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Erva-mate é pauta de debate sobre mudanças climáticas

Fruto da parceria entre a Fundação Solidaridad e a Embrapa Florestas, estudo realizado no Paraná tem seus primeiros resultados apresentados, com destaque para temas como estoques de carbono e viabilidade financeira.

Como o cultivo de erva-mate pode se inserir na agenda de discussões sobre o clima? Quais os aspectos de planejamento financeiro importantes para a cultura? Como isso se relaciona? Esses foram alguns pontos discutidos com produtores e produtoras rurais e técnicos no 1º Encontro sobre sistemas produtivos de erva-mate: viabilidade financeira e estoques de carbono. O evento, realizado em Cruz Machado (PR), foi uma oportunidade para que o público conhecesse os primeiros resultados do estudo, realizado pela Fundação Solidaridad e a Embrapa Florestas, com apoio da prefeitura.

O estudo comparou dois sistemas de produção – pleno sol e sombreado – em quatro propriedades rurais no município. Para cada área analisada, foi feita a quantificação de carbono na biomassa da parte aérea da erva-mate e no solo, além  da análise da viabilidade econômica de cada tipo de cultivo. Nas análises realizadas, foram utilizadas informações sobre as tecnologias adotadas nos cultivos e aspectos econômicos.

“É possível aliar uma produção rentável de erva-mate com práticas sustentáveis”, destacou o Coordenador de Projetos da Fundação Solidaridad, Gabriel Dedini. “A erva-mate faz parte da sociobiodiversidade brasileira que movimenta a bioeconomia. Ela precisa ser reconhecida como protagonista na agenda climática. É possível trabalhar com geração de renda e fortalecimento de uma agricultura familiar dentro de uma modelagem de negócio aliada à sustentabilidade ambiental”, ressaltou.

Dedini compartilhou um pouco do trabalho de fortalecimento da agricultura familiar e incentivo a práticas
sustentáveis que a Solidaridad desempenha no setor ervateiro. Foto: Katia Pichelli


O pesquisador da Embrapa Florestas, Marcelo Francia Arco-Verde, apresentou os resultados do estudo focando na parte de viabilidade econômica da erva-mate dos dois sistemas de produção. Em sua palestra, ele ressaltou que o planejamento e o acompanhamento financeiro de todas as fases são fundamentais para o produtor tomar decisões de manejo e investimento. No estudo, ele analisou os fluxos financeiros e comparou com as formas de manejo de cada área, além da demanda de mão-de-obra, aspecto nem sempre levado em consideração pelos produtores. 

De acordo com os resultados obtidos, o pesquisador comentou que “cultivos a pleno sol são mais rentáveis financeiramente que os sombreados e, quanto maior o nível de sombreamento, maior a possibilidade do sistema se tornar inviável financeiramente”. Já a demanda de mão de obra é semelhante entre os ervais sombreados e a pleno sol. Por outro lado, o pesquisador ressaltou que “é necessário um equilíbrio: existem outros pontos que também devem ser considerados para uma recomendação, como aspectos sociais, ambientais e financeiros”.  As análises completas serão disponibilizadas em breve. Para este trabalho, Arco-Verde utilizou a planilha AmazonSaf, que é uma ferramenta gratuita para análise financeira de sistemas agroflorestais (clique aqui para acessar).

Em sua palestra, Arco-Verde abriu espaço para o depoimento de alguns dos produtores e produtoras
rurais que participaram do estudo. Foto: Prefeitura de Cruz Machado

Já para a questão da mudança do clima, assunto pouco conhecido do setor ervateiro, o pesquisador Marcos Rachwal, também da Embrapa Florestas, mostrou os resultados da análise do potencial da erva-mate em sequestrar carbono, tanto na parte aérea quanto no solo. “Muitas vezes pensamos que o carbono está imobilizado somente na parte aérea da planta, mas o solo é um importante armazenador de carbono e, quando um sistema produtivo está equilibrado, aumenta seu potencial de armazenamento”, disse. O principal recado do pesquisador é: um solo bem manejado e protegido contribui tanto na parte produtiva quanto na geração de renda e na sustentabilidade. “Por isso, análise de solo, nutrição e práticas de conservação são importantes. O solo é um dos bens mais importantes de uma propriedade rural”, alerta.

