A bioeconomia desponta como uma das principais alternativas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, combinando conservação ambiental com geração de renda e oportunidades para as populações locais. De acordo com o estudo Nova Economia para a Amazônia Brasileira, liderado pelo WRI Brasil com mais de 70 pesquisadores, a combinação entre bioeconomia e restauração florestal pode adicionar até R$ 45 bilhões ao PIB do Brasil e criar mais de 830 mil empregos até 2050.
Esse potencial se estende a todos os nove países amazônicos, inclusive à Colômbia, que já apresenta experiências consolidadas. A iniciativa Agrosolidaria Florencia, por exemplo, comercializa produtos agrícolas e cosméticos elaborados com plantas nativas cultivadas de forma sustentável, operando a maior planta de processamento da Amazônia colombiana.
“A bioeconomia já é uma realidade concreta. Já foram mapeadas mais de 1.500 iniciativas na região pan-amazônica que mostram seu potencial em conciliar conservação, geração de valor e bem-estar”, destaca Joana Oliveira, secretária-executiva da Rede Pan-Amazônica pela Bioeconomia.
Produtos como açaí, castanha, cupuaçu, camu-camu, andiroba, copaíba e mel de abelhas nativas representam um caminho de desenvolvimento econômico baseado na biodiversidade, no conhecimento tradicional e na valorização das comunidades locais.
Rede Pan-Amazônica e o Fórum de Ação pela Bioeconomia
Para impulsionar esse modelo econômico regenerativo, foi estabelecida a Rede Pan-Amazônica pela Bioeconomia, aliança multissetorial que reúne comunidades indígenas, produtores locais, investidores, centros de pesquisa, instituições financeiras e organizações da sociedade civil.
Entre os dias 15 e 17 de julho de 2025, a Rede realiza o Fórum de Ação Pan-Amazônica pela Bioeconomia, em Leticia, na Colômbia, na tríplice fronteira com o Brasil e o Peru. O evento reunirá representantes da sociedade civil, setor privado, governos, organizações indígenas, organismos internacionais e investidores para fortalecer alianças e construir uma agenda comum.
“Queremos que a bioeconomia seja reconhecida como um setor econômico e tenha seu peso refletido nas contas nacionais até 2035”, afirma Joaquín Carrizosa, assessor sênior do WRI Colômbia.
Estarão presentes instituições como a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), BID, Banco Mundial, The Nature Conservancy (TNC), WWF, Conservação Internacional, Amazon Investor Coalition, NESsT, Conexsus, Assobio, CNS, Coica, além de diversas associações e cooperativas indígenas e de comunidades locais.
Uma agenda estratégica para a região
O Fórum acontece em um momento estratégico para a governança amazônica. Em agosto, Bogotá sediará a V Cúpula de Presidentes da OTCA, onde líderes dos países amazônicos reforçarão compromissos conjuntos para a proteção da maior floresta tropical do planeta.
Simultaneamente, a OTCA avança na implementação da Resolução XXIII, que propõe marcos regionais para a certificação de produtos amazônicos e o reconhecimento de serviços ecossistêmicos como pilares de uma bioeconomia com impacto social e ambiental.
Além disso, o Fórum funcionará como uma etapa preparatória para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém do Pará (Brasil). A expectativa é posicionar a bioeconomia como solução frente à crise climática e como ferramenta para promover justiça social e proteção da biodiversidade.
“Uma bioeconomia compatível com as florestas conserva ecossistemas vitais e fortalece as economias locais. Ao investir em cadeias sustentáveis e no protagonismo indígena, criamos resiliência climática e oportunidades reais para os povos amazônicos”, afirma Rachel Biderman, vice-presidente sênior das Américas da Conservação Internacional.
Um chamado à ação
Apesar do avanço das iniciativas, a bioeconomia ainda é um setor subfinanciado na região. As principais barreiras para sua expansão incluem a ausência de políticas públicas integradas, o acesso limitado a financiamento e a baixa articulação entre os atores.
O Fórum de Ação busca justamente superar esses gargalos, promovendo o diálogo e a construção de políticas e mecanismos financeiros que tornem a bioeconomia um verdadeiro motor de desenvolvimento justo, regenerativo e resiliente para a Amazônia e seus povos.
Informações: Neo Mondo.