A cadeia florestal brasileira tem se posicionado com preocupação e pragmatismo diante das recentes tarifas impostas pelo predisente dos EUA, Donald Trump aos produtos brasileiros, buscando o diálogo e a diplomacia como principais caminhos para mitigar os impactos.
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), por meio de seu presidente-executivo, Paulo Hartung, tem enfatizado a necessidade de evitar “bravatas” e focar na negociação. A nota divulgada nesta quarta (30), pela Ibá reflete as apreensões do setor em relação aos impactos das tarifas sobre produtos como painéis de madeira, madeira serrada e diferentes tipos de papel.
No entanto, há um alívio significativo com a inclusão da celulose (especialmente a de fibra curta de eucalipto) e do ferro-gusa na lista de exceções tarifárias. Isso é visto como um reconhecimento da importância estratégica desses insumos para a indústria norte-americana e gera a esperança de um reestabelecimento dos padrões históricos de relacionamento comercial.
Apesar da exclusão desses produtos-chave, o setor florestal, especialmente nos estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), que respondem por uma parcela significativa das exportações de madeira para os EUA, ainda enfrenta incertezas e pressões. Há relatos de cancelamentos e paralisações em algumas indústrias, com empresas buscando alternativas de mercado e até considerando usar operações em outros países para contornar as tarifas.
Representantes da cadeia produtiva, como a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), avaliam a medida como inesperada, inoportuna e mais política do que econômica, o que dificulta um diálogo técnico direto. A visão predominante é que a solução passará por uma articulação diplomática e política para evitar ou suavizar a aplicação das tarifas.
Em resumo, o posicionamento da cadeia florestal brasileira é de defender seus interesses por meio da diplomacia, buscando reverter ou amenizar o “tarifaço”, ao mesmo tempo em que se prepara para buscar novas estratégias e mercados caso as tarifas sejam mantidas para os produtos afetados.
Confira na íntegra a nota Ibá:
Nota Ibá
Como todos os agentes econômicos, o setor de árvores cultivadas para fins industriais e de restauração faz votos de que sejam em breve restabelecidos os históricos padrões de relacionamento comercial entre o Brasil e os EUA.
Ao mesmo tempo, o setor registra a decisão de incluir a celulose na lista de exceções do decreto tarifário norte-americano. Representativa da maior proporção dessas exportações, a celulose de fibra curta à base de eucalipto é uma matéria-prima não produzida nos EUA. Ao longo de décadas, produtores brasileiros e importadores norte-americanos desenvolveram, por exemplo, tipos de celulose adaptados, em termos de qualidade técnica, às exigências dos seus clientes para itens de primeira necessidade do consumidor local, como papel higiênico, guardanapo e toalha de papel, entre outros.
Outro produto do setor de árvores cultivadas que também está na lista de exceções é o ferro-gusa, que no Brasil é produzido em parte com carvão vegetal na substituição de outros insumos de origem fóssil, oferecendo soluções sustentáveis.
Por outro lado, nos preocupa a situação dos painéis de madeira e dos produtos de madeira serrada que estão submetidos a uma investigação específica, no âmbito da Seção 232 da Lei do Comércio dos EUA.
Devem ser igualmente mencionados os diferentes tipos de papéis em que o Brasil é muito competitivo, assim como os papéis de embalagens e os sacos industriais, que vêm conquistando espaço no mercado dos EUA e que estão sobretaxados.
Também indiretamente, nossa dinâmica indústria de embalagens de papel é impactada pelas novas tarifas incidentes, por exemplo, sobre frutas e proteínas animais que são embalados por nossos papéis.
A Ibá seguirá atuando pela superação deste momento desafiador, defendendo o diálogo e em permanente articulação com os diversos stakeholders.
Paulo Hartung
Escrito por: redação Mais Floresta.