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Com crescimento impulsionado pela celulose, Inocência anuncia obras de infraestrutura com apoio do Governo do Estado

Pavimentação e drenagem do Loteamento Zé Dias da Silva e do distrito São Pedro são prioridades para 2025

Diante dos bilionários investimentos no setor de celulose, o município de Inocência apresentou nesta terça-feira (24) os projetos de infraestrutura previstos para 2025, que contarão com o apoio e parceria do Governo do Estado. De forma imediata, ficou definido que serão realizadas obras de pavimentação e drenagem no Loteamento Zé Dias da Silva e no distrito São Pedro.

A definição ocorreu durante reunião com o governador Eduardo Riedel, por meio do programa MS Ativo. “Inocência recebe grandes investimentos privados, mas está sentindo na pele o processo acelerado deste crescimento. Chegou o momento de ouvir o prefeito e vereadores sobre as novas demandas, para definirmos os projetos principais. Vamos fazer por ordem de prioridade”, declarou o governador.

O prefeito Antônio Ângelo Garcia, o Toninho da Cofapi, apresentou os principais projetos e obras que o município necessita para acompanhar o novo ritmo de desenvolvimento. “Inocência só tem a agradecer tudo que o Estado está fazendo pela cidade. São investimentos importantes que levam resultados para a população. Com esta nova realidade, a cidade precisa de uma atenção especial”, afirmou.

O distrito São Pedro, um dos focos do plano de pavimentação, será atendido por meio de parceria direta entre Estado e Prefeitura.

A reunião contou ainda com a presença da senadora Tereza Cristina, dos deputados federais Geraldo Resende e Beto Pereira, dos deputados estaduais Paulo Corrêa, Rinaldo Modesto, Junior Mochi, Pedro Caravina, Jamilson Name, Zé Teixeira e Mara Caseiro, além do vice-governador Barbosinha e dos secretários estaduais Jaime Verruck (Semadesc), Guilherme Alcântara (Seilog) e Eduardo Rocha (Casa Civil).

Com os novos projetos, Inocência busca alinhar sua estrutura urbana ao desenvolvimento acelerado, garantindo qualidade de vida à população e suporte adequado aos empreendimentos que vêm transformando a realidade econômica da cidade.

Informações: MS Todo Dia.

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Agronegócio fornece 29% de toda a energia renovável do país, revela estudo do Observatório de Bioeconomia da FGV

Setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial

O agronegócio não é apenas um consumidor de energia, mas, sim, um dos principais fornecedores de energia renovável do país. O setor responde por cerca de 29% de toda a energia usada no Brasil – e, dentro do grupo das fontes renováveis, sua contribuição chega a impressionantes 60%, É o que revela o estudo inédito “Dinâmicas de Demanda e Oferta de Energia pelo Agronegócio” do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

De acordo com o coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório da FGV, Luciano Rodrigues, o agronegócio brasileiro sempre foi sinônimo de produtividade, exportações recordes e segurança alimentar. O estudo evidencia que uma nova dimensão se impõe desse setor: sua relevância estratégica na transição energética do Brasil.

“Esse protagonismo não se restringe à quantidade de energia limpa ofertada no País ou a presença dos biocombustíveis no setor de transporte – ele também se reflete nos destinos da bioenergia do agro, que se coloca como principal origem da matriz energética de vários setores industriais”, concluiu Rodrigues.

Sob a ótica da demanda, apesar de não figurar entre os países com maior intensidade energética, o consumo de energia pelo agro brasileiro requer alguma atenção, sobretudo pelo uso do diesel.

“O agronegócio no Brasil possui diversas características favoráveis para a utilização de energia limpa em toda sua cadeia produtiva: o clima tropical, a produção extensiva com menos irrigação, a elevada produtividade por hectare, mais de uma safra por ano, tecnologia e manejo adaptados às condições edafoclimáticas do país. No entanto, essa vantagem convive com uma vulnerabilidade: a dependência do diesel. Em 2022, 73% da energia usada diretamente na agropecuária brasileira veio de combustíveis fósseis, em especial o diesel. Isso torna o setor sensível a choques externos, como variações no preço do petróleo ou crises geopolíticas”, explica o pesquisador.

 Uso de energia por valor da produção agropecuária (GJ/USD1000)

O consumo de energia por valor da produção agropecuária é um indicador consolidado mundialmente para mensurar a eficiência energética e econômica do setor agropecuário, permitindo avaliar quanto de energia é requerido para gerar cada mil dólares (USD) de valor bruto da produção agropecuária.

Em 2022, o Brasil apresentou uma intensidade de uso de energia na agropecuária de 1,9 GJ por mil dólares de valor bruto da produção, patamar próximo à média mundial, estimada em 1,7 GJ/USD1000.

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No caso brasileiro, os resultados evidenciam uma vantagem competitiva moderada em termos de eficiência energética econômica, reforçando que o país consegue gerar valor agrícola com consumo energético relativamente eficiente ante países desenvolvidos. Contudo, permanecem desafios associados à melhoria da eficiência dos sistemas produtivos, especialmente em segmentos agroindustriais de menor valor agregado por tonelada produzida.

 Brasil fornecedor global de alimentos

Outro indicador analisado foi o de consumo de energia por valor da produção de alimentos, que mede a intensidade energética associada exclusivamente às cadeias agropecuárias voltadas à produção de alimentos.

Essa métrica é particularmente relevante no contexto das discussões internacionais sobre segurança alimentar e sustentabilidade, pois permite aferir a eficiência energética relativa ao fornecimento de alimentos para a sociedade.

Em 2022, o Brasil apresentou um consumo de 2,0 GJ de energia por mil dólares de valor da produção de alimentos, valor ligeiramente superior à média global (1,7 GJ/USD1000), mas inferior a diversos países produtores relevantes, como: Argentina (8,2 GJ/USD1000); Canadá (4,3 GJ/USD1000); Espanha (2,4 GJ/USD1000); e França (2,2 GJ/USD1000).

