Projeto brasileiro é primeiro do mundo a unir créditos de carbono de alta qualidade e impacto social

Iniciativa da Future Climate no Mato Grosso foi aprovada pela metodologia mais rigorosa da Verra e destinará 10% da receita de R$ 5 milhões para comunidades locais

“O Brasil tem um duplo desafio. É conservar o que ainda está de pé e remunerar por este serviço e também restaurar o passivo do desmatamento“, destacou Fábio Galindo, CEO da Future Climate, em entrevista recente.

Às vésperas da COP30, a empresa celebra um feito grandioso: a aprovação do primeiro projeto de conservação florestal com impacto social dentro do mercado de carbono. 

Se trata de uma fazenda de 7 mil hectares em Rio Preto, no Mato Grosso, com 4 mil hectares de floresta amazônica preservada, e que irá gerar 70 mil toneladas de CO2 equivalente referentes ao período de 2021 a 2025.

Com valor estimado entre US$ 20 e 25 por tonelada de carbono, gera aproximadamente um valor de US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 5 milhões) ao proprietário do negócio que adota práticas de agricultura regenerativa para a conservação da área. 

O pioneirismo é a aprovação pela metodologia “VM0048” da certificadora internacional Verra, considerada a de mais alta qualidade do setor.

Um dos diferenciais é que o projeto destina obrigatoriamente 10% para as comunidades do entorno, o que o CEO chama de “repartição de benefícios”. 

Na primeira etapa, os recursos financiam três iniciativas: a cadeia do mel comunitário (100% doado para asilos e escolas públicas da região), hortas lideradas por cooperativas locais, e o fortalecimento do viveiro municipal para recuperação de nascentes.

Segundo o CEO, dá sinais claros de que iniciativas brasileiras estão à frente em soluções de alta integridade e que o Brasil está na vanguarda em créditos de carbono com indicadores claros de impacto social e climático.

“Queremos ser modelo global, demonstrando como a alta integridade e a inclusão social podem ser motores de financiamento para a natureza“, disse.

Novo padrão de qualidade muda o jogo

metodologia traz um diferencial técnico: enquanto a anterior (VM0015) permitia que o próprio desenvolvedor do projeto definisse quanto carbono havia estocado na área — criando o que Fábio denomina como “incentivo perverso” — a nova estabelece uma linha de base dinâmica e definida pela própria Verra através de tecnologia em satélites. 

O projeto foi aprovado em julho de 2025 e agora passa pelo processo de inventário de biomassa florestal e auditoria. Os primeiros 70 mil créditos de carbono, referentes ao período de 2021 a 2025, devem ser emitidos em dezembro.

A abordagem se reflete diretamente no preço. Enquanto o preço médio do carbono no mercado é de US$ 4,50, a Future negocia a US$ 13,40 — quase 200% acima.

“O comprador prefere pagar mais caro pois está escolhendo reputação, impacto e qualidade”, destacou Fábio.

‘Além do carbono’

A iniciativa está alinhada com o conceito da Future Climate de “Beyond Carbon” (Além do Carbono), que considera um crédito de carbono muito mais do que apenas uma tonelada evitada ou removida da atmosfera e defende a inclusão de integridade, biodiversidade e desenvolvimento social

Na prática, o projeto protege mais de 2 milhões de árvores, mais de 100 espécies de flora e mais de 500 espécies de fauna. São 12 quilômetros de rio — parte da formação da Bacia do Pantanal — e mais de 70 nascentes preservadas.

No solo e nas árvores da área florestal, estão estocadas mais de 3 milhões de toneladas de carbono.

“O mercado é uma ferramenta de oportunidade de diminuição da injustiça econômica, social e ambiental do Brasil”, afirmou o CEO. “Os projetos que vão ter melhor preço são os que têm repartição de benefícios“, defendeu.

O modelo da fazenda sustentável

O projeto está inserido no conceito de “fazenda sustentável” da Future Climate — uma propriedade que combina agricultura regenerativa, integração lavoura-pecuária e preservação ambiental acima do exigido por lei.

O proprietário tem três fontes de receita: “a safra do boi, a safra dos grãos e a safra do carbono”, exemplificou Fábio.

Com aprovação por 40 anos, passa por uma auditoria anual. A cada verificação de conservação, novos créditos são gerados, em um modelo que remunera a preservação de forma contínua. 

O timing é estratégico: o Brasil aprovou o mercado regulado de carbono regulado no final de 2024, inspirada nas melhores práticas internacionais. Para o executivo, isso coloca o país em posição privilegiada e o coloca em potencial para ser o maior fornecedor global de créditos de carbono. 

Portfólio em expansão

Future Climate gerencia atualmente 78 projetos de geração de créditos de carbono, totalizando 200 milhões de créditos sob gestão.

O portfólio inclui 10 de conservação florestal, 8 de restauração (40 mil hectares), duas concessões de unidades de conservação no Amazonas (6,5 milhões de hectares), além de iniciativas de energias renováveis.

Recentemente, a empresa também firmou uma parceria público-privada com o Maranhão para desenvolver o que pode ser o primeiro projeto de carbono azul do Brasil, focado no estoque dos manguezais.

Informações: Exame.

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