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Setor florestal catarinense faz apelo ao poder público brasileiro

A Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), há 50 anos defensora do setor de florestas plantadas em Santa Catarina, vem manifestar profunda inquietação diante da decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — medida que ameaça diretamente a sobrevivência de um dos pilares da economia catarinense.

A madeira proveniente de florestas plantadas é mais do que uma matéria-prima: ela sustenta cadeias produtivas inteiras, gera empregos e consolida Santa Catarina como um dos protagonistas do comércio internacional de madeira. Ao longo das últimas décadas, empresas catarinenses investiram pesado em inovação, sustentabilidade e qualidade para atender com excelência às exigências do mercado norte-americano. Hoje, colhem frutos dessa dedicação — frutos que correm sério risco de serem ceifados.

Só em 2024, os Estados Unidos se destacaram como principais compradores de produtos catarinenses:

* A taxa de porcentagem é sobre o volume total exportado por SC em 2024.

A nova tarifa imposta coloca em xeque a competitividade desses produtos. Caso entre em vigor, Santa Catarina poderá assistir à retração ou até à paralisação de empresas que hoje sustentam mais de 103 mil postos de trabalho, espalhados por 11,4 mil estabelecimentos no estado. O impacto será devastador, atingindo não apenas o setor florestal, mas toda a economia catarinense.

Não se trata apenas de números, mas de histórias, famílias e comunidades inteiras que dependem dessa atividade. Por isso, fazemos um apelo urgente às autoridades brasileiras e norte-americanas: é essencial que o diálogo prevaleça. Que se busquem soluções justas, que respeitem os acordos comerciais e valorizem o esforço contínuo por práticas produtivas responsáveis e sustentáveis.

Preservar esse comércio é proteger empregos, fortalecer parcerias históricas e garantir que décadas de trabalho sério não sejam comprometidas por decisões unilaterais.

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Jose Mario Ferreira
Presidente

Imagem: Divulgação.

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Manifesto da APRE ao poder público alerta para impacto da taxação dos EUA e cobra ação urgente do governo federal

Entidade que representa o setor florestal do Paraná pede solução diplomática mas enérgica para conter prejuízos econômicos, demissões e retração das exportações

A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) divulgou um manifesto público pedindo que o governo federal atue com urgência para reverter a decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo os de origem florestal.

A recente decisão do governo norte-americano de elevar significativamente as tarifas sobre produtos brasileiros causou forte impacto sobre a cadeia produtiva florestal paranaense, um dos principais estados exportadores desse segmento.

Segundo a APRE Florestas, entidade que representa 40 empresas responsáveis por aproximadamente metade da área total de plantios comerciais no estado, a medida ameaça empregos, contratos, embarques e investimentos em uma das cadeias mais estruturadas e importantes para o agronegócio nacional.

No manifesto, o presidente da APRE Florestas, Fabio Brun, aponta para a necessidade de uma solução diplomática urgente para evitar prejuízos irreversíveis. “A taxação a esse patamar praticamente inviabiliza os nossos negócios e, como consequência, milhares de empregos e famílias estão ameaçados”, alerta. Para ele, mais do que uma decisão econômica, trata-se de uma medida política, o que exige uma resposta articulada, diplomática e imediata por parte do governo brasileiro.

Dependência do mercado americano

A dependência do Paraná pelo mercado americano é ainda maior, especialmente de produtos como madeira serrada, compensados, painéis, molduras, portas e móveis.

Dentre os produtos do agronegócio mais vendidos aos EUA, os produtos florestais aparecem em primeiro lugar, com US$ 3,7 bilhões, seguido de cafés (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões).

Os Estados Unidos são o maior importador de serrado de pinus do Brasil (37,15%), e o segundo maior importador do Paraná do mesmo produto (30,79%).

Além disso, é o principal destino de compensado de pinus do Paraná e de painéis reconstituídos de madeira, portas, molduras e móveis do Brasil.

Manifesto cobra ação imediata

No manifesto, a APRE Florestas solicita que o governo federal atue junto aos EUA na tentativa de suspender ou, ao menos, prorrogar a medida tarifária por, no mínimo, 90 dias, permitindo ajustes contratuais e logísticos.

