Só celulose
Em um avanço importante para a substituição dos problemáticos copos e canudos descartáveis, pesquisadores desenvolveram um material biodegradável que é transparente e pode reter líquidos por várias horas – até mesmo água fervente.
E, caso não seja adequadamente reciclado e vá parar no fundo dos oceanos, ele se degradará naturalmente em menos de um ano, garantem Noriyuki Isobe e colegas de várias instituições do Japão.
A base do novo material é um hidrogel de celulose, semelhante ao usado na fabricação de papel. Após a secagem, o material foi tratado com uma solução aquosa de brometo de lítio, que forçou a celulose a se solidificar nas formas desejadas. Simples assim, o que significa que o material transparente é feito quase exclusivamente de celulose.
Os pesquisadores observam que os produtos finais podem ser tão finos quanto as paredes de um copo plástico ou tão espessos quanto desejado.
Os testes mostraram que o material funcionou bem também como canudo, sem sinais do colapso observado em canudos de papel disponíveis hoje. Os copos feitos com o material puro só apresentaram sinais de vazamento após três horas, mas a equipe já identificou um revestimento de resina vegetal que os torna à prova de qualquer vazamento.
A fabricação é muito simples (em cima), enquanto a reciclagem é integral, apenas perdendo um pouco da transparência (embaixo).
[Imagem: Noriyuki Isobe et al. – 10.1126/sciadv.ads2426]
Reciclável e biodegradável
O teste de reciclagem mostrou que o reaproveitamento integral dos objetos pode ser feito facilmente, embora os novos objetos fabricados com o material reutilizado se tornem menos transparentes.
Finalmente, a equipe testou a biodegradabilidade do material em ambiente marinho. Eles produziram várias folhas do papel transparente e colocaram algumas em águas rasas e outras em locais muito profundos – devido às baixas temperaturas, em grandes profundidades os materiais levam mais tempo para se degradar. O novo material, contudo, degradou-se completamente em menos de 12 meses nas partes mais profundas do oceano.
A equipe espera que o novo papel transparente seja usado para substituir as opções atuais em embalagens de alimentos, copos e canudos descartáveis.
Autores do artigo:
Noriyuki Isobe https://orcid.org/0000-0001-8571-3373,
Keiko Tanaka e Shun’ichi Ishii https://orcid.org/0000-0002-0203-8569,
Yasuhiro Shimane https://orcid.org/0000-0003-0982-8966,
Satoshi Okada https://orcid.org/0000-0001-5417-5955,
Kazuho Daicho https://orcid.org/0000-0003-4203-2257,
Wataru Sakuma https://orcid.org/0000-0001-8188-0123,
Kojiro Uetani https://orcid.org/0000-0003-3245-6929,
Toshihiro Yoshimura https://orcid.org/0000-0003-0478-4239,
Katsunori Kimoto https://orcid.org/0000-0002-1523-6994,
Satoshi Kimura https://orcid.org/0000-0002-6383-1923,
Tsuguyuki Saito https://orcid.org/0000-0003-1073-6663,
Ryota Nakajima https://orcid.org/0000-0003-2351-6176,
Masashi Tsuchiya https://orcid.org/0000-0001-8179-4030,
Tetsuro Ikuta https://orcid.org/0000-0003-3158-2421,
Shinsuke Kawagucci https://orcid.org/0000-0002-7807-024X,
Tadahisa Iwata https://orcid.org/0000-0003-2731-3958, e
Hidetaka Nomaki https://orcid.org/0000-0002-7577-5076.
Artigo completo na revista Science Advances: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.ads2426