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Senado debate impactos do crescimento da celulose no Leste de Mato Grosso do Sul

Prefeitos vão discutir as condições dos serviços públicos e infraestrutura nas cidades do Leste do Estado

A Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado Federal realiza, nesta terça-feira (25), uma audiência pública para discutir os efeitos socioeconômicos e ambientais do crescimento acelerado do Vale da Celulose, que reúne 12 municípios no leste de Mato Grosso do Sul. A região, que vive um ciclo de expansão de celulose, atraiu mais de R$ 75 bilhões em investimentos privados e caminha para ultrapassar 11 milhões de toneladas de produção ao ano, tornando-se um dos maiores polos de celulose do Brasil.

O estado responde atualmente por quase 24% da produção brasileira de celulose e, em 2025, o produto superou a soja como principal item de exportação sul-mato-grossense, movimentando US$ 1,44 bilhão no comércio internacional. O dado é destacado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que preside o debate, marcado para as 9h30 na Comissão. Foram convidados prefeitos da região, representantes dos ministérios da Saúde, Educação e Integração, além de órgãos estaduais e entidades ligadas ao setor florestal.

O setor que já ultrapassou a soja e a pecuária nas exportações do estado e vem redesenhando o perfil econômico e social do Vale da Celulose também é motivo de preocupação de ambientalistas que temem o impacto da produção de eucalipto nas bacias hidrográficas do Estado.

Se por um lado o crescimento acelerado, impulsionado por megafábricas de Suzano, Arauco, Eldorado e Bracell, transforma a economia das cidades da região, por outro lado traz impactos nesses municípios. Entre os quais, alta no preço dos imóveis, pressão sobre hospitais e escolas e um fluxo migratório que, em alguns municípios, aproxima o número de trabalhadores recém-chegados do total de moradores locais.

Em Três Lagoas, principal polo de celulose, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu cerca de 16 vezes em uma década, enquanto a população aumentou 13% entre 2021 e 2024. A geração de empregos mais do que dobrou desde 2010, contribuindo para que Mato Grosso do Sul tenha uma das menores taxas de desemprego do país, com salários 43% acima da média estadual.

Ao mesmo tempo, o avanço rápido aponta desafios que exigem soluções urgentes. Isso porque o preço dos imóveis pressiona famílias vulneráveis que são empurradas para áreas periféricas carentes de infraestrutura. A rede de saúde e o sistema educacional enfrentam sobrecarga, demandando investimentos imediatos, formação profissional e programas ambientais.

O parlamentar defende que o crescimento seja acompanhado de cidades planejadas, educação acessível, qualificação profissional, políticas habitacionais e compensações ambientais consistentes. Sem isso, afirma, há risco de transformar oportunidades históricas em desigualdades duradouras.

“Nenhum desenvolvimento pode ser desenhado sem ouvir as pessoas que vivem e trabalham no Vale da Celulose. Essa audiência é o espaço para isso”, disse.

Dessa forma, o debate deve analisar os impactos logísticos, sociais e ambientais da expansão, além das repercussões nacionais do setor. O senador destaca ainda a importância da indústria e faz questão de citar que o papel do Brasil na cadeia global de celulose contribuiu para que os Estados Unidos retirassem recentemente a sobretaxa de 10% aplicada ao produto brasileiro.

Informações: Campo Grande News.

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A nova fronteira da silvicultura: digitalização, carbono e valor compartilhado

Artigo por Roosevelt Almado.

Nunca esqueço a frase de um professor na universidade: “todo processo que não está ligado a um avanço tecnológico está fadado a desaparecer”. Ao longo dos anos, muitos exemplos cotidianos comprovam essa visão — um dos mais marcantes foi a transição das câmeras fotográficas convencionais de filme para a era digital.

Curiosamente, a própria empresa que criou a câmera convencional desenvolveu a tecnologia digital, mas não acreditou no seu potencial. A concorrente, por sua vez, rompeu com o “velho” para adotar o “novo” e protagonizou a adoção massiva da tecnologia digital. Esse fenômeno de substituição — do velho pelo novo — está no cerne do conceito de destruição criadora, em que o empreendedor assume papel central no processo de inovação (Joseph Schumpeter, 1961; Karl A. Jacoby 1962).

