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Com crescimento impulsionado pela celulose, Inocência anuncia obras de infraestrutura com apoio do Governo do Estado

Pavimentação e drenagem do Loteamento Zé Dias da Silva e do distrito São Pedro são prioridades para 2025

Diante dos bilionários investimentos no setor de celulose, o município de Inocência apresentou nesta terça-feira (24) os projetos de infraestrutura previstos para 2025, que contarão com o apoio e parceria do Governo do Estado. De forma imediata, ficou definido que serão realizadas obras de pavimentação e drenagem no Loteamento Zé Dias da Silva e no distrito São Pedro.

A definição ocorreu durante reunião com o governador Eduardo Riedel, por meio do programa MS Ativo. “Inocência recebe grandes investimentos privados, mas está sentindo na pele o processo acelerado deste crescimento. Chegou o momento de ouvir o prefeito e vereadores sobre as novas demandas, para definirmos os projetos principais. Vamos fazer por ordem de prioridade”, declarou o governador.

O prefeito Antônio Ângelo Garcia, o Toninho da Cofapi, apresentou os principais projetos e obras que o município necessita para acompanhar o novo ritmo de desenvolvimento. “Inocência só tem a agradecer tudo que o Estado está fazendo pela cidade. São investimentos importantes que levam resultados para a população. Com esta nova realidade, a cidade precisa de uma atenção especial”, afirmou.

O distrito São Pedro, um dos focos do plano de pavimentação, será atendido por meio de parceria direta entre Estado e Prefeitura.

A reunião contou ainda com a presença da senadora Tereza Cristina, dos deputados federais Geraldo Resende e Beto Pereira, dos deputados estaduais Paulo Corrêa, Rinaldo Modesto, Junior Mochi, Pedro Caravina, Jamilson Name, Zé Teixeira e Mara Caseiro, além do vice-governador Barbosinha e dos secretários estaduais Jaime Verruck (Semadesc), Guilherme Alcântara (Seilog) e Eduardo Rocha (Casa Civil).

Com os novos projetos, Inocência busca alinhar sua estrutura urbana ao desenvolvimento acelerado, garantindo qualidade de vida à população e suporte adequado aos empreendimentos que vêm transformando a realidade econômica da cidade.

Informações: MS Todo Dia.

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Agronegócio fornece 29% de toda a energia renovável do país, revela estudo do Observatório de Bioeconomia da FGV

Setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial

O agronegócio não é apenas um consumidor de energia, mas, sim, um dos principais fornecedores de energia renovável do país. O setor responde por cerca de 29% de toda a energia usada no Brasil – e, dentro do grupo das fontes renováveis, sua contribuição chega a impressionantes 60%, É o que revela o estudo inédito “Dinâmicas de Demanda e Oferta de Energia pelo Agronegócio” do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

De acordo com o coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório da FGV, Luciano Rodrigues, o agronegócio brasileiro sempre foi sinônimo de produtividade, exportações recordes e segurança alimentar. O estudo evidencia que uma nova dimensão se impõe desse setor: sua relevância estratégica na transição energética do Brasil.

“Esse protagonismo não se restringe à quantidade de energia limpa ofertada no País ou a presença dos biocombustíveis no setor de transporte – ele também se reflete nos destinos da bioenergia do agro, que se coloca como principal origem da matriz energética de vários setores industriais”, concluiu Rodrigues.

Sob a ótica da demanda, apesar de não figurar entre os países com maior intensidade energética, o consumo de energia pelo agro brasileiro requer alguma atenção, sobretudo pelo uso do diesel.

“O agronegócio no Brasil possui diversas características favoráveis para a utilização de energia limpa em toda sua cadeia produtiva: o clima tropical, a produção extensiva com menos irrigação, a elevada produtividade por hectare, mais de uma safra por ano, tecnologia e manejo adaptados às condições edafoclimáticas do país. No entanto, essa vantagem convive com uma vulnerabilidade: a dependência do diesel. Em 2022, 73% da energia usada diretamente na agropecuária brasileira veio de combustíveis fósseis, em especial o diesel. Isso torna o setor sensível a choques externos, como variações no preço do petróleo ou crises geopolíticas”, explica o pesquisador.

