A navegação interior está praticamente inativa hoje no modal aquaviário gaúcho. Conforme informações do Sindicato dos Armadores de Navegação Interior dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul (Sindarsul), até à noite desta quarta-feira (8), apenas a celulose produzida pela CMPC estava usando a hidrovia indo de Guaíba para Rio Grande.
“O único fluxo hidroviário que está operando é o que envolve a carga da celulose, a madeira não está sendo buscada (matéria-prima que, em situações de normalidade, vem pela hidrovia de Pelotas até Guaíba)”, detalha o diretor do Sindarsul, Ronei D. Calgaro. Ele explica que está sendo dada prioridade operacional ao transporte de celulose, em virtude dos compromissos de exportação que esse produto possui.
O Sindarsul representa em torno de 50 embarcações envolvidas na navegação interior que transportam cargas líquidas, sólidas e contêineres. O presidente da entidade, Werner Barreiro, acrescenta que atualmente, além das dificuldades de obstáculos nas hidrovias, como troncos boiando, os terminais não estão conseguindo carregar as embarcações. Ele lembra que, no complexo Santa Clara, em Triunfo, houve contêineres que ficaram flutuando e alguns chegaram a cair no canal do rio Jacuí. Os danos, lamenta o dirigente, foram severos.
“O tamanho do estrago que aconteceu (nos terminais gaúchos em geral), com equipamentos elétricos, estrutura de pátio e outros, isso terá que ser avaliado com um trabalho de engenharia criterioso”, antecipa Barreiro. Sobre a sugestão do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos e Fluviais do Estado do Rio Grande do Sul (Sinflumar), Valdez Francisco de Oliveira, da decência de barcos para auxiliar no resgate de desabrigados, Barreiro argumenta que navios cargueiros não são adequados para levar pessoas e são muito grandes para chegar aos pontos alagados. Ele comenta que esse tipo de atividade seria mais para o perfil de embarcações menores.
O presidente do Sindicato dos Depósitos, Distribuidores e Comerciantes de Areia no Estado do Rio Grande do Sul (Sindareia-RS), Laércio Thadeu Pereira da Silva, concorda com Barreiro e diz que as dragas que fazem a extração de areia nos rios gaúchos também não teriam como realizar esse tipo de trabalho de resgate. Sobre os impactos nas empresas do setor com as enchentes, ele confirma que os reflexos foram intensos. “Mais de 90% das atividades estão paradas”, comenta o dirigente.
Para Silva, depois que passar o “pico” dos problemas enfrentados com as enchentes, será necessário retomar o debate da possibilidade de extração de areia no Guaíba (questão que no passado chegou a ser encaminhada para ser discutida na Justiça). De acordo com o representante do Sindareia-RS, essa atividade ajudaria no desassoreamento do Guaíba, aumentando sua profundidade, e mitigaria os efeitos da enchente.
Informações: Jornal do Comércio.