularização fundiária quanto na criação de mecanismos claros de reconhecimento da titularidade dos créditos. Empresas brasileiras, como a Infotech JusMapp, têm se dedicado exclusivamente a lidar com esse caos fundiário, desenvolvendo soluções tecnológicas para garantir segurança jurídica ao mercado de carbono. Sem essa base jurídica, qualquer medição científica de CO₂ armazenado se torna irrelevante para fins comerciais.

A digitalização dos registros de terras e a interoperabilidade entre diferentes bases de dados podem contribuir para reduzir a incerteza. No entanto, esses esforços devem ser acompanhados por reformas legais que garantam que os títulos emitidos tenham validade incontestável. A ausência de políticas eficazes nessa área pode fazer com que mercados emergentes de carbono fracassem antes mesmo de se consolidarem.

O paradoxo atual é que há tecnologia para medir a captura de carbono no nível molecular, mas questões básicas sobre quem tem direito a vender os créditos correspondentes seguem sem solução. Isso cria um ambiente de negócios arriscado e reduz a credibilidade do próprio mercado de carbono como instrumento de mitigação climática.

A ausência de clareza fundiária também abre brechas para fraudes e especulação. Há casos de áreas desmatadas que, anos depois, são reflorestadas artificialmente e utilizadas para gerar créditos de carbono sem que haja comprovação de que os novos plantios representam um adicional real na captura de CO₂. Sem uma governança transparente, o mercado se torna vulnerável a abusos.

Governos, reguladores e investidores precisam compreender que o sucesso dos mercados de carbono não depende apenas de avanços tecnológicos, mas também da capacidade de garantir que as transações tenham segurança jurídica. A regulamentação clara da propriedade da terra é um requisito tão relevante quanto a precisão na medição da captura de carbono.

Enquanto essa questão permanecer sem solução, iniciativas sofisticadas de monitoramento de carbono continuarão fracassando na prática. Nenhum modelo científico ou sensor de última geração pode compensar a falta de regras claras sobre a titularidade da terra. Sem essa base jurídica, o mercado de carbono seguirá sendo uma promessa frustrada, incapaz de cumprir seu papel na transição para uma economia de baixo carbono.


*Luiz Ugeda é Advogado e Geógrafo. Pós-doutor em Direito (Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG) e doutor em Geografia (Universidade de Brasília, UnB). Doutorando em Direito (Universidade de Coimbra, FDUC). Ocupou funções de gestão em diversas empresas, associações e órgãos públicos do setor elétrico, do aeroportuário e de concessões de rodovias. É fundador de startups de dados para setores regulados. Autor da obra “Direito Administrativo Geográfico”.

Origem da publicação: https://geocracia.com/creditos-de-carbono-sem-dono-o-impasse-da-titularidade-da-terra/

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Engenharia florestal: a ciência por trás do manejo de florestas nativas

*Artigo de Cícero Ramos.

Há mais de 300 anos, o saxão Hans Carl von Carlowitz defendeu o uso sustentável das florestas, argumentando que o consumo de madeira deve respeitar os limites de produção e regeneração das áreas florestais. Em outras palavras, não se deve derrubar o estoque de árvores maduras da floresta até que se observe que há crescimento suficiente no local. Carlowitz baseia seus argumentos no interesse do “bem comum”, da comunidade e da “querida posteridade”, ou seja, das gerações futuras, apresentando uma ideia claramente definida de sustentabilidade.

As florestas e biomas exigem a capacidade exata da visão do presente e do futuro em todas as ações que nelas efetua. A profissão de engenheiro florestal surgiu justamente com esse propósito: garantir que o uso dos recursos florestais seja sustentável. Afinal, a madeira e outros produtos florestais são essenciais para a humanidade, mas exigem tempo para serem produzidos. Com o crescimento populacional e a demanda crescente, é fundamental planejar atividades que sejam economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente responsáveis.

No Brasil, o curso de Engenharia Florestal foi criado há 65 anos. No entanto, é importante esclarecer alguns aspectos sobre essa profissão: será que esse curso foi uma invenção nacional? A resposta é não. O curso já existia há décadas em países como Alemanha, Suécia, França, Estados Unidos. Na América do sul, Venezuela, Colômbia, Chile e Argentina também haviam implementado cursos de Engenharia Florestal muito antes do Brasil.