 Uso de energia por valor da produção agropecuária (GJ/USD1000)

O consumo de energia por valor da produção agropecuária é um indicador consolidado mundialmente para mensurar a eficiência energética e econômica do setor agropecuário, permitindo avaliar quanto de energia é requerido para gerar cada mil dólares (USD) de valor bruto da produção agropecuária.

Em 2022, o Brasil apresentou uma intensidade de uso de energia na agropecuária de 1,9 GJ por mil dólares de valor bruto da produção, patamar próximo à média mundial, estimada em 1,7 GJ/USD1000.

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No caso brasileiro, os resultados evidenciam uma vantagem competitiva moderada em termos de eficiência energética econômica, reforçando que o país consegue gerar valor agrícola com consumo energético relativamente eficiente ante países desenvolvidos. Contudo, permanecem desafios associados à melhoria da eficiência dos sistemas produtivos, especialmente em segmentos agroindustriais de menor valor agregado por tonelada produzida.

 Brasil fornecedor global de alimentos

Outro indicador analisado foi o de consumo de energia por valor da produção de alimentos, que mede a intensidade energética associada exclusivamente às cadeias agropecuárias voltadas à produção de alimentos.

Essa métrica é particularmente relevante no contexto das discussões internacionais sobre segurança alimentar e sustentabilidade, pois permite aferir a eficiência energética relativa ao fornecimento de alimentos para a sociedade.

Em 2022, o Brasil apresentou um consumo de 2,0 GJ de energia por mil dólares de valor da produção de alimentos, valor ligeiramente superior à média global (1,7 GJ/USD1000), mas inferior a diversos países produtores relevantes, como: Argentina (8,2 GJ/USD1000); Canadá (4,3 GJ/USD1000); Espanha (2,4 GJ/USD1000); e França (2,2 GJ/USD1000).

Esse resultado reforça o posicionamento do Brasil como fornecedor global de alimentos com eficiência energética relativamente competitiva, especialmente frente a países com sistemas produtivos altamente intensivos em insumos energéticos, como os países europeus.

O papel da Bioenergia na transição energética

A pesquisa revela ainda que o agronegócio é responsável por mais da metade da energia renovável usada no Brasil. Isso inclui o etanol da cana, o biodiesel da soja, o biogás de resíduos agropecuários, a lenha de florestas plantadas, a lixívia e outros subprodutos.

Sem essa contribuição, a matriz brasileira de energia renovável cairia de 49% para cerca de 20% – muito mais próxima da média global, que hoje gira em torno de 15%. A presença do agro diferencia o país das demais potências agroindustriais no quesito sustentabilidade energética.

No início dos anos 1970, a contribuição agropecuária à oferta energética apresentava elevada participação da lenha e carvão vegetal, que respondiam por mais de 40% da bioenergia do setor. Essa configuração começou a se alterar a partir dos anos 1980, quando a produção de derivados da biomassa da cana-de-açúcar se intensificou, impulsionada pela implementação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).

Entre 1988 e 2003, a participação da bioenergia do agronegócio na matriz nacional permaneceu relativamente estagnada, oscilando em torno de 20%. Houve, entretanto, crescimento expressivo da oferta de lixívia, que passou de 1,2 milhão para 3,7 milhões de TEP. Por outro lado, o desempenho da cana-de-açúcar foi impactado negativamente pela crise do etanol no final dos anos 1980 e pela oscilação da produção no período de desregulamentação do setor.