Para uma das produtoras presentes no evento, Sandra Soares, o recado foi essencial: “O que eu levo daqui hoje é a importância da conservação do solo. Como diz o meu pai sempre: ‘o solo é a nossa empresa, a nossa indústria’. Então, o melhoramento de conservação dele acontece desde as práticas de manejo do solo até a fertilização e análise do solo e da erva em si”, disse.

FIXAÇÃO DE CARBONO
O evento também contou com a participação de Ives Goulart e Josiléia Acordi Zanatta, ambos da Embrapa Florestas, e da Professora da Unicentro Daniele Ukan, responsável pelo Programa de Vocações Regionais Sustentáveis do Estado do Paraná, o VRS, desenvolvido pela Invest Paraná, órgão de captação de negócios do Estado vinculado à Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Serviços. Buscando interpretar de forma prática os resultados do projeto, com foco em melhores práticas de manejo e conhecimento dos sistemas de produção, Goulart apresentou tecnologias de produção de erva-mate que maximizam a fixação de carbono no sistema de produção ao mesmo tempo em que geram renda ao produtor. “É possível produzir erva-mate e carbono no mesmo sistema de produção, desde que se adote as tecnologias adequadas para isso, independente do tamanho do erval”, afirmou. 

Já Zanatta evidenciou a capacidade da erva-mate em contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e apresentou um trabalho que está em fase de validação: uma calculadora de carbono em cultivos de erva-mate. Com esSa tecnologia, os produtores e as produtoras rurais  fornecem informações sobre seus cultivos e a calculadora vai informar o potencial de sequestro de carbono, além de realizar outras análises, tais como o impacto de cada prática de manejo na emissão de gases de efeito estufa, auxiliando no gerenciamento da sustentabilidade do erval. “Em breve esta tecnologia estará à disposição do setor ervateiro e, com isso, esperamos reforçar ainda mais a participação da erva-mate nas discussões do clima”, ressaltou Zanatta.

Já a professora Daniele Ukan, da Unicentro/Programa VRS, destacou como a estruturação de políticas públicas é primordial para o desenvolvimento de cadeias produtivas, como é o caso da erva-mate. A professora tem realizado diversas oficinas junto a produtores de erva-mate no âmbito do VRS. Ukan percebe a aderência do Programa VRS com o projeto desenvolvido em Cruz Machado e aponta a possibilidade de alianças para promoção da erva-mate na região. 

PARANÁ 
De acordo com o Prognóstico Agropecuário de 2021, a produção de erva-mate está presente em 139 municípios do Paraná, somando 40 mil propriedades. A cidade de Cruz Machado é a principal produtora de erva-mate do estado, com quase 3,3 mil propriedades rurais, sendo que cerca de 90% cultivam o mate. Segundo o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município, Silmar Kazenoh, o destaque se dá pela produção com sombreamento dos ervais, que são cultivados sob o dossel da floresta com araucária, um ecossistema da Mata Atlântica no Sul do Brasil. Na ocasião, o prefeito de Cruz Machado, Antônio Luís Szaykowski, fez questão de apontar o importante papel da cultura para a cidade e também para o meio ambiente.

“Para nós, a erva-mate tem uma importância extraordinária. Na questão econômica, na geração de empregos diretos e indiretos…hoje o maior veículo de desenvolvimento econômico do município é a produção de erva-mate. Ainda mais agora com a questão da sobrevivência dos seres vivos no planeta, assim como a temática do oxigênio e do gás carbônico”, disse.

Desenvolvido no âmbito do projeto Erva-Mate Brasil, executado pela Fundação Solidaridad com parceria técnica da Embrapa Florestas, Emater/RS e Ascar e apoio da Leão Alimentos e Bebidas e da Coca-Cola Brasil, o 1º Encontro sobre sistemas produtivos de erva-mate: viabilidade financeira e estoques de carbono aconteceu em Cruz Machado no último dia 8 de dezembro. 

