J&F ‘desengaveta’ projeto de R$ 25 bilhões para ampliar megafábrica

Projeto da segunda linha de produção da Eldorado, em Três Lagoas, está parado faz uma década e agora tudo indica que voltou a andar

Um mês depois do fim da disputa judicial bilionária que se arrastou durante quase oito anos com os indonésios da Paper Excellence, nesta segunda-feira (23) veio a público a informação de que Eldorado Celulose desengavetou um projeto bilionário e retomou as tratativas para aumentar em mais de 140% sua capacidade de produção na fábrica de Três Lagoas. 

Publicação do diário oficial do Governo do Estado revela que a empresa solicitou autorização ambiental para poder investir R$ 1,9 bilhão a mais na ampliação da capacidade de produção da fábrica que desde 2012 funciona em Três Lagoas. 

Ainda de acordo com esta publicação, a empresa está sendo autorizada a ampliar de 2,3 milhões para 2,6 milhões de toneladas a capacidade de produção de celulose de sua segunda linha de produção. A primeira tem capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas por ano. 

Conforme a Eldorado, o pedido de licenciamento foi encaminhado ainda em 2024, antes do fechamento do acordo no qual os irmãos Batista pagaram R$ 15 bilhões à Paper para recomprar quase 50% das ações da fábrica que haviam sido vendidas em 2017. 

Ou seja, conforme a empresa, a duplicação da linha de produção estava andando independentemente da disputa pelo controle da empresa.

E, caso realmente todos os investimentos saírem do papel, a empresa terá capacidade para produzir 4,4 milhões de toneladas de celulose por ano em um único endereço, superando inclusive a produção da Arauco, que em Inocência pretende produzir 3,5 milhões de toneladas por ano, mas em linha única. 

E por conta da previsão de investimento de R$ 1,9 bilhão no aumento da capacidade desta segunda linha, a empresa terá de repassar, a título de compensação ambiental, R$ 13,3 milhões ao governo de Mato Grosso do Sul, o que equivale a 0,7% do total,  para investimento em projetos de conservação ambiental

Este  valor de R$ 1,9 bilhão é somente uma parcela daquilo que será investido. Conforme anúncio feito em abril de 2023 por um dos sócios da Eldorado, Wesley Batista, a pretensão é investir em torno de R$ R$ 25 bilhões nesta segunda linha de produção. Se isto se concretizar, os repasses para compensações ambientais terão de totalizar R$ 175 milhões.

DESENGAVETAMENTO

A promessa de duplicação da indústria é algo antigo. Há exatos dez anos, em junho de 2015, chegou a ser lançada a pedra fundamental para construção desta segunda linha. Um evento na fábrica reuniu o então governador, Reinaldo Azambuja, a senadora Simone Tebet, políticos locais e representantes do comando do grupo J&F. Até agora, porém, o projeto está parado. 

Boa parcela dos R$ 25 bilhões será destina à ampliação da base florestal, que hoje já se estende por cerca de 250 mil hectares de plantações de eucaliptos em Três Lagoas e outros municípios da região leste de Mato Grosso do Sul. 

A previsão é de que no pico das obras, cuja data ainda não foi anunciada, sejam gerados até dez mil empregos diretos em Três Lagoas. Depois da conclusão da obra, serão gerados em torno de 1,5 mil empregos diretos. 

Além da fábrica e da base florestal, a empresa planeja a construção de um ramal ferroviário de 90 quilômetros de Três Lagoas a Aparecida do Taboado, por onde passa a ferronorte, pela qual a celulose é levada até o porto de Santos. Somente para construção deste ramal seriam necessários em torno de R$ 1,5 bilhão. 

VALE DA CELULOSE

Se a Eldorado realmente tirar do papel o projeto de elevar em mais de 140% sua capacidade de produção em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul atingirá a impressionante marca de produzir 16,5 milhões de toneladas de celulose por ano, o que superaria inclusive o volume de soja produzida no Estado.

O máximo que o Estado já produziu foi de 15 milhões de toneladas na colheita de 2023, quando pouco mais de 4 milhões de hectares foram ocupados pela leguminosa. As plantações de eucaliptos vão atingir em torno de 2,5 milhõe de hectares se todos os projetos virarem realidade.

Atualmente, a Suzano já tem capacidade para produzir 5,8 milhões de toneladas em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. A Arauco está investindo US$ 4,6 bilhões em Inocência a promete 3,5 milhões de toneladas anuais a partir do fim de 2027.

A Bracell prepara investimento de R$ 16 bilhões em Bataguassu numa fábrica com capacidade para 2,8 milhões de toneladas ao ano. A Eldorado, por sua vez, passaria a produzir 4,4 milhões de toneladas anuais. 

Informações: Correio do Estado.

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