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Sistema com árvores neutraliza emissões de metano de mais de dois bovinos por hectare

Um estudo realizado na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), investigou a capacidade de um sistema silvipastoril (SSP) em neutralizar as emissões de metano entérico de bovinos de corte pela fixação de carbono pelas árvores. Os resultados, publicados na revista internacional Agricultural Systems, revelam que o sistema compensou a emissão de metano de mais de dois bovinos adultos (um bovino adulto corresponde a 450 kg de peso vivo). A pesquisa considerou apenas o carbono armazenado na parte do tronco das árvores destinada a produtos de maior valor agregado e mobiliário.

A média nacional é de apenas um animal adulto por hectare no Brasil. Porém, a integração da pecuária com componente arbóreo permite mais do que o dobro da lotação padrão brasileira, o que torna o modelo sustentável e mais produtivo por unidade de área.

Comparou-se uma área composta por pastagem de capim-piatã sombreada por eucaliptos com um sistema a pleno sol de manejo intensivo. Os pesquisadores avaliaram a emissão de metano utilizando a metodologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a fixação de carbono pelas árvores por meio de medições de altura e diâmetro dos eucaliptos.

Papel das árvores na pecuária

O metano, liberado durante a digestão dos bovinos, é um dos principais gases de efeito estufa (GEE), contribuindo com 65% das emissões agropecuárias em equivalente de CO2. Apesar de ter uma vida útil menor na atmosfera em comparação ao CO2, o metano possui um potencial de aquecimento global 27 vezes maior.

Nesse contexto, a integração de pecuária com eucaliptos surge como uma solução climática inteligente. As árvores presentes no sistema realizam a fotossíntese, absorvendo o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e armazenando-o em sua biomassa. Os cientistas consideraram a parcela do carbono acumulada no tronco, que possui maior estabilidade a longo prazo, como a madeira utilizada na indústria moveleira, seguindo as diretrizes do protocolo Neutral Carbon Brazilian Beef (NCBB).

Sequestra CO2 e ainda proporciona conforto animal

Mesmo em um sistema intensivo, com uma taxa de lotação 256% maior que a média brasileira, o componente florestal apresentou potencial significativo de neutralização das emissões de metano. De acordo com o pesquisador da Embrapa José Ricardo Pezzopane, ao considerar todo o carbono fixado no tronco das árvores, o balanço líquido foi negativo em -14,28 Mg CO2 eq. por hectare ao ano. “Ou seja, se considerarmos todo o carbono fixado no tronco das árvores, além de neutralizar a emissão de metano pelos animais, o sistema silvipastoril ainda sequestra grande quantidade de carbono”, explica o cientista.

Além da significativa redução do metano e do CO2, a pesquisa constatou que o SSP proporcionou maior conforto térmico aos animais em comparação com o sistema a pleno sol. A presença das árvores oferece sombra, reduzindo o calor no ambiente, o que pode impactar positivamente o bem-estar animal e, potencialmente, a produtividade. “Os sistemas silvipastoris têm dupla função no combate às mudanças climáticas. Por um lado, é uma estratégia de mitigação por sequestrar carbono da atmosfera. Por outro, é uma estratégia de adaptação, pois aumenta o conforto térmico em um cenário cada vez maior de aumento de temperaturas”, destaca o pesquisador.

Implicações para a agropecuária brasileira

Os resultados demonstram o grande potencial do modelo silvipastoril como uma estratégia eficaz para mitigar as emissões de gases de efeito estufa na pecuária brasileira, ao mesmo tempo em que promove o bem-estar animal. A adoção pode contribuir significativamente para as metas de redução de emissões do Brasil e para o desenvolvimento de uma produção de carne bovina mais sustentável e alinhada com as demandas de consumidores cada vez mais preocupados com as questões ambientais.

Segundo Pezzopane, embora o SSP possa apresentar uma menor massa de forragem em algumas estações devido ao sombreamento promovido pelas árvores, a suplementação permitiu manter um desempenho animal semelhante ao do sistema a pleno sol. 

Foto: Juliana Sussai

Experimento

O sistema estudado foi estabelecido com eucalipto em 2011, inicialmente com um espaçamento de 15 por 2 metros (15m x 2m), resultando em uma densidade populacional de 333 árvores por hectare. Em julho de 2016, as árvores foram desbastadas para um espaçamento de 15 m x 4 m, resultando em uma densidade de 167 árvores por hectare.

Com essa configuração, concluiu-se que o modelo compensou 77% da emissão de metano, considerando o Carbono estocado nos troncos destinados a produtos de maior valor agregado e mobiliário. Essa compensação correspondeu à emissão de 2,3 bovinos adultos por hectare, enquanto a taxa de lotação real no experimento foi de 3,01 bovinos adultos por hectare.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A principal contribuição do estudo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é reforçar as práticas de mitigação às mudanças climáticas e promover sistemas de produção mais sustentáveis. Também alinhada ao ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima, a pesquisa demonstra que o sistema integrado com árvores é uma alternativa inteligente para a produção de carne bovina, capaz de reduzir significativamente as emissões de GEE no setor agropecuário brasileiro. O Consumo e Produção Responsáveis (ODS 12) é atendido ao propor um sistema com menor pegada de carbono e maior atenção ao bem-estar animal, o estudo estimula práticas de produção mais responsáveis e com adaptação às Mudanças Climáticas Globais. Por fim, o ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável também está contemplado, uma vez que a pesquisa explora uma via para uma produção de carne mais sustentável, essencial para sistemas alimentares a longo prazo.