Esse resultado reforça o posicionamento do Brasil como fornecedor global de alimentos com eficiência energética relativamente competitiva, especialmente frente a países com sistemas produtivos altamente intensivos em insumos energéticos, como os países europeus.

O papel da Bioenergia na transição energética

A pesquisa revela ainda que o agronegócio é responsável por mais da metade da energia renovável usada no Brasil. Isso inclui o etanol da cana, o biodiesel da soja, o biogás de resíduos agropecuários, a lenha de florestas plantadas, a lixívia e outros subprodutos.

Sem essa contribuição, a matriz brasileira de energia renovável cairia de 49% para cerca de 20% – muito mais próxima da média global, que hoje gira em torno de 15%. A presença do agro diferencia o país das demais potências agroindustriais no quesito sustentabilidade energética.

No início dos anos 1970, a contribuição agropecuária à oferta energética apresentava elevada participação da lenha e carvão vegetal, que respondiam por mais de 40% da bioenergia do setor. Essa configuração começou a se alterar a partir dos anos 1980, quando a produção de derivados da biomassa da cana-de-açúcar se intensificou, impulsionada pela implementação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).

Entre 1988 e 2003, a participação da bioenergia do agronegócio na matriz nacional permaneceu relativamente estagnada, oscilando em torno de 20%. Houve, entretanto, crescimento expressivo da oferta de lixívia, que passou de 1,2 milhão para 3,7 milhões de TEP. Por outro lado, o desempenho da cana-de-açúcar foi impactado negativamente pela crise do etanol no final dos anos 1980 e pela oscilação da produção no período de desregulamentação do setor.

A partir de 2003, essa tendência foi amplamente revertida. As duas décadas seguintes foram marcadas por forte expansão e diversificação da agroenergia. A oferta de energia proveniente da cana quase triplicou, impulsionada pela popularização dos veículos flex-fuel e pela expansão da bioeletricidade gerada com bagaço de cana-de-açúcar. A produção de lenha e carvão vegetal também duplicou no período, refletindo o fortalecimento da silvicultura energética como atividade comercial. A lixívia, por sua vez, teve crescimento próximo a 300%, acompanhando a expansão da indústria de papel e celulose.

Em síntese, a trajetória da bioenergia agropecuária foi um dos pilares da transição energética brasileira. Esse protagonismo também se reflete nos destinos da utilização dessa energia limpa. Setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial.

Consumo de bioenergia do agro por setores

O estudo também analisou, no período de 1970 a 2023, quais setores econômicos utilizam a bioenergia do agronegócio.

Historicamente, o setor industrial se consolidou como o principal consumidor da bioenergia vinculada ao agronegócio. No início da série, esse setor absorvia mais de 70% da oferta total dessas fontes, tendência que se estabilizou em cerca de 50% nas últimas décadas. Essa dominância reflete a intensa utilização de biomassa sólida (como lenha e carvão vegetal) e de subprodutos industriais (como lixívia) nos processos industriais térmicos, particularmente nos subsetores de alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas.

O setor de transportes desponta como o segundo maior consumidor da bioenergia do agro, com expansão significativa a partir da década de 1980, impulsionada pela introdução do etanol hidratado no contexto do Proálcool. Posteriormente, na década de 2000, observa-se uma nova inflexão ascendente com a institucionalização do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e o crescimento da frota flex-fuel. Esses movimentos estruturais consolidaram o etanol e o biodiesel como pilares da matriz energética do setor de transportes brasileiro.

Já o setor energético, responsável por autoprodução e cogeração de energia elétrica e térmica, apresentou um aumento importante na participação relativa da bioenergia do agro entre os anos 1980 e início dos anos 2000. Essa trajetória reflete a ampliação da geração elétrica a partir da queima de bagaço de cana nas usinas sucroenergéticas e da lixívia nas plantas de celulose.

A conclusão é que a bioenergia vinculada ao agronegócio não apenas contribui significativamente para a diversificação da matriz energética brasileira, mas está estrategicamente posicionada nos setores com maior consumo e impacto econômico. A centralidade da indústria, pautada especialmente pela presença das agroindústrias, e dos transportes como destinos principais dessas fontes evidencia que políticas públicas voltadas à expansão e à eficiência dessas rotas bioenergéticas podem ter impactos multiplicadores relevantes.

Metodologia

A análise no estudo teve como base empírica os dados disponibilizados pelo Balanço Energético Nacional (BEN), principal instrumento oficial de monitoramento da evolução da matriz energética brasileira. Além disso, foram utilizadas base de dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e as modelagens globais como o GTAP-Power (expansão da base de dados GTAP – Global Trade Analysis Project – com foco na eletricidade).

Informações: Notícias Agrícolas / Imagem destaque: divulgação.

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Incêndios destruíram 30 milhões de hectares de florestas em 2024

Pelo menos 30 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo no Brasil, em 2024, uma área 62% acima da média histórica, que é de 18,5 milhões por ano. O dado está no MapBiomas Fogo, lançado nesta segunda-feira (23) e parte da primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF), com números relativos ao período de 1985 a 2024.

O aumento das áreas queimadas em relação à média histórica ocorreu na maioria dos biomas. A Amazônia registrou a maior área queimada de toda a série histórica e foi o bioma que mais queimou: foram 15,6 milhões de hectares, um valor 117% acima da média.

No Pantanal, a extensão da destruição ficou 157% acima da média e, no Cerrado, 10%. As exceções ficaram por conta da Caatinga e dos Pampas, onde foram registrados decréscimos de 16% e 48%, respectivamente. No caso da Mata Atlântica, o ano de 2024 bateu recorde de destruição: a área afetada pelo fogo foi 261% acima da média histórica. Não por acaso, no ano passado, São Paulo concentrou quatro dos dez municípios com maior proporção de área queimada, todos no entorno do município de Ribeirão Preto, uma região predominantemente agrícola. São eles: Barrinha, Dumont, Pontal e Pontes Gestal.