O setor florestal brasileiro: inovação em movimento

Felizmente, o setor florestal brasileiro conta com muitos casos positivos de inovação e incremento de desempenho. Vejamos alguns marcos atualizados:

  • Controle de pragas e doenças: a abordagem moderna conjuga genética, monitoramento via satélite/drones e bioinoculantes, ampliando a resiliência das plantações e reduzindo insumos químicos.
  • Diversificação genética e clonagem: avanços no melhoramento florestal permitiram ampliar o material disponível para clones de Eucalyptus spp. e Pinus spp., bem como introduzir tolerâncias a seca, frio e vento.
  • Produtividade e custo: o Brasil atingiu média de produtividade de ≈ 35,7 m³/ha/ano em florestas plantadas em 2025, posicionando-se entre os mais eficientes globalmente. Tridge+2ResearchGate+2
  • Valor da produção: em 2024, o valor da produção florestal no país atingiu cerca de R$ 44,3 bilhões, com aumento de 16,7 % sobre o ano anterior. Tridge
  • Expansão e regeneração: em 2024, as florestas plantadas totalizam mais de 10 milhões de hectares
  • Sustentabilidade, impacto social e ESG: as empresas florestais incorporaram pautas como restauração de áreas degradadas, rastreamento de cadeias de valor, certificação (como FSC FM/CoC) e maior diálogo com comunidades locais.

Da era dos incentivos fiscais à nova fronteira tecnológica

Nos últimos 30 anos, tanto o capital público quanto privado investiram fortemente em pesquisa e desenvolvimento florestal. Inicialmente, os incentivos fiscais ao reflorestamento/florestamento foram decisivos. Com a gradual redução desses incentivos a partir do final da década de 1980, emergiu uma nova dinâmica tecnológica para a silvicultura brasileira — conforme apontado por Antonangelo Bacha (1998).

O que mudou para 2025?

  • A agenda de P&D passou a ser mais orientada para eficiência (redução de custos, aumento de produtividade, qualidade, competitividade) e não apenas expansão de área.
  • A globalização e as mudanças climáticas deixaram de ser riscos apenas para se tornarem pilares de estratégia. A circulação de sementes, mudas e agentes bióticos, bem como a pressão por plantios resilientes ao clima e à água, exigem respostas inter e transdisciplinares.
  • A restauração florestal e mercados de carbono se somaram à cadeia produtiva tradicional, ampliando os modelos de negócio e exigindo rastreabilidade, certificação e transparência.

Convite à reflexão e ação

Por que falar de ciência, tecnologia e inovação hoje? A evolução global é clara: a população mundial continua a crescer, a competição por terra e água intensifica-se, e a pressão sobre os recursos naturais só aumenta. Para o setor de florestas plantadas, isso significa que a ciência + tecnologia deixam de ser um diferencial e passam a ser condição de sobrevivência.

Entre os desafios atuais que requerem resposta técnico-científica:

  • Doenças emergentes e insetos exóticos: a movimentação global de produtos vegetais exige monitoramento rigoroso, protocolos fitossanitários robustos e melhoramento genético/biotecnológico eficaz.
  • Adaptabilidade ao clima: materiais genéticos tolerantes à seca, ao frio, ao vento e à variação hídrica são essenciais — e devem incorporar ferramentas complementares, como bioinoculantes, nutrição sustentável, proteção biológica e mecanização inteligente.
  • Novos modelos de negócio: além da madeira, os valores ambientais, sociais e de restauração (bioenergia, bio-carbono, serviços ecossistêmicos) exigem que as empresas florestais e os produtores adotem estratégias integradas, de rastreabilidade e alinhadas a critérios ESG.
  • Pesquisa e cooperação em rede: cada vez mais, as demandas florestais exigem interação entre genética, ecologia, silvicultura, economia, e política pública — e devem operar em redes nacionais e internacionais.

Conclusão

O setor florestal brasileiro provou que, com foco, investimento e inovação, pode se posicionar mundialmente: alta produtividade, menor custo de madeira “posto fábrica” e respeito aos princípios de sustentabilidade. Contudo, a escala dos desafios é maior agora. Não basta mais “reflorescer” ou “plantar”. É preciso pensar em inovabilidade, ou seja, a fusão entre inovação e sustentabilidade — para que o setor não apenas sobreviva, mas lidere na próxima década.

A pergunta que fica é para onde vai a próxima onda de inovação? Aquela que vai além da mecanização e genética, e incorpora digitalização, rastreabilidade, integração em cadeias de valor e impacto social e ambiental?

A floresta que não acompanha a inovação está fadada ao desaparecimento. O futuro nos exige mais e agora.

