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Vespa-da-madeira ameaça florestas de pinus e movimentaação conjunta de pesquisadores e produtores

Praga silenciosa, que pode causar prejuízos de até 53 milhões de dólares por ano, será tema de curso promovido pela APRE Florestas e Embrapa Florestas no dia 6 de junho

A vespa-da-madeira (Sirex noctilio) é considerada uma das principais pragas em plantios de pinus no Brasil. Capaz de provocar prejuízos severos,  estimados em até 53 milhões de dólares anuais, a praga compromete a qualidade da madeira e afeta diretamente a produtividade.

Com o objetivo de ampliar o conhecimento técnico e prático sobre a vespa-da-madeira, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) e Embrapa Florestas promovem, no dia 6 de junho, um curso de controle da vespa-da-madeira,  aberto para associados e público em geral. Os pesquisadores Susete Penteado e Paulo Pereira, da Embrapa Florestas, vão ministrar o curso, abordando estratégias de prevenção, monitoramento e controle biológico.

O presidente da APRE Florestas, Fabio Brun, destaca a importância do curso: “Sabemos que a vespa-da-madeira representa uma ameaça significativa para os plantios de pinus. Por isso, reunir conhecimento técnico, trocar experiências e disseminar boas práticas é fundamental”, aponta.

O objetivo do curso é capacitar os profissionais do setor e promover as estratégias mais eficazes no combate à praga. Realizado de forma presencial, o encontro trará assuntos como prevenção, monitoramento e controle. Além disso, os participantes também vão aprender a diferenciar a a Sirex noctilio da nova praga, Sirex obesus, detectada pela primeira no Brasil em 2023, no Estado de São Paulo.. O encontro também prevê a parte prática, em campo, para reconhecimento dos sintomas de ataque e aplicação do nematoide, que é a estratégia de controle biológico.

Controle biológico é principal aliado

Segundo especialistas, árvores estressadas são as mais suscetíveis aos ataques. Entre os principais sintomas, estão os respingos de resina causados pelas perfurações para a postura de ovos, o amarelamento das copas, orifícios visíveis na casca, manchas azuladas no interior da madeira e galerias provocadas pelas larvas.

Para prevenir o ataque, o manejo adequado é indispensável. Isso inclui desde a retirada de árvores mortas ou danificadas até o uso de árvores-armadilha. Além da prevenção, o uso do Nematec (nematoide Deladenus siricidicola), desenvolvido pela Embrapa Florestas, tem se destacado como a estratégia mais eficaz de controle.

A pesquisadora da Embrapa Florestas, Susete Penteado, explica que “esse nematoide possui uma fase de vida parasitária. Quando entra em contato com a larva da vespa, ele se multiplica dentro do corpo do inseto, penetra nos ovos e esteriliza as fêmeas. Dessa forma, além de reduzir diretamente a população, também impede a proliferação da praga”, detalha.

Produzidos pela Embrapa e distribuído pelo Funcema (Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais), o Nematec está  disponível aos produtores no período de março a agosto, época recomendada para o controle da praga. No Paraná, a APRE Florestas, entidade que representa as empresas do setor florestal no Paraná, é responsável por receber os pedidos dos produtores e enviá-los à Embrapa Florestas

De acordo com a Embrapa, o uso correto das estratégias de controle pode reduzir em até 70% os prejuízos causados pela praga. Isso reforça a urgência de ações coordenadas entre pesquisa, setor produtivo e políticas públicas para mitigar os danos e proteger as florestas plantadas — um dos pilares da economia florestal brasileira.

Para fazer a inscrição, basta preencher o formulário: https://forms.gle/3ZEj4CT9GRBfU2E77


SERVIÇO
Curso Vespa-da-madeira
Data: 6 de junho
Local: Berneck (Fazenda dos Álamos – Lapa PR)
Valores: R$ 150,00 (associados) e R$ 250,00 (não-associados)
Inscrições: https://forms.gle/3ZEj4CT9GRBfU2E77


Sobre a APRE Florestas
A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) representa aproximadamente metade da área total de plantios comerciais no estado. As principais organizações de ensino e pesquisa formam o conselho científico da APRE, conferindo à entidade representatividade e embasamento técnico para o desenvolvimento das ações em prol do setor florestal. Desde 1968, a atuação política, apartidária, faz da APRE a porta-voz do setor no diálogo com as esferas públicas, organizações setoriais, formadores de opinião e sociedade no desafio de promover e fortalecer ações produtivas do setor florestal paranaense.

Mais informações em https://apreflorestas.com.br/

Informações à Imprensa:
Talk Comunicação

Ana Carvalho
(48) 99109-7072
anacarvalho@talkcomunicacao.com.br

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Saiba como é a norma da União Europeia sobre preservação e floresta

Regulamentação estabelece que nenhum produto comercializado no bloco venha de áreas desmatadas; Itamaraty diz ser “discriminatória”

A Comissão Europeia divulgou na 5ª feira (22.mai.2025) a lista de países conforme o risco que apresentam para o desmatamento e à produção agrícola global. Tal catálogo classifica todos os países em 3 grupos: baixo risco, risco padrão e alto risco. O Brasil consta como “risco padrão”.

O documento da UE (União Europeia) possui como base a EUDR (European Union Deforestation Regulation ou regulamentação de produtos livres de desmatamento, na tradução livre do inglês), que estabelece regras para que nenhum produto comercializado no continente venha de áreas desmatadas.