A partir de 2003, essa tendência foi amplamente revertida. As duas décadas seguintes foram marcadas por forte expansão e diversificação da agroenergia. A oferta de energia proveniente da cana quase triplicou, impulsionada pela popularização dos veículos flex-fuel e pela expansão da bioeletricidade gerada com bagaço de cana-de-açúcar. A produção de lenha e carvão vegetal também duplicou no período, refletindo o fortalecimento da silvicultura energética como atividade comercial. A lixívia, por sua vez, teve crescimento próximo a 300%, acompanhando a expansão da indústria de papel e celulose.

Em síntese, a trajetória da bioenergia agropecuária foi um dos pilares da transição energética brasileira. Esse protagonismo também se reflete nos destinos da utilização dessa energia limpa. Setores como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas já usam majoritariamente energia derivada da biomassa agropecuária. Em alguns casos, ela supera 70% da matriz energética industrial.

Consumo de bioenergia do agro por setores

O estudo também analisou, no período de 1970 a 2023, quais setores econômicos utilizam a bioenergia do agronegócio.

Historicamente, o setor industrial se consolidou como o principal consumidor da bioenergia vinculada ao agronegócio. No início da série, esse setor absorvia mais de 70% da oferta total dessas fontes, tendência que se estabilizou em cerca de 50% nas últimas décadas. Essa dominância reflete a intensa utilização de biomassa sólida (como lenha e carvão vegetal) e de subprodutos industriais (como lixívia) nos processos industriais térmicos, particularmente nos subsetores de alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas.

O setor de transportes desponta como o segundo maior consumidor da bioenergia do agro, com expansão significativa a partir da década de 1980, impulsionada pela introdução do etanol hidratado no contexto do Proálcool. Posteriormente, na década de 2000, observa-se uma nova inflexão ascendente com a institucionalização do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e o crescimento da frota flex-fuel. Esses movimentos estruturais consolidaram o etanol e o biodiesel como pilares da matriz energética do setor de transportes brasileiro.

Já o setor energético, responsável por autoprodução e cogeração de energia elétrica e térmica, apresentou um aumento importante na participação relativa da bioenergia do agro entre os anos 1980 e início dos anos 2000. Essa trajetória reflete a ampliação da geração elétrica a partir da queima de bagaço de cana nas usinas sucroenergéticas e da lixívia nas plantas de celulose.

A conclusão é que a bioenergia vinculada ao agronegócio não apenas contribui significativamente para a diversificação da matriz energética brasileira, mas está estrategicamente posicionada nos setores com maior consumo e impacto econômico. A centralidade da indústria, pautada especialmente pela presença das agroindústrias, e dos transportes como destinos principais dessas fontes evidencia que políticas públicas voltadas à expansão e à eficiência dessas rotas bioenergéticas podem ter impactos multiplicadores relevantes.

Metodologia

A análise no estudo teve como base empírica os dados disponibilizados pelo Balanço Energético Nacional (BEN), principal instrumento oficial de monitoramento da evolução da matriz energética brasileira. Além disso, foram utilizadas base de dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e as modelagens globais como o GTAP-Power (expansão da base de dados GTAP – Global Trade Analysis Project – com foco na eletricidade).

Informações: Notícias Agrícolas / Imagem destaque: divulgação.

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Incêndios destruíram 30 milhões de hectares de florestas em 2024

Pelo menos 30 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo no Brasil, em 2024, uma área 62% acima da média histórica, que é de 18,5 milhões por ano. O dado está no MapBiomas Fogo, lançado nesta segunda-feira (23) e parte da primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF), com números relativos ao período de 1985 a 2024.

O aumento das áreas queimadas em relação à média histórica ocorreu na maioria dos biomas. A Amazônia registrou a maior área queimada de toda a série histórica e foi o bioma que mais queimou: foram 15,6 milhões de hectares, um valor 117% acima da média.