As mudanças climáticas, principalmente o aumento das temperaturas, podem diminuir o conforto térmico e o desempenho animal e, consequentemente, aumentar a idade de abate e a emissão de carbono por produto animal. Estratégias que promovam alternativas para aumentar o conforto térmico animal serão cruciais. A presença de árvores tem se mostrado uma alternativa interessante para fornecer sombra aos animais em regiões tropicais, principalmente durante as horas mais quentes do dia.

Sobre a pesquisa

O trabalho completo pode ser acessado em: Silvopastoral system as a climate-smart alternative for beef production: Enteric methane emission neutralization and animal thermal comfort increase – ScienceDirectOs autores são Henrique B. Brunetti, Patrícia Anchão Oliveira, José Ricardo Pezzopane, Alberto Bernardi, Alexandre Rossetto Garcia, Alexandre Berndt, André Pedroso e Sergio Raposo Medeiros, da Embrapa Pecuária Sudeste, além de Ana Lelis, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). 

Informações: Embrapa.

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Três Lagoas registra crescimento de quase 870% no PIB em duas décadas

PIB saltou de R$ 1,34 bilhão em 2002 para R$ 13,05 bilhões em 2021, impulsionado pela indústria, agronegócio e infraestrutura estratégica

O município de Três Lagoas, no Leste de Mato Grosso do Sul, viveu uma verdadeira transformação econômica nas últimas duas décadas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade saltou de R$ 1,34 bilhão em 2002 para R$ 13,05 bilhões em 2021 — um crescimento de impressionantes 870% no período.

Essa expansão coloca Três Lagoas entre os maiores polos de desenvolvimento do estado, graças a uma combinação de fatores como industrialização acelerada, atração de grandes empreendimentos nacionais e internacionais, investimentos em infraestrutura e diversificação da economia.

De economia média à liderança regional

Em 2002, com um PIB de pouco mais de R$ 1,3 bilhão, Três Lagoas ainda apresentava um perfil econômico fortemente ligado a pecuária, comércio e serviços locais. A virada começou a se desenhar com os investimentos do setor de papel e celulose, a partir de meados da década de 2000. Em 2009, o PIB já havia mais que dobrado, atingindo R$ 2,82 bilhões.

O salto mais significativo, no entanto, ocorreu entre 2010 e 2013, quando o município viu seu PIB crescer de R$ 3,91 bilhões para R$ 6,49 bilhões — alta de quase 66% em apenas três anos. Esse avanço coincide com a instalação de grandes indústrias, como a Fibria (hoje Suzano), que impactaram diretamente a geração de emprego, renda e arrecadação de impostos.

Crescimento contínuo

Mesmo em períodos de crise econômica nacional, como em 2015 e 2016, Três Lagoas manteve sua trajetória ascendente. Em 2015, o PIB local foi de R$ 7,86 bilhões e, em 2016, ultrapassou R$ 9,2 bilhões. Em 2018, a economia da cidade atingiu R$ 11,5 bilhões — mais de oito vezes o valor registrado em 2002.

Pandemia não freou avanço

Durante a pandemia de Covid-19, muitos municípios brasileiros enfrentaram retração econômica. Três Lagoas, no entanto, seguiu na contramão. Em 2020, o PIB saltou para R$ 11,6 bilhões e, em 2021, bateu recorde: R$ 13,05 bilhões.

Esse desempenho confirma a resiliência da economia local, impulsionada não apenas pela indústria, mas também pelo agronegócio e por uma crescente base de serviços e comércio.

Modelo de desenvolvimento

A história recente do PIB de Três Lagoas comprova como políticas de atração de investimentos, aliadas à vocação logística e estratégica da cidade, podem transformar um município de médio porte em uma potência econômica regional.

Os números do IBGE mostram mais do que crescimento: revelam uma cidade que se reinventou e hoje é vitrine de desenvolvimento em Mato Grosso do Sul.

Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, Três Lagoas representa hoje o maior símbolo do avanço industrial no estado. “Três Lagoas, na verdade, é a nossa principal cidade industrial. O município adquiriu uma capacidade de geração de serviços impressionante. Às vezes, o pessoal comenta que está se montando a Arauco em Inocência, mas todos os serviços estão sendo concentrados em Três Lagoas, que adquiriu uma competência extremamente significativa na prestação de serviços industriais”, destaca Verruck.

Segundo o secretário, a cidade é referência para a continuidade da expansão industrial em Mato Grosso do Sul. “Três Lagoas é, para nós, a capital desse processo global da celulose. É um polo industrial que se consolida cada vez mais e que influencia diretamente o desenvolvimento de toda a região Leste do estado”, acrescenta o executivo.

Informações: RCN67.