Fonte: Embrapa Florestas

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Brasil passa a contabilizar carbono de produtos florestais madeireiros

  • Um estudo da Embrapa Florestas deu origem ao levantamento inédito de emissões e remoções de carbono de produtos florestais madeireiros (PFM).
  • Os PFM são definidos como produtos manufaturados após a colheita da madeira.
  • Uma das conclusões foi a de que produtos com a matéria-prima de florestas plantadas causaram uma remoção de 50,7 milhões de toneladas de CO2 atmosférico, 3,5% do total de emissões do Brasil.
  • Apesar de pequeno, quando comparado a de outros países, esse valor é deduzido da conta final de emissões brutas, o que é estratégico para o País.
  • Para o cálculo foram considerados produtos em uso e em locais de eliminação de resíduos sólidos.
  • Graças ao apelo ambiental, madeiras com tecnologia sustentável começam a ser priorizadas na construção civil.

Um estudo inédito da Embrapa Florestas (PR) começou a mensurar os dados de acúmulo de carbono em produtos florestais madeireiros (PFM), como madeira serrada, painéis de madeira e papel e papelão, bem como resíduos descartados desses materiais. O primeiro levantamento foi elaborado em 2020, utilizando o ano de 2016 como referência, e contabilizou 50,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente no País. O número obtido, apesar de ser considerado ainda pequeno, quando comparado a outros países, representa 3,5% do total de emissões de gases de efeito estufa (GEE), e é deduzido da conta final de emissões brutas, o que pode ser cada vez mais estratégico para o Brasil.

Esses dados foram incluídos no Inventário Nacional de GEE enviado à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). O relatório, publicado a cada cinco anos, apresenta um panorama sobre a implementação no País da chamada Convenção do Clima e tem como um dos principais componentes a revisão e atualização do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa (GEE) não Controlados pelo Protocolo de Montreal.

Cadeia produtiva da madeira na Klabin. Telêmaco Borba, 13.09.2010 ./ Foto: Rodolfo BUHRER / La Imagem.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Florestas Luiz Marcelo Rossi, responsável pela coordenação do relatório sobre a remoção dos PFM, a metodologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC-2006) estabeleceu modelos, cálculos e dados de referência, como, por exemplo, a densidade de cada madeira considerada e o teor de carbono dos produtos. “A madeira é composta por carbono em cerca de 50%, assim todo PMF, como um móvel, um livro, uma tábua contém carbono que foi retirado da atmosfera pelas árvores. Dessa maneira o carbono permanece armazenado no produto até que inicie a decomposição e consequente emissão e CO2 após o uso.

Assim, a produção e uso de PMF é uma forma de aumentar a remoção de CO2 da atmosfera contribuindo para redução dos efeitos das mudanças climáticas”, afirma Rossi. A contribuição dos produtos florestais na remoção de CO2 representa cerca de 13% das emissões brutas do setor Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF).

Berneck
Produtos contabilizados
Os dados brutos de produção madeireira são obtidos do banco de dados estatísticos da Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e usados nos cálculos do carbono dos produtos florestais. O banco de dados possui informações desde 1961, com atualizações periódicas. “Para o cálculo das estimativas de carbono, considera-se a produção e as perdas de madeira anuais, além do descarte dos produtos em uso e a taxa de decomposição da madeira, a qual emite CO2 para a atmosfera, obtendo-se assim o balanço de carbono desses produtos a cada ano” explica o pesquisador.

Para a estimativa final do estoque de carbono dos produtos florestais madeireiros é considerada a produção de toras que se destina a vários processos industriais, exceto madeira e carvão, já que, pela metodologia do IPCC, essas categorias geram emissão imediata de carbono. “A madeira em tora produzida pelos plantios é transformada em três tipos principais de produtos industriais: produção de papel e papelão, painéis, chapas e laminadose madeira serrada.”, acrescenta Rossi. Os produtos são contabilizados até essa etapa de processamento, apesar de a madeira seguir por outros processos de transformação como, por exemplo, painéis que viram móveis, papéis para confecção de livros e madeira serrada para construção de casas.