A norma, que entrou em vigor em 29 de junho de 2023, se aplica a 7 produtos que a UE considera como principais impulsionadores do desmatamento. Apesar da EUDR constar em vigor desde 2023, a aplicação obrigatória será a partir de 30 de dezembro de 2025 –para grandes empresas– e 30 de junho de 2026 –para micro e pequenos empreendimentos. As commodities visadas são:

  • Gado (Carne, couro e produtos derivados);
  • Cacau (Grão bruto, manteiga de cacau, chocolate);
  • Café (Grãos ou torrado, exclui bebidas prontas ou instantâneas);
  • Dendê (Óleo de Palma, biodiesel, sabão e cosméticos que utilizam o recurso);
  • Borracha (Inclui qualquer produto derivado, como pneus e mangueiras);
  • Soja (Grãos, margarinas, óleos e farinhas);
  • Madeira (Material bruto ou trabalhado, carvão vegetal e móveis).

A regulação da UE seleciona cada um desses produtos e estabelece 3 critérios principais que cada deve cumprir para comercialização no bloco:

  • Livre de desmatamento – o material não deve ser proveniente de nenhuma região florestal convertida para uso agrícola; medida vale para áreas degradadas depois de 31 de dezembro de 2020;
  • Conformidade legal – cada item exportado deve atender à legislação do país de origem, como leis ambientais e de proteção aos nativos indígenas;
  • Declaração de “due diligence” – termo se refere ao documento exigido pelo sistema da EUDR em que constam todas as informações de cada produto, como descrição e provas de que o item não provém de desmatamento.

Caso uma das 7 commodities não cumpra todos os requisitos da EUDR , a empresa que exporta o produto não poderá vender ao bloco e pode ser penalizado com multas proporcionais ao impacto do determinado item no desmatamento.

A lista dos países que representam risco para o desmatamento orienta a UE nos tipos de exigências que serão feitas para cada uma das 3 classificações. Os critérios são:

  • Baixo risco – possuem obrigações simplificadas, não possuem necessidade de realizar avaliação de risco;
  • Risco padrão – precisam enviar a documentação completa quanto às informações do produto e avaliação de riscos;
  • Alto risco – as autoridades europeias realizam inspeções mais rigorosas, como avaliar 9% dos operadores de tais países que exportam à UE.

O Brasil criticou a sua classificação como risco padrão, alegando que a regulação do bloco europeu é “unilateral” e “discriminatória”.

A alegação brasileira leva em consideração a localização dos países de baixo risco, que são, em sua maioria, áreas de florestas temperadas. Estão neste grupo todos os países da União Europeia, Estados Unidos, Canadá, China, Filipinas, Quênia e outros.

A lista, no entanto, considera grande parte dos países de florestas tropicais como risco padrão. O Itamaraty mencionou “estranheza” em tal classificação.

Segundo a EUDR , a classificação dos países considera critérios quantitativos, tais como as taxas de desmatamento da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), e qualitativos, avaliações de governança sobre corrupção e índices sobre níveis político e democrático.

Eis a íntegra da nota do Itamaraty:

“O governo brasileiro recebeu, com preocupação, a publicação pela Comissão Europeia, em 22 de maio, da classificação de risco (“benchmarking”) de países no âmbito da lei antidesmatamento. O Brasil foi classificado na categoria de “risco padrão”, associado a desmatamento.

O governo brasileiro reitera seu posicionamento crítico a respeito da lei antidesmatamento europeia. A legislação, com entrada em vigor prevista para 30 de dezembro de 2025, constitui medida unilateral e discriminatória e desconsidera os esforços nacionais e multilaterais para a preservação de áreas florestais e enfrentamento da mudança do clima. A medida acarreta ônus significativo e desproporcional aos países que praticam a agricultura tropical de maneira responsável e sustentável como Brasil, com impactos ainda maiores para produtores de menor escala.

No que tange especificamente ao processo de classificação de risco conforme figura na lei europeia, prevaleceu a discricionariedade de critérios tanto para avaliação quantitativa quanto qualitativa dos países, com base em período específico (2015-2020). Em especial, é motivo de estranheza que a grande maioria dos países que ainda detêm e preservam as maiores áreas de floresta tropical nativa do planeta tenham sido classificados em categoria de risco superior à de países que praticam agricultura de clima temperado.

A lista publicada, a metodologia e as fontes de dados utilizadas serão examinadas de forma detalhada pelo governo brasileiro. O Brasil continuará insistindo com as autoridades comunitárias a respeito da importância de que seja privilegiado o diálogo e a cooperação, por meio da coordenação e da consulta aos países sobre a especificidade de seus sistemas produtivos, para buscar reduzir as consequências negativas da implementação da lei antidesmatamento e diminuir seu impacto atual e futuro para produtores e exportadores brasileiros.

Brasília, 23 de maio de 2025″.

Informações: Poder360.

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Eucalipto se mostra mais rentável que soja em áreas específicas

Eucalipto se mostra mais rentável que soja em áreas específicas

O avanço do setor de celulose em Mato Grosso do Sul está valorizando as terras destinadas ao plantio de eucalipto. Com o arrendamento, o produtor rural pode receber até R$ 1.600 por hectare ao ano, valor que se aproxima do rendimento com soja, mas com exigência menor quanto à fertilidade do solo. Enquanto isso, terras férteis para a soja podem custar até R$ 125 mil por hectare, já as destinadas ao eucalipto variam entre R$ 25 mil e R$ 35 mil.