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Coalizão Brasil celebra 10 anos de fundação com avanços na agenda agroambiental e fomento ao diálogo entre setores

Rede multissetorial destaca conquistas históricas na promoção do uso sustentável da terra, combate ao desmatamento e construção de políticas públicas integradas

Criada meses antes da histórica Conferência do Clima de Paris (COP 21), a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura completa dez anos neste mês com uma trajetória de influência em políticas públicas para o combate ao desmatamento, o fomento à agricultura sustentável e geração de emprego e renda no campo. O marco vem em um ano simbólico: o da realização da COP 30, em Belém, que deve alçar o Brasil ao protagonismo das negociações climáticas globais.
 

A Coalizão antecipou discussões fundamentais ao reunir atores com posicionamentos distintos — e por vezes antagônicos — em torno de uma pauta comum: o desenvolvimento sustentável do uso da terra. Dez anos atrás, o desmatamento já era um dos grandes vetores das emissões brasileiras de gases de efeito estufa, e a construção de pontes entre setores era vista como uma condição essencial para mudar este cenário.
 

“Não há um fórum multissetorial no Brasil tão abrangente e ambicioso com uma agenda semelhante à da Coalizão”, destaca Carolle Alarcon, gerente executiva da rede. “É emblemático comemorarmos os dez anos do movimento juntamente com a realização da COP no país. Este é um momento único para reafirmarmos nossa missão de unir diferentes setores e interesses em torno da defesa dos nossos biomas, da agricultura sustentável e do combate às mudanças climáticas.”
 

História do movimento reflete avanços e desafios do cenário socioambiental brasileiro
 

A atuação da rede ganhou ainda mais relevância no atual cenário global, marcado tanto pelo agravamento da crise climática quanto pelo avanço do negacionismo em relação à ação humana sobre os eventos extremos. A falsa dicotomia entre produtividade econômica e conservação ambiental reforça a urgência de agendas voltadas à geração de emprego e renda por meio de práticas e atividades sustentáveis, justas e competitivas. 

Por meio de contribuições técnicas de seus membros, de parcerias institucionais e ações de advocacy, a Coalizão Brasil vem influenciando debates essenciais para a agenda agroambiental do país. “O grande legado da Coalizão é criar uma convergência entre diferentes setores da sociedade interessados na agenda de clima e uso da terra”, ressalta Fernando Sampaio, cofacilitador do movimento e diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). “Ao longo dos anos, propomos cada vez mais medidas para o desenvolvimento sustentável do país, enviadas e implementadas por diferentes esferas do governo.”
 

Em 2025, a rede ultrapassou 430 membros, consolidando-se como espaço de construção coletiva de soluções para os desafios do clima, florestas e agricultura, e ampliando sua voz em fóruns nacionais e internacionais. A Coalizão, assim, viu a importância de ampliar sua participação em debates sobre mecanismos de financiamento da transição: 
 

“A destinação de recursos para o combate à crise climática é fundamental para viabilizar a transição energética”, avalia a cofacilitadora Karen Oliveira, que também é diretora para Políticas Públicas e Relações Governamentais da The Nature Conservancy Brasil (TNC). “A Coalizão entendeu a necessidade de acompanhar de perto os instrumentos para atingirmos este objetivo de forma justa e equitativa, como os mercados de carbono, crédito rural e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre.”

Sete marcos da Coalizão Brasil

Em uma década de atuação, a Coalizão lançou cerca de 60 estudos e publicou mais de 150 manifestações públicas, enviadas para o governo federal, parlamentares, membros do Judiciário e embaixadas. Veja abaixo os principais marcos:

1. A primeira meta climática do Brasil:

A Coalizão envolveu-se na construção da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) apresentada pelo Brasil em 2015, no contexto do Acordo de Paris. Dois anos depois, a rede divulgou uma carta aberta que sintetizou sua visão sobre as oportunidades associadas à implementação da NDC. O documento foi entregue em mãos ao então presidente Michel Temer

2. Ações contra o desmatamento

Diante da escalada da devastação da Amazônia, a Coalizão publicou, em 2020, o documento “Ações para a queda rápida do desmatamento“, entregue ao então vice-presidente Hamilton Mourão. Em 2025, diante do compromisso do Brasil em zerar o desmate em cinco anos, a rede lançou a publicação “Brasil sem desmatamento“, com 12 propostas para erradicar a derrubada ilegal da vegetação e desestimular aquela passível de autorização. Pela primeira vez, o movimento abordou com destaque a gravidade das queimadas em todo o país e a conexão entre o crime organizado e o desmatamento ilegal na Amazônia.

3. Observatório da Restauração

Em 2021, a Coalizão e organizações parceiras criaram o Observatório da Restauração e Reflorestamento, uma plataforma de monitoramento da recuperação da vegetação no país. Desde então, a ferramenta tem influenciado políticas públicas, como o Planaveg, e mostrado o progresso do Brasil em restaurar áreas conforme acordos nacionais e internacionais. Segundo dados de 2024, o Brasil conta com 150 mil hectares em restauração, uma área 90% maior do que a registrada três anos antes.

