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São José dos Campos será sede do 4º Fórum Latino-americano de Florestas Urbanas em 2024

No último dia 20 de outubro, durante o 2º Fórum Mundial de Florestas Urbanas, realizado na cidade de Washington D.C, nos Estados Unidos, foi anunciada a escolha de São José dos Campos como sede do 4º Fórum Latino-americano de Florestas Urbanas, que ocorrerá em novembro de 2024.

A decisão foi recebida com entusiasmo pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), entidade responsável pela proposta de sediar o evento no Brasil. Durante a celebração em homenagem às “Tree Cities of the World”, promovida pela Fundação Arbor Day, a delegação brasileira, composta por membros da diretoria da SBAU e representantes de diversas cidades arborizadas do país, celebrou a escolha de São José dos Campos como anfitriã do fórum latino-americano.

O evento contará com o suporte da SBAU em parceria com a Prefeitura de São José dos Campos e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), destacando a importância e o prestígio que o município conquistou na área de arborização urbana.

Além do fórum latino-americano em 2024, São José dos Campos se prepara para sediar outros eventos de relevância na área nos próximos anos. Destacam-se o Fórum Paulista de Arborização Urbana, também em 2024, e os Congressos Brasileiro e Ibero-americano de Arborização Urbana, programados para 2025.

A cidade já recebeu pelo quarto ano consecutivo o selo do programa “Tree Cities of the World”, uma iniciativa promovida pela FAO em conjunto com a Fundação Arbor Day. Neste ano, 167 cidades de todo o mundo foram reconhecidas por seus esforços na promoção e preservação das áreas verdes urbanas.

No Brasil, apenas São José dos Campos e Campo Grande receberam o reconhecimento em todas as quatro edições do programa. Nesta última edição, mais 18 cidades brasileiras foram agraciadas, demonstrando o crescente compromisso do país com a arborização urbana.

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MS tem 6 fazendas selecionadas para disseminação de tecnologias de ILPF

No total, 18 propriedades em 3 estados foram selecionadas em projeto de difusão do sistema de integração

Após um processo de avaliação foram selecionadas  propriedades para participar do Projeto SustenAgro, que é financiado pela Land Innovation Fund e Executado pela Rede ILPF, que tem como objetivo promover a sustentabilidade na cadeia da soja nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. O projeto SustenAgro recebeu uma grande quantidade de inscrições de propriedades interessadas em se tornarem UDT (Unidades de Disseminação de Tecnologia).

Em Mato Grosso do Sul foram selecionadas 6 propriedades, dos produtores rurais: Marcileide Marques, Marilza Coelho de Lima Silva e Paula Pantalena (todas de Sidrolândia), Jonei Schirmann (de Guia Lopes da Laguna), Max Willian Alencar Da Silva (de Campo Grande) e Wilson Gomes Fortes (de Bonito).

Um estudo realizado em 2020 e divulgado pela Associação Rede ILPF constatou que Mato Grosso do Sul é o estado com maior área destinada aos sistemas integrados na produção agropecuária, seguido pelo Mato Grosso e Rio Grande do Sul. São mais de 3,1 milhões de hectares com integração lavoura-pecuária-floresta em diferentes configurações, mesclando dois ou três componentes de cultura no sistema produtivo.

As UDT (Unidades de Disseminação de Tecnologia) terão um papel fundamental na disseminação de conhecimento, inovação e melhores práticas agrícolas sustentáveis.

O projeto SustentAgro terá dois anos de execução e está estruturado em três pilares:

1) monitoramento de diferentes sistemas de ILPF, com o desenvolvimento de um protocolo de uso da terra e práticas sustentáveis, criando um banco de dados de emissões de carbono e gases de efeito estufa para a cultura da soja e promover discussões e treinamentos sobre mecanismos financeiros e negócios verdes;

2) promoção de oficinas, treinamento técnico e atividades de transferência de tecnologia para técnicos e agricultores sobre ILPF e agricultura digital;

3) desenvolvimento uma plataforma integrada com dados de monitoramento e verificação das cadeias produtivas da soja, abrangendo parâmetros e requisitos de sustentabilidade, incluindo cálculos de inventário de carbono e gestão de produtos ESG.

