Da floresta à fábrica: Rota da Celulose transforma papel de mulheres mães na indústria de MS

Com o mercado em expansão, cursos de formação reinserem mulheres em novos postos de trabalho após a chegada dos filhos

Foi entre as raízes profundas do eucalipto que Jeane Freitas se viu renascer. Mãe solo de Fylipe, a baiana deixou a sala de aula para encarar um novo desafio: alçar voo na indústria da celulose. Estudante de direito, ingressou no curso de operador de colheitadeira florestal no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) em 2020. A bolsa ofertada aos alunos ajudaria a manter o equilíbrio financeiro enquanto semeava as sementes dos frutos que pretendia colher no futuro.

O vento, no entanto, balançou árvore de planos e, sem saída, precisou trancar a graduação mesmo estando a um passo de conquistar seu diploma de bacharel em direito. Foi então que colocou o sonho da advocacia para dormir e, munida de conhecimento, arregaçou as mangas para dirigir não só a própria vida, mas também a colheitadeira, usada para retirada do eucalipto, principal matéria-prima para produção de celulose.

Ainda em terras soteropolitanas, percebeu que não poderia deixar seus projetos escanteados, queria concluir a faculdade. Decidiu ser sincera na fábrica em que atuava. Conversou com o chefe de seu setor na Suzano, indústria que a abrigou desde o início. O não, como ela mesma conta, já tinha. E foi na pergunta despretensiosa que recebeu a melhor notícia: a empresa custearia metade das mensalidades até a conclusão da graduação.

Dentre estudos e labuta, mais uma novidade: a proposta de se mudar para Mato Grosso do Sul, estado que num futuro próximo escreveria seu nome no topo da produção mundial de celulose. Guerreira que não foge à luta, disse sim ao novo e, em julho de 2023, um mês após colar grau, desembarcou em Campo Grande junto ao filho para assumir o mesmo posto, agora em Ribas do Rio Pardo.

Neste terreno fértil, colheria bem mais que eucaliptos. Acabou conquistando seu lugar ao sol e incentivando outras mulheres.

“Ser mãe e estar inserida no ramo majoritariamente masculino não é fácil, porque a gente acaba quebrando muitos paradigmas. Logo quando entrei na empresa, só tinha eu de mulher. Aí você imagina. A gente acaba se sentindo um pouco evasiva, mas acho muito bacana. Me desafia a ideia de ultrapassar certos setores colocados como inadequados para mulheres, especialmente quando nós somos mulheres mães”.

Hoje, dois anos depois, o cenário já é outro. Jeane não está mais sozinha entre eles. De acordo com dados fornecidos pela empresa, cerca de 1.400 mulheres compõem o quadro de funcionários da companhia no estado. Desse total, estima-se que 600 tenham filhos.

Agora, com o filho já crescido, Jeane encara páginas e páginas de papel também em casa. Com a maternidade um pouco mais “flexível”, consegue se organizar nas folgas para estudar os grossos livros de preparo para a prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

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Jeane durante um dia de trabalho (Foto: Arquivo Pessoal)

“Estou aqui estudando. Já tem um tempo que eu venho estudando, uso muito as folgas. Dependendo da escala, consigo também ir à academia, aí tem filho para ajudar no trabalho de casa. Não é fácil, mas a gente consegue. Mulher, né? O ser humano mais abençoado é a mulher”.

Mas, nem sempre basta ser guerreira. Estudo feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em 2023 mostra que 56% das mulheres brasileiras sentiram na pele, ou conhecem alguém que sentiu, a exclusão do mercado de trabalho com a demissão na volta da licença-maternidade. A análise, feita com base em entrevistas de 247 mil mulheres, mostra que metade delas foi demitida em menos de dois anos após se tornarem mães.

A legislação trabalhista vigente no Brasil oferece estabilidade materna por cinco meses, depois disso o empregador pode efetuar o desligamento. O período coincide com o que ocorre de praxe: a mulher fica quatro meses em licença-maternidade e emenda com 30 dias de férias, ou seja, volta ao emprego desprotegida legalmente.