4. Programa de Silvicultura de Nativas

Também em 2021, a Coalizão lançou, com apoio de organizações da sociedade civil, o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas. A iniciativa tem como objetivo estudar ao menos 30 espécies da Amazônia e da Mata Atlântica, com foco em aumentar seu retorno econômico nos mercados nacional e internacional, além de contribuir para a restauração de milhões de hectares de áreas degradadas. Em 2023, o projeto ganhou uma doação de US$ 2,5 milhões do Bezos Earth Fund, instituto do empresário Jeff Bezos.

5. Carta para Joe Biden

Em 2022, a Coalizão enviou uma carta ao então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em apoio à aprovação do projeto de lei Amazon 21 Act, que previa um fundo de US$ 9 bilhões para a proteção de florestas tropicais em países em desenvolvimento. A rede coletou assinaturas e contribuições para o texto, que foi endossado por 22 organizações da sociedade civil, empresas e representantes de povos indígenas.

6. O Brasil que Vem

Em novembro de 2022, a Coalizão lançou o documento “O Brasil que vem“, com propostas direcionadas ao governo federal e a parlamentares recém-eleitos. Entre as medidas consideradas urgentes pela rede estavam a restauração do Fundo Amazônia, a retomada da homologação de Terras Indígenas e a criação de grupo de trabalho para elaborar novos planos de prevenção e controle do desmatamento na Amazônia e no Cerrado – todas atendidas no início da nova gestão.

7. Contribuições para políticas públicas

Há sete anos, a Coalizão envia contribuições ao Plano Safra, que destina bilhões de reais à política agrícola brasileira. A rede também tem atuado, por meio de diálogos com ministérios e frentes parlamentares, na construção de projetos de lei, decretos, políticas nacionais e regulamentações sobre temas como bioeconomiaconcessões florestaismercado de carbonopagamento por serviços ambientais e rastreabilidade de commodities, entre outros. 

Sobre a Coalizão 

Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento composto por mais de 400 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia. A rede atua por meio de debates, análises de políticas públicas, articulação entre diferentes setores e promoção de iniciativas que contribuam para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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Criadores de abelhas são formados por projeto da Bracell para potencializar a meliponicultura em Mata de São João

Iniciativa profissionaliza apicultores e meliponicultores em sete cidades na Bahia, gerando renda e postos de trabalho nas comunidades

Com foco no desenvolvimento e no fortalecimento da meliponicultura, visando à geração de renda de forma sustentável com a atividade, a Bracell promoveu nesta segunda-feira, 16, mais uma atividade formativa para criadores de abelhas em Mata de São João, no Litoral Norte da Bahia. A iniciativa é parte do projeto Polinizadores, que integra Bracell Social, o programa de investimento social privado da empresa. O projeto busca monitorar e impulsionar a produção de mel por meio de oficinas, cursos, suporte técnico e fornecimento de áreas de vegetação nativa da empresa como pasto apícola, onde os apiários dos produtores inscritos no projeto são instalados.

O treinamento foi ministrado pelo agrônomo Ediney Magalhães, parceiro técnico da empresa na implementação do Projeto Polinizadores. “O foco inicial dos trabalhos com os criadores de abelhas de Mata de São João foi profissionalizar os envolvidos, a fim de promover a geração de renda por meio de uma atividade estruturada, técnica, economicamente viável e que contribua para a preservação das espécies de abelhas sem ferrão”, informa Magalhães. Segundo ele, durante o encontro, os profissionais aprenderam sobre as estratégias de alimentação de abelhas, inclusive suplementação à base de carboidratos e proteínas, de forma a garantir a nutrição adequada das colônias em períodos críticos de escassez floral.

“Por meio da transferência de tecnologias apropriadas, os produtores aprendem, aplicam e aperfeiçoam técnicas modernas de manejo, o que reflete diretamente no fortalecimento da cadeia produtiva local”, salienta o agrônomo. Ele acrescenta que a iniciativa conta com a parceria institucional da Secretaria Municipal de Agricultura de Mata de São João.

O Polinizadores está presente ativamente nos municípios de Araçás, Alagoinhas, Entre Rios, Esplanada, Itanagra, Inhambupe e Mata de São João, mas conta também com a participação de produtores de outros municípios da região, sempre de forma gratuita. Todas as atividades do projeto, com exceção da assistência técnica, são abertas ao público.

Fábio Sento Sé Oliveira, coordenador de Relações Institucionais da Bracell, salienta que o projeto alcançou, direta e indiretamente, mais de 3 mil pessoas em diversas comunidades onde a Bracell atua na Bahia. “O objetivo de investirmos em iniciativas como essa é tornar o conhecimento em apicultura e meliponicultura acessível, fortalecendo as produções de pequenos produtores do Litoral Norte e Agreste Baiano e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde atuamos”, afirma.

