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Tarifaço de 50% dos EUA ameaça exportações da Suzano

Além da celulose, exportações de mel também são afetadas, e o Ciesp alerta para prejuízos imediatos

📄 A decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% ao Brasil, a partir de 1º de agosto, acendeu um alerta no setor de papel e celulose. Suzano, companhia que nasceu na cidade de mesmo nome e é líder mundial na fabricação de celulose, tem 19% das vendas líquidas destinadas aos Estados Unidos, de acordo com um levantamento do grupo financeiro Goldman Sachs.

Esse percentual é consideravelmente elevado para ser redirecionado rapidamente para outros mercados. A empresa possui contratos de longo prazo com clientes estadunidenses, com exigências de qualidade específicas, o que dificulta mudanças imediatas.

O banco ressalta que, embora estoques locais possam amortecer o impacto por um curto período, o cenário se torna desafiador se a tarifa permanecer: compradores tendem a buscar alternativas com taxas mais baixas, como Chile ou Uruguai.

O Brasil exportou 2,8 milhões de toneladas de celulose de fibra curta para os EUA em 2024, o equivalente a 78% do consumo americano do produto. Para a Suzano, isso representa não apenas a perda de um mercado-chave, mas também a necessidade de rever logística, contratos e preços.

Atualmente com fábricas e escritórios em outras cidades do Brasil, e até mesmo fora do país, a Suzano conta com mais de 50 mil funcionários, entre contratados e terceirizados.

O g1 procurou a fabricante para comentar possíveis impactos com a taxação, mas a empresa não se manifestou.

Para o especialista em investimentos e planejador financeiro Jeff Patzlaff, a Suzano será afetada de diversas maneiras: competitividade no mercado, preços de venda e novas vendas são alguns desses exemplos.

“Para a Suzano, o risco é substancial. A tarifa de 50% compromete diretamente a competitividade da celulose brasileira nos EUA, encarecendo o produto de forma significativa frente a concorrentes de outros países, como Canadá, Chile e Indonésia. Ainda que o Brasil possua uma vantagem estrutural em custo de produção e eficiência logística portuária, uma tarifa dessa magnitude praticamente inviabiliza economicamente novas vendas para o mercado norte-americano, a menos que a empresa absorva parte do custo, o que afetaria sua margem de lucro”, comentou.

Mesmo o redirecionamento das vendas, que poderia ser uma saída para a empresa, não é uma medida fácil, segundo Patzlaff.

“O redirecionamento das vendas dos EUA para outros mercados não é simples, especialmente no curto prazo. A demanda por celulose é relativamente estável, com crescimento mais expressivo vindo da Ásia, especialmente China e Índia, mas exige negociações logísticas, contratos comerciais e, muitas vezes, adequações técnicas do produto às especificações de clientes de outras regiões”, explicou.

Os produtos poderiam ainda perder valor de mercado.

“No mercado global, a tarifa pode distorcer o preço da celulose, com uma queda nas exportações brasileiras para os EUA, há tendência de aumento dos preços naquele país, que buscará fontes alternativas mais caras ou de menor qualidade”, alertou Patzlaff.

“Por outro lado, o desvio da produção brasileira para Ásia e Europa tende a aumentar a oferta nessas regiões, pressionando os preços para baixo, especialmente se a demanda não crescer no mesmo ritmo. O resultado pode ser um ambiente de preços mais voláteis e margens mais apertadas, com impacto inclusive sobre os concorrentes globais da Suzano”, continuou.

O especialista ressalta ainda que para se preparar para um cenário prolongado de tarifas altas, a Suzano precisará adotar uma estratégia de médio a longo prazo.

Entre as possíveis medidas estão a diversificação de mercados, com fortalecimento das operações na Ásia e na Europa, investimentos em produtos de maior valor agregado, como papéis especiais e fibras para têxteis sustentáveis e, eventualmente, a expansão da presença industrial no exterior, o que reduziria a exposição tarifária direta da operação brasileira.

“Acredito que a tarifa de 50% sobre a celulose brasileira representa um desafio de grande magnitude para a Suzano e um sinal de alerta para o Brasil como um todo, num momento em que o país já enfrenta juros elevados, inflação persistente e aumento de riscos geopolíticos. A resposta precisa ser técnica, diplomática e estratégica, com foco em preservar a competitividade da indústria nacional e proteger a balança comercial”, finalizou.

Outros setores

🍯 O tarifaço causou o cancelamento imediato de grandes encomendas de mel orgânico do Piauí, data em que o presidente americano anunciou a decisão. O Brasil é um dos maiores produtores de mel do mundo.

Em Mogi das Cruzes, a MN Própolis, que tem mais de 30 anos de atuação no setor de alimentos funcionais e produtos naturais, afirma que será diretamente impactada pela nova política tarifária.

A empresa ressalta que, embora exporte mel em pequena escala, considera os Estados Unidos e países asiáticos como mercados prioritários na estratégia de expansão internacional. Com essa nova taxação, o custo final do produto brasileiro se eleva consideravelmente, o que pode inviabilizar negociações e levar os importadores a optarem por fornecedores de países com menor carga tarifária.

