A Suzano estimou vendas de celulose produzida em sua nova fábrica de celulose no Centro-Oeste, apelidada de Projeto Cerrado, de 700 mil toneladas em 2024, afirmaram executivos da companhia nesta sexta-feira, em apresentação a investidores.

A empresa mantém expectativa de ativar a nova fábrica em junho do próximo ano. Atualmente, as obras estão 78% concluídas, segundo a apresentação.

O volume a ser produzido em 2024 pela fábrica deverá vir a mercado no quarto trimestre do ano. A capacidade da unidade, que abriga a maior linha de produção de celulose de eucalipto do mundo, será de cerca de 2,55 milhões de toneladas por ano.

A fábrica, que quando ficar pronta vai ocupar uma área semelhante à da cidade próxima em que foi instalada no Mato Grosso do Sul, Ribas do Rio Pardo, terá um custo de produção de cerca de 500 dólares por tonelada durante a ativação e estrutural previsto de 400 dólares.

O diretor de celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, afirmou durante a apresentação, que novos projetos de celulose sendo planejados na Ásia não preocupam a companhia uma vez que, segundo ele, não há disponibilidade de madeira na região para atender a demanda de todos eles.

Segundo Grimaldi, a companhia está vendo uma entrada de pedidos “extremamente saudável” vinda de clientes na China em outubro, algo que também tem se mostrado válido para novembro.

Outro fator que dá confiança à companhia sobre a sustentabilidade de reajustes recentes de preços de celulose está na grande série de paradas para manutenção anunciadas de maneira inesperada este ano, que devem atingir uma capacidade global de 3 milhões de toneladas, disse Grimaldi.

“Desde agosto, na Europa, temos visto encomendas de papel se recuperando e isso é o primeiro sinal de fim do ciclo de desestocagem”, disse Grimaldi. “A China tem publicado números muito sólidos, dois dígitos de crescimento sobre um ano antes em produção de papel”, afirmou.

Depois de ter atingido a condição de ser a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, analistas questionaram a companhia sobre a possibilidade de a Suzano avançar com frentes de produção em outros países. Atualmente, a companhia está toda concentrada no Brasil.

O presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka, afirmou que uma internacionalização da companhia, quando ocorrer, representará uma “mudança de cultura” para o grupo, que tem apostado em uma série de vias de crescimento futuro baseadas na celulose, incluindo produção de têxteis e monetização de créditos de carbono.

“Acreditamos que não podemos cometer erros em alocação de capital, os valores que vamos investir no internacional vão representar riscos pequenos para nós”, disse Schalka sem dar detalhes financeiros ou prazos. Segundo ele, a companhia não vai investir em outros mercados se não garantir que será capaz de escalar os negócios e obter diferenciação em relação à concorrência.

“Escala é muito importante para nós. O segundo fator é diferenciação. Se não tiver nenhum tipo de diferenciação não queremos estar no negócio”, disse Schalka. “Não vamos crescer internacional apenas por crescer. Se não tivermos diferenciação, não vamos estar nesses mercados.”

Para se diferenciar da competição, a Suzano inclui distribuição e marcas próprias. Na véspera, a companhia anunciou investimento de 650 milhões de reais na construção de sua sétima fábrica de papeis sanitários. No segmento, a empresa opera com a marca Neve, que segundo o diretor da área permite à empresa cobrar um “prêmio” de 20% a 30% no preço do produto.

“Ainda tem muito valor a ser criado no mercado brasileiro de ’tissue'”, disse o diretor de bens de consumo da Suzano, Luis Bueno, durante a apresentação.

Já na frente de papéis e embalagens, o diretor da área, Fabio Oliveira, disse que a Suzano observa oportunidades “orgânicas e inorgânicas”.

Em celulose fluff, usada em produtos como fraldas e absorventes, a Suzano está apenas na “primeira fase” de crescimento, disse Schalka, se referindo ao investimento de 490 milhões de reais também anunciado na véspera para expandir a capacidade da empresa de fabricação do produto para 340 mil toneladas.

O volume é bem pequeno para uma empresa do porte da Suzano, mas é “escalável”, disse Schalka, que vê a celulose de eucalipto avançando sua participação para 30% a 40% do mercado hoje praticamente dominado pela fibra longa, derivada de pinus.

Segundo os executivos da companhia, o mercado global de celulose fluff tem potencial de atingir 7,8 milhões de toneladas em 2027, um crescimento anual de 4,2% ante os 6,4 milhões de 2022. Atualmente, de acordo com a Suzano, cerca de 80% do mercado global é atendido por apenas três fornecedores localizados na América do Norte e 48% da demanda está na Ásia.

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