Nosso diamante raro se chama madeira

*Artigo por Adriana Maugeri.

Vivemos (ou sobrevivemos) em um mundo saturado de dados, responsabilidades e compromissos “inadiáveis”, em que a beleza de simplesmente estar vivo passa, muitas vezes, despercebida. No entanto, a vida exuberante pulsa perto dos nossos olhos de uma forma tão exclusiva que penso que somos ingratos na maior parte do tempo. E talvez não haja exemplo melhor dessa dádiva do que a madeira.

Sim, a madeira. A composição e a formação da madeira é uma resultante da vida que a Terra esbanja, ainda até o momento, de forma exclusiva no Universo conhecido e até aqui explorado. Esta combinação de átomos e moléculas arranjadas sob a maestria do carbono, em uma sintonia perfeita com a água e a luz, produz a vida vegetal e torna este material nobre e singular, uma raridade em nosso universo.

Mais rara que o próprio diamante! Enquanto o diamante pode ser encontrado em outros corpos celestes, resultado de uma combinação específica entre carbono, pressão e temperatura, a madeira é fruto exclusivo da vida, algo que, até onde sabemos, só existe na Terra.

Por isso, sua raridade é ainda maior. E se não cuidarmos desse patrimônio, podemos simplesmente perdê-lo. Já imaginou um mundo sem madeira?

E se a madeira é rara, é também histórica. Nobre, resistente e de fácil manuseio, acompanhou todas as civilizações. Ofereceu infinitas possibilidades para construir, abrigar, transportar e aquecer. No entanto, seu uso ao longo do tempo foi marcado por práticas desequilibradas de exploração. As consequências estão à vista: basta observar o que restou das florestas naturais no Velho Mundo. Diante da escassez, os olhos se voltaram para novas fronteiras.

É nesse contexto que o Brasil entra em cena, a partir de 1500. Fomos batizados, afinal, com o nome de uma de suas espécies. Trata-se de um capital vegetal nobre e raro no Universo (e, ouso dizer, raro até mesmo em alguns continentes), mas que aqui se mostra abundante, graças às nossas terras tropicais. Fomos agraciados com clima, solo, recursos hídricos e uma biodiversidade que convivem em harmonia. E, felizmente, soubemos reconhecer a tempo que esse tesouro natural não deveria ser apenas explorado, mas manejado com responsabilidade.

Nesse cenário, brilha a agroindústria florestal brasileira, um exemplo luminoso de como é possível aliar produção e conservação. Fruto da combinação entre condições naturais excepcionais e ciência aplicada, o setor nos projeta como referência mundial em competitividade econômica com responsabilidade ambiental, um equilíbrio que tantas outras atividades ainda buscam alcançar.

Contamos, no Brasil, com mais de dez milhões de hectares de florestas plantadas e mais de seis milhões de hectares conservados, uma marca impressionante. Nenhuma outra atividade consegue unir, em tamanha escala, produtividade e cuidado com a vida.

Afinal, lidamos com árvores cultivadas para entregar madeira de forma sustentável a uma sociedade que, mesmo com hábitos em transformação, segue demandando esse recurso como matéria-prima para mais de cinco mil bioprodutos que substituem insumos de origem fóssil e não renovável.

Enquanto em muitos países a madeira manejada com responsabilidade e respeito só é vista em quadros, retratos e fotos, aqui, no Brasil, ela pode ser vista ao ar livre, por meio das janelas das casas (de madeira) e em escala real. Essa é a nossa orgulhosa vantagem competitiva nacional. Fornecer madeira de florestas que se renovam em ciclos curtos, que simbolizam respeito à vida das árvores e das comunidades que ali se avizinham é nosso motivo de orgulho e deve ser de todos os brasileiros.

Agora imagine se todos os brasileiros soubessem que a madeira manejada de forma legal e sustentável permite ao Brasil abastecer o mundo?

São produtos e subprodutos com origem rastreada que chegam aos quatro cantos do planeta: papéis para imprimir, escrever, higienizar; pisos, painéis, móveis; carvão vegetal que impulsiona uma metalurgia verde; madeira para estruturas; além de cosméticos, tecidos, alimentos, medicamentos, perfumes e uma infinidade de bioprodutos que, sem dúvida, estão destinados a substituir os materiais de origem fóssil nas páginas do passado. Que orgulho imenso para toda uma nação!

Agora imagine se todos os brasileiros soubessem, também, que a agroindústria florestal é uma das maiores aliadas no combate ao desmatamento ilegal no país? Quanto mais madeira oriunda de florestas plantadas e manejadas estiver disponível no mercado, menor será a pressão sobre as matas nativas. Porque madeira é vida, é prosperidade, desde que venha de origem legal e seja fruto da ciência e da técnica aplicadas com responsabilidade ambiental.

Caro(a) leitor(a), pense bem: e se o futuro que tanto buscamos já estiver enraizado em soluções que a natureza nos oferece, desde que bem cuidadas, bem manejadas, bem pensadas?

É isso que fazem, com excelência, as nossas Florestas Pensadas: produzem com consciência, cuidam com intenção. Um exemplo para o mundo.


*Adriana Maugeri, é Presidente Executiva da AMIF – Associação Mineira da Indústria Florestal.

Uma versão reduzida deste texto foi publicada na edição 2025 da Revista GlobalFert .

Publicação original: https://www.linkedin.com/pulse/nosso-diamante-raro-se-chama-madeira-amif-org-moo4f/

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