Obtidos a partir do mapeamento das cicatrizes de fogo por imagens de satélite, os dados traçam o mais completo retrato da ação do fogo em todo o território nacional e revelam alguns padrões. Os incêndios são concentrados em um período curto do ano, em determinados biomas e, recorrentemente, nos mesmos lugares. O período de agosto a outubro responde por 72% da área queimada no país.

Série histórica

O Cerrado e a Amazônia são os biomas com maior ocorrência de queimadas nos últimos 40 anos, o equivalente a 86% da área incendiada pelo menos uma vez. De forma geral, 64% da área afetada queimou mais de uma vez entre 1985 e 2024.

“Essa primeira edição do RAF é uma ferramenta fundamental para apoiar políticas públicas e ações de gestão territorial do fogo”, diz a coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar. “Ao identificar os locais e períodos mais críticos, o relatório permite apoiar o planejamento de medidas preventivas e direcionar de forma mais eficaz os esforços de combate aos incêndios”.

Ao longo dos últimos 40 anos, 69,5% das queimadas no Brasil ocorreram em áreas de vegetação nativa, em um total de 514 milhões de hectares. No ano passado essa porcentagem foi ainda mais alta: 72%. Foram registradas mudanças na vegetação nativa mais afetada. Historicamente, a maior área de vegetação nativa queimada era de savana, com média anual de 6,3 milhões de hectares. Em 2024, no entanto, predominaram os incêndios em áreas de floresta, com 7,7 milhões de hectares – uma extensão 287% superior à média.

Os biomas com maior proporção de vegetação nativa afetada pelo fogo entre 1985 e 2024 foram Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal, todos com mais de 80% da extensão afetada. Em Amazônia e Mata Atlântica, o fogo ocorreu principalmente em áreas antrópicas (mais de 55%). No caso de Amazônia, pastagens respondem por 53,2% da área queimada no período; na Mata Atlântica, 28,9% da extensão queimada eram de pastagem e 11,4% de agricultura.

Informações: Amazonas Atual.

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Entidades promovem lançamento oficial da Campanha de Prevenção a Incêndios Florestais

Foi lançada no dia 12 de junho a campanha 2025 de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, idealizada pela Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), em parceria com diversas instituições e órgãos de entidades públicas e privadas.

“A campanha começa no período de seca no Paraná, que ocorre de junho a outubro, mas é uma preocupação contínua. Para o setor florestal, a prevenção a incêndios florestais exige a maior atenção, porque nosso patrimônio chega a 1,17 milhões de hectares de florestas plantadas, e envolve riscos não só às florestas, mas também aos animais e vidas humanas”, assinala Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).

Cartilhas serão divulgadas nas escolas

A edição 2025 da campanha traz como foco o protagonismo infantil como ferramenta de transformação social e ambiental. A ideia é trabalhar a conscientização desde a escola, formando crianças e adolescentes como multiplicadores de atitudes responsáveis.

“Educação é o que faz a diferença na campanha e estaremos divulgando a cartilha pelas escolas, explicando ao público jovem sobre o uso do fogo, onde qualquer descuido pode fugir do controle”, alerta Brun.

Dados do Corpo de Bombeiros mostram que houve uma queda de 40% nos primeiros quatro meses deste ano nos focos de incêndio no estado, reforçando o alerta para o período crítico, especialmente nos meses de agosto e setembro, quando a vegetação seca os eventos de geada ocorrem e a propagação do fogo é favorecida. O comandante do Corpo de Bombeiros Militar, Antonio Hiller, afirma que as regiões Norte e Centro-Sul do Paraná são as regiões mais críticas. “A região Norte pela temperatura elevada, propícia à ocorrência de focos de incêndio, e a região Centro-Sul que sofre em função da geada, a qual transforma-se em material seco e com mais perigo”, orienta.

Fogueiras em acampamento está entre os riscos de incêndio

Ele afirma que cerca de 90% dos incêndios têm origem humana. Por isso, é fundamental investir em campanhas educativas e em mudanças culturais duradouras. “O descuido das pessoas fazendo fogueiras em acampamentos, jogando bituca na beira da estrada, ou queimando lixo é algo que pode ser evitado e minimizado com a conscientização da população”, destaca Hiller.

A campanha é idealizada pela APRE Florestas com o apoio do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Embrapa Florestas, FAEP, Ibama/Prevfogo, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Instituto Água e Terra (IAT), Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, Governo do Paraná, Universidade Federal do Paraná (UFPR), ABIMCI, APEF, FUPEF, Associação Paranaense de Medicina de Animais Selvagens, Rede Nacional de Brigadas Voluntárias e Simepar.

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Florestas plantadas: a nova fronteira econômica no mercado de carbono

Historicamente associadas à produção de papel, celulose e madeira para construção, as florestas plantadas estão assumindo um novo protagonismo. Em meio à crescente pressão por ações efetivas contra as mudanças climáticas, essas áreas reflorestadas passaram a ser vistas como importantes sumidouros de carbono e fontes promissoras de créditos de carbono – instrumentos usados por empresas para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.

Combinando viabilidade econômica e impacto ambiental positivo, o modelo ganha força no Brasil. Espécies como eucalipto e pinus, cultivadas de forma sustentável, apresentam alta eficiência na captura de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. O carbono é armazenado na biomassa da planta – troncos, galhos, folhas e raízes – e, quando adequadamente mensurado e certificado, pode ser convertido em créditos negociados nos mercados voluntário ou regulado.