O objetivo é promover a ILPF como estratégia para a sustentabilidade rural, integrando diferentes sistemas de produção em uma mesma área, visando aumentar a produtividade na cadeia da soja.


O que é ILPF

A ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.

Esta forma de sistema integrado busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade, diversificando a produção e gerando produtos de qualidade. Com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas.

A ILPF é uma estratégia de produção que pode ser utilizada em quatro possíveis modalidades: integração lavoura-pecuária, integração lavoura-pecuária-floresta, integração pecuária-floresta e integração lavoura-floresta.

O que é a Rede ILPF

A Associação Rede ILPF é formada e co-financiada pelas empresas Bradesco, Cocamar, John Deere, Minerva Foods, Soesp, Suzano, Syngenta, Timac Agro  e pela Embrapa. Teve início em 2012 com o objetivo de acelerar uma ampla adoção das tecnologias de ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) por produtores rurais como parte de um esforço visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

A Rede ILPF atualmente apoia uma rede com 16 Unidades de Referência Tecnológica e 12 Unidades de Referência Tecnológica e de Pesquisa, distribuídas entre os biomas brasileiros e envolvendo a participação de 22 unidades de pesquisa da Embrapa.

Em 2018 a Rede ILPF transformou-se em uma associação. A nova estrutura jurídica visa ampliar a atuação do grupo e facilitar a entrada de novas empresas interessadas no projeto. A expectativa é que além do recurso destinado pelas empresas participantes, possa ser feita captação em fundos internacionais.

Nesta nova fase, a Rede ILPF continuará o trabalho de transferência de tecnologia, capacitação de assistência técnica e de comunicação que já vem sendo feito, buscando aperfeiçoá-lo. Além disso, terá foco na internacionalização, na agregação de valor por meio da certificação e na inovação.

FONTE: CAMPO GRANDE NEWS

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Setor florestal em MS é foco de oportunidades de trabalho para agronômos e engenheiros florestais

O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Rogério Beretta, da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) participou na quarta-feira (18) da abertura do VIII SIMFLOR – Simpósio Florestal Sul-Mato-Grossense. O evento foi realizado no Centro de Eventos do Sindicato Rural de Chapadão do Sul.
Beretta também proferiu palestra sobre “Oportunidades e desafios do setor florestal em Mato Grosso do Sul”“Participamos do simpósio florestal sul-mato-grossense (SIMFLOR) em Chapadão do Sul que é um evento que tem a realização conjunta e alternada da UFMS e da UEMS. Estivemos representando o secretário Jaime Verruck e o governador Eduardo Riedel. É importante ressaltar a participação maciça dos estudantes de agronomia e de engenharia florestal do campus da UFMS e de outras cidades”, ressaltou.

O secretário-executivo ressaltou durante sua apresentação as oportunidades e os desafios do setor florestal em Mato Grosso do Sul. “A palestra foi uma forma de mostrar a este público a realidade que Mato Grosso do Sul vive, em relação ao setor florestal e as oportunidades e os desafios que eles vão ter no início da carreira. Temos oportunidades que são muito grandes, dada a alta demanda de mão de obra do setor florestal”, acrescentou Beretta.

Participaram ainda da abertura oficial do evento, o diretor-presidente da FUNDECT, Márcio Pereira, além de representantes do CREA-MS, REFLORE-MS, Prefeitura Municipal de Chapadão do Sul, UEMS e UFMS).

Organizadores do evento, professores da UEMS e UFMS e o diretor da Fundect Márcio Pereira

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À sombra de um apagão florestal, Brasil pode ficar sem madeira para construção civil, alerta estudo

Madeira sólida é o termo usado na construção civil para se referir a um tipo de produto composto inteiramente por material lenhoso, sem ser misturado a outros insumos

Os cultivos florestais implantados em grande parte com incentivos fiscais existentes até a década de 1980 têm sido intensamente pressionados pelo aumento da demanda para a produção de celulose e geração de energia, deixando incertezas sobre a disponibilidade futura de madeira para a geração de cidades sustentáveis

O mais recente estudo publicado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) sobre o papel das florestas plantadas para suprir madeira sólida à construção civil alerta que o Brasil pode estar a caminho de um “apagão florestal” já nos próximos anos, o que poderá comprometer o desempenho do setor e forçar a substituição por materiais mais poluentes e com maior pegada de carbono, como o concreto. Nesse cenário, o país seguiria em uma direção contrária à tendência mundial de maior uso da madeira para a implantação de cidades mais sustentáveis.