Foi essa rejeição a mães no mercado de trabalho que fez com que a técnica em contabilidade Andreia Cristina Clemente de Souza se dedicasse exclusivamente à criação dos filhos por mais de três décadas. Ciente das dificuldades em se manter CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) em meio a tantas jornadas, jamais pensou que poderia se recolocar no mercado.

Ledo engano! Ao acompanhar a trajetória do marido e dos filhos na indústria da celulose, enxergou no curso de formação Celulose & Papel a oportunidade de recomeçar aos 52 anos. A capacitação é ministrada pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) no projeto Abrace, fruto de parceria com a fábrica chilena Arauco, na unidade de Três Lagoas.

Turma Celulose Papel
Aula inaugural da turma de Andreia no início de setembro (Foto: Arauco/ASCOM)

“O foco principal foi cuidar das crianças e dar suporte ao meu marido para ele seguir a carreira dele. Fomos para o Maranhão, ficamos por lá 12 anos e retornamos agora”.

Indiretamente, Andreia sempre fez parte da indústria da celulose. Há 35 anos viaja pelo Brasil para acompanhar o marido, que atua na área e repassou a profissão também aos três filhos, hoje com 29, 26 e 22 anos.

“Eles já estão seguindo a vida deles, então vi aí uma oportunidade de também fazer alguma coisa que me dê satisfação. Trabalhar é uma delas. Passei na seletiva, na entrevista, foi uma grata surpresa pra mim porque fiquei muito tempo fora do mercado de trabalho, fiquei preocupada de não pertencer mais a esse lugar. Agora estou confiante e me esforçando ao máximo”.

Ela não se arrepende de ter dedicado uma vida inteira aos cuidados maternos e do lar, porém, agora focada em si, abraçou de vez o desafio. Tanto que, para realizar seu sonho, mora sozinha em Três Lagoas. O marido trabalha em Ribas do Rio Pardo e os filhos em Imperatriz, no Maranhão.

Inicialmente, a ideia não foi tão bem recebida por eles. Situação logo revertida com o jeitinho de mãe. Agora que todos já se acostumaram com a nova composição física da família, Andreia recebe ajuda, dicas e conselhos de “seus meninos”.

“Decidi encarar porque é isso que quero pra mim. Conseguir construir uma carreira e esse é o sacrifício que vou ter que fazer. Me dediquei muito à família, aos meninos, procurei dar o meu melhor para apoiar meus filhos e meu marido e, agora sabendo que eles estão encaminhados, andando com as próprias pernas, decidi trilhar um outro caminho para mim”.

Assim que concluir o curso, a técnica em contabilidade estará habilitada ao controle dos processos de produção da polpa celulósica, de fabricação, acabamento e conversão de papel. Além disso, vai colaborar no desenvolvimento de projetos de melhorias dos produtos e dos processos de celulose e papel, com foco nas necessidades do mercado e de acordo com procedimentos e normas técnicas, ambientais, de qualidade e de saúde e segurança do trabalho.

Os cursos de capacitação são gratuitos e abrem vaga de forma recorrente. Quase todos têm bolsas de R$ 1,5 mil para incentivar o aluno. A iniciativa é do Projeto Sucuriú, da Arauco, e abrange turmas nos períodos integral e noturno.

Os interessados podem acompanhar a abertura de novas vagas aqui.

Atualmente a divisão está desta forma:

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Dados dos cursos em andamento no Abrace Esse Projeto (Fonte: Arauco)

Reescrever a própria história

Assim como Andreia, muitas mulheres recorrem aos cursos ofertados pelo Senai para retornarem ao mercado de trabalho pós-maternidade. A coordenadora pedagógica e administrativa das unidades de Naviraí e Nova Andradina, Tais Gimenez, explica que em 10 anos o número de mulheres nos cursos técnicos deu um salto significativo.

Atuando na coordenação pedagógica desde 2015, ela exemplifica que naquele ano a primeira turma de aprendizagem de manutenção mecânica e elétrica contava com apenas uma mulher. Hoje, absolutamente todas as turmas contam com a presença feminina, sendo em muitas salas uma ocupação de mais de 30%.