Perdas e cálculos

Após serem colhidas, as toras geram resíduos, que são descartados e, portanto, não considerados na conta do carbono estocado, como por exemplo, galhos, pontas, raízes e cascas, além das perdas no processamento industrial da madeira.

Para os cálculos de carbono nos produtos, pela metodologia do IPCC, considera-se o tempo de meia-vida de cada produto, sendo dois anos para os de papel e papelão e 30 anos para a madeira sólida (serrada)  e painéis de madeira. A medida de meia-vida significa que ao final daquele tempo, o produto terá somente metade do carbono que possuía no momento da fabricação ou retirada da floresta. Para cada ano decorrido desses produtos, contabiliza-se também a perda natural do carbono que é emitido pela decomposição. E todos esses produtos são adicionados à conta, os novos, os já existentes e os descartados, que ficam em decomposição em aterros e lixões, ou que são reaproveitados/reciclados.

Segundo o guia metodológico do IPPC, as estimativas de carbono em produtos florestais podem ser feitas por três diferentes abordagens (mudança de estoque, fluxo atmosférico e de produção), cabendo a cada país, decidir qual a mais adequada para elaborar seu inventário de emissões. Isso porque cada uma delas é influenciada pelas características de produção, consumo, exportação e importação de produtos florestais de cada país. A abordagem utilizada pelo Brasil para a estimativa da contribuição dos produtos florestais madeireiros é a de fluxo atmosférico, que favorece os grandes países produtores e exportadores de produtos madeireiros.

Acúmulo e emissão 
O gráfico acima mostra a contribuição dos produtos florestais madeireiros para o setor de Agricultura, Florestas e Uso do solo (Agriculture, Forests and other Land Use – AFOLU). A remoção de CO2, promovida pelos PFMs aumentou muito com o passar dos anos. De 1990 a 2016 a remoção anual variou de -11 milhões a -50 milhões de toneladas, segundo a abordagem de fluxo atmosférico. O valor negativo retrata justamente que houve remoção de carbono da atmosfera por parte desses produtos.

Construções mais sustentáveis

O aumento do número de produtos florestais madeireiros, além de estratégico para o País no balanço final de emissões, é um fator que está atrelado a políticas mais sustentáveis, que incentivam o uso da madeira. “A madeira é um bem renovável, em substituição a outros materiais, principalmente na construção civil na qual tem dupla função: além de armazenar o carbono nas estruturas de madeira, também substitui o aço e o concreto, produtos com grande emissão de CO2 na produção”, pontua o pesquisador.

A utilização da madeira em construções é uma prática milenar e muito comum na atualidade, sendo utilizada há várias décadas por países como Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Chile, e países escandinavos, entre outros de regiões mais frias. No Brasil (São Paulo e Paraná) também já existem construções modernas feitas de madeira, que usam tecnologia sustentável.  Atualmente, a busca por materiais mais sustentáveis e de menor impacto ambiental – que reduzem a emissão de resíduos e o consumo de água – tem se tornado uma tendência global, o que coloca a madeira em maior evidência no mercado da construção.

A madeira engenheirada passa por processos industriais que otimizam seu desempenho para uso na construção civil e tem sido usada na composição de prédios com dezenas de andares como, por exemplo, o de 85 metros, localizado na Noruega. Há países, como a França, que deram um passo além, ao tornar obrigatório, a partir de 2022, o uso de materiais naturais, como a madeira, em pelo menos 50% dos edifícios públicos financiados pelo estado. Seu objetivo é continuar a melhorar o desempenho energético e o conforto dos edifícios, reduzindo ao mesmo tempo o impacto de emissão de gases de efeito estufa, durante toda a sua cadeia produtiva.

A tecnologia embutida na madeira engenheirada sendo usada nas construções atuais traz muita inovação, minimizando as vulnerabilidades da madeira comum. O processo construtivo atual oferece materiais em madeira com maior potência, durabilidade, segurança e resistência a insetos.