Uma floresta, duas fontes de renda

Mesmo sendo colhidas ao final do ciclo produtivo, as florestas comerciais continuam aptas a gerar créditos de carbono. O sequestro ocorre durante o crescimento das árvores, e os modelos de certificação consideram práticas de corte e replantio contínuos. Quando a madeira é utilizada em construções ou móveis, o carbono permanece estocado por décadas fora do ambiente florestal.

Isso significa que, além da venda da madeira, o produtor pode obter uma segunda fonte de receita: a comercialização de créditos de carbono. Em projetos bem estruturados, estima-se que esses créditos possam representar até 30% da rentabilidade total por hectare. É a integração entre conservação ambiental e retorno financeiro.

Caminho técnico e certificações

Para que uma floresta seja considerada elegível à geração de créditos de carbono, é necessário seguir protocolos rigorosos de certificação. Entre os mais reconhecidos mundialmente estão o Verified Carbon Standard (VCS), da Verra, e o Gold Standard, criado por organizações como o WWF. No Brasil, também ganham destaque o GHG Protocol, o Sistema Brasileiro de Registro de Emissões (SBRE) e certificações desenvolvidas por universidades e entidades técnicas nacionais, mais acessíveis para pequenos e médios produtores.

O processo inclui inventário florestal, cálculo de biomassa, auditorias independentes e registro em plataformas digitais. A regulamentação do setor está em expansão. O Projeto de Lei nº 412/2022, que institui o Marco Legal do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), está em discussão no Congresso e deve abrir as portas para o mercado regulado de carbono no país.

Escolha da espécie importa

Nem todas as florestas capturam carbono da mesma forma. Espécies de crescimento rápido, como o eucalipto, acumulam grandes volumes de biomassa em pouco tempo. Já o pinus se adapta melhor a climas mais frios. Florestas com espécies nativas, embora menos produtivas em volume, são valorizadas por seus benefícios ecológicos, como a restauração de áreas degradadas.

Como funciona na prática? Um exemplo de sucesso

Na região do Vale do Jequitinhonha (MG), um consórcio de pequenos produtores iniciou um projeto coletivo de reflorestamento com eucalipto certificado. Com apoio técnico de uma ONG, eles conseguiram a certificação VCS e, em três anos, venderam mais de 60 mil toneladas de CO₂ equivalente no mercado voluntário, arrecadando cerca de R$ 2,4 milhões. Além da renda extra, o projeto impulsionou a recuperação de nascentes e a geração de empregos locais.

Quem compra créditos de carbono?

Setores altamente emissores – como transporte, energia e indústria pesada – lideram a compra de créditos como forma de neutralizar suas emissões e atender compromissos ambientais. Companhias com políticas ESG (ambiental, social e governança) também utilizam os créditos para reforçar sua imagem e atrair investidores.

Plataformas de tecnologia climática e fundos de investimento sustentáveis enxergam nos projetos florestais uma oportunidade de impacto positivo e retorno financeiro a médio e longo prazo.

E os riscos?

A eficácia do mercado de carbono é tema de debate. Embora parte da comunidade científica alerte para o risco de “greenwashing” – quando empresas compensam suas emissões sem reduzir efetivamente sua poluição –, especialistas defendem que, quando bem estruturados, os projetos florestais oferecem benefícios concretos: captura de CO₂, recuperação ambiental, geração de emprego e renda.

No entanto, há riscos socioambientais relevantes: falta de regulamentação pode favorecer especulação, exclusão de pequenos produtores, grilagem e uso inapropriado de territórios tradicionais. É fundamental que os projetos sejam conduzidos com transparência, consentimento das comunidades e mecanismos de distribuição justa dos benefícios.

E os pequenos produtores?

Ainda dominado por grandes empresas, o mercado de carbono começa a se abrir para pequenos produtores rurais. Iniciativas como consórcios, cooperativas e programas de apoio técnico têm permitido a inclusão desses atores no mercado verde. Projetos coletivos possibilitam redução de custos com certificação e maior escala de atuação.

Governos e organizações do terceiro setor também têm papel fundamental no fomento e na capacitação técnica, garantindo que a transição ecológica seja inclusiva e socialmente justa.

Quer entrar nesse mercado? Veja por onde começar:

  • Buscar apoio de consultorias ambientais especializadas;
  • Realizar inventários florestais e estudos de elegibilidade;
  • Avaliar padrões de certificação adequados ao porte do projeto;
  • Estabelecer parcerias com cooperativas ou programas de fomento;
  • Manter registros detalhados para fins de monitoramento e auditoria.

Dados que revelam o potencial: florestas plantadas e créditos em números

O Brasil possui atualmente cerca de 10,4 milhões de hectares de florestas plantadas, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Apenas em 2023, esse setor foi responsável por 1,2% do PIB nacional, movimentando mais de R$ 130 bilhões. As principais espécies cultivadas são o eucalipto (76%) e o pinus (20%), com forte concentração nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia.

O mercado voluntário de carbono cresceu mais de 170% no Brasil entre 2020 e 2023, com destaque para iniciativas florestais. Globalmente, movimentou mais de US$ 2 bilhões em 2023. Estudos apontam que, com regulação adequada, a contribuição do setor ao PIB pode dobrar até 2030, superando 2,5%, com geração de empregos verdes e atração de investimentos internacionais.

Apenas as florestas plantadas podem capturar entre 30 e 50 milhões de toneladas de CO₂ por ano, representando bilhões em créditos no mercado internacional.

O futuro que se planta hoje

As florestas que antes produziam apenas madeira agora também “produzem clima” – e isso muda tudo. Combinando responsabilidade ambiental, inovação tecnológica e viabilidade econômica, a silvicultura brasileira se consolida como um pilar estratégico para o desenvolvimento sustentável do país.

Informações: APRE Florestas.