Madeira sólida é o termo usado na construção civil para se referir a um tipo de produto composto inteiramente por material lenhoso, sem ser misturado a outros insumos. É utilizada em diversas aplicações, incluindo estruturas, revestimentos, pisos e móveis.

Segundo a pesquisa divulgada, o país passa por um momento de expansão da produção de celulose e papel, sendo esperada para os próximos anos a abertura de diversas unidades industriais para gerar tais produtos. Aliado a isso, o país experimenta também o aumento significativo na demanda por madeira para fins energéticos. Em contrapartida, o estudo aponta que a área sob cultivos florestais avança timidamente. No caso do pinus, essas áreas têm, inclusive, retrocedido nos últimos anos, conforme com o levantamento.

Com poucos investimentos em escala destinados a implantar cultivos florestais para a produção de madeira sólida, o Brasil pode sofrer um colapso no fornecimento desse material. Já a madeira oriunda de florestas naturais da Amazônia – que poderia fornecer madeira sólida, principalmente em centros urbanos importantes localizados no norte e nordeste do país –, tem perdido mercados devido à reputação de estar ligada à destruição de florestas e ao desmatamento.

Outro estudo do Imaflora – Acertando o Alvo 4 –, publicado no ano passado, já indicava questões reputacionais em relação à madeira da Amazônia e sua alegada relação com a exploração ilegal e o desmatamento, o que tem afastado os compradores preocupados com a conservação da maior floresta tropical do planeta. O quadro agora fica mais claro, mas não menos preocupante.

O estudo ‘Desafios e oportunidades para a produção de madeira sólida de cultivos florestais voltada ao desenvolvimento da construção civil brasileira’, desenvolvido pelo Imaflora é um esforço inicial para compreender as oportunidades e os gargalos da produção de madeira sólida a partir de florestas plantadas e os possíveis cenários futuros para a construção civil.

A pesquisa foi feita com base na coleta de informações cedidas por 40 especialistas de diferentes setores econômicos e técnicos do setor florestal ligado à silvicultura e ao mercado madeireiros no país. Foram analisados também os marcos legais existentes e vasta bibliografia. Além de traçar a atual conjuntura do setor, o trabalho pretende provocar o debate sobre o que falta para alavancar a cadeia da silvicultura voltada à produção de madeira para a construção civil no território brasileiro.

O estudo alerta que, provavelmente, a escassez de madeira sólida afetará não apenas os setores industriais de produtos estruturais, mas todos aqueles que dependem dessa base florestal. Há consenso entre os especialistas consultados de que existe uma carência de informações qualificadas sobre a base florestal para apoiar os segmentos econômicos no planejamento e na tomada de decisão de estratégias para atender ao mercado daqui para a frente.

O fato de os plantios florestais para a produção de madeira sólida serem considerados investimentos de longo prazo, com uma enorme incerteza sobre as projeções de preço futuro da madeira e de mercados dispostos a remunerar de modo atrativo o produtor ou investidor, corrobora para o cenário desfavorável no fornecimento de madeira para a construção civil.

A pesquisa também evidenciou a lacuna de estratégias e de planejamentos setoriais específicos para resolver este problema. “Investimentos de longo prazo necessários para a produção de madeira sólida carecem de previsibilidade, escalabilidade e mesmo de interesse setorial”, avalia Marco Lentini, especialista florestal do Imaflora e um dos autores do estudo.

Cidades sustentáveis

Para Maryane Andrade, consultora de mercados florestais do Imaflora, a alternativa mais provável para o setor, na ausência de madeira sólida, será empregar materiais de alta pegada ecológica e de carbono, a exemplo do concreto, priorizado nos projetos construtivos, relegando a madeira a uma posição de artigo de luxo em moradias de alto padrão.