De acordo com especialistas do setor, empresas como Suzano e Bracell firmam contratos de arrendamento por períodos de sete anos, renováveis por mais sete, com valores que variam conforme a localização e a logística da propriedade. Nas regiões de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, por exemplo, o preço das terras teve forte valorização nos últimos anos, impulsionado pelos novos empreendimentos industriais.

O produtor Francisco Maia, um dos primeiros a apostar na silvicultura em MS, destacou a vantagem de poder adiar a venda do eucalipto até que o mercado ofereça um preço mais atrativo, o que não acontece com culturas como soja ou gado. Já para o diretor da Reflore-MS, Dito Mário, a rentabilidade depende de diversos fatores, como a proximidade com as fábricas, qualidade do solo e área disponível.

Atualmente, o Estado conta com três fábricas de celulose e pode chegar a seis nos próximos anos. Entre os novos investimentos está a fábrica da Arauco, em Inocência, com aporte de US$ 4,6 bilhões, e o projeto da Bracell em Bataguassu, com R$ 16 bilhões em investimento. Para o produtor rural, o cenário é promissor e oferece alternativas rentáveis além das culturas tradicionais.

Informações: Capital News.

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Cassilândia recebe representantes da Reflore MS em evento sobre expansão florestal e oportunidades para pequenos produtores

A discussão também abordou o avanço da chamada “Rota da Celulose”, com grandes investimentos já confirmados nos municípios de Inocência, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo

A Prefeitura de Cassilândia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, promoveu na noite desta segunda-feira (27) o Happy Hour Empresarial com o tema “Expansão Florestal e Celulose na Costa Leste”.

O evento contou com a presença de representantes da Reflore MS, associação que lidera a articulação do setor florestal em Mato Grosso do Sul, e proporcionou um espaço de diálogo direto entre especialistas e empresários locais, mediado por Diógenes Marques (consultor da Agência de Desenvolvimento da Costa Leste).

Durante o talk show, Júnior Ramires, presidente da Reflore MS, e o vice presidente Moacir Reis esclareceram dúvidas do público e desmistificaram pontos relacionados ao uso do solo para a silvicultura, como o impacto ambiental, a compatibilidade com outras atividades e as possibilidades de arrendamento sustentável. Ambos reforçaram que é possível organizar pequenos produtores em grupos (considerando aspectos geográficos e logísticos) para negociar diretamente com grandes empresas de celulose, ampliando as chances de inserção no mercado florestal.

A discussão também abordou o avanço da chamada “Rota da Celulose”, com grandes investimentos já confirmados nos municípios de Inocência, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, que têm ampliado a presença do setor na região e gerado novas oportunidades em toda a cadeia produtiva — do arrendamento de terras à prestação de serviços logísticos, alimentação e manutenção.

Além de promover o desenvolvimento econômico, os palestrantes destacaram que é fundamental garantir que a população local seja beneficiada, por meio da melhoria na qualificação profissional e do fortalecimento do comércio local, incentivando iniciativas que preparem empreendedores, fornecedores e trabalhadores para atender a essa nova demanda.

A mediação do encontro favoreceu perguntas diretas do público, fortalecendo o vínculo entre os produtores, empresários e as lideranças do setor florestal. A Prefeitura de Cassilândia reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, buscando caminhos para que grandes investimentos também gerem oportunidades reais para a população local.

Além de representantes de entidades e empresários locais, o evento também recebeu representantes comerciais de empresas de Campo Grande e Paranaíba.

Happy Hour Empresarial e o Desenvolvimento de Cassilândia – Inspirado em eventos do Sebrae com proposta de troca de experiências e fomento a oportunidades regionais como “Café com Negócio”, “Sebrae Conecta” e “Sebrae Talks”, o Happy Hour Empresarial será promovido periodicamente pela SEDEMA (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente de Cassilândia), sempre convidando especialistas em negócios com foco em apresentar oportunidades de investimentos para empresários que queiram investir em Cassilândia.

Informações: Notícias do Cerrado.

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Câmara da Indústria de Base Florestal discute desafios ambientais e regulatórios

FIEMG debate políticas ambientais, o programa 360 e a certificação da madeira tratada

A Câmara da Indústria de Base Florestal da FIEMG se reuniu, no dia 28 de maio, na sede da FIEMG, em Belo Horizonte, para debater questões fundamentais para o setor florestal e o meio ambiente. O evento contou com a participação de empresários, especialistas e representantes do setor público, com o objetivo de discutir soluções para os desafios enfrentados pela indústria florestal em Minas Gerais.

O Fausto Varela Cançado, presidente da Câmara da Indústria de Base Florestal e do SINDIFER, iniciou os debates destacando a relevância do diálogo entre o setor empresarial e o poder público para promover políticas favoráveis ao desenvolvimento da indústria florestal. Ele também abordou as dificuldades enfrentadas pelas empresas devido a algumas políticas públicas que, segundo ele, podem impactar negativamente a competitividade do setor. “Estamos atravessando uma situação difícil e que continua a se agravar. O setor empresarial tem sido submetido a desafios constantes. A redução da jornada de trabalho, por exemplo, poderia afetar gravemente as empresas, especialmente aquelas que necessitam de maior tempo de operação ou que funcionam em regime de 24 horas”, afirmou Cançado.

O primeiro tema da reunião foi a Conferência Nacional de Meio Ambiente, tema abordado por Nathalia Martins, analista ambientalista da GMA FIEMG. Ela apresentou os avanços das discussões e os desafios das políticas ambientais, ressaltando a importância da conferência para o futuro das regulamentações que afetam o setor florestal. “Na conferência, discutimos mais de 100 propostas, algumas dessas propostas foram priorizadas pelos delegados, e muitas delas foram levadas para análise e priorização pelo governo federal na COP 30. Apesar do caráter predominantemente ambientalista da conferência, a FIEMG trabalhou para equilibrar as propostas, representando os interesses do setor produtivo, e buscando garantir que as propostas que afetam o setor florestal sejam mais equilibradas”, explicou Martins.

