Taxação dos EUA frustra setor produtivo de MS e ameaça exportações de carne e celulose

Medida entra em vigor em 1º de agosto e pode gerar perda de mercado, queda de investimentos e pressão sobre preços

A taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos frustrou o setor produtivo de Mato Grosso do Sul, que vinha celebrando o aumento nas exportações para o país. No primeiro semestre de 2025, os EUA foram o segundo maior destino dos produtos sul-mato-grossenses, ficando atrás apenas da China.

Dados da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS) mostram que, entre janeiro e junho de 2025, o estado exportou US$ 315,9 milhões em produtos para os EUA — aumento de 11% sobre o mesmo período de 2024.

Carne bovina, ferro fundido e celulose — que compõem mais de 80% das exportações de MS para os EUA — estão entre os produtos mais afetados pela nova tarifa. Só as carnes bovinas desossadas e congeladas representaram 45,2% do total exportado neste ano, somando mais de US$ 142 milhões.

A indústria de celulose também demonstra preocupação. De janeiro a junho, as exportações de pasta química de madeira para os EUA ultrapassaram US$ 1,7 bilhão — alta de 65,2% em relação ao mesmo período de 2024.

Segundo Aldo Barigosse, analista de comércio exterior, a perda de competitividade é um dos principais impactos da nova taxação, podendo provocar efeitos em cadeia na economia estadual. Ele explica que, diante do aumento tarifário, parte da carne bovina deverá ser redirecionada a outros mercados, o que pode aumentar a oferta no Brasil e no exterior.

O analista alerta para possíveis impactos na mão de obra e nos investimentos, caso as indústrias comecem a perder mercado. “Podemos ter impacto na mão de obra dessas indústrias e menor investimento, se elas começarem a perder mercado. São reflexos negativos que tendem a atingir o setor produtivo”, alerta.

Com a entrada da medida prevista para 1º de agosto, representantes do setor produtivo e economistas acreditam que ainda há tempo para o Brasil negociar com os EUA e tentar reverter a nova tarifa.

Em abril, o governo Trump já havia elevado tarifas, impondo ao Brasil uma taxa extra de 10% sobre produtos exportados. O valor foi considerado razoável, por estar entre os menores entre países parceiros. Mesmo assim, o Brasil buscava negociar para reverter a medida. Até agora, os EUA fecharam acordos apenas com o Reino Unido e o Vietnã.

Marcelo Bertoni, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), reforçou a urgência da negociação.

“Recebemos uma taxação infundada, que vai trazer pra nós, provavelmente, alguns problemas. Principalmente hoje, os frigoríficos, por exemplo, já saiu das compras, então sabemos como vai abrir o mercado, porque estão fora da compra. Provavelmente só vai abrir mercado na semana que vem com preço bem abaixo do que estava sendo praticado”, afirma.

Barigosse acredita que a pressão empresarial deve crescer para que o Brasil avance nas negociações com os EUA. “Quando entra um produto mais caro pro mercado americano a gente gera também inflação naquele país. O nosso produto chega mais caro lá. O setor produtivo empresarial vai subir o tom para que o governo brasileiro sente com o governo americano para negociar e chegar a um acordo.”

Informações: G1.

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