“Nas últimas décadas, priorizamos o uso de tijolos e cimento na construção, o que levou à diminuição da oferta de madeiras de florestas nativas. Culturalmente, casas de madeira passaram a ser vistas como casas mais simples ou pobres. Essa tendência começa a se reverter com avanços na arquitetura de madeira e no desenvolvimento de novos sistemas construtivos, com peças industriais”, diz Erich Schaitza, chefe-Geral da Embrapa Florestas.

Schaitza enfatiza que cada vez mais o mundo tem acordado para a madeira como material construtivo de qualidade e com emissões menores do que as de outros materiais. “Daqui para frente, vamos ter que pensar em balanços de gases de efeito estufa em todas as nossas atividades e construir casas de madeira de forma sustentável, o que implica manter mais florestas produtivas e armazenar carbono nas estruturas das casas. Estudos como este, que contabilizam o carbono nos produtos florestais madeireiros, evidenciam o lado positivo de se usar madeira”, aponta. 

Fonte: Embrapa Florestas

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Projetos socioambientais brasileiros evitam emissão de CO2 equivalente ao sequestro realizado por mais de 1 bilhão de árvores em 2022

As iniciativas conduzidas pelo Programa Petrobras Socioambiental estão relacionadas a ações de restauração florestal e geração de renda

Em um cenário em que as emissões globais de CO2 têm atingido taxas recordes, o Brasil contribuiu com a não emissão de cerca de 147 milhões de toneladas de CO2 ao longo de 2022, o equivalente ao que mais de 1 bilhão de árvores nos seus primeiros 20 anos poderiam sequestrar. Estes resultados foram alcançados graças a cinco projetos patrocinados pelo Programa Petrobras Socioambiental da linha de Florestas. Com atuação em diferentes biomas brasileiros, as iniciativas têm como objetivo principal a restauração de ecossistemas, regulação do clima e geração de renda de forma sustentável. São elas: Florestas de Valor, Viveiro Cidadão, Raízes do Purus, No Clima da Caatinga e Semeando Água.

Os resultados das ações dos 5 projetos referência em florestas estão disponíveis no relatório anual 2022 lançado em março deste ano. Em destaque, está o Florestas de Valor, projeto realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) que contribui com a fixação de carbono e com a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) por meio da implantação de sistemas produtivos sustentáveis, como Sistemas Agroflorestais e roça sem fogo, na Amazônia. Em 2022, o projeto apoiou a implantação de 30 hectares de novas áreas manejadas com sistemas produtivos sustentáveis, o que contribuiu diretamente com a fixação ou não emissão de cerca de 28 mil toneladas de CO2 equivalente durante o período entre 2014 e 2022.

Além disso, o projeto também oferece apoio à estruturação de cadeias de produtos da sociobiodiversidade, contribuindo com a conservação da Floresta em Pé. “Com as técnicas e métodos que aprendemos durante as atividades do projeto consegui melhorar minha produção, tanto do meu SAF-Cacau quanto do meu pomar. Minha propriedade está bem mais organizada e agora a gente consegue aproveitar tudo que temos aqui, inclusive para fazer caldas que ajudam a melhorar o solo”, conta Maria Helena Gomes, agricultora de São Félix do Xingu, no Pará. No ano passado, as ações de manejo de produtos florestais não madeireiros contribuíram com a conservação de 176 mil hectares de áreas de florestas, na qual estima-se um estoque de carbono de 15 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Ainda na Amazônia, o Viveiro Cidadão, realizado pelo Ecoporé, desenvolve em Rondônia um trabalho pioneiro para o bioma: o desenvolvimento da educação inclusiva de crianças com deficiência. Por meio do projeto, um jovem cego teve contato com vários elementos da natureza pela primeira vez no jardim sensorial Gaia Amiga, idealizado pela Associação Semeando Letras e Cidadania do município de Rolim de Moura (RO).

O projeto Viveiro Cidadão contribui com a fixação de carbono através da implantação de Sistemas Agroflorestais e recomposição vegetal de ecossistemas, promovendo a restauração produtiva de áreas degradadas. Desde seu primeiro ciclo, em 2013, até o ano de 2022 foram 452 hectares de áreas implantadas, com uma contribuição estimada de mais de 46 mil toneladas de CO2 equivalentes fixados. “Pra mim foi bom demais, uma das melhores coisas na minha vida e na vida da minha família. Esse projeto me deu mudas de árvores, que plantei em volta do rio e hoje nasceu um rio e uma floresta. Pra gente, foi tudo de bom, porque era um rio sem vida e hoje você anda lá e a água é pura”, Dorival Pessato, agricultor.