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Construtech vai lançar três prédios de madeira em São Paulo; veja projetos

Os prédios espelhados que hoje dominam a Faria Lima vão ganhar uma companhia mais rústica ainda neste ano. A construtech Noah anunciou a construção de três prédios feitos de madeira na região de São Paulo que é o centro financeiro do Brasil.

“A madeira engenheirada traz a possibilidade de você industrializar parte do processo produtivo, tirando processos do canteiro de obras para e colocando em uma unidade fabril, aliada com sustentabilidade e um design diferenciado para os produtos”, explicou o CEO da empresa Nicolaos Theodorakis.

O executivo afirma que o processo permite a substituição de grande parte do aço e concreto usado nessas construções pela madeira. As construções são majoritariamente feitas de pinus. Ao contrário da maioria dos prédios de região, as novas construções terão poucos andares. Os locais exatos dos prédios ainda não foram anunciados.

A Noah é a primeira empresa do país especializada na construção de prédios a partir de madeira engenheirada. Uma das construções da startup foi um McDonalds na região da Avenida Paulista. A companhia também já construiu o prédio de uma vinícola no Rio Grande do Sul.

A madeira engenheirada é proveniente de florestas plantadas e passa por um processo de tratamento e classificação, para na sequência entrar em uma linha de produção onde as lamelas são coladas e prensadas, formando peças estruturais que no final são usinadas de acordo com o projeto e encaminhadas para montagem na obra.

Os prédios que vão ser erguidos no bairro de Pinheiros serão os primeiros empreendimentos da companhia no ramo de escritórios. A companhia informou que conseguiu um investimento de R$ 190 milhões do Fundo Imobiliário gerido pela Engeform Gestão de Recursos para financiar os projetos.

Previstos para serem entregues entre o fim de 2025 e começo de 2026, dois deles serão ocupados por uma empresa só e já possuem inquilinos. Já no terceiro ainda há a possibilidade de locação.

A empresa se denomina uma construtech por combinar tecnologia, design, sustentabilidade e inovação construtiva.

Novas possibilidades de arquitetura

A técnica também possibilita que a construção conte com formas e soluções diferentes do ponto de vista arquitetônico. A Noah conta com parcerias com fábricas que trabalham com esse tipo de madeira e já envia todas as peças que serão usadas na construção para a fabricação. Theodorakis explica que o processo é semelhante ao de um Lego.

“Assim como você pode fazer várias formas diferentes com um Lego, é nesse sentido que a a gente trabalha com a madeira, industrializando o processo construtivo e não o produto em si. Esse processo permite que a gente industrialize a construção como um todo sem que a gente perca os projetos autorais dos arquitetos”, apontou.

Quanto ao custo de construção, o executivo afirma que os três novos empreendimentos terão custo semelhante ao dos prédios convencionais e que o método desenvolvido pela companhia permite que o prazo de entrega seja menor.

Na questão da segurança, há tratamentos contra fogo, fungos e cupim que deixam a madeira segura para grandes construções.

Prédios com menos emissões de gases

A sustentabilidade é outro pilar das construções. Com empresas cada vez mais interessadas no conceito de ESG, que aborda questões ambientais, sociais e de governança, a preocupação com projetos mais ecologicamente corretas cresce cada vez mais.

O executivo explica que as madeiras são provenientes de florestas cultivadas e que as árvores são replantadas logo após a derrubada e que o objetivo é fazer com que as construções dos prédios de madeira cheguem a emissão zero de carbono. “Você troca um material poluente por outro que retira carbono do ambiente, já que a madeira estoca carbono”, encerrou.

Projetos terão poucos andares. Foto: Divulgação/ Noah
Madeira permite projetos arquitetônicos mais autênticos. Foto: Divulgação/ Noah

Informações: IstoÉ Dinheiro.

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Rede ILPF amplia para cinco estados programa de estímulo à expansão do Sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta

Sistema ILPF chega hoje a aproximadamente 17,4 milhões de hectares, e seu potencial de expansão é enorme porque estima-se que o Brasil tenha cerca de 160 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidos para ILPF

A partir da trajetória de sucesso em curso já há três anos em São Paulo, a Associação Rede ILPF ampliou, neste primeiro quadrimestre de 2025, para mais cinco estados – Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro – o programa Integra destinado a estimular a expansão do Sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no agro brasileiro.

Ancorado em acordos assinados com as secretarias estaduais de Agricultura, bem como com entidades, como, por exemplo, a ABCZ, a iniciativa contempla uma extensa agenda de atividades de difusão de conhecimento e de transferência de tecnologias, entre técnicos, produtores e instituições parceiras, por meio de dias de campo, palestras, treinamentos, encontros técnicos, mentorias etc. pautada nas oportunidades socioeconômicas e ambientais da adoção do Sistema ILPF.

O programa prevê também a articulação junto a instituições financeiras e parceiros estratégicos, com o intuito de viabilizar o acesso a linhas de financiamento, com condições mais atrativas de crédito e alinhadas a práticas sustentáveis, para o produtor rural que implantar o Sistema ILPF, assim como irá fomentar o acesso a mercados diferenciados, como, por exemplo, de carne de baixo carbono.

“A integração lavoura-pecuária-floresta significa a emancipação do produtor. De que forma? Porque tem uma renda de curto prazo, que são as lavouras de grãos e cereais. Tem o gado no médio prazo e o componente florestal no longo prazo”, ressalta o presidente-executivo da Rede ILPF, Francisco Matturro, que acrescenta: “o Sistema ILPF chega hoje a aproximadamente 17,4 milhões de hectares, e seu potencial de expansão é enorme porque estima-se que o Brasil tenha cerca de 160 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidos para ILPF”.

O gerente técnico da Rede ILPF, Gabriel Martins, menciona ainda que o Integra utiliza ainda ferramentas digitais, como o ILPF Digital, para apoiar o diagnóstico, o mapeamento de práticas e o acompanhamento das propriedades envolvidas. “O fortalecimento das Unidades de Referência Tecnológica também compõe a agenda, com foco em capacitação prática e demonstração de modelos integrados”.

