Silvicultura como propulsora de desenvolvimento do agronegócio

Um dos fatores que aumenta a demanda por produtos florestais é a transição energética, visto que as usinas de etanol de milho precisam de biomassa

*Artigo por Roberto Marques.

silvicultura brasileira passa por uma revolução semelhante à da agricultura, que transformou o país de importador para um dos maiores exportadores mundiais de alimentos em pouco mais de 40 anos. O Brasil se consolidou como uma potência e atualmente conta com dez milhões de hectares de florestas plantadas e cerca de 1,2 milhão de novas árvores por dia.

Além disso, o país lidera a exportação de celulose, com um volume de US$ 12,7 bilhões em 2024, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Tal desempenho foi possível por conta de iniciativas desenvolvidas em todas as frentes, incluindo inovações tecnológicas e uma crescente demanda interna e global por produtos florestais.

O clima e as condições de solo, unidos a técnicas de manejo e soluções tecnológicas, proporcionam alta produtividade e uma grande vantagem competitiva em relação a outros países. O mercado aproveita essa característica e vive uma nova onda de crescimento, com o anúncio de cinco novas fábricas de celulose, que devem entrar em operação até 2030.

Outro fator que aumenta a demanda por produtos florestais é a transição energética, visto que as usinas de etanol de milho precisam de biomassa — na maioria dos casos obtida a partir da madeira — para alimentar suas caldeiras e gerar eletricidade.

Em 2024, a produção brasileira de etanol de milho atingiu 8 bilhões de litros, 37% a mais que na safra anterior, e a expectativa é chegar a 15 bilhões até 2032. Hoje, 25% de todo o etanol produzido no país vem do milho, e essa participação deve subir para 40% até 2035, de acordo com a União Nacional do Etanol de Milho.

Para manter esse ritmo, o número de usinas deverá mais que dobrar na próxima década, passando de 24 para 56, o que significa que o setor florestal tem uma grande missão pela frente: triplicar a produção de cavacos de madeira.

O setor se prepara para atender a essa demanda por meio de soluções tecnológicas focadas no aumento da eficiência, no que ficou conhecido como silvicultura de precisão. O mercado já conta com um robusto portfólio de equipamentos com torção grau de tecnologia para as operações de colheita florestal, e em breve estarão disponíveis também soluções para mecanização do preparo de solo e plantio.

Também é possível aproveitar soluções que auxiliam no monitoramento remoto e em tempo real, que geram mapas com a localização exata das toras colhidas, os volumes estimados, os tipos de madeira e a gestão das operações.

Para que toda essa tecnologia seja efetiva, são necessários profissionais qualificados e parcerias estratégicas entre o governo, o setor privado e instituições de ensino.

Tudo isso proporciona ao Brasil uma oportunidade única de desenvolvimento, que começa na floresta e reverbera em diversos setores da economia. Mais do que madeira e celulose, exportamos conhecimento, parcerias estratégicas e sustentabilidade. Ainda temos muito para realizar, mas essa revolução já é uma realidade.


*Roberto Marques é diretor da Divisão Florestal da John Deere para a América Latina.

Publicado em: https://globorural.globo.com/opiniao/vozes-do-agro/noticia/2025/11/silvicultura-como-propulsora-de-desenvolvimento-do-agronegocio.ghtml

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