Mas por que criar um curso tão específico, não teria sentido a criação da Escola Nacional de Florestas pela União e dos cursos de Engenharia Florestal por algumas Universidades, para formar o Engenheiro Florestal? outras formações não poderiam cobrir essas necessidades? A resposta está na complexidade dos ecossistemas florestais. Recursos abundantes e ecossistemas florestais diferenciados, recomposição de florestas, técnicas de regeneração e plantio, manutenção de habitas, alternativas de uso do solo, previsões de produção em floresta, produtos não madeireiros oriundos da floresta, manutenção de florestas, necessidades econômicas, dentre outras variáveis heterogenias, clamavam, como clamaram antes na Europa, por alternativas técnicas e ciências que pudessem responder de forma organizada há estas questões que variavam de ambiental a econômica. A criação da Engenharia Florestal surgiu da necessidade de formar profissionais qualificados para enfrentar os desafios do setor florestal brasileiro. Essa iniciativa não apenas fortaleceu a formação de especialistas, mas também impulsionou a adoção de práticas sustentáveis e inovadoras no manejo dos recursos florestais.

Em que pese a legislação, de forma bem intencionada, tentar simplificar as normas para o manejo de florestas naturais (esse é o tema que abordaremos aqui), e isso é compreensível, continuam subjacentes as necessidades de conhecimentos técnico-científicos para elaboração e execução dos planos de manejo.

O engenheiro florestal é um gerente dos recursos florestais, desempenhando um papel essencial na conservação e no manejo sustentável das florestas, desse modo ele precisa saber o ambiente ideal para a regeneração natural de determinada espécies, e também se algum tratamento silvicultural adicional será necessário. Precisa saber planejar e calcular a rede ideal   de estradas, pátios e trilhas de arraste visando menor dano a floresta e com menor custo aplicando conhecimentos de exploração de impacto reduzido (EIR) e precisa de conhecimento sólidos de estratificação das diferentes tipologias e sub-tipologias, e sua combinação de espécies florestais para um melhor lançamento amostral estatístico, o qual não comprometa a regeneração da floresta quando explorada.

Além disso, o engenheiro florestal precisa saber identificar a qualidade, sanidade e potencial dos fustes a serem manejados e quais devem ficar como árvores matrizes ideais. Precisa estudar a capacidade de suporte da floresta a ser manejada e qual a intensidade de exploração que deve ser utilizada de maneira a que não ponha em risco a sustentabilidade da mesma. A floresta, e dentro dela, todas a suas espécies, possuem uma “faixa de variação ótima” na sua curva de desenvolvimento e formação. Retiradas que perturbem esta faixa de variação, implicarão no “ponto de não retorno” mencionado por especialistas e seguidamente mencionado na mídia.

O engenheiro florestal precisa saber monitorar a floresta em exploração. Para isso não são suficientes a correta instalação de parcelas permanentes, mas saber calcular sua intensidade ideal, e mais que isso, interpretar seus resultados a luz das informações das fases sucessionais da floresta. Quais classes diametricas merecem abertura para luminosidade? E para qual espécie? E em que intensidade? Como está a estrutura da floresta? Os ciclos de corte estarão adequados? Quando ela estará produtiva de novo? Já pode haver uma reentrada no talhão? Como pleitear isto junto aos órgãos ambientais? Quais medidas mitigadoras devem ser utilizadas no caso de impactos imprevistos?

Atualmente, há uma grande preocupação ambiental, e muitas profissões passaram a opinar sobre o meio ambiente de acordo com suas próprias visões de mundo, muitas vezes sem uma direção clara ou base técnica sólida. No entanto, é importante destacar que já existe uma formação específica e consolidada que permite trabalhar com as florestas naturais de forma produtiva e sustentável quando necessário. Grandes cientistas do passado, como Carlowitz, Hartig, Cotta, Liocourt, Brandis, Odum, Osmaston, Whitmore, Dawkins e, mais recentemente, Natalino Silva, entre outros, já haviam refletido sobre o uso sustentável das florestas naturais. Todo esse conhecimento acumulado está organizado e disponível no curso de Engenharia Florestal, que continua sendo a base para o manejo responsável e científico dos recursos florestais.