“Essa medida impacta diretamente o lado econômico das exportações. Mesmo empresas que ainda exportam em menor volume, como a nossa, já sentem o reflexo nos custos e na dificuldade de manter competitividade frente a países concorrentes”, disse a empresa por meio de nota.

O que diz o Ciesp Alto Tietê

🏭 Por meio de uma nota, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) do Alto Tietê manifestou preocupação em relação à nova tarifa. O comunicado afirma que a medida causa prejuízos concretos e imediatos às relações comerciais, afetando diretamente as forças produtivas, os trabalhadores e toda a sociedade.

“Faltam argumentos concretos em favor dos EUA para uma tarifa de 50% nas importações do Brasil. Não procede a justificativa do presidente estadunidense sobre a balança de pagamentos entre os dois países lhes ser desfavorável, já que apenas na última década o superávit a favor deles foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. E se incluído o comércio de serviços, o superávit dos EUA chega aos US$ 256,9 bilhões”, afirma a nota assinada por José Francisco Caseiro, diretor regional do Ciesp Alto Tietê.

Ele ressalta ainda que questões pessoais e ideológicas de governantes não podem prevalecer em relações internacionais entre nações, já que os danos causados são severos e de difícil reparação, colocando em risco o desenvolvimento e o bem-estar do povo.

Na área de abrangência do Ciesp Alto Tietê, de acordo com dados contabilizados pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), baseados em informações das regionais do Ciesp, nos primeiros cinco meses deste ano, as exportações se concentraram, especialmente em: papel e cartão; máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos; e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

No mesmo período, as principais compras regionais foram de: máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos; plásticos e suas obras; e produtos químicos orgânicos.

Entre janeiro e maio, os principais destinos das mercadorias do Alto Tietê foram: Estados Unidos (US$ 93,5 milhões), Argentina (US$ 52,7 milhões) e Chile (US$ 24,7 milhões). Já a origem das compras regionais foram: China (US$ 106,9 milhões), Japão (US$ 94,1 milhões) e Estados Unidos (US$ 60,9 milhões).

Informações: G1.

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CEO da Suzano vê desaceleração nos preços da celulose com guerra comercial e diz que não apostaria contra a China

O CEO da Suzano (SUZB3), João Alberto Abreu, afirmou que o setor de celulose deve sentir o impacto da guerra comercial, no que diz respeito à negociação dos preços da celulose.

Após três aumentos consecutivos de preços no início deste ano, a Suzano deve ter mais dificuldade para negociar com seus clientes.”No curtíssimo prazo é normal que haja uma certa desaceleração nas negociações, até cada um ver o que vai acontecer”, afirmou.

No entanto, o executivo vê a empresa bem posicionada competitivamente. “Eu vejo a Suzano em uma posição privilegiada. Em uma situação de maior tensão, temos uma posição competitiva robusta”, disse o CEO.

As declarações foram realizadas durante o 11º Annual Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, São Paulo, nesta terça-feira (8).

Segundo Abreu, a China detém 40% da exposição de celulose da empresa, enquanto Estados Unidos e Europa possuem cerca de 20% cada um.

O CEO destacou que existem discussões sobre novos pacotes de incentivo ao consumo no parceiro asiático, que podem acabar beneficiando alguns setores.

“Eu não apostaria contra a China. Eles têm um plano de crescimento, de crescer 5% e acredito que possuem muitas ferramentas para continuar buscando esse crescimento”, afirmou.

Ainda sobre a China, o executivo não descartou a possibilidade de maior integração com o mercado do país. Abreu afirmou que a moeda chinesa possui um custo de capital atrativo e que a Suzano estuda a possibilidade de transferir parte da dívida para a moeda local.

Próximos passos para a Suzano

Após o “tarifaço” de Donald Trump, a Suzano integra a lista das dez empresas que mais perderam valor de mercado: cerca de R$ 3,6 bilhões. O CEO da companhia atribuiu o cenário ao sentimento de incerteza sobre uma desaceleração global.

“A primeira preocupação para nós é uma eventual recessão. Há previsões de retração de 1% e isso reduz a demanda de todos os mercados. Precisamos olhar para o impacto nos nossos clientes, principalmente chineses e europeus”, disse Abreu.

O executivo considera que é um momento para cautela no que diz respeito à alocação de capital. A empresa avalia que a compreensão do balanço de oferta e demanda é fundamental para traçar os próximos passos no mercado.

Considerando médio e longo prazo, o CEO acredita que a tendência é de que a demanda pela celulose de fibra curta cresça em uma velocidade superior à de fibra longa. “Eu vejo a fibra longa de alguns mercados fora do Brasil atuando mais em nichos e isso abre oportunidades para a fibra curta”, disse.

Apesar das tensões com o cenário global, Abreu reforçou a confiança na Suzano, ressaltando a posição competitiva da empresa. Segundo ele, a companhia possui portfólio capaz de gerar caixa mesmo em ambientes de volatilidade de preços.

Informações: Money Times.

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