Diante desse quadro, os autores advertem que políticas públicas e corporativas são necessárias para a expansão dos cultivos florestais em novos arranjos produtivos e modelos de negócios que estimulem a produção de madeira sólida, incluindo incentivos financeiros e fiscais em regiões-chave, além da implantação de programas de fomento florestal, especialmente junto a pequenos e médios produtores. Essas iniciativas, garantem, ajudariam a resolver passivos em relação ao Código Florestal e ainda abririam frentes para o uso de pastagens degradadas e a diversificação da cesta de produção rural.

Os autores também recomendam ações de conscientização e de comunicação junto aos mercados, uma vez que a madeira tem um estigma de não ser resistente e demandar muita manutenção – fora o problema reputacional.

Pesquisa, desenvolvimento e inovação são essenciais tanto do ponto de vista da silvicultura de espécies nativas quanto de exóticas. Tecnologias relacionadas a novos produtos voltados à construção civil também precisam ser ativadas para evitar que o apagão florestal se torne uma realidade no país, advertem os pesquisadores.

Acesse aqui o estudo completo:

https://www.imaflora.org/public/media/biblioteca/boletim_timberflow_14_desafios_e_oportunidades_para

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Bracell abre 50 vagas para motoristas CNH E em Três Lagoas e região

Vagas são para início imediato, com operações em fazendas de diferentes cidades de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás

A Bracell, líder global na produção de celulose solúvel, está com 50 vagas abertas para motoristas com carteira nacional de habilitação (CNH) categoria E para o transporte de madeira. As vagas são para atuação na região do município de Três Lagoas (MS), incluindo trechos que passam pelo sul do estado e também, por São Paulo e Goiás. O motorista precisa ter disponibilidade para, em alguns períodos do ano, morar em sistema de alojamento.

Além da habilitação, os candidatos devem ter comprovação de ensino fundamental completo. Serão feitos testes de direção, aplicados em propriedades na região de Três Lagoas (MS). Os benefícios oferecidos pela empresa incluem plano de saúde e plano odontológico estendido aos dependentes, farmácia, auxílio creche, transporte até o local de trabalho, vale alimentação e também, refeição durante o período de trabalho alojado.  E conta ainda com o benefício do prêmio de produção, remunerado conforme performance individual.

O motorista atuará em escala de regime 4×2, com pagamento de horas extras conforme previsto em legislação. As escalas são em horários fixos e cada motorista deverá rodar de 450 a 500 km por dia. A previsão de início do trabalho é imediata.

Para se candidatar, basta enviar seu currículo pelo WhatsApp (14) 99867-5413. Ou se preferir, faça seu cadastro no link de inscrição https://averis.wd3.myworkdayjobs.com/RGE/job/Banco-de-Talentos—Motorista-Trs-Lagoas-e-Regio_R155615 . O prazo para se candidatar é até 19/11/2023.

Sobre a Bracell

A Bracell é uma das maiores produtoras de celulose solúvel e celulose especial do mundo, com duas principais operações no Brasil, sendo uma em Camaçari, na Bahia, e outra em Lençóis Paulista, em São Paulo. Além de suas operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Cingapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos. www.bracell.com 

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Como a EUDR vai impactar o mercado de madeira?

Para CEO da WoodFlow, nova regulamentação europeia, que entra em vigor em meados de dezembro de 2024, é oportunidade para produtores brasileiros

O tema EUDR vem sendo amplamente debatido no Brasil e em outros países pois impacta na exportação de diversos produtos.  A expressão é uma sigla para EU Deforestation Free Regulation; essa regulamentação visa evitar que produtos importados pela UE sejam oriundos de áreas de desmatamento. Mas como a EUDR vai afetar o mercado de madeira brasileiro? Esse foi o tema de uma palestra do CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo, no congresso Florestas Online, realizado entre 16 e 20 de outubro.