“Nós atendemos uma usina aqui da região com o curso de solda e caldeiraria. Nas duas turmas há uma presença feminina marcante. Alguns anos atrás, esses cursos eram totalmente masculinizados. Percebo também que a própria indústria está selecionando mulheres para áreas mais técnicas”.

Tais enxerga o cenário como uma evolução positiva.

“Então, a mulher tem condição total de ser formada para exercer essas funções dentro da indústria, principalmente porque nós estamos falando de um processo industrial que se automatiza e evolui a cada ano. Temos indústrias cada vez mais tecnológicas, processos cada vez mais automatizados e a presença feminina faz parte desse processo de evolução. Vejo que quanto mais diversas as indústrias são, mais diversas são as soluções que elas criam e atendem um público mais diverso também”.

Estudantes Senai
Alunos do Senai em sala de aula (Foto: ASCOM)

O investimento na contratação de um quadro diverso está ligado à diversidade da sociedade contemporânea. Mulheres mães, chefes de família, estão nesta fatia. A coordenadora conta que, quando uma aluna sai de licença-maternidade, por exemplo, há um acompanhamento especial para que não a prejudique no curso.

“Nós fazemos o acompanhamento domiciliar. Essa aluna tem direito a continuar o desenvolvimento profissional dela, embora tenha se tornado mãe. Isso acontece nos cursos técnicos, nos cursos de aprendizagem industrial. É claro que, quando a mulher se torna mãe, a organização familiar se altera porque tem agora uma pessoa por quem é responsável. As indústrias e as instituições de ensino devem se preparar para isso, para que a mulher que vai se tornar mãe tenha todo respaldo”.

Inclusive, segundo Tais, os cursos são uma forma de reinserir a mulher no mercado de trabalho após a pausa necessária para cuidar do filho. “Nós temos muitos casos de mulheres que nos procuram para fazer curso técnico, curso de qualificação. Tenho percebido esse retorno de algumas mães. Da mulher que passou um tempo vivenciando a maternidade e agora tem condições de assumir ativamente novamente uma função dentro da indústria”.

Outro fator preponderante é a oferta de bolsas que servem como auxílio financeiro aos alunos. Atualmente, são 800 beneficiados divididos em 13 turmas de cursos técnicos em seis áreas. Além de Naviraí e Nova Andradina, as aulas chegam aos municípios de Taquarussu, Ivinhema e Deodápolis.

De vento em popa

Em breve, esses estudantes vão engrossar os números do setor industrial, um dos que mais cresce no estado quando o assunto é trabalho. Levantamento do Observatório da Indústria da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul) aponta a criação de 12,2 mil empregos formais de janeiro a agosto deste ano somente nos segmentos da Transformação, Construção, Serviços Industriais de Utilidade Pública e Extrativo Mineral.

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MS tem a maior indústria de celulose do mundo na Região do Bolsão (Foto: Divulgação/Fiems)

O número representa 41% de todas as vagas abertas no estado. O economista da Fiems Ezequiel Rezende avalia que neste período as atividades que mais se destacaram foram:

  • Construção de edifícios (+4.636)
  • Abate de bovinos (+1.721)
  • Abate de suínos (+812)
  • Fabricação de álcool (+808)
  • Obras de terraplanagem (+643)
  • Construção de rodovias (+581)
  • Fabricação de celulose (+530)
  • Montagem de estruturas metálicas (+266)
  • Fabricação de pré-moldados de concreto (+234)
  • Fabricação de brinquedos e jogos recreativos (+194)
  • Fabricação de pós alimentícios (+189)

Entre os municípios, os maiores saldos foram registrados em:

  • Inocência (+2.336)
  • Campo Grande (+2.249)
  • Nova Alvorada do Sul (+1.044)
  • São Gabriel do Oeste (+883)
  • Ribas do Rio Pardo (+841)
  • Três Lagoas (+590)
  • Aparecida do Taboado (+555)
  • Dourados (+427)
  • Naviraí (+351)
  • Rio Verde de Mato Grosso (+276)
  • Bataguassu (+259)
  • Mundo Novo (+242)

“Com esse resultado, o setor industrial encerrou o mês de agosto com um contingente total superior a 170,8 mil trabalhadores formais diretamente empregados, sendo 121,7 mil na Indústria de Transformação, 35,9 mil na Indústria da Construção, 8,5 mil nos Serviços Industriais e 4,7 mil na Indústria Extrativa Mineral”.