No Pantanal, a extensão da destruição ficou 157% acima da média e, no Cerrado, 10%. As exceções ficaram por conta da Caatinga e dos Pampas, onde foram registrados decréscimos de 16% e 48%, respectivamente. No caso da Mata Atlântica, o ano de 2024 bateu recorde de destruição: a área afetada pelo fogo foi 261% acima da média histórica. Não por acaso, no ano passado, São Paulo concentrou quatro dos dez municípios com maior proporção de área queimada, todos no entorno do município de Ribeirão Preto, uma região predominantemente agrícola. São eles: Barrinha, Dumont, Pontal e Pontes Gestal.

Obtidos a partir do mapeamento das cicatrizes de fogo por imagens de satélite, os dados traçam o mais completo retrato da ação do fogo em todo o território nacional e revelam alguns padrões. Os incêndios são concentrados em um período curto do ano, em determinados biomas e, recorrentemente, nos mesmos lugares. O período de agosto a outubro responde por 72% da área queimada no país.

Série histórica

O Cerrado e a Amazônia são os biomas com maior ocorrência de queimadas nos últimos 40 anos, o equivalente a 86% da área incendiada pelo menos uma vez. De forma geral, 64% da área afetada queimou mais de uma vez entre 1985 e 2024.

“Essa primeira edição do RAF é uma ferramenta fundamental para apoiar políticas públicas e ações de gestão territorial do fogo”, diz a coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar. “Ao identificar os locais e períodos mais críticos, o relatório permite apoiar o planejamento de medidas preventivas e direcionar de forma mais eficaz os esforços de combate aos incêndios”.

Ao longo dos últimos 40 anos, 69,5% das queimadas no Brasil ocorreram em áreas de vegetação nativa, em um total de 514 milhões de hectares. No ano passado essa porcentagem foi ainda mais alta: 72%. Foram registradas mudanças na vegetação nativa mais afetada. Historicamente, a maior área de vegetação nativa queimada era de savana, com média anual de 6,3 milhões de hectares. Em 2024, no entanto, predominaram os incêndios em áreas de floresta, com 7,7 milhões de hectares – uma extensão 287% superior à média.

Os biomas com maior proporção de vegetação nativa afetada pelo fogo entre 1985 e 2024 foram Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal, todos com mais de 80% da extensão afetada. Em Amazônia e Mata Atlântica, o fogo ocorreu principalmente em áreas antrópicas (mais de 55%). No caso de Amazônia, pastagens respondem por 53,2% da área queimada no período; na Mata Atlântica, 28,9% da extensão queimada eram de pastagem e 11,4% de agricultura.

Informações: Amazonas Atual.

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Entidades promovem lançamento oficial da Campanha de Prevenção a Incêndios Florestais

Foi lançada no dia 12 de junho a campanha 2025 de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, idealizada pela Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), em parceria com diversas instituições e órgãos de entidades públicas e privadas.

“A campanha começa no período de seca no Paraná, que ocorre de junho a outubro, mas é uma preocupação contínua. Para o setor florestal, a prevenção a incêndios florestais exige a maior atenção, porque nosso patrimônio chega a 1,17 milhões de hectares de florestas plantadas, e envolve riscos não só às florestas, mas também aos animais e vidas humanas”, assinala Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).

Cartilhas serão divulgadas nas escolas

A edição 2025 da campanha traz como foco o protagonismo infantil como ferramenta de transformação social e ambiental. A ideia é trabalhar a conscientização desde a escola, formando crianças e adolescentes como multiplicadores de atitudes responsáveis.

“Educação é o que faz a diferença na campanha e estaremos divulgando a cartilha pelas escolas, explicando ao público jovem sobre o uso do fogo, onde qualquer descuido pode fugir do controle”, alerta Brun.

Dados do Corpo de Bombeiros mostram que houve uma queda de 40% nos primeiros quatro meses deste ano nos focos de incêndio no estado, reforçando o alerta para o período crítico, especialmente nos meses de agosto e setembro, quando a vegetação seca os eventos de geada ocorrem e a propagação do fogo é favorecida. O comandante do Corpo de Bombeiros Militar, Antonio Hiller, afirma que as regiões Norte e Centro-Sul do Paraná são as regiões mais críticas. “A região Norte pela temperatura elevada, propícia à ocorrência de focos de incêndio, e a região Centro-Sul que sofre em função da geada, a qual transforma-se em material seco e com mais perigo”, orienta.