:: ILPF, benefícios socioeconômicos e ambientais

A ILPF é uma estratégia de produção que combina diferentes sistemas produtivos: agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área, seja em consórcio, sucessão ou em rotação de culturas, gerando benefícios para todas as atividades.

A prática intensifica de modo sustentável o uso da terra, protege e fertiliza o solo, promove a economia de insumos e consequente redução de custos, e simultaneamente eleva a produtividade em uma mesma área, diversificando produção e fontes de receita. Ao mesmo tempo, o Sistema é ambientalmente correto, com baixa emissão de gases de efeito estufa e permite o sequestro de carbono, tornando a atividade mais resiliente às mudanças climáticas.

Culturas agrícolas como grãos [soja e milho] e produção de fibras [algodão] podem ser utilizadas na ILPF. A modalidade pecuária contempla, sobretudo a bovinocultura de corte ou leite e a parte florestal envolve a silvicultura, com destaque, por exemplo, para o plantio de eucaliptos. Diferentemente do senso comum, a ILPF pode ser adaptada para pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros.

:: Rede ILPF

A Associação Rede ILPF é uma parceria público-privada formada pela Embrapa, a cooperativa Cocamar e as empresas Bradesco, John Deere, Soesp, Suzano, Syngenta e Timac Agro e tem como objetivo intensificar a sustentabilidade da agropecuária brasileira, por meio da adoção das tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Informações: Rede ILPF.

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Sistema com árvores neutraliza emissões de metano de mais de dois bovinos por hectare

Um estudo realizado na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), investigou a capacidade de um sistema silvipastoril (SSP) em neutralizar as emissões de metano entérico de bovinos de corte pela fixação de carbono pelas árvores. Os resultados, publicados na revista internacional Agricultural Systems, revelam que o sistema compensou a emissão de metano de mais de dois bovinos adultos (um bovino adulto corresponde a 450 kg de peso vivo). A pesquisa considerou apenas o carbono armazenado na parte do tronco das árvores destinada a produtos de maior valor agregado e mobiliário.

A média nacional é de apenas um animal adulto por hectare no Brasil. Porém, a integração da pecuária com componente arbóreo permite mais do que o dobro da lotação padrão brasileira, o que torna o modelo sustentável e mais produtivo por unidade de área.

Comparou-se uma área composta por pastagem de capim-piatã sombreada por eucaliptos com um sistema a pleno sol de manejo intensivo. Os pesquisadores avaliaram a emissão de metano utilizando a metodologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a fixação de carbono pelas árvores por meio de medições de altura e diâmetro dos eucaliptos.

Papel das árvores na pecuária

O metano, liberado durante a digestão dos bovinos, é um dos principais gases de efeito estufa (GEE), contribuindo com 65% das emissões agropecuárias em equivalente de CO2. Apesar de ter uma vida útil menor na atmosfera em comparação ao CO2, o metano possui um potencial de aquecimento global 27 vezes maior.

Nesse contexto, a integração de pecuária com eucaliptos surge como uma solução climática inteligente. As árvores presentes no sistema realizam a fotossíntese, absorvendo o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e armazenando-o em sua biomassa. Os cientistas consideraram a parcela do carbono acumulada no tronco, que possui maior estabilidade a longo prazo, como a madeira utilizada na indústria moveleira, seguindo as diretrizes do protocolo Neutral Carbon Brazilian Beef (NCBB).

Sequestra CO2 e ainda proporciona conforto animal

Mesmo em um sistema intensivo, com uma taxa de lotação 256% maior que a média brasileira, o componente florestal apresentou potencial significativo de neutralização das emissões de metano. De acordo com o pesquisador da Embrapa José Ricardo Pezzopane, ao considerar todo o carbono fixado no tronco das árvores, o balanço líquido foi negativo em -14,28 Mg CO2 eq. por hectare ao ano. “Ou seja, se considerarmos todo o carbono fixado no tronco das árvores, além de neutralizar a emissão de metano pelos animais, o sistema silvipastoril ainda sequestra grande quantidade de carbono”, explica o cientista.

Além da significativa redução do metano e do CO2, a pesquisa constatou que o SSP proporcionou maior conforto térmico aos animais em comparação com o sistema a pleno sol. A presença das árvores oferece sombra, reduzindo o calor no ambiente, o que pode impactar positivamente o bem-estar animal e, potencialmente, a produtividade. “Os sistemas silvipastoris têm dupla função no combate às mudanças climáticas. Por um lado, é uma estratégia de mitigação por sequestrar carbono da atmosfera. Por outro, é uma estratégia de adaptação, pois aumenta o conforto térmico em um cenário cada vez maior de aumento de temperaturas”, destaca o pesquisador.

Implicações para a agropecuária brasileira

Os resultados demonstram o grande potencial do modelo silvipastoril como uma estratégia eficaz para mitigar as emissões de gases de efeito estufa na pecuária brasileira, ao mesmo tempo em que promove o bem-estar animal. A adoção pode contribuir significativamente para as metas de redução de emissões do Brasil e para o desenvolvimento de uma produção de carne bovina mais sustentável e alinhada com as demandas de consumidores cada vez mais preocupados com as questões ambientais.

Segundo Pezzopane, embora o SSP possa apresentar uma menor massa de forragem em algumas estações devido ao sombreamento promovido pelas árvores, a suplementação permitiu manter um desempenho animal semelhante ao do sistema a pleno sol. 

Foto: Juliana Sussai

Experimento

O sistema estudado foi estabelecido com eucalipto em 2011, inicialmente com um espaçamento de 15 por 2 metros (15m x 2m), resultando em uma densidade populacional de 333 árvores por hectare. Em julho de 2016, as árvores foram desbastadas para um espaçamento de 15 m x 4 m, resultando em uma densidade de 167 árvores por hectare.