Porém,a entidade defende que o Brasil evite retaliações tarifárias, o que poderia prejudicar ainda mais o diálogo com o governo norte-americano. “O setor florestal está fazendo sua parte, fornecendo dados, cenários e impactos. Mas as negociações ultrapassam a atuação setorial e exigem uma ação governamental com urgência e prioridade”, conclui o presidente da APRE.

O prazo máximo para uma solução diplomática vai até o dia 1º de agosto. Até lá, o setor vive uma corrida contra o tempo para manter sua competitividade e evitar perdas irreparáveis em empregos e faturamento.

MANIFESTO DA APRE AO PODER PÚBLICO BRASILEIRO

Pelo setor florestal do Paraná e pela preservação de empregos, investimentos e renda

A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) manifesta sua profunda preocupação com a recente imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida que impacta gravemente o setor florestal paranaense, um dos principais pilares econômicos e exportadores do país.

Em 2024, os estados do Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – responderam por 86,5% das exportações brasileiras de produtos de madeira para os EUA, totalizando US$ 1,37 bilhão. O Paraná, líder na produção de pinus e de produtos industrializados de alto valor agregado, como compensados, madeira serrada, molduras, portas, painéis e móveis, é extremamente afetado por essa decisão.

A taxação, inesperada e desproporcional, compromete a competitividade do setor, gera insegurança jurídica e comercial, e ameaça milhares de empregos diretos e indiretos, além de impactar a renda de famílias em pequenos e médios municípios paranaenses. Os produtos florestais lideram as exportações do agronegócio brasileiro para os EUA (US$ 3,7 bilhões), superando café (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e o complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões)

Impactos da taxação no setor florestal:

  • EUA como principal mercado:
    • Maior importador de madeira serrada de pinus do Brasil (37,15%) e segundo maior do Paraná (30,79%).Maior destino de compensado de pinus, madeira serrada de folhosas, painéis reconstituídos, portas, molduras e móveis do Brasil.
    • Segundo maior importador de celulose (14,32%) e papel (10,26%) do Brasil.
  • Consequências imediatas:
    • Suspensão de contratos, cancelamento de embarques e contêineres retidos em portos.
    • Empresas forçadas a rever estratégias em tempo recorde, com risco de fechamento de unidades e demissões em massa.

A cadeia produtiva florestal, essencial para a economia paranaense, enfrenta um cenário crítico. A continuidade dessa tarifa, que entra em vigor em 1º de agosto de 2025, pode inviabilizar negócios e causar prejuízos irreversíveis.

Apelo ao governo brasileiro:

Diante da gravidade da situação, a APRE solicita ações urgentes e coordenadas do governo federal:

  1. Negociação diplomática imediata: Engajar os Estados Unidos para suspender ou revisar a tarifa, buscando uma solução que preserve a competitividade do setor.
  2. Evitar retaliações comerciais: Impedir medidas que escalem conflitos comerciais, protegendo o ambiente de negócios.
  3. Apoio à preservação de empregos e investimentos: Garantir políticas que sustentem a cadeia produtiva florestal
  4. Articulação política em alto nível: Mobilizar esforços conjuntos entre governo, setor produtivo e entidades representativas para reverter os impactos da medida.

O setor florestal paranaense tem contribuído com dados técnicos e colaboração ativa, mas a solução depende de uma resposta governamental rápida e eficaz. Cada dia sem ação representa maior risco de fechamento de empresas e perda de empregos.

A APRE reitera que o setor florestal do Paraná não pode arcar sozinho com os impactos de uma decisão internacional. Exigimos uma atuação firme, diplomática e imediata do poder público para proteger a economia local, os trabalhadores e a competitividade do Brasil no mercado global.

Fabio Brun
Presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE)

Sobre a APRE Florestas

A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) representa aproximadamente metade da área total de plantios comerciais no estado. As principais organizações de ensino e pesquisa formam o conselho científico da APRE, conferindo à entidade representatividade e embasamento técnico para o desenvolvimento das ações em prol do setor florestal. Desde 1968, a atuação política, apartidária, faz da APRE a porta-voz do setor no diálogo com as esferas públicas, organizações setoriais, formadores de opinião e sociedade no desafio de promover e fortalecer ações produtivas do setor florestal paranaense.