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Integração entre lavoura, pecuária e florestas avança e reduz pressão por novas áreas

Sistema chega a todos os biomas, recupera pastagens e abre caminho para renda com carbono; ritmo de adoção ainda depende de melhores condições de financiamento

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema que combina lavouras, criação de gado e árvores na mesma área para recuperar o solo e aumentar a produtividade, já se espalhou por 17,4 milhões de hectares em todos os biomas do Brasil, segundo números do setor.

O fato de os sistemas integrados, mesmo que em diferentes níveis, estarem presentes no agronegócio brasileiro é sinal de que a técnica, além de maturidade, vem ganhando escala, afirma Rui Pereira Rosa, diretor da Rede ILPF. “É uma realidade consolidada. A ILPF é um fato, a partir dos resultados amplamente comprovados”, afirma o executivo, que participa do painel “O agronegócio na COP-30” no Estadão Summit Agro, realizado pelo Estadão e produzido pelo Estadão Blue Studio, nesta quinta-feira, 27, no Meliá Ibirapuera, em São Paulo.

A Rede ILPF — entidade que reúne instituições de pesquisa, empresas do agro e agentes de extensão — trabalha justamente para ampliar o uso dessas tecnologias. A organização apoia a capacitação de técnicos, forma multiplicadores, produz estudos e estimula o compartilhamento de práticas adaptadas às realidades regionais. O objetivo é acelerar a integração produtiva de áreas agrícolas e pecuárias, sempre com foco na recuperação do solo e na diversificação de renda.

“Usar a mesma área para múltiplas atividades recupera sua vitalidade. É uma tecnologia inteligente, que revigora aquilo que é o mais importante: o solo.” Segundo Rosa, a presença de culturas rotacionadas, palhada e árvores em uma mesma propriedade melhora a infiltração de água, eleva a fertilidade e reduz a erosão. “São processos que também reduzem o risco climático”, diz.

Para a pecuária, segundo especialistas, o impacto é direto: pastagens mais estruturadas e nutritivas encurtam o tempo de abate e diminuem custos com suplementação. Rosa observa que a qualidade dos rebanhos, sozinha, muitas vezes não resolve. “Falamos muito de genética, mas sem alimento e sem pasto de qualidade, o gado não vai para frente.”

Em alguns modelos, florestas plantadas também entram como fonte adicional de renda e estratégia de conforto térmico para o rebanho. As espécies podem ser nativas ou comerciais, a depender do local e do mercado. “O segredo é respeitar as características locais e as oportunidades da região”, completa.

A adoção cresce em praticamente todo o território nacional, segundo estudos da Rede ILPF. Embora Mato Grosso tenha participação expressiva pela extensão de suas áreas, sistemas integrados já aparecem nos seis biomas brasileiros, com arranjos que vão do clássico lavoura-pecuária até combinações com cacau, café, seringueira ou macaúba. “E, para pequenos produtores, a diversificação é uma das maiores vantagens, pois reduz a dependência de uma única fonte de receita”, avalia Rosa.

No caso da vegetação, além de poder servir de sombra para o gado — em casos envolvendo até espécies nativas —, as florestas plantadas, com exemplares muitas vezes exóticos, viram renda em sete a oito anos, quando são cortados para a exploração da madeira.

Ampliação esbarra em limitações
Apesar do avanço, a técnica ainda está longe de atingir seu potencial. O Brasil tem 159 milhões de hectares de pastagens, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), todos — em diferentes graus de qualidade — com possibilidade de conversão para integração.

São 58 milhões de hectares de pastagens boas, 66 milhões intermediárias e 35 milhões degradadas. “Todas as pastagens têm potencial para se transformar em áreas produtivas dentro do sistema”, afirma Rosa.

A distância entre o potencial e a área já convertida mostra o tamanho do desafio. Um deles é o investimento inicial, necessário principalmente para corrigir o solo. “O produtor vê o resultado e quer fazer, mas é preciso investimento, e aí entra o financiamento”, diz Rosa.

Embora existam linhas de crédito voltadas a práticas sustentáveis, o acesso ainda não é uniforme no País. Programas recentes do governo federal prometem ampliar esse apoio, mas a disponibilidade de recursos, os juros e a estrutura técnica local continuam determinando o ritmo de implementação.

Outro obstáculo é a cultura. A ILPF exige conhecimento técnico específico, acompanhamento e adaptação às condições locais. Por isso, a atuação de redes de extensão rural e entidades como a Rede ILPF é considerada decisiva. “O nosso papel é difundir e demonstrar que funciona. Quando o produtor vê o resultado, ele adere. Mas é um trabalho de mostrar na prática”, afirma.