O engenheiro florestal precisa saber identificar as áreas de ocorrência principal das espécies e diferenciar das ocasionais e identificar o risco local de determinada espécie, se esse for o caso. Ele também precisa entender de modelos matemáticos de crescimento e volume de madeira, ajustar equações hipsométricas.  Combinar variáveis dendrométricas com ambientais.

Por outro lado sabemos, que todas estas preocupações não utilizam talvez até o momento, 20 ou 30% do aporte e estoque cientifico que a Engenharia Florestal possui. Mas ela possui!!! E ela está qualificada para enfrentar os novos desafios que surgirão quando das necessidades já em discussão sobre o aperfeiçoamento do manejo florestal se tornarem mais fortes. Manejo de precisão, manejo por espécie são novos desafios! A ciência florestal não para! Embrapa, INPA, faculdades, continuam apresentando sugestões de modernização do manejo florestal. Mais e mais especialistas com sólida formação em Ciência Florestal serão necessários. Novos protocolos de manejo florestal estão sendo desenvolvidos.

A Engenharia Florestal não é apenas uma profissão — é uma ciência. Ela se baseia em diversas disciplinas, entre as quais destacam-se: Entomologia Florestal, Anatomia da Madeira, Tecnologia da Madeira, Ecologia Florestal, Experimentação Florestal, Dendrologia, Tecnologia e Produção de Sementes Florestais, Dendrometria, Melhoramento Genético Florestal, Inventário Florestal, Métodos e Tratamentos Silviculturais, Silvicultura Tropical, Economia Florestal, Colheita, Transporte e Logística Florestal, além de outras que complementam o conhecimento necessário. Todas essas áreas convergem em uma disciplina que integra e aplica esses conhecimentos de forma prática e abrangente: o Manejo de Florestas Naturais.

O manejo florestal na Amazônia está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, nos objetivos 8 (trabalho decente e crescimento econômico), 12 (consumo e produção responsáveis), 13 (ação contra a mudança global do clima), 15 (vida terrestre) e 17 (parcerias e meios de implementação). É crucial promover um entendimento mais profundo sobre o manejo florestal sustentável e da cadeia produtiva da madeira de florestas nativas, considerando aspectos socioeconômicos e ecológicos. Reforçando práticas florestais sustentáveis e a inovação baseada na ciência e engenharia florestal são essenciais para proteger as florestas, gerar renda e mitigar as mudanças climáticas, integrando o uso dos recursos florestais com estratégias de conservação ambiental.

No Brasil, a Engenharia Florestal foi responsável por introduzir o manejo florestal sustentável, antes a exploração das florestas nativas era feita de maneira empírica, sem o suporte técnico necessário. O manejo florestal sustentável é, de fato, uma das poucas atividades de uso do solo que mantém a cobertura florestal enquanto gera renda a partir da floresta em pé. Essa prática é fundamental para conciliar a produção econômica com a conservação ambiental, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais.

É importante deixar claro que a silvicultura envolve uma série de atividades essenciais — como a produção de sementes, mudas, preparo da área e do solo para o plantio, controle de plantas invasoras, pragas e doenças, além do plantio, replantio, adubação e calagem, sempre com o devido acompanhamento técnico —, essas práticas não devem ser confundidas com o manejo de florestas nativas.

Agora, imagine o que acontece quando profissionais sem a qualificação adequada assumem essas tarefas. Os princípios da administração pública, como legalidade e eficiência são ignorados, projetos acabm mal elaborados, sem base científica sólida, e os danos materiais e ambientais são inevitáveis. No final, quem paga o preço é a floresta — e, por consequência, todos nós.

Reduzir o ensino da ciência florestal apenas à disciplina de Silvicultura é um erro grave. A Engenharia Florestal é muito mais ampla. Permitir que profissionais sem formação completa atuem no manejo de florestas nativas é como deixar alguém operar um paciente só porque leu um manual de cirurgia. Conhecimento técnico e científico não são opcionais — são fundamentais.

Sendo a Engenharia Florestal uma ciência, é impossível assimilar todo o conhecimento acumulado acerca desta ciência com apenas uma carga horária de 60, 75 ou 90 horas. Se fosse assim, em três, quatro ou cinco anos, o ser humano poderia dominar todas as ciências da humanidade e poderia exercer todas as profissões existentes no mundo. o que é claramente inviável e impossível de se conceber.