Sobre a Bracell

A Bracell é uma das líderes globais na produção de celulose solúvel e especial, com expertise no cultivo sustentável de eucalipto, base para a fabricação de celulose de alta qualidade. Com operações no Brasil desde 2003, a empresa integra o grupo Royal Golden Eagle (RGE), com sede em Singapura. Conta com mais de 11 mil colaboradores e duas unidades industriais no país — em Camaçari (BA) e Lençóis Paulista (SP) — além de escritório administrativo em Singapura e estruturas comerciais na Ásia, Europa e Estados Unidos. Para mais informações, acesse: www.bracell.com 

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Grupo suíço de madeira certificada quer dobrar área no Brasil

Precious Woods, uma das líderes do segmento no mercado brasileiro, hoje explora 600 mil hectares no Amazonas

A empresa suíça Precious Woods, que extrai e comercializa madeira tropical certificada, planeja dobrar sua área de atuação no Brasil. A companhia explora hoje uma área de quase 600 mil hectares na região de Itacoatiara, no Amazonas. Em 2024, o negócio no país gerou uma receita à companhia de 10,2 milhões.

Para expandir seus negócios, a Precious Woods aposta em dois caminhos: contratos com proprietários privados que tenham áreas de florestas próximas à sua área atual ou contratos de concessão pública de floresta.

A empresa, cuja filial no Brasil é a Mil Madeiras Preciosas, apresenta-se como a maior produtora e exportadora de madeira tropical serrada certificada do país. Ela afirma que tem sido responsável por 6% a 7% de toda madeira dura que o país exporta.

A companhia tem negócios no Brasil e no Gabão, onde está sua maior operação. Em 2024, a receita líquida da Precious Woods caiu 15,3% em relação ao ano anterior, para US$ 47,7 milhões.

No ano passado, a demanda, principalmente do setor de construção, diminuiu, o que também afetou outras empresas do segmento. O mercado começou a se recuperar no segundo semestre.

No fim de 2024, grandes acionistas da Precious Woods fizeram uma operação para melhorar as finanças da empresa. Eles converteram empréstimos (que haviam feito à companhia) de 43,5 milhões de francos suíços (ou US$ 53 milhões) em novo patrimônio da Precious Woods.

“Depois de fazermos um aumento de capital na Suíça para nos livrarmos de quase todas as dívidas, hoje temos uma boa base patrimonial. No Brasil, agora podemos avançar com alguns projetos porque passamos a ter acesso a mais dinheiro. Assim, estamos aumentando o nível de produção para agregar valor ao produto final”, disse ao Valor o presidente do conselho de diretores da Precious Woods, Markus Brütsch, logo depois de chegar a São Paulo, no fim da semana passada. Da capital paulista, ele seguiu para Itacoatiara.

Um terço da área de floresta em que a empresa corta árvores está em terras próprias. A Precious Woods diz que são áreas que ela adquiriu antes do início da vigência das regras atuais, que restringem a compra por estrangeiros.

O restante, cerca de 180 mil hectares, é composto por áreas de floresta exploradas por meio de contratos privados de concessão ou contratos com o governo do Amazonas. Ao todo, terras sob concessão e próprias somam 575 mil hectares. “Queremos duplicar nossas atividades na Amazônia, mas não com um projeto a partir do zero. Estamos procurando uma concessão próxima à nossa área”, disse Brütsch.

Segundo o executivo, a empresa já levou o tema a órgãos federais e ao governo do Estado. A companhia também iniciou conversas com o BNDES sobre um eventual financiamento para máquinas adicionais e para as atividades florestais, a modernização da serraria e o manejo florestal sustentável.

“O setor de atuação do grupo Precious Wood é elegível ao Fundo Clima — Florestas Nativas e Recursos Hídricos, e um eventual pedido de crédito pode ser analisado, seguindo-se todos os procedimentos usuais de operação do banco”, afirmou o BNDES. Em 2024, o banco emprestou R$ 23 milhões à Mil Madeiras Preciosas. O BNDES classifica atividades de restauro e manejo florestal como estratégicas.

Brütsch citou projeções da FAO e do Banco Mundial sobre aumento da demanda global por madeira. O movimento deve-se, em parte, ao crescimento da população e, em parte, ao uso da madeira para substituir o concreto, como forma de aumentar o armazenamento de CO2.

Operação

A empresa não planta árvores para depois cortá-las. Sua matéria-prima são árvores nativas da floresta, e o corte ocorre em um regime de manejo sustentável. O trabalho envolve um mapeamento quase artesanal, segundo a companhia: funcionários entram a pé na floresta, avaliam as árvores com valor comercial, medem o diâmetro de cada uma e estimam sua altura. Esses dados vão ajudar a Precious a escolher algumas poucas árvores para cortar durante um determinado período. O plano de manejo estabelece que os cortes naquele polígono de mata só poderão se repetir dentro de 35 anos.

O Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, tem hoje 1,3 milhão de hectares de florestas públicas em cinco Estados, concedidas a grupos privados, cooperativas e associações. Até o momento, a Precious Woods não tem nenhuma concessão do SFB. As concessões estabelecem critérios para extração sustentável de madeira, frutos, plantas e também para serviços de turismo.

As árvores que os empregados da Precious Woods cortam no Amazonas — entre elas maçaranduba, cumaru, angelim vermelho, cedrinho, jatobá, louro itaúba, cupiúba — são serradas e embarcadas para abastecer o mercado interno, e, principalmente, a Europa. Parte das exportações também segue para Ásia e Estados Unidos.