Mesmo com essas limitações, a expansão tem ganhado intensidade. Segundo Rosa, o crescimento médio nos últimos anos, de acordo com dados preliminares, foi de 1,5 milhão de hectares por ano — tendência que deve se acelerar à medida que se fortalece a demanda por maior produtividade sem expansão sobre novas áreas.

O avanço de metodologias que investigam medições de carbono dos sistemas integrados, em um futuro próximo, pode ajudar a adicionar novas fontes de receita aos produtores, desde que os mercados de crédito de carbono se consolidem — o que pode vir a ser um legado da COP-30. “Quando você recupera uma pastagem, ela deixa de emitir e passa a sequestrar carbono. O desafio agora é transformar isso em crédito e levar renda ao produtor”, ressalta Rosa.

Com grande potencial de expansão e benefícios comprovados, a ILPF segue ganhando espaço como uma das principais estratégias do agro brasileiro para crescer de forma mais eficiente, resiliente e sustentável. Para Rosa, a equação é simples: “A força da ILPF é gerar renda de curto, médio e longo prazo. Mas, para crescer ainda mais, o produtor precisa de apoio e financiamento”.

O Estadão Summit Agro apresentará cinco painéis e talks que discutirão as transformações em curso no agronegócio diante da crise climática e das novas exigências ambientais. Saiba mais sobre a programação e como fazer a inscrição em summitagro.estadao.com.br/programacao/. O evento terá transmissão pelo portal do Estadão.

Informações: Portal Terra.

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Nova fronteira de eucalipto em MS tem capacidade de dobrar produção de celulose

Projeção indica expansão do plantio do Leste para o Alto Taquari; florestas ocupariam área do tamanho do CE

Mato Grosso do Sul caminha para abrir uma nova e robusta fronteira de florestas plantadas de eucalipto, ampliando de forma inédita o plantio do Vale da Celulose, no Leste do Estado. Hoje, a produção envolve 12 municípios numa extensão de terra da ordem de 7,8 milhões de hectares. A silvicultura começa a avançar para municípios do Alto Taquari, como Camapuã e Figueirão, situados mais ao Nordeste do Estado, onde o complexo industrial tem potencial para dobrar a área de produção para 13,5 milhões de hectares.

O cenário foi traçado pelo diretor-executivo da Reflore/MS, Benedito Mário Lázaro durante audiência pública no Senado para discutir o impacto da celulose nos municípios da região. A projeção representa a maior expansão territorial já estimada para a cadeia de base florestal sul-mato-grossense, que avança para além da área tradicional do Vale da Celulose.

Empresas do setor começam a atuar nesses novos municípios tanto para abastecer o polo industrial, especialmente a Arauco, em processo de implementação em Inocência — quanto para projetos de crédito de carbono, que ganham força no mercado global.

Superfície maior que a Nicarágua

“Há necessidade de aumentar esse raio. A capacidade de produção daqueles 11 ou 12 municípios gira em torno de 7,8 milhões de hectares. Agora, com a projeção para outros municípios, o potencial sobe para 13,5 milhões de hectares que poderão ser plantados com eucalipto”, disse Lázaro. A área total compreende de 14 a 16 municípios entre Leste e o Nordeste sul-mato-grossense. A título de comparação, as florestas ocupadas pela silvicultura _ quase a totalidade por eucalipto _ em Mato Grosso do Sul terão, conforme as projeções, cerca de 135 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 1,6% do território nacional e uma superfície maior que países como a Nicarágua ou igual a Estados como o Ceará.

Segundo Lázaro, são regiões marcadas pela degradação do solo, o que abre espaço para um grande potencial de recuperação ambiental. Ou seja, são áreas pobres para grãos, mas viáveis para florestas. O zoneamento agroecológico feito pela Embrapa Solos, em conjunto com o governo estadual, classificou a área como de alta vocação florestal por conta dos solos arenosos e quartzosos, além de condições do solo e clima favoráveis ao plantio de árvores. Para culturas como soja e milho, porém, a viabilidade é baixa devido à irregularidade de chuvas. “Como plantar soja que em 120 dias precisa ser colhida? Um veranico derruba a safra inteira.”

Na avaliação do executivo, a região é mais adequada para culturas agrícolas de ciclo mais longo, como eucalipto, seringueira e citricultura, que se adaptam melhor ao solo. Para Lázaro, plantar grãos ali exigiria estruturas caras de logística e armazenamento para uma área reduzida, o que torna a operação pouco competitiva.