Mais informações em https://apreflorestas.com.br/

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Com até 85% de reaproveitamento de resíduos, Bracell reforça compromisso com a economia circular e sustentabilidade

No setor industrial, onde a gestão de resíduos ainda é um dos principais desafios ambientais, a Bracell, uma das líderes globais na produção de celulose solúvel, vem se destacando por práticas cada vez mais alinhadas à economia circular. A companhia reforça esse compromisso ao apresentar os avanços de suas unidades na Bahia e em São Paulo: cerca de 85% dos resíduos industriais tiveram rotas de reaproveitamento, tanto internamente quanto por meio de reciclagem externa; já em Lençóis Paulista (SP), 57% do volume gerado foi destinado, em 2024, a processos de beneficiamento com foco na produção de insumos agrícolas e florestais.

Os resultados refletem uma atuação consistente, baseada em soluções que transformam resíduos industriais em subprodutos com valor ambiental, econômico e operacional, fortalecendo a lógica da bioeconomia circular. Em Camaçari, resíduos como lodo, cinzas e resíduos calcíticos são encaminhados a parceiros para aplicações como coprocessamento, produção de corretivos de solo, hidrossemeadura, compostagem, artefatos cerâmicos e até telhas de fibrocimento. 

“Ao transformar resíduos em recursos, a Bracell contribui para fortalecer uma cadeia industrial mais sustentável, eficiente e conectada com os desafios ambientais do nosso tempo. É dessa forma que buscamos fazer a diferença em cada detalhe”, destaca Angela Ribeiro, gerente de sustentabilidade da unidade de Camaçari.

Entre os subprodutos gerados pelas operações da empresa, destacam-se insumos que podem ser usados como adubo, corretivo de solo, combustível para outras indústrias, além de aplicações como hidrossemeadura e produção de tapetes higiênicos. Esses resíduos, uma vez tratados, deixam de ser classificados como resíduos e passam a integrar uma cadeia de valor mais ampla e sustentável.

Na unidade de São Paulo, a valorização de resíduos ocorre por meio de um processo interno de gaseificação da biomassa excedente do preparo de cavacos, que resulta na geração de gás de síntese usado como combustível nos fornos, reduzindo a dependência de gás natural. 

“Todos os resíduos industriais são tratados de forma adequada, conforme as normas ambientais. Os que ainda não têm rotas de reaproveitamento aprovadas — como dregs, grits, nós, palitos e cinzas da caldeira de biomassa — são destinados a aterros industriais licenciados”, explica Victor Barbierato, gerente de qualidade e meio ambiente da Bracell em São Paulo. Segundo ele, a empresa mantém uma carteira ativa de projetos para valorização desses resíduos, com aplicações em estudo nas áreas de construção civil, madeira e papel.

Bracell 2030: um futuro próximo e sustentável

O reaproveitamento de recursos faz parte de um compromisso maior da Bracell: a Agenda Bracell 2030. Lançada em 2023, a estratégia da companhia reúne 14 metas que guiam sua atuação em quatro eixos prioritários — ação climática, biodiversidade, produção responsável e desenvolvimento das comunidades. 

Nesse contexto, a gestão de resíduos se consolida como um dos focos da agenda, com o objetivo de reduzir em 90% o volume destinado a aterros até o fim da década. A empresa também mantém uma busca contínua por novos usos e rotas de aproveitamento para os resíduos que ainda não têm destinação alternativa, com estudos em andamento nas áreas de infraestrutura, fertilizantes e construção civil.

“A economia circular é fundamental para a indústria de celulose atual. Ao reaproveitar resíduos, conseguimos reduzir impactos ambientais e, ao mesmo tempo, gerar ganhos operacionais e econômicos. É dessa forma que transformamos desafios em oportunidades reais de inovação e competitividade”, afirma João Augusti, gerente de Sustentabilidade da Bracell.