Construções aquáticas, como pontes, que exigem estruturas resistentes à água, além de móveis, pisos e peças para áreas externas, são alguns dos principais usos das madeiras que os suíços vendem.

A Precious Woods está em um mercado de nicho — das madeiras tropicais certificadas. Dois outros nomes importantes do segmento são a também suíça Interholco e a CIB, de Singapura. Ambas têm operações na República Democrática do Congo.

A Forest Stewardship Council (FSC) emite a certificação — que atesta o corte sustentável nas áreas florestais da Precious Woods — desde 1997, e o Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC), desde 2017.

Segundo o executivo suíço, o manejo sustentável coloca a empresa em uma posição confortável em relação às novas regras de comércio da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), que passarão a ser aplicadas a partir de 1 de janeiro de 2026. O texto apresenta uma lista de commodities que os europeus só poderão importar se ficar atestado que sua produção não contribuiu com desmatamento. Madeira é um dos itens sujeitos às novas regras.

Informações: Globo Rural.

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Empresas de celulose impulsionam a economia de Três Lagoas e região

O impacto da indústria vai muito além da produção

Três Lagoas consolidou-se como um dos maiores polos de produção de celulose do mundo, e essa trajetória de sucesso começou com a chegada da Votorantim, hoje sucedida pela Suzano. Atualmente, uma das maiores produtoras globais do setor, a empresa apostou no potencial da cidade sul-mato-grossense, ao adquirir sua primeira fábrica em 2009. O sucesso da operação foi tamanho que, em 2017, a companhia inaugurou uma segunda unidade, transformando Três Lagoas na unidade mais produtiva da Suzano em todo o país.

O impacto da indústria vai muito além da produção. A presença da indústria de celulose impulsionou a economia local, gerando milhares de empregos diretos e indiretos, fortalecendo o comércio e atraindo novos investimentos para a região. Para o gerente industrial da Suzano de Três Lagoas, Eduardo Ferraz, essa decisão pioneira mostra a confiança da empresa no potencial do município. “A empresa sempre acreditou no potencial de Três Lagoas para a indústria de celulose. Isso mostra o quanto a gente acredita na região. Além dos empregos e da arrecadação de impostos, falamos de um crescimento orgânico da economia local”, afirma Ferraz.

Eldorado Brasil se une ao polo industrial

A chegada da Eldorado Brasil, em 2012, consolidou Três Lagoas como referência mundial no setor. A planta da empresa entrou em operação como a segunda grande indústria de celulose da cidade, reforçando a vocação industrial da região.

Carregamento de fardos de celulose – Eldorado Brasil.

Atualmente, a unidade da Suzano tem capacidade instalada para produzir mais de 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, figurando entre as maiores do mundo. Já a Eldorado Brasil opera com uma produção anual de 1,7 milhão de toneladas, mas já planeja uma expansão que pode dobrar essa capacidade nos próximos anos.

Juntas, essas gigantes da celulose não apenas transformaram Três Lagoas em um centro industrial de destaque internacional, como também ajudaram a reconfigurar a economia de Mato Grosso do Sul, tornando o setor de base florestal um dos pilares do desenvolvimento estadual.

Informações: RCN67.

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Produção de papel, celulose e petróleo cresce no ES em abril, mas indústria capixaba registra queda geral

A produção industrial do Espírito Santo apresentou resultados contrastantes no mês de abril, conforme levantamento da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional (PIM-PF), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e compilado pelo Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).

Enquanto os segmentos de celulose e papel e de petróleo e gás natural registraram crescimento, o desempenho geral da indústria capixaba apresentou retração de 3,5% na comparação com março, já com ajuste sazonal. Essa queda interrompe dois meses consecutivos de alta: 1,4% em fevereiro e 5,9% em março.

Segundo o presidente da Findes, Paulo Baraona, o cenário reflete os desafios macroeconômicos enfrentados pelas indústrias. “O setor industrial vem se empenhando para continuar avançando, mas esbarramos no alto patamar dos juros. Taxas mais altas significam crédito mais caro para as empresas e os consumidores. No caso das empresas, ele inviabiliza investimentos e dificulta o acesso a recursos de capital de giro, por exemplo, essenciais para as necessidades do dia a dia”, destacou.

Indústria de transformação retrai, mas celulose e papel avançam

Entre os quatro segmentos industriais avaliados pelo IBGE no Espírito Santo, três apresentaram desempenho negativo em abril:

Segmento industrialVariação mensal (abr/mar)
Fabricação de produtos alimentícios-11,1%
Fabricação de produtos de minerais não metálicos-2,2%
Metalurgia-1,7%
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel+15,2%

A alta expressiva de 15,2% no setor de papel e celulose é atribuída à ausência de paradas programadas na unidade da Suzano no Espírito Santo no segundo trimestre. “No primeiro trimestre, tivemos uma parada programada na linha C. A próxima está prevista apenas para o último trimestre, na linha B”, explicou a economista-chefe da Findes, Marília Silva.

Petróleo e gás natural: produção avança com força do campo Jubarte

A indústria extrativa teve avanço de 1% na passagem de março para abril. Embora o IBGE não detalhe os dados por tipo de extração, o Observatório Findes analisou os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que apontam aumento relevante da produção no Estado.

