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Silvicultura ‘abre portas’ para mulheres na universidade e contribui para o desenvolvimento sustentável

A região do Bolsão em Mato Grosso do Sul é um celeiro de oportunidades para o desenvolvimento profissional e pessoal. O berço de todo este processo de crescimento está sendo trilhado por mulheres que estão no curso tecnólogo em Silvicultura, capacitação de nível superior ofertado pela UEMS (Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul) em parceria com as prefeituras municipais de Água Clara e Ribas do Rio Pardo e as empresas MS Florestal e Suzano, respectivamente. 

“São cursos novos na grade curricular das universidades. Só existem mais três cursos no interior de São Paulo e do Espírito Santo. A região do Bolsão, em Mato Grosso do Sul, é o coração da Silvicultura no Brasil e nada mais justo que tenhamos aqui esse tipo de capacitação, mais direcionada e específica”, explica o professor Allan Motta Couto, docente da UEMS (Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e coordenador do curso da UEMS, em Água Clara.

O professor detalha que a maioria dos participantes do curso de Silvicultura são mulheres e que já trabalham nos viveiros de mudas e em outros setores das empresas do setor florestal.

O curso de Silvicultura é oferecido no polo da UEMS em Água Clara e ministrado na Escola Municipal Márcia Cristina Fioratti Javarez, que oferece um espaço muito bem adequado com ambiente climatizado e equipamentos como telões de alta tecnologia sensíveis ao tato, laboratórios equipados, conexão de internet, além de uma logística primorosa com transporte para as aulas práticas de campo. O professor Allan também ressalta que a parceria com a indústria é fundamental para a promoção do curso. 

“A MS Florestal identificou uma demanda social e decidiu também investir na capacitação. A união dos três parceiros [prefeituras, empresas e UEMS] possibilitou a criação desse curso em Água Clara e Ribas do Rio Pardo”, completou o professor.

De acordo com o docente, o curso em Silvicultura é composto majoritariamente por mulheres. “70% dos nossos acadêmicos são mulheres. Este fato nos deixa felizes em saber desta peculiaridade em Mato Grosso do Sul. Nossos alunos são pessoas mais experientes, pais e mães que trabalham o dia todo, já estão inseridos no mercado, trabalhando em operações florestais, na produção de mudas, no monitoramento do crescimento florestal e buscam esta capacitação, cargos mais desafiadores e melhor remuneração.”

 O curso tem duração de dois anos e meio. Em Água Clara, o curso teve início em agosto de 2024. Cerca de 40 pessoas participam dos cursos em ambos municípios.

Ainda segundo o professor Allan, a tecnologia em Silvicultura é um campo em constante evolução que envolve o manejo e o cultivo de florestas com o objetivo de obter um alto rendimento e conservar a biodiversidade.

Viveiros da Educação

Faz três anos que Luzia Costa Freitas, mãe de duas meninas,  trabalha no viveiro da MS Florestal, em Água Clara. Em agosto do ano passado, começou no curso de Tecnólogo em Silvicultura pela UEMS. 

“Eu resolvi fazer esse curso para o meu crescimento profissional e para me aprofundar mais na área. O setor de celulose está bastante avançado. Eu não tinha a dimensão desse setor”. Luzia conta que o curso abriu seus horizontes. “O curso de tecnólogo está me mostrando além, de como é o processo de uma floresta formada. Eu fiquei muito feliz pelo curso ter vindo pra cá. Nós, que somos mães, donas de casa, fica um pouco difícil para retomar aos estudos. Então, foi uma boa oportunidade”, descreve.

Gilmara Prates, de 31 anos, é casada e tem um filho de três anos. “Eu fiquei sabendo que o curso ia ser ministrado em Água Clara, e oferecido pela UEMS. Eu sempre digo que o meu trabalho é cuidar de mães grávidas e de seus filhinhos na maternidade”, comparou a colaboradora, que trabalha também no viveiro da MS Florestal”.

Assim como outras dezenas de mulheres que cursam Silvicultura, Gilmara pretende se formar e tornar-se especialista na área. “O futuro está nas minhas mãos. O que eu estou plantando hoje, quero ver lá na frente, aquelas mudinhas, meus brotinhos pequeninos que eu plantei e como elas estarão lá na frente”, diz emocionada.

A aula inaugural do primeiro curso de Tecnólogo em Silvicultura, em Ribas do Rio Pardo aconteceu no dia 11 de março deste ano, em parceria com a UEMS, Governo do Estado, prefeitura e a empresa Suzano. As aulas são ministradas na Escola Estadual João Ponce de Arruda. 

Além do curso de Tecnólogo em Silvicultura, a Suzano lançou, em parceria com o Governo do Estado, cursos de qualificação profissional para o ensino médio em Ribas do Rio Pardo. A iniciativa inclui o programa EJA Qualifica (Educação de Jovens e Adultos) e a formação de viveiristas florestais. 