Com foco em inovação, excelência operacional e responsabilidade socioambiental, a companhia segue investindo em soluções que ampliam o impacto positivo de suas operações e consolidam sua posição como referência global em celulose sustentável.

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Unidade da Veracel na Bahia capta 5,3 vezes mais carbono do que emite

No coração da Bahia, a  Veracel tem se tornado um modelo de sustentabilidade. Com mais de 6 mil hectares de floresta preservada da Mata Atlântica, essa empresa não apenas colhe celulose, mas também faz história ao capturar 5,3 vezes mais carbono do que emite. A recuperação e conservação ambiental estão no centro de suas operações, tornando-se um exemplo a ser seguido em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas.

Com uma ampla área de 200 mil hectares, a Veracel se destaca ao emanar apenas 20% do dióxido de carbono que sequestra pela vegetação nativa. Mais de 1,6 milhão de toneladas de carbono são retiradas da atmosfera, graças ao manejo das florestas de eucalipto e áreas em restauração ambiental. Para Virgínia Camargos, gerente de meio ambiente da Veracel, “o nosso balanço é positivo”, refletindo o compromisso da empresa com práticas que mitigam os impactos climáticos.

O mercado de carbono surge como uma nova oportunidade, atraindo não apenas empresas já estabelecidas, mas também aquelas ainda em processo de regularização. De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 44% dos empresários veem neste novo marco legal um caminho para a inovação e a redução de custos. Com a aproximação da COP 30, o Brasil reafirma seu compromisso de reduzir as emissões em até 67% até 2035 e atingir a neutralidade climática até 2050.

O processo de restauração das florestas é crucial, permitindo a quantificação do carbono removido da atmosfera e evitando desmatamentos. Entretanto, algumas dificuldades persistem. Como explica Virgínia, o sistema REDD+, projetado para recompensar países em desenvolvimento pela diminuição das emissões, ainda não abrange a rica, mas fragmentada, Floresta Atlântica.

Localizada entre Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, a Estação Veracel é um verdadeiro tesouro ecológico, reconhecido pela UNESCO. Além de proteger a biodiversidade, estão sob sua guarda 115 nascentes, que são essenciais para a saúde do ecossistema local. O monitoramento de aves e mamíferos é um dos esforços contínuos para preservar essa riqueza natural.

O que você acha das iniciativas da Veracel em capturar carbono e preservar a Mata Atlântica? Deixe seu comentário e compartilhe suas ideias sobre como as empresas podem contribuir para um futuro mais sustentável.

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Klabin paralisa fábrica no interior de SP por baixa rentabilidade no papel reciclado

Unidade de Paulínia operava em três turnos e agora ficará hibernada

Klabin paralisou as atividades em sua unidade industrial em Paulínia (SP), hibernando as linhas de produção de papel reciclado que ainda funcionavam no local. A medida, segundo apurou o InvestNews, foi motivada por condições de mercado para o produto, em um momento de baixa demanda do mercado.

O desligamento da linha operacional ocorreu nesta segunda-feira (21) e foi comunicado aos trabalhadores em reunião interna logo na chegada do turno da manhã. A planta operava em três turnos.

No ano passado, parte das atividades já havia sido suspensa. A unidade de Paulínia foi incorporada à companhia em 2020, na aquisição dos ativos da International Paper no Brasil, e possui capacidade de 65 mil toneladas por ano.

Procurada pelo InvestNews, a Klabin confirmou a pausa das operações. Segundo a empresa, a decisão foi tomada “por questões mercadológicas que estão fora do controle da Companhia”. “A Klabin destaca que a suspensão temporária das operações dessa Unidade não impacta no fornecimento aos clientes da empresa.”

Condições de mercado

A hibernação da unidade de Paulínia está ligada à piora nas condições econômicas para a produção de papel reciclado. De um lado, o custo das aparas — resíduos de papel usados como matéria-prima — subiu bem acima da inflação nos últimos anos. De outro, o preço de venda do papel reciclado caiu, por conta de uma demanda menor.