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Dados gerais sobre os trabalhadores da indústria no Brasil (Fonte: CNI)

Durante a abertura oficial do 3º Congresso dos Municípios de Mato Grosso do Sul, ocorrida na última segunda-feira (20) em Campo Grande, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou a importância da parceria com os municípios, justamente para dar manutenção à mão de obra no setor e, assim, impulsionar a geração de empregos na indústria.

“Os municípios têm colaborado muito com o processo de desenvolvimento industrial. Nossa força de trabalho hoje chega perto de 200 mil trabalhadores no Estado, e a indústria já é a segunda atividade econômica, avançando por todos os municípios”.

Força materna recicla habilidades no setor industrial

Irene Suzano
Irene trabalha na indústria da celulose desde 2022 (Foto: Arquivo Pessoal)

Feito um eucalipto em transformação ao papel, mulheres passam por uma metamorfose, um portal, quando se tornam mães. São arrancadas da raiz e plantadas em outra realidade. Embora por fora sejam as mesmas, por dentro renascem junto aos filhos. No retorno ao trabalho não é diferente. A mudança reverbera em todo o entorno.

Formada em direito e especializada em relacionamento institucional, Irene Maria da Silva, 38 anos, atua na Suzano de Ribas do Rio Pardo desde 2022. Este ano foi promovida a mamãe! O passo a mais foi dado após muita análise, afinal, conciliar carreira e maternidade é uma das várias missões desafiadoras impostas à mulher nesta fase da vida.

“Quando descobri que estava grávida, em meio a tantos sentimentos, tive o receio natural de como essa notícia seria recebida no trabalho. No entanto, ao compartilhar a novidade com meus gestores e colegas, fui acolhida de forma unânime e muito positiva durante toda a gestação, o puerpério e o meu retorno ao trabalho”, contou ao Primeira Página.

Há pouco tempo, Irene retornou ao trabalho e tem enfrentado o que considera “um segundo parto”. Deixar o bebê de oito meses após um longo período de dedicação integral ao pequeno exigiu muito equilíbrio, não antes de passar pelo dilema enfrentado por grande parte das mães recém-nascidas: voltar ou não para o trabalho?

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Irene retornou ao trabalho após a maternidade (Foto: Arquivo Pessoal)

“Pensei na possibilidade de interromper minha vida profissional, mas cheguei à conclusão de que, além do financeiro, não seria plenamente feliz e realizada se fizesse essa escolha, que seria possível o equilíbrio entre a vida profissional e a maternidade caminhando juntas. Hoje, hoje penso que acertei na decisão”.

Com o coração mais aliviado e sem a venda do cansaço rotineiro em casa, consegue enxergar que se tornar mãe aprimorou suas habilidades em gestão. Sua nova versão gerencia melhor o tempo, prioriza com mais clareza e tem foco na solução do problema, propósito, criatividade e inteligência emocional.

“Além disso, a maternidade me deu uma nova perspectiva sobre resiliência e responsabilidade, reforçando meu comprometimento e minha busca por resultados de forma mais humana e equilibrada”.

Para ela, que lida diretamente com relações interpessoais, a presença de mães no setor quebra estereótipos e amplia a representatividade feminina em áreas tradicionalmente masculinas, mostrando que competência e comprometimento não têm gênero.

“Quando uma empresa valoriza mulheres mães, ela também sinaliza que acredita em um ambiente mais inclusivo e equilibrado, o que tende a aumentar o engajamento, a inovação e a retenção de talentos”.