Em sequência, a analista destacou a importância do programa 360 da FIEMG, que visa garantir a representatividade da indústria nas audiências públicas, especialmente em questões ambientais. “O programa 360 foi criado para garantir que a voz da indústria fosse ouvida nas audiências públicas, onde historicamente o viés ambientalista dominava as discussões. O programa é voluntário e conta com cerca de 900 participantes, que defendem projetos da indústria, buscando equilibrar as discussões e fortalecer a posição do setor”, explicou Martins.

Ela também ressaltou a relevância da participação da FIEMG nas audiências, como a que discutiu o projeto de alteamento de barragem da Anglo American, fundamental para a continuidade das operações da mineradora e para o desenvolvimento econômico da região.

Seguindo, foi apresentado a Minuta de Deliberação Normativa CERH-MG foi apresentada, discutindo a suspensão e cassação das outorgas de direito de uso de recursos hídricos devido ao não-pagamento da cobrança pela utilização desses recursos. O debate gerou reflexões sobre os impactos dessa medida para a sustentabilidade da indústria florestal e alternativas para garantir o uso responsável da água no setor.

A reunião também abordou a certificação para madeira tratada, com a apresentação do PROMAT, que explicou o processo de certificação desenvolvido em parceria com a ABNT, visando padronizar e garantir a qualidade do produto final.

Informações: Imprensa FIEMG

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Dia histórico: população de Bataguassu lota audiência pública da Bracell, mesmo com frio abaixo de 10ºC

Nem o frio abaixo dos 10ºC, fez a população perder a audiência pública que debateu a futura fábrica de celulose da Bracell. Autoridades e moradores compareceram em peso no encontro que aconteceu na noite desta quinta-feira (29), na cidade onde o empreendimento será instalado, em Bataguassu. Até os prefeitos dos municípios de Anaurilânda, Santa Rita do Pardo e de Presidente Epitácio (SP), marcaram presença para prestigiar o evento.

Durante a audiência pública, realizada no ginásio de esportes Ceja, foi debatido o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Bracell. O empreendimento no Vale da Celulose terá investimento previsto de R$ 16 bilhões, está projetado para ser construído a 9 km da zona urbana do município e deve gerar até 12 mil empregos na fase de obras.

A audiência é um marco na história recente de Bataguassu, consolidando a cidade como polo industrial estratégico de Mato Grosso do Sul. A instalação da Bracell deve gerar empregos, atrair investimentos e impulsionar o desenvolvimento econômico regional.

Durante o evento, os moradores demonstraram preocupações principalmente com a segurança, educação, saúde e moradia. A prefeita de Bataguassu, Wanderleia Caravina, do PSDB, diz que o município está trabalhando em harmonia com a empresa e adianta que, mesmo diante dos obstáculos que podem surgir ao longo do percurso, vai atuar pensando na população.

HARMONIA

“Estamos trabalhando em vários projetos para causar menos impacto para a nossa população. Ao longo dessa jornada, iremos atuar juntos com a empresa. Problemas podem aparecer, mas iremos trabalhar pensando no nosso município e na população sempre”, disse a prefeita.

O deputado estadual e esposo da prefeita de Bataguassu, Pedro Caravina, do PSDB, considera a audiência algo histórico para a cidade. Para a autoridade, existe uma Bataguassu antes da Bracell e outra agora, com a certeza da construção do megaempreendimento.

“É um momento importante, histórico, o qual sonhamos juntos. Eu tive o prazer de ser prefeito de Bataguassu por dois mandatos. Hoje, minha esposa é a prefeita e nós sempre sonhamos de ter uma grande empresa na cidade para gerar renda, emprego, desenvolvimento. Preparamos o município para a industrialização. Agora é o início, a licença ambiental vai dar a condição da empresa trabalhar. Eu tenho certeza de que tudo vai transcorrer muito bem e a empresa é muito bem-vinda, pois vai impactar não só Bataguassu, mas toda região”, disse o deputado.

Manoel Browne, diretor de relações internacionais e problemas sociais da Bracell, adiantou ao Perfil News como foi escolher a cidade de Bataguassu para realizar o investimento de tamanha magnitude.

“A Bracell já está no Brasil há mais de 20 anos, com indústrias na Bahia, São Paulo. Já fazia algum tempo que a empresa vinha plantando madeira em Mato Grosso do Sul e decidimos avaliar uma nova fábrica. O processo está em andamento, deve ter fim no final do ano que vem quando teremos a licença de instalação para definirmos os trâmites. O Imasul, Governo do Estado estão sendo parceiros da Bracell. Estamos seguindo adiante do processo. A empresa trabalha de um jeito muito certo, valorizando a comunidade e o meio ambiente. Vai ser um momento muito bom para Bataguassu e Mato Grosso do Sul quando o empreendimento estiver operando”, explicou.

A INDÚSTRIA

O complexo terá capacidade para produzir até 2,9 milhões de toneladas de celulose por ano. Na fase de operação, a estimativa é que sejam mantidos cerca de 2 mil empregos diretos e indiretos. Parte da mão de obra da construção será vinda de fora e deverá ser acomodada em alojamentos ou hotéis da cidade.