IndicadorMarçoAbrilVariação mensal
Produção de petróleo (bbl/dia)154,4 mil166,7 mil+8%
Produção de gás natural (mil m³/dia)3,39 mil3,8 mil+12,2%

“O crescimento da produção foi puxado pelo bom desempenho do campo de Jubarte, localizado na Bacia de Campos, no litoral sul do ES, que registrou alta de 7,9% na produção de petróleo e 15,4% na de gás natural”, detalhou Nathan Diirr, economista do Observatório Findes.

As plataformas P-58, FPSO Cidade de Anchieta e P-57 foram os principais motores do aumento. Em contrapartida, o FPSO Maria Quitéria operou abaixo de 10% da capacidade em abril, com menor contribuição ao total produzido.

Ambiente macroeconômico e conjuntura global pressionam indústria

De acordo com Marília Silva, o desempenho da indústria entre janeiro e abril foi impactado por uma série de fatores:

  • Inflação elevada
  • Taxa de juros alta
  • Incertezas no cenário internacional
  • Paradas programadas em fábricas e unidades extrativas no ES

A taxa Selic, por exemplo, passou por três elevações no ano e alcançou 14,75% ao ano, uma das mais altas em duas décadas. “O Comitê de Política Monetária ainda não sinalizou quando irá iniciar cortes. O mercado espera que a taxa permaneça elevada ao menos até 2026, podendo recuar para algo em torno de 12,5%”, destacou.

No acumulado de 12 meses até maio, a inflação medida pelo IPCA subiu de 4,56% (janeiro) para 5,32%, acima da meta oficial de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual. Na Grande Vitória, a inflação foi de 5,15% no mesmo período.

Em relação ao cenário internacional, as incertezas ligadas à política econômica dos Estados Unidos, especialmente sobre taxações de importações, afetaram a confiança dos mercados. “Por ora, os dados de abril mostram que não houve impactos significativos, o que pode aliviar as tensões futuras”, observou Marília.

Indústria resiliente

Apesar dos desafios, o presidente da Findes reforça a força do setor no Espírito Santo. “Estamos falando de mais de 20 mil indústrias que geram quase 273 mil empregos formais, de norte a sul do Estado. O setor é resiliente, aprende com os desafios e permanece firme na busca pelo crescimento socioeconômico do Espírito Santo”, concluiu Paulo Baraona.

Informações: Findes.
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Governo congela leilão da Rota da Celulose após polêmica; confira

Suspensão ocorre após K-Infra perder concessão de rodovia no RJ

O governo de Mato Grosso do Sul suspendeu os prazos do leilão da Rota da Celulose, que prevê a concessão de 870 km de rodovias. A decisão veio após a K-Infra, uma das empresas do consórcio vencedor, perder a concessão da BR-393 no Rio de Janeiro. “Realizaremos diligências para a correta instrução do processo licitatório”, informou o Estado em nota oficial.

A suspensão ocorreu um dia após a K-Infra ser retirada da chamada Rodovia do Aço por decisão da ANTT e do DNIT. A própria empresa confirmou a saída. “Fomos compelidos a interromper todas as operações de atendimento ao usuário”, declarou em comunicado. A empresa alegou que a decisão inviabilizou serviços como socorro médico e mecânico, e disse ter herdado problemas da antiga concessionária.

A K-Infra afirmou ainda que apresentou um plano de investimentos de R$ 1,6 bilhão ao Ministério dos Transportes. “A caducidade representa uma punição a quem agiu com responsabilidade”, afirmou. A empresa prometeu recorrer ao STF, argumentando que a decisão foi tomada “sem a devida observância ao contraditório e à ampla defesa”.

O segundo colocado no leilão, consórcio liderado pela XP, questionou a validade de documentos do grupo vencedor e pediu sua desclassificação. “Foram identificados diversos documentos emitidos fora do prazo determinado pelo edital”, declarou. Também foi levantada a preocupação com a saúde financeira da K-Infra, cujo capital social é de apenas R$ 10 mil.

A concessão da Rota da Celulose inclui trechos das BRs 262 e 267 e da MS-040, com previsão de 12 praças de pedágio e contrato de 30 anos. Ainda não há nova data para retomada do processo. “O procedimento legal foi seguido, com ampla defesa da concessionária”, afirmou George Santoro, do Ministério dos Transportes.

Informações: Capital News.

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Brasil: uma nova potência florestal em construção

Ao longo das últimas décadas, o Brasil tornou-se referência mundial em florestas plantadas

Por Miguel Calmon*, Daniel Piotto*, Samir Rolim* e Nelson Barboza Leite*

O mundo está diante de duas crises que podem ter um enorme impacto na sociedade: perda de biodiversidade e mudanças climáticas. Já se sabe que soluções baseadas na natureza, como restauração e reflorestamento, podem contribuir com 30% da solução dessas crises.

Nesse sentido, o Brasil está diante de uma oportunidade histórica: consolidar-se como uma verdadeira potência florestal, unindo sua incomparável biodiversidade à sólida experiência adquirida com a silvicultura de espécies exóticas.