Entendendo a EUDR

O foco principal da EUDR são commodities como cacau, café, óleo de palma e outros produtos vindos do agronegócio, como a madeira. “No caso da madeira, o Brasil é o segundo maior fornecedor europeu, ficando apenas atrás da China. Produtos oriundos das florestas plantadas – como celulose, papel e madeira –  representam cerca de EUR 15 bilhões em importações no bloco”, disse o CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo.

Impor uma regulamentação para zerar a compra de produtos oriundos de áreas de desmatamento é uma das formas que a União Europeia encontrou para contribuir na neutralização das emissões de carbono. Aprovada em junho de 2023, a EUDR entrará em vigor aproximadamente em dezembro de 2024, com um período adicional de seis meses para pequenas e médias empresas (PMEs) que precisarão cumprir as regulamentações até cerca de junho de 2025.

A EUDR vai classificar os países em níveis de risco (alto, padrão, baixo), com base em critérios como desmatamento, expansão agrícola, produção, compromissos climáticos e considerações de leis, transparência, direitos humanos e comunidades. Caso um importador europeu apresente uma não conformidade com o EUDR, haverá multas de pelo menos 4% do volume de negócios anual na UE e possíveis proibições temporárias de mercado em casos graves.

Qual o impacto da EUDR no mercado de madeira?

No caso da madeira, já há uma regulamentação em vigor que é a EUTR (European Timber Regulation), que será  substituída pela EUDR e vai proibir não só madeira ilegal, como também produtos de alto risco com o desmatamento. Na nova regulamentação, os exportadores precisam garantir que os produtos comprados pela UE sejam livres de desmatamento, sejam produzidos legalmente e não sejam oriundos de terras desmatadas após 2020.

Para comprovar todos esses pontos serão exigidas documentações dos fornecedores, incluindo análise da cadeia de suprimentos. E esse deve ser o principal impacto no setor de produtos madeireiros, segundo avalia Gustavo Milazzo. “Os produtores terão que manter alvarás e certificados sempre atualizados para comprovar a origem da terra, o manejo das florestas, a origem da madeira, entre outras frentes que envolvem o ambiental, social e governança das empresas”, acrescentou.

Do ponto de vista mercadológico, Gustavo avalia que haverá pouco impacto sobre o volume de exportações. Aliás, para ele, é uma oportunidade para as indústrias brasileiras. “Nosso setor é reconhecido mundialmente pelas boas práticas, por ter o clima ideal para o crescimento de árvores e, principalmente, por entregar produtos de qualidade. Por isso acredito que temos uma janela de oportunidade importante para nossos produtos”, destacou.

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Os Tony Stark´s florestais da vida real

Artigo de Sebastião Renato Valverde[i], Aléxia Penna Barbosa Diniz[ii] e Gabriel Browne de Deus Ribeiro[iii]


Apesar de toda riqueza em biodiversidade, recursos minerais e hídricos, extensão territorial agricultável e clima livre de cataclismas como terremotos, furacões e tsunamis, tem faltado competência no Brasil para transformar estas potencialidades em bem-estar para a sociedade. Por isso ele continua sempre em desenvolvimento e tratado como “país do futuro”, porém hibernando em “berço esplêndido”, já que o tal “futuro” há décadas virou passado.

Países com muito menos recursos e castigados por adversidades são melhores em qualidades de vida, tais como os nórdicos Finlândia, Suécia e a Noruega, o Japão, o Canadá, entre outros, que sofrem com catástrofes, invernos rigorosos e relevos íngremes. A competência que sobra para os gestores políticos de lá em superar as adversidades, falta nos de cá em aproveitar as benesses.

Um forte obstáculo para o crescimento do Brasil é sua burocracia repleta de cipoais de legislações ambiental e trabalhista e nas amarras das políticas tributária e fiscal que só contribuem para o avanço da desindustrialização que, apenas na década de 2010, a participação da Indústria no PIB sofreu uma redução de 33%. Exceto em agroindústria e celulose, os investimentos em novas indústrias têm sido pífios.

No âmbito político, as indústrias sofrem com as batalhas de narrativas evasivas entre capital e trabalho. Discussões que alimentam o distanciamento entre estas duas forças, quando, na verdade, o País precisa de união para alcançar um denominador comum entre ambas, dado que não são mutuamente excludentes e nem totalmente imiscíveis. Uma guerra de narrativas bipolar etérea que só dificulta o avanço da economia brasileira.