Uma mãe de indústria

Dentre as histórias maternas, existem as que precisam ser ressignificadas para nascer um novo. Samara Dutra, 28 anos, perdeu a mãe aos 10 anos depois de extensa batalha pela saúde. Natural de Peixoto de Azevedo, norte do Mato Grosso, precisou morar com a irmã mais velha e ajudar na criação dos dois irmãos mais novos.

A realidade dura a empurrou para um casamento abusivo aos 16, quando parou os estudos, já levados a duras penas até ali. Aos 24, se mudou para Inocência e num dia que parecia como todos os outros do calendário, ao rolar o feed das redes sociais, se deparou com um vídeo em que uma idosa de 87 comemorava a conclusão dos estudos.

“Algo despertou em mim. Percebi que nunca é tarde para aprender, para voltar a estudar, para sonhar com uma faculdade e recuperar tudo o que perdi. Essa inspiração me deu coragem para enfrentar meus medos e traumas, e buscar uma nova história para mim”.

Assim se tornou uma das 60 pessoas que ingressaram no curso preparatório ao Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), realizado por meio de uma iniciativa da Arauco em parceria com o Sesi (Serviço Social da Indústria) e a Secretaria Municipal de Educação.

“Mesmo que eu não passe em todas as provas do Encceja, não vou desistir. Se for preciso, volto no próximo ano com ainda mais força. Meu maior sonho é ser uma mulher sábia, que luta pelos seus objetivos e que dá um futuro melhor para meus filhos, Evillyn e Nicolas – os grandes amores da minha vida. Quero que eles cresçam com orgulho da mãe que tiveram, que possam dizer: minha mãe conseguiu!”.

O Encceja é uma prova que ocorre nacionalmente todos os anos de forma gratuita, promovida pelo MEC (Ministério da Educação) e organizada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). 

Ele é destinado a jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade regular e buscam a certificação desses níveis de estudo. O exame avalia as habilidades, competências e saberes adquiridos dentro e fora da escola. 

Para saber mais sobre o Encceja clique aqui.

O caminho das pedras

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Mapa ilustra o caminho da Rota da Celulose

A chamada Rota da Celulose é um conjunto de 870,3 km de rodovias que conecta municípios importantes para o escoamento da produção de celulose e do agronegócio em Mato Grosso do Sul. O projeto inclui um investimento de R$ 10,1 bilhões para modernização, como duplicações, acostamentos e terceiras faixas, visando melhorar a segurança, reduzir custos logísticos e impulsionar o desenvolvimento econômico da região.

Ao todo, 870,3 quilômetros de rodovias da região leste do estado serão entregues à iniciativa privada:

  • BR-262 entre Campo Grande e Três Lagoas;
  • BR-267 entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu;
  • MS-040 entre Campo Grande e Santa Rita do Pardo;
  • MS-338 entre Santa Rita do Pardo e entroncamento da MS-395;
  • MS-395 entre o entroncamento da MS-338 e Bataguassu.

O valor estimado do projeto é de aproximadamente R$ 10,098 bilhões, sendo R$ 6,907 bilhões (CAPEX) e R$ 3,191 bilhões (OPEX). A concessão prevê recuperação, operação, manutenção, conservação, implantação de melhorias e ampliação de capacidade do sistema rodoviário pelo prazo de 30 anos.

Serão 115 km em duplicações, 457 km de acostamentos, 245 km em terceiras faixas, 12 km de marginais, implantação de 38 km em contornos de municípios, 62 dispositivos em nível, 4 dispositivos em desnível, 25 acessos, 22 passagens de fauna, 20 alargamentos de pontes e implantação de 3.780,00 m² de obras de arte especiais. A malha passa a ter 100% de acostamento.

A concessão prevê o atendimento às diretrizes do programa Estrada Viva, do Governo do Estado, para preservação da fauna silvestre. Entre eles, a implantação de dispositivos de prevenção de acidentes como passagens de fauna, tela condutora, placas de alerta e lúdicas, controladores de velocidade, bem como serviço de Resgate e Reabilitação de Fauna e ações de educação ambiental dos usuários e comunidade em geral.

Vale lembrar que a rota se integra a novos corredores de exportação, como a Rota Bioceânica, que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico.