Fogueiras em acampamento está entre os riscos de incêndio

Ele afirma que cerca de 90% dos incêndios têm origem humana. Por isso, é fundamental investir em campanhas educativas e em mudanças culturais duradouras. “O descuido das pessoas fazendo fogueiras em acampamentos, jogando bituca na beira da estrada, ou queimando lixo é algo que pode ser evitado e minimizado com a conscientização da população”, destaca Hiller.

A campanha é idealizada pela APRE Florestas com o apoio do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Embrapa Florestas, FAEP, Ibama/Prevfogo, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Instituto Água e Terra (IAT), Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, Governo do Paraná, Universidade Federal do Paraná (UFPR), ABIMCI, APEF, FUPEF, Associação Paranaense de Medicina de Animais Selvagens, Rede Nacional de Brigadas Voluntárias e Simepar.

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Florestas plantadas: a nova fronteira econômica no mercado de carbono

Historicamente associadas à produção de papel, celulose e madeira para construção, as florestas plantadas estão assumindo um novo protagonismo. Em meio à crescente pressão por ações efetivas contra as mudanças climáticas, essas áreas reflorestadas passaram a ser vistas como importantes sumidouros de carbono e fontes promissoras de créditos de carbono – instrumentos usados por empresas para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.

Combinando viabilidade econômica e impacto ambiental positivo, o modelo ganha força no Brasil. Espécies como eucalipto e pinus, cultivadas de forma sustentável, apresentam alta eficiência na captura de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. O carbono é armazenado na biomassa da planta – troncos, galhos, folhas e raízes – e, quando adequadamente mensurado e certificado, pode ser convertido em créditos negociados nos mercados voluntário ou regulado.

Uma floresta, duas fontes de renda

Mesmo sendo colhidas ao final do ciclo produtivo, as florestas comerciais continuam aptas a gerar créditos de carbono. O sequestro ocorre durante o crescimento das árvores, e os modelos de certificação consideram práticas de corte e replantio contínuos. Quando a madeira é utilizada em construções ou móveis, o carbono permanece estocado por décadas fora do ambiente florestal.

Isso significa que, além da venda da madeira, o produtor pode obter uma segunda fonte de receita: a comercialização de créditos de carbono. Em projetos bem estruturados, estima-se que esses créditos possam representar até 30% da rentabilidade total por hectare. É a integração entre conservação ambiental e retorno financeiro.

Caminho técnico e certificações

Para que uma floresta seja considerada elegível à geração de créditos de carbono, é necessário seguir protocolos rigorosos de certificação. Entre os mais reconhecidos mundialmente estão o Verified Carbon Standard (VCS), da Verra, e o Gold Standard, criado por organizações como o WWF. No Brasil, também ganham destaque o GHG Protocol, o Sistema Brasileiro de Registro de Emissões (SBRE) e certificações desenvolvidas por universidades e entidades técnicas nacionais, mais acessíveis para pequenos e médios produtores.

O processo inclui inventário florestal, cálculo de biomassa, auditorias independentes e registro em plataformas digitais. A regulamentação do setor está em expansão. O Projeto de Lei nº 412/2022, que institui o Marco Legal do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), está em discussão no Congresso e deve abrir as portas para o mercado regulado de carbono no país.

Escolha da espécie importa

Nem todas as florestas capturam carbono da mesma forma. Espécies de crescimento rápido, como o eucalipto, acumulam grandes volumes de biomassa em pouco tempo. Já o pinus se adapta melhor a climas mais frios. Florestas com espécies nativas, embora menos produtivas em volume, são valorizadas por seus benefícios ecológicos, como a restauração de áreas degradadas.