O título de tecnólogo é reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) como uma qualificação de nível superior, com diferença de ser um curso de menor duração e focado na prática profissional. Em agosto de 2023, o curso foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEMS (CEPE). O curso tem duração de dois anos e meio.

O Curso de Tecnologia em Silvicultura da UEMS oferece competências e habilidades quanto a analisar estatísticas, inventários florestais e a vegetação arbórea de espécies florestais nativas e exóticas, gerenciar programas de preservação, conservação e reflorestamento, entre outros atributos.

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Publicação revela a participação das mulheres na cadeia produtiva florestal brasileira

Um estudo da Embrapa Florestas traz à tona a presença e o papel das mulheres no setor florestal, um campo tradicionalmente dominado por homens. A pesquisa “A Participação das Mulheres na Cadeia Produtiva Florestal Brasileira“, conduzida pela engenheira florestal e pesquisadora da Embrapa Florestas Cristiane Aparecida Fioravante Reis, buscou não apenas mapear a participação feminina, mas também entender os desafios enfrentados por essas profissionais no setor florestal. Trata-se de um importante recurso para pesquisadores, formuladores de políticas e todos aqueles interessados em promover a equidade de gênero no setor florestal. Com dados robustos e análises críticas, a publicação contribui para a discussão sobre a necessidade de um mercado de trabalho mais justo e inclusivo, onde as mulheres possam ocupar seu espaço de forma plena e reconhecida.

Com a crescente relevância do tema da equidade de gênero, esta publicação se torna um chamado à ação para todos os envolvidos na cadeia produtiva florestal. “A inclusão das mulheres não é apenas uma questão de importância social, mas também uma estratégia essencial para auxiliar no cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 5, 8 e 10) e de forma inovadora no setor. A leitura deste estudo é fundamental para entender os desafios e as oportunidades que se apresentam, e para construir um futuro mais igualitário e promissor para todos”, afirma Cristiane Reis. O lançamento da publicação ocorreu durante o evento intitulado “1º Painel Mulheres Florestais”, no dia 11/11/24, e contou com a presença da engenheira florestal e Diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa Ana Margarida Castro Euler.

publicação se baseia em dados do Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF), do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), da Rede Mulher Florestal (RMF) e outras fontes relevantes, permitindo uma análise crítica e fundamentada sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho florestal.

Aspectos analisados

Os dados apresentados na pesquisa revelam que, ao longo de 12 anos, a média anual de mulheres empregadas no setor florestal foi de 21,4%, com um pico de 22,4% em 2014. Em 2021, a estimativa foi de 22,2%. Esses números evidenciam a necessidade de políticas que promovam a inclusão e valorização das mulheres no setor”, ressalta Reis. A autora também observa que a maior quantidade de mulheres empregadas se encontra na faixa de escolaridade de ensino médio completo, representando 52,1% do total de mulheres empregadas em 2021.

Outro aspecto interessante abordado na obra é a distribuição geográfica da participação feminina. Por exemplo, em 2021, os estados que mais se destacaram quanto ao número total de vínculos empregatícios, no segmento de florestas plantadas, foram: Minas Gerais (19.711), São Paulo (9.924), Paraná (9.200), Santa Catarina (5.622), Mato Grosso do Sul (4.026) e Rio Grande do Sul (4.020) (Figura 9). Nestes estados, os postos de trabalhos formais ocupados pelas mulheres corresponderam a 9,7% (MG), 21,5% (SP), 18,5% (PR), 14,9% (SC), 17,6% (MS) e 16,5% (RS), respectivamente. Nota-se que esses estados se destacam quanto aos cultivos dos gêneros Eucalyptus Pinus, sendo os cultivos mais relevantes em território brasileiro.  “É crucial entender que as oportunidades e desafios enfrentados pelas mulheres variam de acordo com o segmento analisado e com a localização, e isso deve ser considerado na formulação de políticas de inclusão”, afirma a autora.

A pesquisa também analisa as faixas remuneratórias, revelando que 71,85% dos vínculos formais de empregos para mulheres estão concentrados nas faixas de 0,50 a 2,00 salários-mínimos, o que é reflexo da grande maioria vínculos formais de empregos serem ocupados por mulheres com baixo grau de escolaridade. Os maiores salários estão normalmente associados a um maior nível de escolaridade.  Com esta publicação, a Embrapa Florestas espera contribuir para a discussão sobre a equidade de gênero no Brasil. “Esta obra é um chamado à ação para todos os envolvidos na cadeia produtiva florestal. A maior inclusão das mulheres é uma estratégia essencial para o futuro do setor”, conclui a autora.

“Espera-se que as informações contidas nessa publicação possam embasar as decisões de gestores de diferentes instituições públicas e privadas, bem como produtores, empresários e demais elos da cadeia produtiva florestal brasileira a ter uma sociedade mais justa, priorizando igualdade de direitos e eliminando políticas e práticas discriminatórias”, afirma Marcelo Francia Arco-Verde, chefe geral da Embrapa Florestas.

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