Empreender no Brasil é um desafio enorme, a começar pelo processo de abertura de empresa. É difícil abrir. Abrindo, fica difícil de manter. Mantendo, é fácil falir e complexo e oneroso de fechar. Muitas vezes, “nem tendo as manhas e nem com a ajuda de profissionais não entra não” porque a chance de sobreviver é pequena. O país não é para amadores. O que se tem é uma competição pela sobrevivência do negócio, tentando ir contra todas as possibilidades de fechamento e fracasso causadas pelas dificuldades inerentes ao país.

Além das barreiras tributárias – taxação de país da Europa em contrapartida de serviços públicos próximos dos da África -, observa-se ainda as alternâncias na governança do País dificultando o empreendedorismo, tornando-o um ato de teimosia. Se é ruim para empreendimentos em geral, pior para os de longo prazo como os florestais que vivem na gangorra da insegurança política, tributária e, principalmente, fiscal dado os juros mais estratosféricos do mundo a ponto de inibir qualquer investimento e mais ainda na produção florestal, haja vista que as taxas de retorno dela estão próximas das de aplicações financeiras de baixo risco, como a poupança, diferente das de alto risco dos projetos florestais.

  Para tal investimento de longo prazo, tem-se a incerteza de um futuro político-institucional que não vê com tanta clareza a necessidade de planejamento e de apoio do setor. As condições naturais ideias para o desenvolvimento da atividade florestal por vezes não é suficiente para investidores quando comparado a insegurança que permeia as atividades de silvicultura no tocante a política florestal – que é usada de forma a deturpar o que se espera de uma política florestal vindo do aparelho estatal. 

Exceto as indústrias florestais, nenhum produtor tem investido em novos plantios mesmo quando o preço da madeira atinja valores exorbitantes. Em nível de produtor independente, o investimento em florestas só ocorre se a atividade for derradeira na região e que ele consiga agregar valor à madeira, caso do carvão em Minas Gerais. Ao revés, só se o produtor for masoquista ou altruísta.

É graças ao carvão que as regiões montanhosas de minifúndios (Zona da Mata Norte e Rio Doce) e as secas no norte de Minas Gerais conseguem viabilizar a atividade no meio rural. Indubitavelmente quando o preço do carvão supera o break even point – em trono de R$250,00/mdc – o carvão vegetal remunera mais que muitas atividades agropecuárias. Imagine então o quanto ele remunerou quando atingiu valores próximos de R$500,00/mdc em 2022? Só que, mesmo com esta alta que teve o preço do carvão, os produtores que investiram na silvicultura em 2008 para cortar em 2015 foi só em 2018 que eles viram os preços superarem os custos. Mas, ai já era tarde. Três anos amargando prejuízos, aqueles que acreditaram em “plantar uns eucaliptos que é para modo de ficar rico” traumatizaram de forma que não o plantarão nem que a madeira valha ouro.

E se está difícil para os empreendimentos florestais em geral https://www.maisfloresta.com.br/as-pedras-edificantes-da-silvicultura-brasileira/, quiçá para os segmentos da cadeia do carvão vegetal, como das siderúrgicas (ferrogusa e aço) e das metalúrgicas (ferroligas e silício metálico).

Se já é um ato de resistência para os empreendedores em geral no Brasil, para estes é mais que isso, é de heroísmo rebelde. Como produzir frente a todos os obstáculos acima e, mais ainda, produzir ferrogusa, aço, ferroligas e silício metálico usando carvão vegetal contra o restante do planeta que o polui com o mineral. Algo surreal, enigmático, sobrenatural, dado a concorrência desleal para com o mineral que é importado, poluidor e que tem a comercialização internacional facilitada com crediário a juros baixos. Sem citar que não sofrem as penalidades das legislações ambientais e do código florestal.  