Como funciona na prática? Um exemplo de sucesso

Na região do Vale do Jequitinhonha (MG), um consórcio de pequenos produtores iniciou um projeto coletivo de reflorestamento com eucalipto certificado. Com apoio técnico de uma ONG, eles conseguiram a certificação VCS e, em três anos, venderam mais de 60 mil toneladas de CO₂ equivalente no mercado voluntário, arrecadando cerca de R$ 2,4 milhões. Além da renda extra, o projeto impulsionou a recuperação de nascentes e a geração de empregos locais.

Quem compra créditos de carbono?

Setores altamente emissores – como transporte, energia e indústria pesada – lideram a compra de créditos como forma de neutralizar suas emissões e atender compromissos ambientais. Companhias com políticas ESG (ambiental, social e governança) também utilizam os créditos para reforçar sua imagem e atrair investidores.

Plataformas de tecnologia climática e fundos de investimento sustentáveis enxergam nos projetos florestais uma oportunidade de impacto positivo e retorno financeiro a médio e longo prazo.

E os riscos?

A eficácia do mercado de carbono é tema de debate. Embora parte da comunidade científica alerte para o risco de “greenwashing” – quando empresas compensam suas emissões sem reduzir efetivamente sua poluição –, especialistas defendem que, quando bem estruturados, os projetos florestais oferecem benefícios concretos: captura de CO₂, recuperação ambiental, geração de emprego e renda.

No entanto, há riscos socioambientais relevantes: falta de regulamentação pode favorecer especulação, exclusão de pequenos produtores, grilagem e uso inapropriado de territórios tradicionais. É fundamental que os projetos sejam conduzidos com transparência, consentimento das comunidades e mecanismos de distribuição justa dos benefícios.

E os pequenos produtores?

Ainda dominado por grandes empresas, o mercado de carbono começa a se abrir para pequenos produtores rurais. Iniciativas como consórcios, cooperativas e programas de apoio técnico têm permitido a inclusão desses atores no mercado verde. Projetos coletivos possibilitam redução de custos com certificação e maior escala de atuação.

Governos e organizações do terceiro setor também têm papel fundamental no fomento e na capacitação técnica, garantindo que a transição ecológica seja inclusiva e socialmente justa.

Quer entrar nesse mercado? Veja por onde começar:

  • Buscar apoio de consultorias ambientais especializadas;
  • Realizar inventários florestais e estudos de elegibilidade;
  • Avaliar padrões de certificação adequados ao porte do projeto;
  • Estabelecer parcerias com cooperativas ou programas de fomento;
  • Manter registros detalhados para fins de monitoramento e auditoria.

Dados que revelam o potencial: florestas plantadas e créditos em números

O Brasil possui atualmente cerca de 10,4 milhões de hectares de florestas plantadas, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Apenas em 2023, esse setor foi responsável por 1,2% do PIB nacional, movimentando mais de R$ 130 bilhões. As principais espécies cultivadas são o eucalipto (76%) e o pinus (20%), com forte concentração nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia.

O mercado voluntário de carbono cresceu mais de 170% no Brasil entre 2020 e 2023, com destaque para iniciativas florestais. Globalmente, movimentou mais de US$ 2 bilhões em 2023. Estudos apontam que, com regulação adequada, a contribuição do setor ao PIB pode dobrar até 2030, superando 2,5%, com geração de empregos verdes e atração de investimentos internacionais.

Apenas as florestas plantadas podem capturar entre 30 e 50 milhões de toneladas de CO₂ por ano, representando bilhões em créditos no mercado internacional.

O futuro que se planta hoje

As florestas que antes produziam apenas madeira agora também “produzem clima” – e isso muda tudo. Combinando responsabilidade ambiental, inovação tecnológica e viabilidade econômica, a silvicultura brasileira se consolida como um pilar estratégico para o desenvolvimento sustentável do país.

Informações: APRE Florestas.

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