Com essa configuração, concluiu-se que o modelo compensou 77% da emissão de metano, considerando o Carbono estocado nos troncos destinados a produtos de maior valor agregado e mobiliário. Essa compensação correspondeu à emissão de 2,3 bovinos adultos por hectare, enquanto a taxa de lotação real no experimento foi de 3,01 bovinos adultos por hectare.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A principal contribuição do estudo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é reforçar as práticas de mitigação às mudanças climáticas e promover sistemas de produção mais sustentáveis. Também alinhada ao ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima, a pesquisa demonstra que o sistema integrado com árvores é uma alternativa inteligente para a produção de carne bovina, capaz de reduzir significativamente as emissões de GEE no setor agropecuário brasileiro. O Consumo e Produção Responsáveis (ODS 12) é atendido ao propor um sistema com menor pegada de carbono e maior atenção ao bem-estar animal, o estudo estimula práticas de produção mais responsáveis e com adaptação às Mudanças Climáticas Globais. Por fim, o ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável também está contemplado, uma vez que a pesquisa explora uma via para uma produção de carne mais sustentável, essencial para sistemas alimentares a longo prazo.

As mudanças climáticas, principalmente o aumento das temperaturas, podem diminuir o conforto térmico e o desempenho animal e, consequentemente, aumentar a idade de abate e a emissão de carbono por produto animal. Estratégias que promovam alternativas para aumentar o conforto térmico animal serão cruciais. A presença de árvores tem se mostrado uma alternativa interessante para fornecer sombra aos animais em regiões tropicais, principalmente durante as horas mais quentes do dia.

Sobre a pesquisa

O trabalho completo pode ser acessado em: Silvopastoral system as a climate-smart alternative for beef production: Enteric methane emission neutralization and animal thermal comfort increase – ScienceDirect

Os autores são Henrique B. Brunetti, Patrícia Anchão Oliveira, José Ricardo Pezzopane, Alberto Bernardi, Alexandre Rossetto Garcia, Alexandre Berndt, André Pedroso e Sergio Raposo Medeiros, da Embrapa Pecuária Sudeste, além de Ana Lelis, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

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J&F ‘desengaveta’ projeto de R$ 25 bilhões para ampliar megafábrica

Projeto da segunda linha de produção da Eldorado, em Três Lagoas, está parado faz uma década e agora tudo indica que voltou a andar

Um mês depois do fim da disputa judicial bilionária que se arrastou durante quase oito anos com os indonésios da Paper Excellence, nesta segunda-feira (23) veio a público a informação de que Eldorado Celulose desengavetou um projeto bilionário e retomou as tratativas para aumentar em mais de 140% sua capacidade de produção na fábrica de Três Lagoas. 

Publicação do diário oficial do Governo do Estado revela que a empresa solicitou autorização ambiental para poder investir R$ 1,9 bilhão a mais na ampliação da capacidade de produção da fábrica que desde 2012 funciona em Três Lagoas. 

Ainda de acordo com esta publicação, a empresa está sendo autorizada a ampliar de 2,3 milhões para 2,6 milhões de toneladas a capacidade de produção de celulose de sua segunda linha de produção. A primeira tem capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas por ano. 

Conforme a Eldorado, o pedido de licenciamento foi encaminhado ainda em 2024, antes do fechamento do acordo no qual os irmãos Batista pagaram R$ 15 bilhões à Paper para recomprar quase 50% das ações da fábrica que haviam sido vendidas em 2017. 

Ou seja, conforme a empresa, a duplicação da linha de produção estava andando independentemente da disputa pelo controle da empresa.

E, caso realmente todos os investimentos saírem do papel, a empresa terá capacidade para produzir 4,4 milhões de toneladas de celulose por ano em um único endereço, superando inclusive a produção da Arauco, que em Inocência pretende produzir 3,5 milhões de toneladas por ano, mas em linha única. 

E por conta da previsão de investimento de R$ 1,9 bilhão no aumento da capacidade desta segunda linha, a empresa terá de repassar, a título de compensação ambiental, R$ 13,3 milhões ao governo de Mato Grosso do Sul, o que equivale a 0,7% do total,  para investimento em projetos de conservação ambiental

Este  valor de R$ 1,9 bilhão é somente uma parcela daquilo que será investido. Conforme anúncio feito em abril de 2023 por um dos sócios da Eldorado, Wesley Batista, a pretensão é investir em torno de R$ R$ 25 bilhões nesta segunda linha de produção. Se isto se concretizar, os repasses para compensações ambientais terão de totalizar R$ 175 milhões.

DESENGAVETAMENTO

A promessa de duplicação da indústria é algo antigo. Há exatos dez anos, em junho de 2015, chegou a ser lançada a pedra fundamental para construção desta segunda linha. Um evento na fábrica reuniu o então governador, Reinaldo Azambuja, a senadora Simone Tebet, políticos locais e representantes do comando do grupo J&F. Até agora, porém, o projeto está parado. 

Boa parcela dos R$ 25 bilhões será destina à ampliação da base florestal, que hoje já se estende por cerca de 250 mil hectares de plantações de eucaliptos em Três Lagoas e outros municípios da região leste de Mato Grosso do Sul. 

A previsão é de que no pico das obras, cuja data ainda não foi anunciada, sejam gerados até dez mil empregos diretos em Três Lagoas. Depois da conclusão da obra, serão gerados em torno de 1,5 mil empregos diretos. 

Além da fábrica e da base florestal, a empresa planeja a construção de um ramal ferroviário de 90 quilômetros de Três Lagoas a Aparecida do Taboado, por onde passa a ferronorte, pela qual a celulose é levada até o porto de Santos. Somente para construção deste ramal seriam necessários em torno de R$ 1,5 bilhão. 

