*Artigo por Thaís de Camargo Lopes.
A silvicultura é um segmento bastante consolidado no Brasil. De acordo com o mais recente relatório do Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá), em 2024 o país contava com 10,52 milhões de hectares da área plantada, sendo 8,1 milhões de hectares com eucalipto e 1,9 milhões de hectares com pinus. Já araucária e outras espécies, somadas, representam 500 mil hectares. Minas Gerais, hoje, é o maior produtor de eucalipto, com 2,2 milhões de hectares, e o segundo maior estado em área plantada é o Mato Grosso do Sul, com 1,5 milhão de hectares. Ainda segundo o relatório, o MS é, atualmente, o principal eixo de expansão da silvicultura no Brasil -dos 234 mil novos hectares, 80% estão no estado do Centro-Oeste.
Eucalipto e pinus são caracterizados por um ciclo de cinco a seis anos, o que representa um reflorestamento de cerca de 2 milhões de hectares anuais, já que a área plantada hoje é de pouco mais de 10 milhões. Contudo, os primeiros 150 dias são fundamentais para o desenvolvimento das árvores, porque é nesse período que ocorre a fase de estabelecimento das mudas. Nela, vários fatores determinam se a planta vai se adaptar bem e garantir um bom crescimento futuro, como formação do sistema radicular e alta vulnerabilidade a estresses bióticos e abióticos, como insetos, formigas cortadeiras, nematóides, doenças e plantas daninhas. Estas últimas, requerem um manejo bastante específico com herbicidas, para evitar que elas prejudiquem o crescimento da planta. Cada vez mais, os produtores florestais reconhecem a importância do investimento em herbicidas inovadores e tecnológicos.
Já que as invasoras competem por água, luz solar, nutrientes e espaço nesta fase inicial do reflorestamento, dificultando o crescimento das mudas e os tratos culturais, prejudicando o desempenho das máquinas e aumentando o risco de incêndios florestais em áreas com acúmulo de biomassa. Entre as principais estão: capim-brachiária (Brachiaria Decumbens) e brachiarão (Brachiaria brizantha).
A primeira é conhecida por sementes pequenas e leves, com alta capacidade de dispersão e de formar banco de sementes no solo, com agressividade durante o seu estabelecimento, sufocando mudas jovens, reduzindo drasticamente a sobrevivência das mudas de eucalipto e pinus nos primeiros meses, especialmente em solos mais pobres. Enquanto o brachiarão conta com sementes com alta persuasão no solo, potencial de exploração de água e nutrientes em camadas mais baixas e resistência à seca, favorecendo a entrada de pragas e doenças nas mudas. No entanto, a formiga é a praga que traz mais prejuízo à floresta e, para que haja o controle dos formigueiros, é necessário que os mesmos estejam visíveis e, para que isto aconteça, é preciso retirar as plantas daninhas do local.
Além do uso de herbicidas com alta eficácia no controle, que podem ter aplicação necessária até 120 dias pós-plantio das mudas, outras iniciativas são importantes para o estabelecimento das mudas nos primeiros cinco meses de vida: entre eles, podemos elencar o preparo adequado do solo, a correção de fertilidade, com uma adubação equilibrada e o monitoramento da área, para identificar se há a presença de alguma praga, doença ou invasora e já realizar o controle direto na planta.
No entanto, hoje, além da exigência do mercado por madeiras de melhor qualidade, a sustentabilidade está no centro das atenções do setor. Dessa forma, há uma demanda crescente por herbicidas que não sejam somente eficazes, mas que permitam a redução das doses por hectare para cumprir a mesma função dos defensivos tradicionais. Isto contribui para otimizar a logística e o armazenamento nas fazendas, já que, por ser mais concentrado, demanda menor volume de galões e reduz a quantidade de embalagens vazias a serem devolvidas.
Assim, o futuro da silvicultura brasileira passa pelo equilíbrio entre produtividade, tecnologia e responsabilidade ambiental. Investir em práticas de manejo adequadas nos primeiros meses do plantio e adotar herbicidas mais modernos e sustentáveis são passos fundamentais para garantir o pleno desenvolvimento das mudas, a redução de perdas e a oferta de madeira de alta qualidade, fortalecendo ainda mais a competitividade do setor florestal no Brasil e no mundo.
*Thaís de Camargo Lopes é Engenheira Florestal, Mestre em Agronomia com MBA em Gestão Florestal e Gestão de Negócios. É Gerente de Marketing Regional para Floresta e Pastagem na Corteva Agriscience.