Em 2022, o Raízes do Purus, por meio do apoio à vigilância e a iniciativas de manejo sustentável em seis Terras Indígenas localizadas no sul do Amazonas, na região do arco do desmatamento, contribuiu para evitar as emissões de cerca de 316 mil toneladas de CO2 para a atmosfera por meio das atividades de conservação florestal direta. No mesmo período, as ações do projeto, realizado pela OPAN, propiciaram a manutenção de um estoque, em conservação indireta, de mais de 130 milhões de toneladas de carbono armazenado nas florestas sob influência da iniciativa.

Já na Caatinga, o projeto No Clima da Caatinga promove a conservação das terras, florestas e águas do bioma nos estados do Ceará e Piauí, com o intuito de contribuir com a mitigação dos efeitos do aquecimento global. Com atuação na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), a iniciativa, realizada pela Associação Caatinga, identificou que cada hectare da RNSA estoca cerca de 266 toneladas de CO2, ou seja, uma vez que a Serra das Almas tem 6,3 mil hectares, a reserva estoca mais de 1,6 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Em comparação, essa quantidade representa o total de gás carbônico emitido por mais de 1 milhão de habitantes de São Paulo durante um ano.

O projeto mudou a vida de pessoas como a dona de casa Antonia Elisabete de Sousa Soares, de Buriti dos Montes, no Piauí: “a gente carregava água na cabeça. Aí, com o passar do tempo, os invernos foram diminuindo e as águas acabaram. Acabaram as cacimbas. A gente ia até ao chafariz para buscar água. E eu já cheguei, muitas vezes, a convidar meu marido para procurar um local que tivesse mais água, que fosse mais fácil, mas aí Deus é tão bom que mostrou essas pessoas no meu caminho e esse projeto maravilhoso (nesse momento Elisabete sorri, olha para trás e aponta as mãos em direção ao reservatório), e tá aí essa linda cisterna cheia de água para mim”, conta.

A atuação dos projetos se dá também na Mata Atlântica com o Semeando Água, que contribui para a segurança hídrica de 7,5 milhões de pessoas que vivem na região metropolitana de São Paulo, Campinas e Piracicaba. Desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), o projeto busca reverter o cenário encontrado de 60% de passivos ambientais em Áreas de Preservação Permanente (APPs). Em 2022, implantou 30 hectares de restauração com previsão de implantação de mais 25 hectares neste ciclo. Considerando apenas essa ação, o potencial de sequestro de carbono é de mais de 8 mil toneladas de COem 10 anos ou quase 23 mil toneladas de COno médio e longo prazo.

Todos os projetos são realizados com patrocínio da Petrobras, sob o guarda-chuva do Programa Petrobras Socioambiental. O programa tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento de parcerias, o fortalecimento de vínculos e a geração de benefícios mútuos, favorecendo o respeito aos direitos sociais, ambientais, territoriais e culturais das comunidades e populações locais.

Os investimentos socioambientais da Petrobras na temática Florestas atuam como uma das frentes de ação em resiliência climática, por meio do qual a companhia reafirma seu interesse em superar os desafios relacionados ao seu negócio referentes à transição para uma economia de baixo carbono. A carteira com foco em Florestas é dinâmica e, em 2022, contou com 22 projetos em execução. Esses projetos geram benefícios importantes para mitigação das mudanças do clima. As ações de recuperação vegetal e de reconversão produtiva levam à remoção líquida de carbono da atmosfera, por meio da remoção do CO2 da atmosfera pela vegetação para produção de biomassa.