VALE DA CELULOSE

Se a Eldorado realmente tirar do papel o projeto de elevar em mais de 140% sua capacidade de produção em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul atingirá a impressionante marca de produzir 16,5 milhões de toneladas de celulose por ano, o que superaria inclusive o volume de soja produzida no Estado.

O máximo que o Estado já produziu foi de 15 milhões de toneladas na colheita de 2023, quando pouco mais de 4 milhões de hectares foram ocupados pela leguminosa. As plantações de eucaliptos vão atingir em torno de 2,5 milhõe de hectares se todos os projetos virarem realidade.

Atualmente, a Suzano já tem capacidade para produzir 5,8 milhões de toneladas em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. A Arauco está investindo US$ 4,6 bilhões em Inocência a promete 3,5 milhões de toneladas anuais a partir do fim de 2027.

A Bracell prepara investimento de R$ 16 bilhões em Bataguassu numa fábrica com capacidade para 2,8 milhões de toneladas ao ano. A Eldorado, por sua vez, passaria a produzir 4,4 milhões de toneladas anuais. 

Informações: Correio do Estado.

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Como o Canopy Insight apoia o Suprimento sustentável de biomassa para o etanol de milho no Brasil

Integração da biomassa florestal no etanol de milho

A integração da biomassa florestal, especialmente do eucalipto, na produção de etanol de milho tem avançado rapidamente no Brasil. Usinas estão utilizando essa fonte renovável tanto para cogeração de energia quanto para o próprio processo produtivo do etanol, abrindo novas frentes para o setor florestal e exigindo maior inteligência no planejamento de suprimento.

Com a rápida expansão da produção de etanol de milho, a demanda por biomassa proveniente de florestas plantadas aumentou significativamente. Isso tornou o planejamento do abastecimento um desafio logístico e estratégico. Nesse contexto, informações precisas sobre a disponibilidade de plantios florestais próximos às usinas se tornaram fundamentais.

Avaliação da base florestal no entorno das usinas

Para apoiar esse desafio, a Canopy avaliou a área plantada e a disponibilidade de biomassa florestal no entorno de 47 usinas de etanol de milho no Brasil — incluindo unidades em operação, construção e planejamento. A análise foi baseada nos dados do Canopy Insight, nosso levantamento detalhado e continuamente atualizado das florestas plantadas, que hoje é referência no setor florestal.

Os resultados mostram que 28,8% da área total de florestas plantadas no Brasil em 2023 — cerca de 3 milhões de hectares dos 10,3 milhões mapeados — está localizada a até 150 km das usinas de etanol de milho. No entanto, ao considerar apenas os plantios não verticalizados e localizados em pequenas (≤ 4 módulos fiscais) e médias (4–15 módulos fiscais) propriedades rurais — que possuem maior potencial de comercialização para fins energéticos — essa proporção cai para 8% (823 mil hectares). Dentro desse universo, o eucalipto responde pela maior parte (59,8%), seguido de pinus (34,8%) e outros gêneros florestais (5,4%). A maior concentração dessa oferta está nas regiões Sul (68,4%) e Centro-Oeste (15,0%), totalizando cerca de 686 mil hectares.

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Demanda e oferta atual e projetada

Em 2024, as usinas da região Centro-Oeste — principal polo de produção de etanol de milho no país — produziram aproximadamente 5,9 bilhões de litros. Considerando um consumo médio de 800 kg de biomassa para cada 1.000 litros de etanol, a demanda estimada foi de 4,7 milhões de toneladas de biomassa. Por outro lado, avaliando somente os plantios de eucalipto com 6 anos ou mais no entorno dessas usinas, dentro do mesmo recorte de pequenas e médias propriedades não verticalizadas (30,8 mil hectares), as estimativas da Canopy apontam uma disponibilidade de 6,6 milhões de toneladas de biomassa florestal, o que indica um cenário de oferta suficiente, ainda que temporário.

A oferta futura de biomassa já dá sinais de pressão. Em 2025, os plantios de eucalipto com 6 anos, idade mínima considerada comercial para fins energéticos, somaram apenas 4,1 mil hectares, com um estoque estimado de 0,8 Mt. Mesmo considerando volumes remanescentes, a disponibilidade total não deve ultrapassar 1,9 Mt. Com uma produção estimada de 6,94 bilhões de litros de etanol de milho no Centro-Oeste, a demanda total por biomassa em 2025 pode chegar a 5,6 Mt. Embora o setor utilize uma combinação de fontes de biomassa, o exercício com base apenas no eucalipto revela um gap expressivo de 3,7 Mt. Esse cenário reforça a importância de se antecipar à escassez por meio de planejamento territorial e da expansão de plantios florestais, principalmente diante do ritmo de crescimento do setor e da perspectiva de aumento contínuo da demanda por biomassa.

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A solução Canopy Insight

Além da análise apresentada, o Canopy Insight oferece uma base robusta de dados geoespaciais que apoia empresas na prospecção de madeira, em estudos de mercado e no planejamento estratégico de suprimento. A plataforma cobre com alto grau de precisão as áreas de florestas plantadas no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, permitindo avaliar a oferta de biomassa para atender às demandas das indústrias de etanol, cogeração de energia e outras aplicações energéticas.

O Canopy Insight também permite realizar análises de aptidão de terras para expansão florestal, integrando camadas de informação como uso e cobertura da terra, relevo, clima, solos, infraestrutura logística, além de dados sobre desmatamento e embargos ambientais. Essa inteligência territorial é essencial para otimizar o suprimento, reduzir custos logísticos e garantir o abastecimento contínuo das empresas do setor de bioenergia.

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Quer entender como o Canopy Insight pode apoiar a sua estratégia de suprimento de biomassa e expansão florestal? Entre em contato com o time da empresa e agende uma conversa: comercial@canopyrss.tech.

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