Para piorar, o kraftliner — papel produzido a partir de fibras virgens e normalmente mais caro — se beneficiou da queda do dólar e passou a oferecer margens mais atrativas. Esse cenário tirou competitividade do reciclado, especialmente em unidades menores ou menos integradas, como Paulínia. 

Mesmo com o fechamento, a Klabin ainda mantém cerca de 400 mil toneladas por ano de capacidade em outras plantas de reciclados, como Piracicaba (SP) e Goiana (PE).

A Klabin possui 24 unidades industriais, sendo 23 no Brasil e uma na Argentina, com fábricas espalhadas por dez estados brasileiros. A companhia é a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do país, com capacidade total de 3 milhões de toneladas por ano. Os papéis voltados para embalagens — como papel-cartão, kraftliner e fluting — concentram a maior parte desse volume e estão no centro da estratégia da empresa.

No ano passado, a Klabin inaugurou uma nova planta de papéis ondulados no estado, na cidade de Piracicaba (SP), em um investimento de R$ 1,6 bilhão, colocando a companhia com um market share de 24% do mercado de caixas de papelão no país.

Informações: InvestNews.

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Tarifaço de 50% dos EUA ameaça exportações da Suzano

Além da celulose, exportações de mel também são afetadas, e o Ciesp alerta para prejuízos imediatos

📄 A decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% ao Brasil, a partir de 1º de agosto, acendeu um alerta no setor de papel e celulose. Suzano, companhia que nasceu na cidade de mesmo nome e é líder mundial na fabricação de celulose, tem 19% das vendas líquidas destinadas aos Estados Unidos, de acordo com um levantamento do grupo financeiro Goldman Sachs.

Esse percentual é consideravelmente elevado para ser redirecionado rapidamente para outros mercados. A empresa possui contratos de longo prazo com clientes estadunidenses, com exigências de qualidade específicas, o que dificulta mudanças imediatas.

O banco ressalta que, embora estoques locais possam amortecer o impacto por um curto período, o cenário se torna desafiador se a tarifa permanecer: compradores tendem a buscar alternativas com taxas mais baixas, como Chile ou Uruguai.

O Brasil exportou 2,8 milhões de toneladas de celulose de fibra curta para os EUA em 2024, o equivalente a 78% do consumo americano do produto. Para a Suzano, isso representa não apenas a perda de um mercado-chave, mas também a necessidade de rever logística, contratos e preços.

Atualmente com fábricas e escritórios em outras cidades do Brasil, e até mesmo fora do país, a Suzano conta com mais de 50 mil funcionários, entre contratados e terceirizados.

O g1 procurou a fabricante para comentar possíveis impactos com a taxação, mas a empresa não se manifestou.

Para o especialista em investimentos e planejador financeiro Jeff Patzlaff, a Suzano será afetada de diversas maneiras: competitividade no mercado, preços de venda e novas vendas são alguns desses exemplos.

“Para a Suzano, o risco é substancial. A tarifa de 50% compromete diretamente a competitividade da celulose brasileira nos EUA, encarecendo o produto de forma significativa frente a concorrentes de outros países, como Canadá, Chile e Indonésia. Ainda que o Brasil possua uma vantagem estrutural em custo de produção e eficiência logística portuária, uma tarifa dessa magnitude praticamente inviabiliza economicamente novas vendas para o mercado norte-americano, a menos que a empresa absorva parte do custo, o que afetaria sua margem de lucro”, comentou.

Mesmo o redirecionamento das vendas, que poderia ser uma saída para a empresa, não é uma medida fácil, segundo Patzlaff.

“O redirecionamento das vendas dos EUA para outros mercados não é simples, especialmente no curto prazo. A demanda por celulose é relativamente estável, com crescimento mais expressivo vindo da Ásia, especialmente China e Índia, mas exige negociações logísticas, contratos comerciais e, muitas vezes, adequações técnicas do produto às especificações de clientes de outras regiões”, explicou.

Os produtos poderiam ainda perder valor de mercado.

“No mercado global, a tarifa pode distorcer o preço da celulose, com uma queda nas exportações brasileiras para os EUA, há tendência de aumento dos preços naquele país, que buscará fontes alternativas mais caras ou de menor qualidade”, alertou Patzlaff.