O conhecimento técnico e científico não é uma opção, mas uma necessidade. Transferir essa responsabilidade para quem não está preparado é, no mínimo, irresponsável. A ciência florestal não é apenas uma palavra bonita — é a base que sustenta práticas seguras, eficazes e sustentáveis. E quando se trata de florestas nativas, não há espaço para atalhos.


*Cícero Ramos é engenheiro florestal e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais-AMEF.

Origem da publicação: https://www.remade.com.br/noticias/20567/engenharia-florestal:-a-ciencia-por-tras-do-manejo-de-florestas-nativas

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Brasil sem desmatamento: documento propõe 12 ações integradas para responder à crise ambiental no país

Para a Coalizão Brasil, é necessário adotar uma abordagem inovadora e ágil para erradicar a derrubada de vegetação nativa e, ao mesmo tempo, fomentar atividades produtivas sustentáveis

A erradicação do desmatamento no Brasil até 2030 demanda uma série de medidas, como a implementação efetiva do Código Florestal, a promoção da rastreabilidade nas cadeias produtivas, o controle das queimadas e o combate ao crime organizado na Amazônia. Estas iniciativas estão entre as recomendações reunidas na publicação “Brasil sem desmatamento: 12 propostas integradas para a conservação e o desenvolvimento sustentável”, lançada nesta terça-feira (11) pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.

O documento será entregue a diversos órgãos federais, como o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ibama e o Serviço Florestal Brasileiro. O movimento ressalta que o Brasil se comprometeu em fóruns internacionais a zerar o desmatamento até o fim da década. O debate ganha ainda mais relevância no momento em que o país se prepara para sediar em novembro a Conferência do Clima (COP 30), em Belém (PA), e tenta se posicionar como líder na conservação dos ecossistemas e na transição para uma economia de baixo carbono.

A nova publicação propõe seis ações para zerar o desmatamento ilegal e outras seis medidas para desestimular o desmatamento legal, trazendo uma abordagem integrada e considerando os desafios específicos de cada cenário. Segundo Ane Alencar, colíder da Força-Tarefa (FT) Combate ao Desmatamento da Coalizão, o documento coloca no centro do debate medidas estruturantes que exigem articulação imediata entre todos os setores da sociedade.

“Diante do cenário crítico da crise climática, é imperativo que atualizemos e expandamos nossas propostas para combater o desmatamento com soluções multifacetadas”, avalia Alencar, que também é diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). “O contexto atual nos aponta que já não é o bastante tentarmos deter somente o desmatamento ilegal, mas urge encontrar formas de incentivar que o desmatamento legal também não aconteça. Isso exige a criação de incentivos econômicos para que a floresta em pé tenha mais valor”.

O documento propõe soluções consensuais entre representantes do agro e do movimento ambientalista para o uso adequado da terra, garantindo incentivo à biodiversidade e à segurança alimentar. 

A publicação também inclui ações preventivas e mecanismos de governança que envolvam estados e municípios, de acordo com as dinâmicas distintas que existem nas regiões da Amazônia e do Cerrado. Na Amazônia, por exemplo, a destruição é principalmente ilegal, impulsionada pela grilagem de terras, queimadas e atividades criminosas. Já no Cerrado, grande parte do desmatamento ocorre dentro dos limites do Código Florestal, que permite a supressão de até 80% da vegetação nativa em propriedades rurais. Essas realidades exigem soluções específicas e adaptadas a cada contexto.

Leia a seguir as 12 propostas.

Para acessar o documento completo, acesse neste link: https://coalizaobr.com.br/brasilsemdesmatamento/

1. Ações para zerar o desmatamento ilegal:

1.1 – Implementação efetiva do Código Florestal

• Assegurar a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) como ferramenta essencial de regularização ambiental e de suporte para controle, monitoramento e combate ao desmatamento, viabilizando o monitoramento integrado das propriedades rurais pelo Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), em coordenação com o governo federal e as administrações subnacionais.

• Concluir a análise do CAR por meio de investimentos em equipes técnicas de órgãos ambientais estaduais e empresas especializadas, além da implementação de sistemas de análise dinamizada. Atualmente, apenas 3,3% dos cadastros no país foram analisados (Climate Policy Initiative/PUC-Rio, 2024). Esse trabalho é essencial para suspender o registro de propriedades privadas sobre florestas públicas, Terras Indígenas (TI), territórios quilombolas e áreas desmatadas ilegalmente.