Se há algo que Deus duvida é esta concorrência do carvão vegetal com o mineral. Como pode o vegetal concorrer com o mineral que, mesmo tendo, aproximadamente, o mesmo PCI (Poder Calorífico Inferior), tem o triplo da densidade do vegetal, tem mais Carbono Fixo – sem se preocupar com a curva de carbonização da madeira -, ser o mais abundante mineral na Terra que, embora não renovável, quando pensa que acabará daqui a 200 anos, brota para mais 200.

Enquanto um (mineral) nasce pronto, basta extrair, o outro (vegetal) tem uma odisseia pela frente de quase 8 anos que vai dos 7 do plantio à idade ótima econômica de corte mais os meses de secagem depois de cortado e o de carbonização e transporte até a indústria. Transporte este feito 100% no modal rodoviário em containers/gaiolas ou em sacarias com os motoristas tendo que fazer malabarismo nas estradas para não tombar. E quando o transporte é em sacaria, aí os motoras são ninjas transportando cargas altas e trapezoidais. Qualquer vacilo, tomba na certa. Por outro lado, o mineral viaja tranquilo no balanço sonolento das marolas oceânicas e nos trilhos dos trens.

No que refere as emissões de GEE, enquanto o uso do carvão mineral emite 1750kg de CO2 por tonelada de gusa produzido, usando o vegetal há sequestro de 1848 kg de CO2. Apesar deste bônus ambiental para o planeta, o gusa “verde” não recebe qualquer sobrepreço no mercado e até então, nem preferência. Mas, tudo indica que em breve, pelo menos, preferencia ele terá. Quem sabe isso aliviará o ônus burocrático sobre a cadeia produtiva do carvão vegetal?

Não querendo fazer deste texto um “muro das lamentações”, mas é impossível não lamentar. Estes atores da cadeia do carvão vegetal sempre foram relegados, desde o trabalhador nas plantações florestais, passando pelo cortador da madeira, do carbonizador, transportador até o siderúrgico/metalúrgico. Imputaram neles a culpa pelos desmatamentos e o consumo do carvão de mata nativa. Culpa esta imprópria haja vista que não faz o menor sentido desmatar para fazer carvão, pois quem viveu, se é que ainda há quem viva do carvão de nativa mataria a “galinha dos ovos de ouro” se dela sobrevive vendendo os ovos.

Provavelmente diante de tanta pressão de órgãos e ONGs, alguns destes atores da família do carvão desistiram da atividade por não terem suportado sentimento de culpa injusto pelo desmatamento e, pior, ainda para aqueles que foram para o outro “plano da vida” carregando esta injustiça. Excesso de perseguição e preconceitos por usar este biorredutor. Quantos foram massacrados em audiências públicas e tiveram suas imagens expostas até em “lista suja”. Quantos tiveram que passar pela humilhação de responder processos na justiça e alguns sendo recluso, vítimas desta cultura carcerária impregnada no País.

Para os que ainda peregrinam na atividade saibam que algumas das Unidades de Conservação mineiras só existem porque outrora foram fazendas produtoras de carvão. Vide o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) em Araponga na Zona da Mata. Certamente se tal fazenda fosse de pecuária, o PESB não existiria nem em pensamento. A não ser que vaca comesse pau. Da mesma forma, o PESB também não existiria se fizesse carvão com capim.    

O fato é que os desmatamentos ocorreram e ocorrem, até de certa forma à luz da lei, para expansão da fronteira agrícola e que a tal lei que autoriza desmatar impõe a destinação econômica da madeira desmatada. Na maioria das vezes, o único destino desta era carvão vegetal. Entretanto, devido o histórico de perseguição dos órgãos ambientais, as empresas nem de graça o querem, mesmo que lícito. Ficando os produtores que tiveram autorização para desmatar sem ter como cumprir a obrigação legal da destinação econômica da madeira.

É tão raro encontrar alguém carbonizando com madeira de nativa, mas encontrando, não significa punir com poder de polícia. Há que saber se foi madeira oriunda de desmatamento ou manejo, autorizado ou não. Se autorizado, nada de errado. Se não, há que se avaliar se é problema de política ou de polícia. Considerando que em geral não se desmata para carbonizar, mas sim para agricultar, então se está desmatando só para carbonizar, tem que averiguar se é por motivo de sobrevivência pela crise socioeconômica persistente do país, não necessitando punir quem já vive punido socialmente. Se for problema de polícia, aí sim, todo rigor da lei é pouco.