Para mais detalhes sobre os resultados dos projetos, acesse: https://www.imaflora.org/public/media/biblioteca/relatorio_florestas_de_valor_2022_final.pdf

Fonte: Imaflora

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Cresce a mobilização de entidades para equidade de gênero no setor florestal

GÊNERO NÃO É ATESTADO DE CAPACIDADE

Historicamente o setor florestal tem características predominantes masculinas. Isto, porém, não é uma condição. O aumento do número de mulheres no setor vem sendo registrado, ano após ano. A ascensão de mulheres em postos de liderança e o aumento da remuneração média das trabalhadoras também é fato, mas ainda está longe de ser uma igualdade.

Algumas frentes vêm atuando com o foco em equilibrar esta conta e melhorar as condições de trabalho das mulheres no setor florestal. Um bom exemplo é a Rede Mulher Florestal, uma associação independente, criada para promover a discussão para equidade de gênero no setor florestal. Mulheres e homens, profissionais e estudantes, pessoas físicas e jurídicas, todos são bem-vindos para debater e fazer parte da solução.

“A pessoa mais qualificada para liderar não é a pessoa fisicamente mais forte. É a mais inteligente, a mais culta, a mais criativa, a mais inovadora. E não existem hormônios para esses atributos”, afirmou a escritora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adiche. A citação está no “Panorama de Gênero do Setor Florestal”, que teve a segunda edição lançada pela Rede Mulher Florestal em 2021.

O documento levantou questões relacionadas à participação feminina no setor florestal a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), dos Indicadores Genéricos Internacionais (IGI) do FSC® e dos WEPs – Princípios de Empoderamento das Mulheres – Igualdade Significa Negócios.

O estudo mostrou que, apesar de um pequeno crescimento em relação ao ano anterior, o setor ainda é predominantemente masculino. Em 2021, dentro de um universo de 90 mil pessoas que atuaram no setor florestal, a proporção foi 81% de homens para 19% de mulheres. Em 2020 estes números eram: 87,3% (homens) e 12,7% (mulheres). Um dado que chamou a atenção na pesquisa em 2021, é que apenas uma área, a de viveiros, tem a maioria feminina (51,4%).

Já quando o foco da pesquisa são cargos, dois deles (diretoria de RH e diretoria de Sustentabilidade) tem a maioria feminina; 56,2% e 66,7%, respectivamente. Todos os outros, (ao todo 15 foram listados) são compostos por homens em sua maioria. 

Mariana Schuchovsk

Florestar São Paulo engajada na causa

Entre as políticas de gestão adotadas pela Florestar São Paulo recentemente está fomentar a equidade de gênero no setor florestal. Como parte da estratégia veio a recente inclusão da associação no quadro de associadas da Rede Mulher Florestal. “A associação da Florestar à Rede Mulher Florestal foi recebida por nós com muita alegria! Ter uma associação que representa uma fatia expressiva do nosso setor, traz uma importante contribuição para o alcance da nossa missão: discutir gênero promovendo o respeito à diversidade e a igualdade de oportunidades para as mulheres no setor florestal, comenta Mariana Schuchovski, presidente da Rede Mulher Florestal. “Temos a certeza de que esta será uma parceria que produzirá excelentes frutos para ambas as organizações”, conclui ela.

Fernanda Maria Abilio

Na diretoria-executiva da Florestar, desde setembro de 2021, está uma mulher. A engenheira florestal Fernanda Maria Abilio, tem sólida experiencia no setor, que incluem mais de 12 anos, passando de trainee a cargos de coordenação na Eucatex, empresa associada à Florestar São Paulo.

“Em meus 15 anos de atuação no setor, acompanhei a evolução da inclusão feminina nos mais variados cargos dentro da cadeia produtiva florestal, que ainda é predominantemente masculina. Vejo que as empresas trabalham empenhadas em suas governanças para promover a equidade de gênero no setor florestal. E nós, da Florestar São Paulo, apoiamos iniciativas e oportunidades neste sentido”, afirma a diretora.

O documento “Panorama de Gênero do Setor Florestal 2021” está disponível para download no site da Rede Mulher Florestal (www.redemulherflorestal.org).

Foto Mariana: Divulgação/Rede Mulher Florestal

Foto Fernanda: Divulgação/Florestar São Paulo

Fonte: Florestar São Paulo

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