• Desestimular alterações nas legislações de âmbito federal ou estadual que comprometam a implementação do Código Florestal, considerando a importância de acordos multissetoriais para a conservação da vegetação nativa.

1.2 – Combate ao crime organizado relacionado ao desmatamento ilegal

• Investir em recursos humanos, financeiros e tecnológicos para viabilizar a ampliação de operações de inteligência contra o crime organizado ambiental;

• Integrar a atuação estratégica de órgãos como a Polícia Federal, Ministérios Públicos, forças estaduais e instituições do Sistema Nacional de Meio Ambiente, reagindo de forma efetiva e coordenada contra redes criminosas;

• Desmantelar economias ilícitas e crescentemente entrelaçadas que, em muitos casos, têm o desmatamento ilegal, a invasão e apropriação de terras públicas como ponto de partida (Instituto Igarapé, 2022).

1.3. – Promoção de rastreabilidade e transparência nas cadeias produtivas

• Desenvolver, consolidar e dar transparência a ferramentas de monitoramento que integrem diferentes bases de dados relacionadas ao ordenamento territorial e à produção agropecuária, como CAR, Guia de Trânsito Animal (GTA) e autorizações de supressão da vegetação (ASV);

• Aprovar legislações federais e estaduais que determinem o monitoramento de todos os elos das cadeias de suprimento, em especial da carne e da soja, e incluindo fornecedores indiretos;

• Fortalecer os sistemas estaduais de licenciamento e fiscalização ambiental com recursos e tecnologia.

1.4 – Aumento da destinação de florestas públicas para proteção e uso sustentável

• Promover a destinação de áreas públicas com vegetação nativa, por meio do Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP), para sua proteção como áreas de uso restrito ou sustentável, especialmente em regiões sob forte pressão de desmatamento.

• Estabelecer políticas abrangentes de ordenamento territorial e regularização fundiária, com ampla participação pública e social, eliminando conflitos e garantindo segurança jurídica a todos para o uso e ocupação sustentáveis do solo. Esta medida reconhece, entre outros fatores, o papel desempenhado pelas Terras Indígenas na contenção do desmatamento, já que essas áreas perderam apenas 1,2% de sua vegetação nativa nos últimos 30 anos, enquanto nas propriedades privadas a perda foi de 19,9% (MapBiomas, 2023).

• Expandir o manejo florestal sustentável por meio da destinação de florestas públicas a concessões florestais federais e estaduais. Ampliar a escala e diversificar as atividades econômicas dessas concessões, incluindo possibilidade de restauração, é fundamental para impulsionar modelos produtivos sustentáveis e frear o avanço da fronteira do desmatamento.

1.5 – Aprimoramento de processo de autorização da supressão da vegetação e de uso do fogo

• Fortalecer a estrutura dos sistemas de licenciamento de Autorização da Supressão da Vegetação (ASV) dos estados, garantindo apoio técnico e financeiro e pessoal qualificado;

• Dar maior transparência às ASVs e às autorizações para Uso do Fogo Controlado;

• Estabelecer critérios e padrões mínimos para a inserção de dados sobre licenças no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), promovendo a integração dos sistemas estaduais de licenciamento de ASV e Uso do Fogo Controlado com a plataforma.

• Promover ações de comando e controle nos estados baseada na análise qualificada das ASVs.

1.6 – Estabelecimento de ações para prevenção e controle do fogo

• Ampliar ações de sensibilização para produtores rurais e comunidades locais sobre os riscos do uso inadequado do fogo e as consequências das queimadas, aliando essa iniciativa à disseminação e capacitação sobre a legislação de Manejo Integrado do Fogo (MIF);

• Reforçar a necessidade de regulamentação da aplicação da lei de MIF na escala estadual, promovendo o uso planejado e controlado do fogo em casos autorizados, como práticas culturais e agrícolas tradicionais, e desenvolvendo protocolos claros para sua autorização e monitoramento.

• Investir na formação de brigadas locais, construir centros regionais de combate às queimadas e fortalecer parcerias para pesquisas e práticas sustentáveis baseadas na legislação de MIF.