A Bracell, multinacional do grupo asiático Royal Golden Eagle, estima concluir a implantação da fábrica em até 38 meses. O empreendimento será instalado próximo à rodovia MS-267, com localização estratégica próxima ao Rio Paraná.

Informações: Perfil News.

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Indústria de papel e celulose avança na caminhada para a neutralidade de carbono

Setor aposta em inovação para reduzir consumo energético

A indústria de papel e celulose no Brasil vem se destacando pela adoção de tecnologias que visam a redução do uso intensivo de energia em seus processos produtivos. Segundo Alexandre Dias, gerente de negócios para Indústrias de Processos da ABB, empresa de automação industrial, o setor brasileiro possui uma vantagem sustentável, com a maioria das empresas apresentando balanço negativo de carbono. Isso se deve à ampla disponibilidade de energia renovável no país, à geração própria de energia e ao alto potencial de sequestro de carbono das operações florestais em regiões tropicais.

Desafios globais da indústria

Apesar das vantagens locais, o cenário global do setor ainda apresenta desafios ambientais importantes. A indústria de papel e celulose é responsável por 0,6% das emissões mundiais de gases de efeito estufa e consome 6% da energia elétrica produzida no planeta. Além disso, o setor demanda grande quantidade de água para processos florestais e químicos, o que reforça a necessidade de medidas de sustentabilidade mais rigorosas.

Redução das emissões e aumento da produtividade

Um avanço importante é a rápida descarbonização do setor, que supera o ritmo de outras indústrias. Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) indicam que as emissões caíram, em média, 3% ao ano entre 2010 e 2022, mesmo com o crescimento significativo na produção de papel e papelão. Na Europa, segundo a Confederação Europeia de Empresas de Papel e Celulose, houve redução de 55% nas emissões de CO₂ por tonelada entre 1990 e 2023, impulsionada pelo maior uso de biomassa na geração de energia. Nos Estados Unidos, dados da Agência de Proteção Ambiental (EPA) apontam redução de 21% nas emissões relacionadas à produção de papel entre 2011 e 2021.

Metas e caminhos para o net zero até 2050

Apesar dos avanços, o setor ainda tem um longo caminho para atingir a neutralidade de carbono até 2050. Isso envolve a transição de fontes fósseis para renováveis e o investimento em eficiência para otimizar o uso de recursos, especialmente energia.

Estratégias práticas para a descarbonização

Um relatório recente da ABB destaca que muitas produtoras globais têm adotado soluções tecnológicas para reduzir o consumo energético. Entre as principais ações estão a substituição de motores elétricos por modelos de menor consumo, equipados com inversores de frequência que ajustam o torque conforme a necessidade, e o uso crescente de automação e digitalização para aumentar a produtividade e reduzir o desperdício energético.

Exemplos práticos incluem:

  • UPM (China): Redução de 20% no consumo de energia na planta de Changshu, com troca de motores por modelos de magneto permanente e otimização dos inversores. Em um rebobinador, a substituição do inversor gerou queda de 5% no consumo mensal de energia.
  • Smurfit Westrock (França): Atualização do sistema de bombas de água e aeradores, com motores novos e inversores, ajustando a velocidade para o mínimo necessário e reduzindo o consumo energético.
Tecnologias para processos térmicos

O uso de secadores a combustível fóssil, comum na indústria para processos de até 400 ºC, vem sendo substituído por tecnologias mais limpas, como secadores elétricos a plasma.

Vafos Pulp (Noruega): Eliminou 14 mil toneladas de emissões anuais de carbono ao substituir secadores a óleo por modelos elétricos abastecidos por energia descarbonizada.

Smurfit Westrock também investe em bombas de calor que reaproveitam o calor residual para gerar vapor e eletricidade, aumentando a eficiência energética.

Automação como aliada da sustentabilidade

Empresas como a polonesa Mondi Swiecie têm implantado controles avançados em processos químicos, reduzindo variabilidade e perdas, o que aumenta a lucratividade e libera recursos para novos investimentos.

A sueca SCA Ostrand desenvolveu um programa de automação que inclui simuladores para treinamento de equipes, garantindo maior preparo para lidar com interrupções na produção.

Perspectivas para o setor brasileiro

A indústria brasileira de papel e celulose, já privilegiada pela matriz energética renovável e pelo sequestro de carbono natural das florestas tropicais, pode se tornar referência mundial à medida que tecnologias de automação, digitalização e eficiência energética se consolidem no setor.

A caminhada rumo ao net zero reforça o compromisso da indústria com os acordos ambientais globais, mostrando que é possível crescer economicamente e preservar o meio ambiente simultaneamente.

Informações: Portal Agronegócio.

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Gigante da celulose ignora escassez de moradias no entorno de megafábrica em MS

Suzano construiu quase mil casas em Ribas. A Arauco fará em torno de 700 em Inocência. A Bracell não menciona a questão habitacional em Bataguassu

Ao contrário das outras gigantes do setor da celulose, a Bracell, empresa brasileira controlada por empresários asiáticos, não tem previsão, pelo menos por enquanto, de investir na construção de casas para abrigar futuros funcionários que vão trabalhar na fábrica de celulose de R$ 16 bilhões que deve ser construída em Bataguassu. 

A previsão é de que a licença de instalação seja concedida até o fim do ano e os trabalhos de terraplanagem comecem ainda no primeiro semestre do próximo ano. As obras devem se estender por 38 meses. 

Mas, desde agora já existe escassez de  imóveis residenciais para compra ou arrendamento em Bataguassu e até nas cidades paulistas mais próximas. 