Apesar da expansão territorial, não há, por ora, negociações para novos projetos industriais na nova fronteira, nem previsão de deslocamento de investimentos do Vale da Celulose para essa região. As áreas plantadas servirão para reforçar o abastecimento das fábricas atuais, sobretudo a Arauco, em Inocência, dentro do raio de alcance.

“Uma fábrica dessa, de R$ 25 bilhões a R$ 28 bilhões, permanece de 60 a 100 anos no mesmo local. São investimentos vultuosos, impossíveis de deslocar.”

Mesmo com a nova fronteira, o avanço da produção de celulose depende da demanda global. “A cada 18 meses ocorre um crescimento vegetativo da população, aumentando o consumo de fraldas, papel e outros produtos. A celulose está presente em mais de 5 mil itens. Alguns são nichos, mas outros têm grande volume. Então há uma demanda permanente , desde que haja mercado. E precisamos ser competitivos, porque outros países também produzem, e não podemos perder espaço. Temos áreas degradadas para recuperar, e isso é fundamental.”

Consumo em alta

O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), do governo estadual, Rogério Thomitão Beretta, afirma que o consumo de eucalipto para celulose deve mais do que dobrar nos próximos anos. O uso do eucalipto como fonte de biomassa — especialmente em indústrias de etanol de milho e secagem – também cresce de forma significativa.

Beretta apresentou o panorama do setor de eucalipto, que já representa 17% do PIB industrial do Estado. “Somos responsáveis por 24% da produção nacional de celulose”, disse ele em audiência pública no Senado Federal.

Mesmo como o avanço do setor, Mato Grosso do Sul – que possui três biomas (62% Cerrado, 27% Pantanal e uma pequena área de Mata Atlântica) – mantém 38% da sua vegetação nativa preservada.

No contexto de eventuais impactos ambientais, Beretta disse que o Estado monitora o uso e ocupação do solo de forma contínua desde 2010. “Identificamos mudanças importantes, como a redução de mais de 5 milhões de hectares de pastagem e o aumento das áreas de remanescentes nativos”, disse.

Dessa forma, a preocupação com a questão ambiental fica superada, uma vez que esses 5 milhões de hectares de pastagens “vêm sendo realocados para ampliar nossa produção de grãos, nossas florestas plantadas e a produção de cana. Isso comprova que temos um modelo de crescimento sustentável.”

Conforme Beretta, o Plano Estadual de Desenvolvimento Florestal, revisado em 2021/2022, estabelece ainda diretrizes baseadas no desenvolvimento sustentável, consolidação da cadeia de papel e celulose, diversificação da base florestal e fortalecimento da matriz econômica, com foco em competitividade. Além disso, o setor contribui fortemente para a meta estadual de carbono neutro até 2030.

Vale da Celulose

Liderado pelo Vale da Celulose, formado por 12 municípios, Mato Grosso do Sul é o segundo maior produtor de eucalipto do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais – por enquanto. “Esperamos alcançar essa liderança em breve.”

Segundo Beretta, o plantio de eucalipto já se aproxima de 2 milhões de hectares cultivados no Estado. “Temos 1.897.000 hectares de eucalipto, considerando também áreas de pinus e seringueira. Esse número vem das medições semestrais de uso e ocupação do solo; a última, em outubro, confirmou esse avanço.”

As árvores estão distribuídas entre Ribas do Rio Pardo (32%), Três Lagoas (21%), Água Clara (11%) e Brasilândia (10%), totalizando quase 1,7 milhão de hectares no Vale da Celulose.

A região concentra ainda as principais indústrias transformadoras. Além das fábricas de celulose, Água Clara hospeda ainda uma indústria de painéis e outras madeireiras com potencial de expansão.

O Estado também investe, paralelamente, no programa de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. “Somos o primeiro Estado na adoção dessa tecnologia, que combina agricultura, pecuária e floresta, diversificando a produção e fortalecendo especialmente a indústria de celulose”, disse Beretta.

Estima-se que o setor florestal tem capacidade de produzir 11 milhões de toneladas por ano, podendo chegar a 12 ou 13 milhões. “Hoje, 18 municípios têm operações florestais, somando mais de 20 mil empregos diretos, além da geração de 780 megawatts de energia renovável. Mato Grosso do Sul tem 94% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, apenas 6% fóssil”, disse.