• Reforçar a fiscalização e a integração de diferentes instâncias do poder público, instituindo novos mecanismos para responsabilização criminal pelo uso irregular do fogo, aplicando penalidades rigorosas contra esta prática.

2. Ações para desestimular o desmatamento passível de autorização:

2.1 – Promover a implementação da estratégia nacional de bioeconomia

• Instituir políticas públicas e incentivos financeiros voltados à bioeconomia, visando aliar o uso sustentável da biodiversidade à geração de empregos e renda para produtores familiares, povos e comunidades tradicionais.

• Reduzir custos operacionais e financeiros para viabilizar e impulsionar projetos de bioeconomia, mitigando as principais barreiras à atividade, como infraestrutura precária, falta de conectividade, insegurança, complexidade regulatória, informalidade, desafios logísticos e escassez de mão de obra qualificada. A medida busca criar um ambiente de negócios favorável, dando escala a produtos, insumos e serviços, e atrair empreendedores de alta integridade, fomentando uma economia alternativa a do desmatamento e do tráfico.

2.2 – Fortalecimento do setor de restauração de paisagens e florestas

• Garantir recursos e investimentos que possibilitem a execução de políticas públicas de recuperação da vegetação nativa em nível federal e estaduais.

• Impulsionar a cadeia da restauração em diferentes frentes, com destaque para fortalecimento do setor de produção de sementes e mudas de espécies nativas.

• Fortalecer modelos de parceria público-privada para concessões, para restauração florestal e manejo florestal, que atuam como barreira ao avanço do desmatamento e viabilização econômica para manutenção da floresta em pé, a partir de uma distribuição mais equilibrada de riscos, incluindo aqueles relacionados à segurança pública e incêndios.

• Estruturar incentivos financeiros e contratuais que atraiam investidores de alta integridade e assegurem a viabilidade econômica da restauração.

• Promover uma abordagem integrada de paisagem em concessões florestais, com políticas públicas que beneficiem comunidades e áreas no entorno das áreas restauradas, criando um ambiente propício para investimentos sustentáveis.

2.3 – Incentivo à silvicultura de espécies nativas

• Aprimorar os marcos regulatórios federal e estaduais, visando remover barreiras para o plantio e comercialização de produtos provenientes de espécies nativas, considerando seu potencial de gerar renda, serviços ecossistêmicos e promover conservação da biodiversidade.

• Aumentar o volume de investimento público e privado para projetos com espécies nativas, garantindo linhas de financiamento e seguro agrícola para o setor.

• Incentivar programas de P&D voltados para o desenvolvimento tecnológico relacionado à produção e consumo sustentáveis de produtos ligados à silvicultura de espécies nativas, tendo como objetivo elevar o potencial da atividade à escala dos principais setores agroindustriais do país.

2.4 – Regulamentação da Lei de Pagamento por Serviços Ambientais

• Garantir segurança jurídica para projetos, planos ou programas, públicos ou privados, que visem à conservação dos ecossistemas, dos recursos hídricos, do solo, da biodiversidade, do patrimônio genético e do conhecimento tradicional.

• Implementar uma política inclusiva capaz de valorar, em especial, esforços de comunidades tradicionais, povos indígenas, produtores familiares e proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).

2.5 – Regulação do mercado de carbono

• Regulamentar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), assegurando a possibilidade de remuneração para produtores que preservem ou restaurem a vegetação em sua propriedade.

2.6 – Estabelecimento de incentivos financeiros e técnicos para evitar o uso do fogo

• Fomentar entre os produtores rurais a transição para modelos de agricultura regenerativa, de forma a reduzir o uso do fogo na paisagem. Isso pode ser viabilizado por meio da promoção de alternativas produtivas de baixo carbono, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e a rotação de culturas; além da ampliação de linhas de crédito específicas para práticas agrícolas sustentáveis;

• Promover oportunidades de emprego e renda relacionadas ao manejo integrado do fogo, incentivando a formação de profissionais capacitados para ações contínuas e diversificadas neste campo.

Sobre a Coalizão

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento composto por mais de 400 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia. A rede atua por meio de debates, análises de políticas públicas, articulação entre diferentes setores e promoção de iniciativas que contribuam para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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