Funcionários da Bracell que atuam em outras cidades que tinham a transferência de endereço prevista para meados e final deste ano já foram avisados que por enquanto deverão continuar morando nas cidades onde estão. Isso porque faltam imóveis para moradia na região.

No estudo sobre os impactos do empreendimento bilionário disponibilizado em meados de abril pela empresa não existe nenhuma menção sobre um possível investimento para mitigar o problema habitacional que virá junto com o empreendimento, já que até 12 mil pessoas vão trabalhar no pico das obras e duas mil vão atuar depois que a fábrica entrar em operação. Fala-se somente sobre alojamentos provisórios.

CONCORRÊNCIA

Em Inocência, onde a chilena Arauco está investido em torno de R$ 25 bilhões na construção de uma fábrica que terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano partir do final de 2027, a empresa anunciou a construção de cerca de 700 casas para abrigar parte dos futuros trabalhadores. Além disso, providenciou alojamentos para os temporários.

Em Ribas do Rio Pardo, onde a Suzano investiu R$ 22,3 bilhões na construção da fábrica que entrou em operação em julho do ano passado e que tem capacidade para até 2,55 milhões de toneladas por ano, a própria empresa construiu 954 unidades habitacionais para ajudar a mitigar a especulação imobiliária que havia tomado conta da cidade. 

Foram 551 casas de 46 metros quadrados (dois quartos) e 403 com 59,3 metros quadrados (três quartos). Conforme anúncio feito em meados de 2023, não haveria cobrança de aluguel e os moradores teriam apenas uma coparticipação por meio do pagamento de uma taxa de uso do imóvel.

E este empreendimento foi feito nos moldes daquilo que já existia em Três Lagoas, onde também havia falta de imóveis e a Suzano construiu casas para frear a especulação imobiliária. A Fábrica da Suzano em Três Lagoas entrou em operação em 2009.

“Esta ação é baseada na experiência positiva obtida pela companhia na construção da primeira fábrica em Três Lagoas, em que os imóveis construídos pela empresa colaboraram para suprir a demanda do setor imobiliário do município”, destacou a assessoria da Suzano. 

A empresa não revelou o valor  investindo no projeto habitacional, mas informou que existe a possibilidade de os imóveis serem vendidos para os futuros moradores. Por conta do aumento na procura, o valor dos arrendamentos e dos próprios imóveis chegou a subir 400% em Ribas.

“Num primeiro momento, as casas não serão vendidas. As pessoas vão usufruir dos imóveis e, futuramente, em data ainda não definida, eles estarão disponíveis para compra pelos moradores/colaboradores, com valores diferenciados e condições especiais de pagamento”, informou a Suzano.

BATAGUASSU

No estudo que aponta os impactos do empreendimento em Bataguassu, município com 24 mil habitantes, a Bracell traz detalhes apenas sobre os alojamentos para os trabalhadores transitórios. A previsão é de que sejam até 12 mil operários, para os quais serão construídos dois alojamentos, cada um com capacidade para até cinco mil pessoas. 

O estudo não aponta o local exato onde serão instalados estes alojamentos, mas aponta que será fora da cidade. “Quanto à acomodação dos profissionais que vierem de fora da região durante a fase de implantação do empreendimento, a BRACELL utilizará alojamentos próprios para acomodá-los visando não sobrecarregar o sistema atual de saneamento referente à água potável, energia elétrica e esgoto.” 

O Correio do Estado procurou a Bracell e, em nota, informou que “está em fase de estudo ambiental, etapa fundamental para subsidiar a decisão sobre a possível instalação de uma unidade industrial em Mato Grosso do Sul. Caso o projeto avance, a empresa adotará medidas estruturadas de suporte aos colaboradores, alinhadas ao desenvolvimento sustentável e às necessidades locais”. 

Informações: Correio do Estado.

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CMPC: investimentos injetam otimismo para futuro da celulose no Rio Grande do Sul

Estado é o quinto do País em número de unidades produtivas de celulose e papel, com 8% do total nacional

A indústria gaúcha de celulose está impregnada de positividade desde o anúncio do aporte de R$ 24 bilhões pela CMPC em uma nova unidade em Barra do Ribeiro, no ano passado — decisão mantida pela multinacional chilena mesmo depois da catástrofe climática da enchente de maio. Presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel, Papelão, Embalagens e Artefatos de Papel, Papelão e Cortiça do RS (Sinpasul), Celso Basso destaca que a nova unidade somada à já existente, em Guaíba, tornará a região o maior polo de celulose do mundo. “Em nenhum lugar no mundo existem duas fábricas tão perto produzindo quantidades tão relevantes”, garante.

Para o dirigente, o Rio Grande do Sul despertou para uma vocação, deixando definitivamente para trás um passado no qual o segmento foi ignorado, quando floresta plantada, segundo ele, era “demonizada”, o que fez a economia gaúcha perder oportunidades envolvendo instalação de empresas. Atualmente, as perspectivas são completamente diferentes.

“O Estado despertou para esta vocação, pois possui solo, clima, topografia, cultura e tradição local para o cultivo das florestas plantadas. Os investimentos previstos posicionam o Rio Grande do Sul como um novo polo estratégico da indústria global de base florestal”, avalia Basso, otimista.

Segundo Sinpasul, o Estado é o quinto do País em número de unidades produtivas de celulose e papel, com 8% do total nacional. Estaria próximo a 1 milhão de hectares de área de florestas plantadas, apenas 4,5% de área dedicada ao agronegócio, comparativamente, o que indica que há espaço para progredir.