Já o diretor de Relações Institucionais da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), José Carlos da Fonseca, afirma que a indústria investe em pesquisa para mitigar eventuais impactos do eucalipto, especialmente no uso intensivo de água. Segundo ele, nos últimos 40 anos o setor se desenvolveu muito no Brasil, em meio às polêmicas sobre monoculturas que poderiam afetar o balanço hídrico ou a biodiversidade. Esse conhecimento gerado em manejo florestal tornou-se tema de estudos em universidades e centros de pesquisa.

“Trabalhamos com um conceito de manejo conhecido como mosaicos de paisagem, em que intercalamos florestas cultivadas – monoculturais – com áreas de vegetação nativa. A silvicultura funciona como uma atividade agrícola: plantamos eucalipto, em grande parte das regiões onde atuamos – e também pinus –, da mesma forma que se planta café, tomate ou laranja, mas com todo o rigor científico, desde o melhoramento genético até a logística. Sem isso, não alcançaríamos a capacidade produtiva atual, que envolve o plantio de até 1,8 milhão de árvores por dia.”

“Investimos em pesquisa e desenvolvimento para que essas espécies sejam adequadas a cada microclima e microrregião do Brasil. Hoje, graças ao melhoramento genético, isso é plenamente possível, e certificações internacionais atestam esse processo. Assim, conseguimos produzir mais consumindo menos recursos.”

Informações: Campo Grande News.

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Nesta sexta-feira (28), Eldorado Brasil realiza processo seletivo em Andradina para Ajudante de Viveiro

Entrevista será realizada às 9h no viveiro da empresa; candidatos devem levar
documentos e currículo

A Eldorado Brasil, uma das empresas mais inovadoras e competitivas do setor de celulose, está com processo seletivo aberto para a posição de Ajudante de Viveiro em Andradina (SP). A oportunidade é voltada a candidatos que desejam atuar em uma das operações mais estratégicas da companhia, contribuindo diretamente para a produção de mudas e para o desenvolvimento sustentável da empresa.

O processo seletivo será realizado presencialmente no dia 28 de novembro de 2025 (sexta-feira), às 9h, no Viveiro Eldorado Brasil, localizado na Rodovia Marechal Rondon, km 641, Bairro Vila Messias, Andradina/SP.

Para participar, é necessário levar carteira de trabalho, documento original com foto e currículo atualizado.

Sobre a função

O profissional selecionado será responsável por apoiar todas as etapas da produção de mudas, desde a coleta, o estaqueamento e a seleção, até a expedição e a movimentação interna. Também fará parte da rotina o monitoramento de pragas e doenças nas áreas do viveiro. Além disso, o colaborador auxiliará em tarefas gerais de manutenção da operação, como o deslocamento de mudas e o carregamento e descarregamento de cargas, assegurando que as atividades fluam com segurança e eficiência.

A Eldorado Brasil busca candidatos que atendam aos seguintes requisitos:

  • Ensino fundamental, podendo ser incompleto a partir do 5º ano.
  • Disponibilidade para residir em Andradina/SP.

Como parte de seu compromisso com o bem-estar e o desenvolvimento de seus colaboradores, a empresa oferece um pacote de benefícios atrativo, que inclui assistência médica e odontológica, participação nos resultados (PPR), plano de previdência privada, café da manhã, refeição no local, vale alimentação e seguro de vida.

SERVIÇO – PROCESSO SELETIVO ELDORADO BRASIL

Função: Ajudante de Viveiro
Data: 28 de novembro de 2025 (sexta-feira)
Horário: 9h (horário de SP)
Local: Viveiro Eldorado Brasil – Rodovia Marechal Rondon, km 641, Bairro Vila Messias, Andradina/SP

Para saber mais, acesse: https://vagaseldoradobrasil.gupy.io/jobs/6945795?jobBoardSource=gupy_public_page

SOBRE A ELDORADO BRASIL CELULOSE

A Eldorado Brasil Celulose, é reconhecida globalmente por sua excelência operacional e seu compromisso com a sustentabilidade, resultado do trabalho de uma equipe qualificada de mais de 6 mil colaboradores. Inovadora no manejo florestal e na fabricação de celulose, produz 1,8 milhão de toneladas de celulose de alta qualidade por ano, atendendo aos mais exigentes padrões e certificações do mercado internacional. Seu complexo industrial em Três Lagoas (MS) também tem capacidade para gerar energia renovável para abastecer uma cidade de 2,1 milhões de habitantes. Em Santos (SP), opera o EBLog, um dos mais modernos terminais portuários da América Latina, exportando o produto para mais de 40 países. A Companhia mantém um forte compromisso com a sustentabilidade, inovação, competitividade e valorização das pessoas.

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