É bem conhecido que o país abriga uma enorme diversidade de espécies arbóreas nativas que não encontra paralelo no mundo. Essa riqueza, se bem manejada, pode alavancar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável, geração de renda, conservação da biodiversidade e protagonismo global na produção de madeira tropical.

 — Foto: Globo Rural
— Foto: Globo Rural

Ao longo das últimas décadas, o Brasil tornou-se referência mundial em florestas plantadas, especialmente com espécies exóticas como o eucalipto e o pinus. Isso só foi possível graças ao esforço conjunto de universidades, instituições de pesquisa e grandes empresas, que investiram em ciência, tecnologia e inovação. Essa rede de excelência foi responsável por grandes avanços em produtividade, manejo sustentável, melhoramento genético e aproveitamento industrial da madeira.

Nos últimos 15 anos, surgiram alguns investimentos privados em silvicultura de espécies nativas com plantio em escala comercial, com várias espécies. Em 2023, foi dado o primeiro passo para implantação de um Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas (PP&D-SEN), com apoio da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Parque Científico Tecnológico do Sul da Bahia (PCTSB) e Bezos Earth Fund.

Agora, é hora de dar um passo além. É o momento de direcionar essa mesma força — de pesquisa, investimento e conhecimento técnico — para o desenvolvimento de uma nova economia florestal baseada na silvicultura com espécies nativas brasileiras. A crescente demanda internacional por madeira tropical para diversos usos, incluindo as novas tecnologias de madeira engenheirada, mostram o enorme potencial para aumentar a escala do reflorestamento com espécies nativas no país.

Além disso, a silvicultura de espécies nativas pode contribuir para o sucesso na implementação de diversas políticas públicas, planos e programas de governo, como o Plano Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), o Plano Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC+), o Programa Floresta+ Sustentável, os Planos Estaduais de Recuperação da Vegetação Nativa e muitos outros.

Temos à disposição um patrimônio genético valioso, com espécies de alto valor ecológico, econômico e cultural. Potencial não falta: madeira nobre, óleos essenciais, frutos, resinas e uma infinidade de serviços ecossistêmicos podem ser explorados de forma sustentável, impulsionando cadeias produtivas regionais e promovendo inclusão social.

Mas, para que essa transformação aconteça, é preciso um chamamento coletivo. Precisamos de políticas públicas robustas, de incentivos à pesquisa aplicada, de marcos legais claros e eficientes e, sobretudo, de visão estratégica. É essencial que setor privado, academia, organizações da sociedade civil e poder público se unam e atuem em sinergia para fortalecer o setor de florestas nativas plantadas.

O Brasil tem a chance de liderar uma nova revolução florestal — uma que valoriza nossa biodiversidade e o conhecimento tradicional, que fortalece a economia verde e promove o bem-estar das futuras gerações. O mundo clama por soluções sustentáveis, e o Brasil tem a resposta em seu próprio nome.


*Nelson Barboza Leite é agrônomo e silvicultor. Daniel Piotto, Miguel Calmon e Samir Rolim são membros do PP&D-SEN.

Informações: Globo Rural.

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Concessão da Rota da Celulose é suspensa após consórcio vencedor perder principal contrato

Comissão Especial de Licitação interrompe prazos para apurar validade da participação da K&G, que teve concessão da BR-393 anulada pelo governo federal

A Comissão Especial de Licitação (CEL) suspendeu o andamento da concessão da Rota da Celulose, que prevê a exploração de um sistema rodoviário de 870 km em Mato Grosso do Sul. O motivo é a necessidade de diligências para correta instrução do processo licitatório, segundo comunicado publicado na quarta-feira (11) pelo EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas), órgão ligado ao Governo do Estado.

Com isso, os prazos legais estão interrompidos até que as medidas necessárias sejam cumpridas. A suspensão ocorre após o consórcio vencedor do leilão, K&G Rota da Celulose — formado pelas empresas K-infra Concessões e Galápagos Participações — perder o principal comprovante de qualificação técnica apresentado durante a disputa: o contrato de concessão da BR-393/RJ (Rodovia do Aço), que foi anulado pelo governo federal no último dia 3.

A concessão da Rota da Celulose foi leiloada no dia 8 de maio. O consórcio K&G venceu com proposta que ofereceu desconto de 9% sobre a tarifa-teto, resultando em R$ 0,19 por quilômetro em pista simples e R$ 0,26 em pista dupla, além da obrigatoriedade de aporte financeiro de R$ 217,3 milhões.

Outros três concorrentes participaram do certame:

  • Rotas do Brasil S.A., com 5% de desconto e aporte de R$ 137,2 milhões;
  • Consórcio Caminhos da Celulose (XP Investimentos), com 8% de desconto e aporte de R$ 195,6 milhões;
  • BTG Pactual, com 4% de desconto e aporte de R$ 118,8 milhões.

Com a anulação da concessão da BR-393, o consórcio liderado pela XP, segundo colocado no leilão, protocolou recurso administrativo pedindo a inabilitação da K&G. Segundo o recurso, a K&G deixou de atender aos critérios técnicos e financeiros exigidos pelo edital, já que não possui mais a concessão que havia sido usada como base para comprovação de experiência.

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