Números preliminares indicam que a área chegou a 10,5 milhões de hectares no ano passado
Distribuída em três áreas, a plantação florestal representa 80% do negócio do produtor rural André Assis, de Terra Roxa, no oeste do Paraná. Assis também cultiva grãos e mantém produção de frango e peixe, mas vê no segmento de árvores plantadas uma alternativa rentável. “É uma excelente opção para solos sem aptidão para lavoura ou pastagem”, afirma ele.
Para diversificar suas fontes de renda, Assis deu seguimento ao plantio de eucalipto, atividade em que sua família entrou há mais de 20 anos. Atualmente, o produtor mantém 1,5 mil hectares de floresta em áreas arrendadas, nas quais o rendimento médio é de 290 toneladas de madeira por hectare. O corte das árvores ocorre a cada seis ou sete anos, e a madeira serve como biomassa.
“Para nós, o eucalipto é tão rentável quanto a soja, mas ele tem a vantagem de ter uma produtividade mais estável. Com isso, acaba sendo mais viável”, afirma Assis. Ele entrega a madeira a cooperativas agrícolas da região.
Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2023, o país tinha 10,2 milhões de hectares de árvores cultivadas. Números preliminares indicam que a área chegou a 10,5 milhões de hectares em 2024, o que representou um crescimento de 2,2%, ou 234 mil hectares, em relação ao ano anterior.
Para Paulo Hartung, presidente da Ibá, os maiores desafios são a falta de mão de obra e de infraestrutura de transporte, incluindo rodovias, ferrovias e portos. Ele destaca, porém, o crescimento da área de floresta que o segmento conserva, que soma 6,91 milhões de hectares. “Progredimos muito na produtividade, mas a preservação é o que nos diferencia”, disse.
Em Ponta Grossa, a Águia Florestal, empresa de plantio e industrialização de madeira, tem 10 mil hectares de pinus, de um total de 24 mil hectares de floresta. “O restante é de área nativa preservada”, afirma Álvaro Scheffer Junior, diretor da companhia.
Segundo ele, a empresa faz todo o processo produtivo, de maneira verticalizada. Isso inclui desde a pesquisa e produção de mudas de pinus nos viveiros até a entrega da madeira no Porto de Paranaguá.
Com volume de produção de cerca de 100 mil metros cúbicos de madeira serrada ao ano, que exporta para os Estados Unidos, a empresa está entrando no mercado interno neste ano, com a produção de painel de madeira sólida. O material servirá à construção de moradias para famílias do Rio Grande do Sul que perderam suas casas na enchente de 2024.
“É inegável a contribuição do setor para o desenvolvimento econômico e social, mas também no quesito ambiental”, enfatiza. A empresa faz um controle das emissões e estoque de carbono gerados pelo processo produtivo da atividade, com registro de 4,8 milhões de toneladas de CO2 estocadas até o fim de 2024: “o setor de árvores plantadas é o que mais preserva a floresta nativa atualmente”.
De acordo com a Ibá, dos 10,2 milhões de hectares de árvores cultivadas no país em 2023, 7,83 milhões de hectares eram de eucalipto, 1,92 milhão de hectares, de pinus, e 500 mil hectares, de outras espécies. Ainda segundo a entidade, 38% das áreas de floresta plantada no Brasil pertencem a produtores independentes. O restante está dividido entre os produtores de celulose, papel, painéis, pisos laminados, carvão e madeira serrada, além de investidores.
José Mauro Moreira, pesquisador de economia e planejamento florestal da Embrapa Florestas, destaca a importância de planejar a implantação de florestas com fins comerciais na propriedade rural. “Primeiramente, é importante avaliar o mercado e definir a finalidade da produção. Também é preciso planejar cada etapa e ter um controle eficiente dos custos da atividade”, afirma.
Uma alternativa, segundo o pesquisador, é começar aos poucos, implantando a floresta em áreas menores. Moreira destaca que a atividade é considerada uma poupança verde, uma vez que o retorno financeiro só terá início a partir de seis a oito anos após a implantação da cultura.
Edilson Batista de Oliveira, pesquisador da área de manejo de florestas, também da Embrapa Florestas, ressalta que o clima e o solo da região são fatores que interferem diretamente na escolha da espécie a ser plantada: “a introdução do componente arbóreo na propriedade rural é sempre positiva, mas é fundamental receber orientação sobre a espécie, seu comportamento e sobre os tratos culturais que exige”.
Informações: Globo Rural.