E por falar em mar, serão as águas salgadas que banham o porto de Santos o destino da celulose sul-mato-grossense. A unidade da Arauco em construção na cidade de Inocência terá a maior capacidade de produção do mundo e contará com um ramal ferroviário de 47 quilômetros, que conectará a planta à malha principal rumo ao litoral paulista.

A previsão para o início das operações é o segundo semestre de 2027, com capacidade de produção estimada em 3,8 milhões de toneladas por ano. Enquanto isso, a plantação de eucalipto já ocupa 400 mil hectares e segue em expansão para que a demanda seja suprida até o começo das atividades.

DO SULLLL!

Silvicultura, Plantação de eucalipto

Na última década, a inserção de Mato Grosso do Sul no cenário da agroindústria desencadeou números significativos. A área de florestas plantadas, por exemplo, cresceu mais de 500% neste período. Segundo dados da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), o estado bateu 1,75 milhão de hectares plantados. Total que, dez anos atrás, não chegava a 300 mil.

Somando investimentos do Executivo e da iniciativa privada, até 2028, serão aplicados mais de R$ 70 bilhões no setor. Hoje, seis grandes projetos estão em andamento. Além da Suzano e Arauco, a Bracell e a Eldorado encabeçam as iniciativas. União de forças que já resultou na movimentação de R$ 15,7 bilhões somente em 2024, o que corresponde a 10,7% do PIB estadual. O balanço foi divulgado no 7º Congresso Florestal de Mato Grosso do Sul em agosto passado.

Tamanho crescimento coloca os olhos do mundo voltados ao Brasil, com uma fatia generosa para as terras férteis sul-mato-grossenses. Como todo bônus, existe o ônus. É preciso repor à sociedade os danos causados por uma superprodução.

cop 30
COP 30 Bonito, evento realizado em maio passado em Mato Grosso do Sul (Foto: Alysson Maruyama)

No dia 1° de novembro começa a COP 30, Conferência do Clima, sediada desta vez em Belém, capital do Pará. Painel de peso mundial, será uma enorme vitrine, principalmente às produções tupiniquins, o que inclui, claro, o setor agroflorestal.

A Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) lançou um caderno com 26 cases embasados na tríade: manejo sustentável, uso eficiente da água e conservação de florestas nativas. O documento visa ajudar na mitigação das mudanças climáticas e será distribuído durante a conferência. Além das iniciativas desenvolvidas pelas empresas envolvidas no setor, a relação ilustra dados sobre o plantio de árvores no Brasil, que chega a 1,8 milhão de exemplares plantados por dia.

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Jeane puxa fila de trabalhadoras em treinamento na Suzano (Foto: Arquivo Pessoal)

A medida, entre outras coisas, auxilia na redução do carbono na atmosfera. A entidade mostra que parte do avanço de área cultivada feito nos últimos anos foi sobre áreas e pastagens degradadas e tira os dados do papel usando Mato Grosso do Sul como exemplo.

“Dos 234 mil novos hectares plantados em 2024, 187,9 mil foram no MS, seguindo o plano do Estado de recuperar áreas degradadas e pastos de baixa produtividade”.

Também pincela outras variáveis do setor na atualidade:

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(Fonte: Ibá)

Para acessar o conteúdo completo da Ibá para a COP 30, clique aqui.

O estado também serviu de exemplo ao sediar o pré-COP, Fórum de Sustentabilidade que ocorreu em Bonito em maio passado. A cidade, conhecida como polo de ecoturismo e primeiro destino carbono neutro do mundo, foi escolhida para sediar o evento que reuniu líderes empresariais, autoridades e especialistas para debater o desenvolvimento sustentável. 

Ouro branco

Mas, afinal, o que é a tão falada celulose? Conforme explica o consultor executivo de P&D em celulose da Suzano, Tim Wehr, trata-se da matéria-prima de fonte renovável que está presente em vários produtos do seu cotidiano e que é uma alternativa para substituir itens feitos com materiais fósseis, como o petróleo.

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(Fonte: Suzano)

Também está em produtos do cotidiano:

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Informações: Primeira Página.

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