We can’t see the forest for the trees. O ditado popular em inglês – em português, algo como “não podemos confundir a floresta com as árvores” – é um chamado para que lembremos de olhar para o todo à medida que identificamos soluções para problemas individuais. Acontece que a frase se tornou verdadeira também para falar de árvores e florestas reais.
Por anos, pesquisadores criaram técnicas precisas para monitorar as áreas onde as pessoas estão danificando, protegendo e restaurando os 1,03 bilhão de hectares de florestas tropicais primárias existentes no mundo, vitais para armazenar carbono e proteger a biodiversidade.
Mas os sistemas de monitoramento atuais deixam a desejar: simplesmente não conseguem detectar árvores fora das áreas de florestas fechadas.
Os bilhões de árvores que vivem em “paisagens-mosaico” – onde as pessoas fazem diferentes usos da terra – também são importantes. Em paisagens agrícolas, as pessoas utilizam as árvores para proteger as culturas. Nas cidades, contam com elas para melhorar a qualidade do ar e amenizar as temperaturas. E em regiões áridas as árvores são uma fonte essencial de renda e madeira. Na América Latina, por exemplo, restaurar as árvores em um hectare de terra pode implicar um valor adicional de US$ 1.140.
Felizmente, existe uma solução. Dados preliminares de cobertura arbórea desenvolvidos pelo WRI mostram onde estão crescendo bilhões dessas árvores – até então invisíveis para governos, investidores e para as pessoas –, ao longo de 1,4 bilhão de hectares na África e na América Latina (uma área 40% maior do que os Estados Unidos). E o mais importante: esses dados referentes às árvores em paisagens-mosaico reconhecem as comunidades locais, em geral desvalorizadas e carentes de recursos financeiros, que trabalham para proteger e restaurar esses ecossistemas.
Por que precisamos de mais dados sobre as árvores fora das florestas densas
Bancos de dados globais já existentes sobre cobertura vegetal, disponíveis em plataformas como o Global Forest Watch, dependem dos dados gerados por satélites de média resolução. Esse nível de resolução os torna precisos o suficiente, em 30 por 30 metros quadrados, para identificar onde as árvores estão vivendo ou morrendo em áreas de florestas densas. No entanto, as imagens não são detalhadas o suficiente para detectar árvores crescendo fora dessas áreas. Esse método novo e mais barato é nove vezes mais detalhado, em uma resolução de 10 por 10 metros, e nos permite identificar árvores jovens ou crescendo longe das florestas.
Essas informações são especialmente úteis para autoridades governamentais que desejam monitorar as áreas onde árvores jovens e florestas esparsas contribuem para seus compromissos junto a iniciativas como o Desafio de Bonn, a AFR100 e a Great Green Wall (“Grande Muralha Verde) na África e a Iniciativa 20×20 na América Latina e no Caribe.
Também são importantes para organizações comunitárias e empreendimentos locais que trabalham com o cultivo adequado de árvores, assim como para seus investidores e doadores. Os dados também podem ser usados para detectar de forma mais precisa as árvores em paisagens-mosaico e identificar quais áreas podem ser restauradas.