Logística, infraestrutura e mão de obra especializada são os obstáculos à vista neste horizonte tão promissor. Basso destaca a dependência do modal rodoviário, a falta de investimento em ferrovias e hidrovias, além dos danos às estradas causados pela enchente do ano passado. E lamenta o Estado ter apenas um porto marítimo, em Rio Grande, enquanto Santa Catarina tem vários portos, além de diversos terminais de uso privado.

Para combater a falta de mão de obra, o dirigente afirma que o Sinpasul, como filiado à Fiergs, vem apoiando a iniciativa de criação de escolas pela federação, do fundamental ao profissionalizante.

Efeito da CMPC

No ano passado, a CMPC anunciou o Projeto Natureza, um aporte de R$ 24 bilhões que será implementado no município de Barra do Ribeiro. A nova unidade industrial terá capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano. O cronograma não foi afetado pelo evento climático. Com início em 2026, as obras devem gerar 12 mil empregos (e, depois, cerca de 1,5 mil nas operações). A entrada em operação está prevista para 2029.

O empreendimento prevê investimentos em quatro áreas fundamentais da economia gaúcha: silvicultura sustentável; infraestrutura logística; produção industrial avançada; e conservação cultural e ambiental.

Em sua planta de Guaíba, a companhia concluiu o Projeto BioCMPC, com investimento de R$ 2,75 bilhões, que resultou na atualização de equipamentos e em um aumento de 18% na capacidade de produção, reforçando o compromisso da empresa com a sustentabilidade e inovação tecnológica. Em 2024, pelo segundo ano consecutivo, foi reconhecida como a empresa florestal mais sustentável do mundo, de acordo com o Índice Dow Jones de Sustentabilidade.

‘Setor é referência em sistema alinhado a ESG’, diz Antonio Lacerda, diretor da CMPC no Brasil

‘Acrescentamos mais de 12 mil hectares de áreas produtivas no Estado’

Jornal do Comércio – Como a empresa avalia a situação da indústria de celulose e papel no RS?

Antonio Lacerda – O setor vem se tornando cada vez mais protagonista no Estado. São gerados milhares de empregos e é promovido um incremento ao PIB. Também há uma contribuição em temas de sustentabilidade, já que o setor é referência em sistema produtivo alinhado às práticas de ESG.

JC – Quais são os principais desafios enfrentados hoje pelo setor?

Lacerda – Entre os desafios a serem superados, destaco a necessidade de ampliação da nossa base florestal. Temos trabalhado fortemente neste sentido, visando atender a produção atual e, em especial, sustentar a demanda que virá após a execução a pleno do Projeto Natureza CMPC. Em 2022 lançamos o RS Renda, um programa de fomento florestal que oportuniza que produtores rurais passem a integrar a cadeira de negócios da CMPC. Para isso, estabelecemos parcerias com o intuito de aumentar o volume de agricultores plantando eucalipto. Em 2024, acrescentamos mais de 12 mil hectares em áreas produtivas no Estado. Esse indicador demonstra que a comunidade rural gaúcha percebe valor em nossa proposta.

JC – A logística e a infraestrutura do RS têm atendido às necessidades da cadeia produtiva?

Lacerda – Do ponto de vista hidroviário, a nossa unidade industrial de Guaíba já conta com um porto próprio, que recebe madeira da região Sul e carrega celulose para o Porto de Rio Grande. Essa logística por hidrovia evita que ocorram 100 mil viagens de caminhão por ano, diminuindo a emissão de carbono e minimizando o risco de acidentes rodoviários. No caso das rodovias, existem estradas que já se encontram em estágio de duplicação, como as BRs 290 e 116, que são vias por onde passa grande parte do volume transportado pela nossa operação florestal. Essas obras são de extrema importância para viabilizar o Projeto Natureza CMPC, além de contribuírem na infraestrutura logística e competitividade.

JC – Como a empresa tem contribuído para melhorar a qualificação da mão de obra do setor?

Lacerda – Buscamos capacitar a mão de obra local. Um exemplo é o Curso Técnico em Celulose e Papel, que desenvolvemos há mais de 45 anos para a população vizinha às nossas operações, sempre de forma gratuita. Através de uma formação de 18 meses, o objetivo é habilitar profissionais para que possam disputar futuras oportunidades no mercado de trabalho, na companhia ou outras empresas.

Cenário nacional

  • A celulose fechou 2024 com alta de 33,2% nas exportações, na comparação com o ano anterior, chegando ao recorde de US$ 10,6 bilhões.
  • O Brasil registrou recorde de 25,5 milhões de toneladas de celulose em 2024, alta de 5,2% na comparação com 2023. A produção de papel também foi recorde no ano passado, atingindo 11,3 milhões de toneladas, alta de 4,6%.
  • O setor de árvores cultivadas é um dos motores da economia brasileira, com 4,7% de participação no total de exportações do país em 2024 (1% acima do resultado de 2023), além de ser o quarto item da pauta de exportações do agro brasileiro. Em 2024, o setor aumentou sua participação no total vendido ao exterior pelo agronegócio, chegando em 9,5% (em 2023 era de 7,6%).

Fonte: Mosaico Ibá, boletim produzido pela Indústria Brasileira de Árvores.

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Projeto da Unicentro ajuda a mapear riquezas e potenciais florestais do Paraná

Pesquisadores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) têm instruído pequenos agricultores a fazer manejo florestal sustentável em propriedades rurais na região Centro-Sul do Paraná. O projeto Imbituvão, que funciona há mais de 15 anos, trabalha nas frentes de pesquisa e extensão com o foco em ações na Floresta Ombrófila Mista. Além do plantio de grãos e criação de animais, comuns na região, o projeto permite a expansão das possibilidades de renda dos agricultores com o cultivo de árvores e apicultura.