“Por outro lado, o desvio da produção brasileira para Ásia e Europa tende a aumentar a oferta nessas regiões, pressionando os preços para baixo, especialmente se a demanda não crescer no mesmo ritmo. O resultado pode ser um ambiente de preços mais voláteis e margens mais apertadas, com impacto inclusive sobre os concorrentes globais da Suzano”, continuou.

O especialista ressalta ainda que para se preparar para um cenário prolongado de tarifas altas, a Suzano precisará adotar uma estratégia de médio a longo prazo.

Entre as possíveis medidas estão a diversificação de mercados, com fortalecimento das operações na Ásia e na Europa, investimentos em produtos de maior valor agregado, como papéis especiais e fibras para têxteis sustentáveis e, eventualmente, a expansão da presença industrial no exterior, o que reduziria a exposição tarifária direta da operação brasileira.

“Acredito que a tarifa de 50% sobre a celulose brasileira representa um desafio de grande magnitude para a Suzano e um sinal de alerta para o Brasil como um todo, num momento em que o país já enfrenta juros elevados, inflação persistente e aumento de riscos geopolíticos. A resposta precisa ser técnica, diplomática e estratégica, com foco em preservar a competitividade da indústria nacional e proteger a balança comercial”, finalizou.

Outros setores

🍯 O tarifaço causou o cancelamento imediato de grandes encomendas de mel orgânico do Piauí, data em que o presidente americano anunciou a decisão. O Brasil é um dos maiores produtores de mel do mundo.

Em Mogi das Cruzes, a MN Própolis, que tem mais de 30 anos de atuação no setor de alimentos funcionais e produtos naturais, afirma que será diretamente impactada pela nova política tarifária.

A empresa ressalta que, embora exporte mel em pequena escala, considera os Estados Unidos e países asiáticos como mercados prioritários na estratégia de expansão internacional. Com essa nova taxação, o custo final do produto brasileiro se eleva consideravelmente, o que pode inviabilizar negociações e levar os importadores a optarem por fornecedores de países com menor carga tarifária.

“Essa medida impacta diretamente o lado econômico das exportações. Mesmo empresas que ainda exportam em menor volume, como a nossa, já sentem o reflexo nos custos e na dificuldade de manter competitividade frente a países concorrentes”, disse a empresa por meio de nota.

O que diz o Ciesp Alto Tietê

🏭 Por meio de uma nota, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) do Alto Tietê manifestou preocupação em relação à nova tarifa. O comunicado afirma que a medida causa prejuízos concretos e imediatos às relações comerciais, afetando diretamente as forças produtivas, os trabalhadores e toda a sociedade.

“Faltam argumentos concretos em favor dos EUA para uma tarifa de 50% nas importações do Brasil. Não procede a justificativa do presidente estadunidense sobre a balança de pagamentos entre os dois países lhes ser desfavorável, já que apenas na última década o superávit a favor deles foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. E se incluído o comércio de serviços, o superávit dos EUA chega aos US$ 256,9 bilhões”, afirma a nota assinada por José Francisco Caseiro, diretor regional do Ciesp Alto Tietê.

Ele ressalta ainda que questões pessoais e ideológicas de governantes não podem prevalecer em relações internacionais entre nações, já que os danos causados são severos e de difícil reparação, colocando em risco o desenvolvimento e o bem-estar do povo.

Na área de abrangência do Ciesp Alto Tietê, de acordo com dados contabilizados pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), baseados em informações das regionais do Ciesp, nos primeiros cinco meses deste ano, as exportações se concentraram, especialmente em: papel e cartão; máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos; e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

No mesmo período, as principais compras regionais foram de: máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos; plásticos e suas obras; e produtos químicos orgânicos.

Entre janeiro e maio, os principais destinos das mercadorias do Alto Tietê foram: Estados Unidos (US$ 93,5 milhões), Argentina (US$ 52,7 milhões) e Chile (US$ 24,7 milhões). Já a origem das compras regionais foram: China (US$ 106,9 milhões), Japão (US$ 94,1 milhões) e Estados Unidos (US$ 60,9 milhões).

Informações: G1.

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