Os atores do carvão que sobreviveram até aqui é porque são brutos mesmo, raízes. Foi por força própria, não por apoio público. Na verdade, pelo poder público foram expostos a própria sorte num cenário de juros altos, cobranças de taxas florestais questionáveis, dependências de autorizações dos órgãos para corte e transporte da madeira de plantações – embora para outro fim que não o carvão, o novo código florestal impôs apenas a comunicação ao órgão e não a autorização deste – e, reforçando, concorrendo deslealmente com o carvão mineral. Foram submetidos a própria sorte, soltos aos leões tendo que, por força de expressão, “matar um leão por dia”.

A esta sobrevivência num ambiente institucional totalmente inóspito e tendo que concorrer com seus similares internacionais da cadeia do carvão mineral, impõe afirmar que o problema do desenvolvimento do Brasil está mais na seara pública do que na privada. Ou seja, mais uma vez pontua-se como a atuação estatal é vista como uma preocupação do que uma fonte fomentadora.

Não se quer esconder nesta matéria os problemas que ainda persistem na produção, sobretudo do próprio carvão vegetal, e nem santificar os atores desta cadeia produtiva. Muito se evoluiu no processo de carbonização e nos fornos que, embora rústicos, foram automatizados com controles via supervisórios.

Cabe citar a evolução nos fornos retangulares com operação totalmente mecanizada em nível de médio e grandes produtores e a revolução na produção nos fornos fornalhas em decorrência do apoio do Projeto Siderurgia Sustentável em nível de pequenos produtores. Não pode deixar de mencionar as expectativas com relação as tecnologias disruptivas da carbonização via os reatores vertical e horizontal. Entretanto, ainda persiste no campo certa insalubridade na carbonização onde não se conseguiu a mecanização. Inclui-se também as operações de carga e descargas dos caminhões. São desafios que os persistentes professores e técnicos não se cansam de buscar a solução. Típicos brasileiros que não desistem nunca. A eles todo o respeito por jamais terem acreditado de que o uso da biomassa como fonte de energia era coisa de país pobre.

Vendo hoje a importância que o mundo dá a biomassa florestal, não imagina que a cadeia do carvão vegetal foi nocauteada e quase se sucumbiu com a crise financeira global de 2008. É motivo de orgulho vê-la se transformando de vilã para ser a cereja do bolo da siderurgia/metalurgia. Para quem no passado não queria a própria imagem atrelada a do carvão, hoje que estar na foto com ele. Os governos, federal e estaduais, precisam enxergar este diferencial da cadeia e apoiar e promover os produtos dela como o gusa, o aço, as ferroligas e o silício metálico para o mundo, pois o país é único e não tem competidores a altura.

Para finalizar, é paradoxal agradecer a cadeia do carvão vegetal por não ter cumprido as exigências absurdas dos artigos do velho código florestal de 1965 e da lei 5106/1966 que impunha o auto-abastecimento que só serve para distorcer e tornar ainda mais imperfeito o mercado de madeira. Se há mercado florestal tendendo a competição perfeita e que torna mais justo o preço da madeira deve-se ao carvão vegetal. Do contrário, predominaria o trágico monopsonismo.

Enfim, o país deve reverências aos atores do carvão vegetal por terem resistido e sobrevivido as ingratidões e obstáculos. Vocês sim, são os super-heróis, os verdadeiros “Homem de Ferro” ou, a caráter, os homens dos ferros (gusa e ligas) e do silício metálico. Enquanto o Tony Stark foi, apenas, um mero personagem das telinhas.

[i] Professor Titular do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (DEF/UFV), valverde@ufv.br.

[ii] Alexia Penna Barbosa Diniz, Bacharela em direito pela Universidade Federal de Viçosa e mestranda no DEF/UFV, alexia.diniz@ufv.br.

[iii] Professor Adjunto do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federa do Espírito Santo (DCFM/UFES), gabriel.d.ribeiro@ufes.br.

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