Com ajuda do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), o projeto mapeou 36 propriedades rurais com potencial de trabalhar o manejo florestal na região da bacia hidrográfica do Rio Imbituvão. Dessas terras, 24 passaram a integrar os experimentos do projeto, totalizando 9,54 hectares distribuídos em 53 parcelas permanentes de Floresta Ombrófila Mista.

A primeira fase do Imbituvão focou no diagnóstico das propriedades selecionadas. “A ideia inicial do projeto era fazer um manejo experimentalmente nos remanescentes de floresta com araucária nas pequenas propriedades, para provar que ele funciona, não desmata, é viável e conserva a floresta”, explica o coordenador do Imbituvão, professor Afonso Figueiredo Filho. “Quando fizemos o inventário, para avaliar o que tínhamos no momento, nos preocupamos de instalar essas parcelas para monitorar a dinâmica da floresta”.

A primeira medição feita pela equipe foi em 2011, com esse processo sendo refeito a cada três anos para acompanhamento. “Para fazer um manejo florestal, você precisa conhecer o estoque de madeira que a floresta tem, saber como ela cresce. Se você vai cortar uma certa quantidade de madeira, vai colher uma certa quantia de árvores, você tem que saber qual é a capacidade que a floresta tem de repor o que você cortou e em quanto tempo ela faz isso”, explica.

As saídas a campo do projeto permitem coletar fragmentos de diversas espécies, que são analisadas no Laboratório de Manejo Florestal e resultam em dezenas de pesquisas científicas de mestrado e doutorado. “A gente aproveita a extensão para fazer pesquisa. Tudo o que a gente faz lá, em geral, gera dados para pesquisa”, afirma.

Entre as atividades desenvolvidas pela equipe do Imbituvão estão inventários florestais, produção e plantio de mudas, enriquecimento e manejo florestais, educação ambiental nas escolas e investimentos nas associações de apicultores e agricultores.

O projeto está auxiliando na instalação e manutenção de colmeias para a produção de mel em Fernandes Pinheiro. “O projeto deu um apoio muito forte à Associação de Apicultores e Meliponicultores de Fernandes Pinheiro, a Amfepi, assumindo o encaminhamento de projetos para construir uma unidade de beneficiamento de mel. Nós equipamos essa unidade com os acessórios necessários para trabalhar com mel”, conta Afonso.

História – A ideia do Imbituvão surgiu ainda em 2009, quando o professor recebeu Thorsten Beimgraben, docente da Universidade de Rottenburg, na Alemanha, para uma visita às instalações da Unicentro. Mais tarde, a aproximação das universidades rendeu um acordo para o intercâmbio de estudantes e professores via Programa de Parcerias Universitárias Brasil-Alemanha (Unibral).

A instituição alemã fez os primeiros investimentos no Imbituvão, que depois conquistou recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e hoje conta com financiamento da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF), através da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti).

Ao longo dos 15 anos, dezenas de professores e cerca de 60 estudantes de graduação e mais 60 profissionais recém-formados já passaram pela equipe.

Um deles foi o engenheiro florestal Alison Margraf, que atuou como bolsista do Imbituvão por quatro anos – dois durante a graduação e outros dois como profissional. Para ele, integrar as ações do projeto agregou aprendizados a mais na sua formação. “As trocas de experiências com os produtores rurais fizeram eu conhecer novas culturas, ampliando a minha visão de mundo. Vivenciar a engenharia florestal na prática ajudou a desenvolver uma melhor compreensão dos conhecimentos teóricos estudados na sala de aula”, pontua.

Outra ação de destaque do Imbituvão foi a ajuda a agricultores da região na adesão ao projeto Estradas com Araucárias, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com apoio do Governo do Estado. A iniciativa incentivou financeiramente produtores rurais a plantar araucárias na beira de estradas e nos limites de suas propriedades, pagando R$ 1 mil a cada 100 araucárias plantadas por ano. Os recursos são oriundos de empresas que pagam multas como compensação dos gases de efeito estufa que emitem.

Ações e desafios – Atualmente em sua quinta fase, o Imbituvão tem trabalhado com o controle da uva-do-japão. Segundo Afonso, essa é uma espécie invasora, que atrapalha o crescimento de outras árvores nativas, como as araucárias. “Ela compete com as outras espécies em desigualdade, porque ela avança muito, cresce em qualquer lugar e bastante. A ideia é manejar a uva-do-japão para tentar controlar a expansão, mas gerando alguma coisa para o pequeno proprietário e analisando o efeito disso na evolução da floresta”, descreve.

O agricultor João Taiok, que é representante da Associação dos Agricultores São João Batista do Assungui, conta que a equipe do Imbituvão fez o manejo florestal na região de atuação da entidade, com o plantio de eucaliptos para recuperação de áreas degradadas e o controle da uva-do-japão. “Essas atividades beneficiaram os produtores rurais de várias maneiras. Com a retirada da uva-do-japão, trouxe um proveito econômico para os agricultores da Associação, além de fortalecer a atividade produtiva do eucalipto”, avalia.

A equipe do Imbituvão também tem trabalhado com plantio de mudas de araucárias, erva-mate e outras espécies. Três propriedades têm sido espaço desses últimos experimentos, localizadas nos municípios de Ivaí, São Mateus e Inácio Martins.

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