Cooperação, sustentabilidade, economia circular e mudanças climáticas são a solução para a recuperação das fibras naturais

Presidente da Organização Internacional de Fibras Naturais retorna ao Brasil após cumprir agenda no continente asiático, com novas perspectivas para o desenvolvimento do setor

O economista Wilson Andrade retorna ao Brasil após início de uma agenda internacional, com uma viagem à Índia entre os dias 11 e 18/02. Durante sua estadia, Andrade participou do Bharat Tex 2025 – um dos maiores eventos globais da indústria têxtil, realizado em Nova Delhi, capital indiana – ao lado de autoridades mundiais e do Ministro dos Têxteis da Índia, Giriraj Singh.

A pedido da Organização Internacional de Fibras Naturais (INFO), com o apoio do Grupo Intergovernamental de Fibras Naturais da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), ambos presididos por Andrade, o evento incluiu em sua programação, em 15/02, a reunião “Soluções sustentáveis usando juta, abacá, coco, kenaf, sisal (JACKS) e fibras aliadas”.

De acordo com o economista, essa reunião deu continuidade às discussões iniciadas no Encontro Mundial de Fibras Naturais, realizado em Salvador (BA) em 2024. Ambos encontros reuniram delegações de diversos países e representantes do setor privado para debater o futuro das fibras naturais, com foco em estudos estatísticos para definição de tendências de mercado, na utilização de 100% da planta e na inclusão das fibras naturais nas políticas de mudanças climáticas.

“Além desses tópicos, o encontro na Índia teve como tema central a melhor distribuição de valores entre os diversos elos da cadeia produtiva das fibras naturais que não havia sido abordado na reunião anterior, em Salvador. Também avançamos numa possível solução para o mercado brasileiro de juta e no compromisso com um trabalho conjunto entre os países produtores de fibras”, informou Andrade que é também presidente da Câmara Setorial de Fibras Naturais (CSFN/MAPA) e do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais do Estado da Bahia (Sindifibras/Fieb).

Atualmente, o Brasil produz cerca de 5 mil toneladas de juta por ano, enquanto a demanda interna pode chegar a 30 mil toneladas. A juta é amplamente utilizada para armazenar produtos como café, batata e cacau, pois esses alimentos precisam de ventilação para evitar umidade e deterioração, o que é mais difícil com embalagens plásticas.

Para suprir essa demanda interna, o Brasil depende da importação, principalmente da Índia e Bangladesh. No entanto, o mercado brasileiro enfrenta dificuldades devido a uma taxa de importação de 18% aplicada sobre a juta como uma medida de proteção ao mercado nacional. Com essa taxa, o custo da juta importada aumenta, elevando o preço dessas mercadorias (como o café, a batata e o cacau) e reduzindo sua competitividade no mercado internacional.

Diante desse cenário, Wilson Andrade, em conjunto com o Jute National Board, estão discutindo uma possível solução para o problema. A proposta prevê que de alguma forma a produção nacional seja colocada no mercado a preço justo, com expectativa de crescimento anual de 10%. Essa medida garantiria a renda dos microprodutores brasileiros e ajudaria a reduzir em aproximadamente 15% os custos de produtos como café e batata, que utilizam sacas de juta para armazenamento.

Ademais, o Jute National Board e as demais delegações produtoras presentes no evento se comprometeram a colaborar com a academia, o setor empresarial e o governo para fortalecer seu apoio à realização de pesquisas, à abertura de patentes e ao desenvolvimento de projetos inovadores. Da mesma forma, o que também foi sugerido na reunião na Bahia, os países devem adotar medidas semelhantes. Assim, pesquisadores, empreendedores, agentes do governo, entre outros, poderão agregar conclusões mais rápido e com menor custo. A iniciativa reforça a importância da cooperação internacional como um caminho estratégico para acelerar avanços e reduzir custos. “Trabalhar sozinho torna tudo mais caro e demorado. Cooperação é a solução”, destacou Andrade.

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